Capítulo 4°

O Homem da Minha Vida

José de Aquino voltou a se acalmar depois de ver que a filha dormia como um anjo, pelo menos era o que parecia.

— Vou mandar os imprestáveis dos seus filhos ficarem de olho nela!— José disse isso indo na direção do seu quarto, seguido por Helena que caminhava olhando para trás pensando em Mel. "Como a filha se recolheu debaixo dos lençóis tão rápido?"

Mel se sentou na cama sorrindo aliviada. Tinha algo de menina peralta que aflorava toda vez que pensava em enganar o carrasco do seu pai.

Ela se levantou e ficou diante do espelho se admirando. Suspirava pensando em Rodolpho, o seu primeiro amor! Prometeu amá-lo para sempre e não deixar que ninguém os separasse. Depois voltou a deitar-se e adormeceu.

A menina sonhadora, que vivia com a cabeça nas nuvens, acreditava estar vivendo aquele amor inesquecível, aquele que atravessa a barreira do tempo e parece intacto!

Quantas pessoas guardam uma história assim e ficam remoendo, pensando no que deu errado ou no que podia ter feito diferente? Aquele era o seu grande amor, não amaria mais ninguém assim! O verdadeiro amor nunca se acaba, ele adormece.

Enquanto isso, Rodolfo dirigia a caminho da sua casa pensando em Mel e sorria se achando um garoto bobo, também estava apaixonado.

Ele suspirou quando avistou a sua casa. Bem diferente da de Mel, ela alcançava um quarteirão e havia vários seguranças para protegê-la.

O grande portão de ferro se abriu e ele entrou. Percorreu um caminho que seguia por um jardim sem fim, passava por uma grande piscina até chegar à entrada principal.

Abriu a porta e se surpreendeu ao ver o pai sentado em uma poltrona. Ele estava de costas e parecia estar lhe esperando.

— Pai!!— Rodolpho exclamou depois de dar a volta ficando de frente para Antônio Queiroz.

— Quem é a garota?— o pai indagou sem rodeios.

Rodolpho esboçou um largo sorriso antes de responder:

— Mel, a garota mais linda que já vi!

Antônio se levantou e andou pela sala em passos indecisos, depois virou-se para o filho preocupado dizendo:

— Cuidado! Já teve uma decepção na sua vida! Não vá se iludir novamente.

— Ela é diferente! — Rodolpho falava gesticulando, enquanto andava em volta do pai.

Antônio observou o filho curioso e então fez a tradicional pergunta:

— Ela é filha de quem? A que família ela pertence?

Rodolfo franziu a testa indignado.

— Pai, estou falando de sentimentos! — ele argumentou.

Antônio insistiu explicando:

— E eu estou falando de futuro! Sabe que tem muitas aproveitadoras por aí, tem que se precaver!

Rodolpho deu de ombros e alcançou o corrimão da escada, enquanto expressava o seu desagrado com aquela conversa.

Ele parou antes de subir os degraus para desabafar a sua indignação:

— Eu não vou dizer para o meu coração com que tipo de garota ele tem que se apaixonar.

Antônio ficou olhando para o alto da escada com olhar sofrido. Já tinha visto o filho cair num abismo por causa de uma garota. Ele temia vê-lo novamente infeliz. Apesar de ter mais dois filhos, Rodolfo era o seu preferido, estava sempre à frente dos negócios com ele. As viagens, até nos passeios ele se fazia presente e quando descobriu o seu caso com Manoela, foi discreto e não o julgou.

Antônio saiu até o Jardim procurando especialmente um dos seguranças que veio ao seu encontro.

— Venha!— ele ordenou se dirigindo de volta à casa.

Os dois foram para um pequeno cômodo onde funcionava um escritório.

Antônio se sentou atrás da sua mesa e começou a falar com voz firme:

— Joel, você vai continuar observando o meu filho e essa garota. Com certeza, ele vai atrás dela. Chegou com cara de apaixonado. Descubra tudo, de quem ela é filha, não vou deixar o meu filho cair na rede de nenhuma aventureira!

Joel era um rapaz jovem e robusto. Ele olhou para o chão e apenas assentiu com a cabeça. Era um homem simples, veio do campo, mas acabou se tornando o homem de confiança do patrão, porque estava sempre a dar informações sobre os seus filhos, mesmo quando não lhe era solicitado.

— Vá! Pode se recolher! Não o perca de vista, porquê se for possivel, eu sumo com essa moça, se for mais uma pobretona, aproveitadora, caçadora de homens ricos! E se ele lhe vê, diga que está de folga, ganhe a confiança dele! Você sabe como fazer isso!

Joel saiu do escritório cabisbaixo, pensando na última frase do patrão, ele insinuou que ele tinha lhe bajulado muito para chegar naquele posto de homem de confiança. Ele sabia que possivelmente o patrão lhe daria ordem para fazer um serviço sujo, não seria a primeira vez!

Com certeza, ele sabia que essa era a sua especialidade, ganhar a confiança das pessoas e ele já sabia por onde iria começar o seu plano. Conquistaria uma das amigas da garota que estava envolvida com o seu jovem patrão. Ele admirava muito Rodolpho e estava disposto a protegê-lo de qualquer moça aproveitadora, o que não era fácil, pois eram tantas, mas sabia que aquela era diferente, ele viu no olhar do patrão um brilho, um encantamento, mas iria descobrir tudo sobre aquela estranha.

Enquanto isso, Rodolpho se recolhia para debaixo dos seus lençóis macios e suspirava pensando em Mel.

"Ela mexeu comigo! Ela é uma princesinha!"

E os pensamentos foram por esse caminho até que adormeceu.

Acordou apressado e correu para o chuveiro. Depois colocou roupa de banho e vestiu por cima uma bermuda branca e camiseta azul marinho.

Quando desceu as escadas, já avistou o pai sentado à mesa lhe esperando para o café da manhã e concluiu que os seus irmãos ainda dormiam.

A mãe vinha ajudando as criadas a servir a mesa.

Arminda olhava para o filho curiosa.

— Sente-se à mesa mãe!— Rodolpho disse impaciente. Não gostava de ver a mãe se comportando como se fosse empregada do pai, porque ele via como Manoela era tratada. Parecia uma rainha.

Antônio olhou para o filho e baixou a cabeça fazendo um gesto para que a esposa se sentasse com eles. Ele sabia, que por mais que o filho aceitasse seu caso extraconjugal, Arminda era a sua mãe e ele a defenderia sempre.

A mulher sentou-se ao lado do marido e de frente para o filho. Arminda era bonita, mas era mais velha e tinha uma expressão de cansaço que Manoela não tinha.

Rodolpho se sentia culpado por estar no meio daquela situação. Sabia que a sua mãe sofria com aquilo, mas acreditava que um dia, tudo iria se ajustar de alguma forma, o importante para ele era que o pai estava dentro de casa cumprindo com a sua obrigação, como ele havia prometido no dia em que lhe confessou que tinha outra mulher.

— Está apaixonado filho?— ela indagou sem tirar os olhos dele.

Rodolpho ergueu as sobrancelhas e sorriu com carinho para a mãe.

— Você me conhece! — ele concluiu esticando o corpo para frente com ar brincalhão.

Arminda olhou para Antônio sem graça e depois para o filho e disse:

— Sei quando um homem está apaixonado filho.

Rodolpho trouxe o corpo de volta para o encosto da cadeira e ficou sério. Olhou para o pai e sentiu uma ponta de mágoa. Ele amava muito a mãe e não gostava de vê-la carregar aquele fardo. Sabia que ela nunca se separaria do seu pai para viver como uma mulher largada. Era assim que ela iria se sentir se o fizesse. Preferia viver como uma pobre esposa traída e fingia não saber de nada.

Rodolpho comeu em silêncio e saiu deixando os pais se olhando como estranhos numa guerra.

Antônio acompanhou o filho com o olhar e só então virou-se para chamar a atenção da esposa:

— Por que faz questão de me alfinetar? Gosta de deixar-me constrangido diante do meu filho?

Arminda baixou a cabeça e voltou a comer tranquilamente. Nunca se indispunha com o marido por causa da outra mulher, mas sempre que podia, deixava expressar ao filho mais velho e querido, a sua insatisfação com aquela situação de bigamia de Antônio.

Rodolpho passou pelo jardim e foi buscar o seu carro esportivo. Estava brilhando como novo.

— Eu lavei para o senhor seu Rodolpho! — Joel disse sorridente.

Rodolpho se dirigiu para o carro ouvindo o segurança falar:

— Estou de folga hoje e vou passar o dia na praia, quem sabe eu arranjo uma namorada!

Rodolpho sorriu meneando a cabeça. Ele achava Joel tão bronco, apesar de estar com eles há tanto tempo. Bem aparentado, não teria dificuldade em conseguir uma conquista. Depois que dirigiu uns metros na direção da saída, resolveu voltar de ré, porque viu pelo retrovisor que o rapaz estava trajado com roupas de banho e olhava ansioso para ele.

Parou o carro e fez sinal para que o rapaz entrasse.

— Vem Joel! Vou te dar uma carona, só não te prometo trazer de volta porque não sei como as coisas vão acontecer, estou indo encontrar uma garota!

O rapaz correu para dentro do carro. Seu plano estava dando certo, ele iria descobrir tudo sobre a moça em questão.

Joel havia estado na noite anterior de forma invisível, mas percebeu que uma das amigas de Mel era interessante. Ele gostou da mais ingênua e despojada, Nice!

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