O Homem da Minha Vida
Mel estava trêmula por trás de uns arbustos e não percebeu quando Rodolpho se aproximou por trás.
Ela se virou já sentindo a respiração forte no seu pescoço e se atirou nos seus braços num misto de medo e desejo.
Se beijaram longamente e Rodolpho se controlou para não lhe assustar. As suas mãos comportadas seguravam a cintura fina de Mel enquanto ela acariciava o rosto dele. O toque dos seus dedos delicados era como um calmante para o seu desejo. Ela era diferente, não iria se entregar tão fácil.
Rodolpho sorriu quando ela se afastou com olhar de menina. Era tão meiga e ingênua, pensava se a merecia. Na sua cidade, já se envolveu com metade das moças e a sua fama não era das melhores, ele imaginava. Começava a pensar em como eram diferentes e ao mesmo tempo se encaixavam de forma tão harmônica.
Aquela menina simples de olhar doce e puro era uma jóia e não sabia como agir diante dela. Sempre foi tão simples para ele as coisas. Queria alguém, ia lá e era só estender a mão. Pronto, já tomava para si e depois descartava. Mas não foi sempre assim.
Há dois anos atrás, Rodolpho teve uma decepção que quase lhe afundou em depressão, não fosse o seu pai perceber rápido e lhe envolver com as empresas, hoje poderia ser um garoto problemático ao invés de um Don Juan.
Bem, filhinho de papai não era bem o termo, pois Rodolpho trabalhava muito, mas havia se transformado num garoto belo, educado, gentil e passou a ser auge de cobiça das moças da sua cidade. Já se passaram dois anos desde que Rodolpho sofreu o abandono pela sua primeira namorada. Pensou ter fechado o coração, mas algo aconteceu naquela noite, queria aquela garota de qualquer jeito e parecia tão ansioso que tinha medo de lhe assustar.
Mel sorriu olhando nos olhos de Rodolpho, tentando adivinhar o que se passava em sua mente. Ele era tão lindo, tão perfeito que pensava estar sonhando.
— Pare de fugir de mim! Não sou um monstro!— ele disse sério.
Mel deixou-se descansar no seu peito e suspirou. Não queria mais fugir, queria ficar assim, na paz que aquele homem lhe transmitia. Era como se ele fosse tudo o que ela procurava encontrar numa pessoa.
Eles eram muito jovens, tinham apenas dezoito anos e ambos estavam prestes a completar dezenove, mas eram de um tempo mais remoto, onde as coisas ainda andavam devagar, onde a adolescência se estendia e a fase adulta parecia estar sempre um pouco mais a frente e se curtia a vida muito mais.
Mel já fazia faculdade e tentava uma vaga como professora, mas nessas festas, todos pareciam desprendidos de responsabilidades e a magia do amor estava sempre envolvendo aqueles que lhe procurava.
Não era muito o caso de Rodolpho que não pensava em se apaixonar tão já, mas acabou se deixando envolver sem medo, rendido aos olhos misteriosos de Mel que pareciam lhe guiar para um mundo desconhecido e ele estava fascinado por ela. Queria muito conquistá-la, como se fosse a última façanha da sua vida.
Ele puxou Mel pela mão e saíram de volta ao quiosque para dançar novamente.
Não queriam mais se desgrudar. Mel olhava em volta à procura dos irmãos que estavam sempre à caça de mulheres disponíveis e já sabia que no dia seguinte iria ouvir os comentários deles e as risadas fáceis no terraço da sua casa. O seu pai ouvia orgulhoso os filhos muitas vezes fazerem comentários grosseiros sobre as moças com quem passaram momentos íntimos e Mel ficava num canto os criticando em pensamento, enquanto que a sua mãe meneava a cabeça sorrindo como se aquilo lhe soasse normal.
Nice e Iara vigiavam os irmãos para Mel e estavam sempre a dizer que os haviam visto com alguma moça em locais escuros e desertos, muitas vezes bêbados.
Mel suspirou, era a caçula e a única filha mulher de uma família humilde, mas conservadora e machista.
Rodolpho cumprimentava quase todo mundo, parecia um político. O pai era muito conhecido e naquela festa especialmente, haviam muitas pessoas importantes do meio dos negócios da família.
Mel olhava para ele e parecia que ele era mais velho, por ser tão responsável. Ele era gentil com as pessoas e falava muito bem, enquanto que ela, se escondia numa redoma criada pelos pais e irmãos que a tornava tímida. A pressão em casa era tão grande para que não caísse na lábia de nenhum aproveitador, que estava sempre se perguntando se não estava dando muita confiança para alguém, mas com Rodolpho era diferente, parecia que tinha encontrado o homem da sua vida, aquele que jamais esqueceria.
Num dado momento, Rodolpho saiu puxando Mel pela mão, enquanto falava:
— Venha, vou te levar para casa!
Mel saiu caminhando e acenando para as amigas que sorriam maliciosas.
Rodolpho parou diante de um carro esportivo, com idéia rural e Mel o olhou assustada.
— O que foi?— Rodolpho indagou curioso.
— Podemos ir caminhando! É bem próximo daqui! — ela respondeu nervosa e já andando na frente.
Rodolpho franziu a testa e apressou o passo para alcançá-la.
Ele a abraçou e não fez perguntas. Sentia uma paz muito grande do seu lado e não queria perder aquilo por nada nesse mundo.
Andaram algumas quadras e chegaram diante de uma casa grande, pintada de verde claro, havia algumas árvores na frente e dali podia-se sentir ainda a brisa do mar.
Rodolpho encostou Mel na parede e a prendeu com os seus olhos brilhantes de emoção.
Ela suspirou e fechou os olhos esperando o seu beijo.
Parecia que o mundo inteiro deixou de existir naquele momento e o calor dos seus corpos corriam direto para aquele beijo sem se importar com mais nada, mas o ruído de passos que se aproximavam dali chamaram a atenção deles e Mel puxou Rodolpho para um canto escuro, detrás de uma árvore frondosa.
— O que houve?— Rodolpho sussurrou curioso, olhando alguns rapazes que se aproximavam sorrindo, pareciam bêbados. Se seguravam uns nos outros.
— Meus irmãos!— Mel cochichou enquanto via os rapazes entrarem em casa.
Passado o susto, ela sorriu e encheu Rodolpho de beijos.
— Vamos nos ver amanhã?— ele disse baixinho.
Mel assentiu com a cabeça.
— Eles fecharam a porta! Preciso entrar pelos fundos!— ela disse ansiosa.
— Posso vir te procurar para irmos à praia?— ele quis saber.
— Está veraneando aqui?— ela indagou olhando para os fundos da sua casa como se quisesse sair correndo antes que dessem falta dela.
Rodolpho deu de ombros e respondeu:
— Da minha cidade para cá é um pulo, depois o meu pai está sempre aqui!
Mel entendeu que a outra mulher do pai de Rodolpho veraneava ali e por isso para ele seria fácil.
— Amanhã, vou estar no mesmo lugar com as minhas amigas! Me encontre próximo ao quiosque bar, às onze horas! — Mel disse isso e foi se afastando pelo terreno lateral da casa.
Rodolpho foi embora confuso. Sentia-se perdido, queria ter ficado mais com aquela garota, queria ter certeza de que nada os separaria.
Mel chegou nos fundos da sua casa, na ponta dos pés.
Empurrou a porta e percebeu que estava fechada.
Suspirou desanimada e sentou-se no pequeno degrau a sua frente. Estava quase cochilando quando sentiu a porta se abrir.
Era a sua mãe. Ela falava nervosa:
— Mel! Isso são horas! Seus irmãos já estão em casa! Entra logo menina, antes que o seu pai acorde!
Mel entrou sonolenta e abraçou a mãe dizendo:
— Conheci o homem da minha vida!
Dona Helena revirou os olhos impaciente e disse:
— Cuidado! Está cheio de aproveitadores por aí! Eles querem deixar as moças faladas e depois eles somem!
Mel suspirou desanimada. Queria tanto falar com a mãe sobre Rodolpho. Ele era diferente, era especial, ela tinha certeza disso!
— Vai dormir Mel, vai logo pelo amor de Deus!— Dona Helena disse isso empurrando a filha para o quarto.
Mel entrou rapidamente para o seu quarto e logo ouviu a voz do pai.
— Que falatório é esse? Onde está Mel? Não me diga que ainda está na rua! Eu já avisei: se der um erro, é rua mulher, deixe isso claro para ela. Eu não quero uma filha perdida dentro de casa!
Helena suspirou ofegante quando viu o marido empurrar a porta do quarto da filha sem mesmo bater.
O Homem da Minha Vida José de Aquino voltou a se acalmar depois de ver que a filha dormia como um anjo, pelo menos era o que parecia. — Vou mandar os imprestáveis dos seus filhos ficarem de olho nela!— José disse isso indo na direção do seu quarto, seguido por Helena que caminhava olhando para trás pensando em Mel. "Como a filha se recolheu debaixo dos lençóis tão rápido?" Mel se sentou na cama sorrindo aliviada. Tinha algo de menina peralta que aflorava toda vez que pensava em enganar o carrasco do seu pai. Ela se levantou e ficou diante do espelho se admirando. Suspirava pensando em Rodolpho, o seu primeiro amor! Prometeu amá-lo para sempre e não deixar que ninguém os separasse. Depois voltou a deitar-se e adormeceu. A menina sonhadora, que vivia com a cabeça nas nuvens, acreditava estar vivendo aquele amor inesquecível, aquele que atravessa a barreira do tempo e parece intacto! Quantas pessoas guardam uma história assim e ficam remoendo, pensando no que deu errado ou no q
O Homem da Minha VidaO percurso entre as duas cidades não era longo, mas Rodolpho estava ansioso por encontrar Mel.Joel fez a viagem em silêncio. Vez ou outra, lançava um olhar de curiosidade para o patrão. Enfim chegaram. Joel ficou logo no começo da orla marítima e Rodolfo seguiu para o local combinado com Mel.Ela esperava ansiosa ao lado das amigas. Ele parou o carro e ela correu para encontrá-lo. Nice e Iara ficaram de braços cruzados observando de longe, encostadas numa mureta do quiosquebar.Ela se inclinou quando Rodolpho baixou o vidro do carro. — Entra aí! — ele disse baixando os óculos de sol. Mel o achou ainda mais lindo. Os olhos escuros dele brilhavam ainda mais com o reflexo solar.Ela sorriu animada e disse se afastando do carro: — De jeito nenhum! Adoro andar! Quero pôr os pés na areia! Sai logo desse carro!Rodolpho não gostou muito da sua negativa, mas estava tão empolgado, que encostou o carro e foi ao seu encontro sorrindo. Durante o percurso, tirou a cam
O Homem da Minha Vida Mel e Rodolfo fugiam dos olhos vigilantes dos irmãos. Eles eram cinco e estavam espalhados pela orla marítima, mas eles tinham uma fraqueza, estavam sempre atrás de um rabo de saia.Tito era o mais velho e vivia às escondidas com Iara, viviam num relacionamento cheio de idas e vindas. — Entra no meu carro, Mel, por favor!— Rodolpho implorava.Mel apenas negava com a cabeça.Ele já estava impaciente segurando a porta do carro e sem pensar, bateu a porta. Só nesse momento, se deu conta de que deixou a chave na ignição e a porta travou.Mel percebeu na hora e elevou as mãos à boca.Rodolpho colocou as mãos na cabeça desesperado. Olhou em volta procurando socorro e viu Joel se aproximando ansioso.Rodolpho suspirou aliviado e começou a falar, enquanto via o homem vindo na sua direção em passos largos: — Joel, me ajuda! Deixei a chave dentro do carro! A porta travou!Joel caminhou curioso em volta do carro, enquanto Nice observava ao longe. Ela tentava assimilar
O Homem da Minha Vida Os beijos de Rodolpho eram quentes e Mel sentiu um calor percorrer todo o seu corpo. A pele dele parecia colada na sua e ela tinha a impressão de estar despida também. — Rodolpho… — Mel…Apenas suspiros e as mãos do príncipe exploravam o corpo da princesa sem resistência, vencida. Mel teve a impressão de ouvir a voz estridente do pai à gritar:" Se der um erro, é rua! Coloco pra fora de casa! Não quero filha minha falada aqui dentro! Ela se afastou com os olhos arregalados e cobriu os seios com as mãos. — Não sou como as moças do seu convívio!— ela dizia enquanto abotoava o vestido leve estampado que vestia sobre o biquíni.Rodolpho ouviu passos se aproximando e se enrolou rapidamente com um lençol que cobria o colchão de uma das camas. Era o quarto dos cinco irmãos e haviam muitas roupas espalhadas também.Mel cruzou os braços assustada e ficou encostada na parede atrás da porta.Helena colocou a cabeça para dentro do quarto e disse simpática: — Es
O Homem da Minha Vida Rodolpho baixou a cabeça sobre a mesa, desanimado. — Detesto ver minha mãe sofrer sem poder fazer nada!— ele disse com voz sofrida.Antonio suspirou e se ajeitou para começar a almoçar, quando os dois filhos mais novos chegaram sorridentes. — E aí preferido? Eu vi você todo apaixonado lá na praia!— disse Roberto brincalhão.Rodolpho ergueu os olhos preguiçosamente para o irmão caçula, mas não disse nada. — Que garota bonita, hein?— comentou Ronaldo, o do meio.Os irmãos de Rodolpho eram muito diferentes dele. Se pareciam mais com a mãe. Eram mais encorpados e se vestiram de forma desleixada. Rodolpho parecia um príncipe. Andava sempre muito elefante. Era fino no trato com as pessoas e chamava muito a atenção por onde andava.Antonio lhe dava mais atenção e fazia questão que ele andasse com seguranças e quando ele teimava em sair sem, ele mandava Joel segui-lo sem que ele percebesse. Antonio encarava os dois filhos mais novos com ar de reprovação.Eles pe
O Homem da Minha Vida Nos dias que se seguiram, Mel não viu Rodolpho e era obrigada a ouvir piadas dos irmãos, enquanto ficava pensativa deitada na rede do terraço na frente da sua casa. — Cadê o filho do doutor Antônio Queiroz? Se arrependeu de falar com o pai? Não quer mais namorar a moça pobre?— Era Tito, que parecia um chefe de gangster, andava sempre acompanhado do irmão Celso e logo atrás vinha os outros Joaquim e Jonas. — O pai nem gostou que o play boy estivesse aqui!— disse Celso com olhar desafiador. Mel sacudiu a cabeça e deu de ombros, os ignorando. O que estava doendo mesmo, era o fato de Rodolpho ter sumido. Ela sabia que era diferente das moças daquele lugar. Parecia ter medo de homem, mas com o pai que tinha e os irmãos a lhe perseguir, de que outro jeito poderia ser? Pensava que Rodolpho a tinha esquecido. Voltou à realidade quando ouviu a voz de Dino, seu irmão querido. — Não liga para eles, Mel, você vai vê como o seu namorado vai voltar!— ele disse se senta
O Homem da Minha Vida Mel chegou em casa feliz. Agora podia sonhar com o seu príncipe. Tinha certeza que a amiga iria convencer o seu irmão. E ela não estava errada. Iara esperava por Tito no dia seguinte na porta de sua casa quando ele chegou cansado e suado do trabalho. Tito trabalhava com o irmão Celso no plantio de cana de açúcar numa fazenda que fornecia cana e o pai na Usina que também ficava nos arredores da cidade.Os olhos dele brilharam ao ver Iara encostada na mureta do terraço da sua casa. Iara usava um short bem curto, branco cheio de detalhes bordados e uma blusa preta colada ao corpo. Tito já foi logo lhe agarrando pela cintura e lhe beijando, deixando Iara sem fôlego. Ele estava sujo, o uniforme amassado, mas ela gostava desse jeito atrevido dele.Celso vinha logo atrás, passando a mão na testa para espalhar o suor e olhou sério para Iara. Ele sempre falava para Tito que ela só ficava com ele quando não tinha outra opção. Ele achava Iara atirada e também não gos
O Homem da Minha Vida Mel estava se arrumando. Helena entrou no quarto e se surpreendeu ao ver a filha. — Meu Deus, Mel! Você parece uma princesa!— ela exclamou segurando o rosto com as mãos.Mel se virou sorrindo. Os cabelos longos formavam cachos negros e brilhantes e a maquiagem suave e delicada, realçada a sua beleza. Os olhos pretos brilhavam sob uma sombra de cor verde bem clara e os cílios alongados lhe dava um olhar penetrante. Mel segurava um batom na mão e indagava sorridente: — Acha que Rodolpho vai gostar, mãe? Vai me achar bonita!Helena estava emocionada. Nem na festa de formatura do segundo grau, tinha visto a filha tão bonita!Ela suspirou e respondeu: — Qualquer homem do mundo vai lhe achar bonita, filha!Neste momento, Iara entrou vestindo um vestido azul claro e parou para admirar a amiga. — Meu Deus, Mel, como você está linda!— Iara disse tocando o vestido da amiga.O vestido de Mel era rosa com detalhes brilhantes por toda a saia rodada. Ele tinha um dec