Capítulo 5°

O Homem da Minha Vida

O percurso entre as duas cidades não era longo, mas Rodolpho estava ansioso por encontrar Mel.

Joel fez a viagem em silêncio. Vez ou outra, lançava um olhar de curiosidade para o patrão. 

Enfim chegaram. Joel ficou logo no começo da orla marítima e Rodolfo seguiu para o local combinado com Mel.

Ela esperava ansiosa ao lado das amigas. Ele parou o carro e ela correu para encontrá-lo. 

Nice e Iara ficaram de braços cruzados observando de longe, encostadas numa mureta do quiosquebar.

Ela se inclinou quando Rodolpho baixou o vidro do carro.

  — Entra aí! — ele disse baixando os óculos de sol. 

Mel o achou ainda mais lindo. Os olhos escuros dele brilhavam ainda mais com o reflexo solar.

Ela sorriu animada e disse se afastando do carro:

  — De jeito nenhum! Adoro andar! Quero pôr os pés na areia! Sai logo desse carro!

Rodolpho não gostou muito da sua negativa, mas estava tão empolgado, que encostou o carro e foi ao seu encontro sorrindo. Durante o percurso, tirou a camiseta rapidamente e enlaçou o pescoço de Mel trazendo-a para perto de si sem que ela pudesse reagir.

Mel foi pega de surpresa e sorriu assustada, depois aceitou o seu beijo. Era tudo mágico! Era tudo perfeito, como não se envolver com aquele belo jovem que lhe fascinava?

As amigas suspiravam. Eles formavam um casal perfeito, causavam inveja alheia por onde passavam. 

Caminhavam descalços na areia e seguravam os seus calçados com as mãos conversando e sorrindo trocando beijinhos.

Joel observava ao longe e não perdeu tempo. Nesse instante se aproximou de Nice, jogando o seu charme. 

  — Sabia que estou de olho em você desde ontem?— ele disse inclinando-se, pois parecia um gigante perto das duas moças.

Nice sorriu maliciosa e ficou boquiaberta quando viu o rapaz se afastar na direção do bar.

  — Menina do céu!  Que homem é esse!— ela exclamou sorrindo olhando para Iara que ria achando graça. 

Joel voltou trazendo três drinks nas mãos e ofereceu para as duas.

  — Vocês não eram três?— ele indagou se fazendo de inocente.

  — Sim, a outra é Mel. Ela conheceu um gato ontem!— Nice explicou. 

  — Entendi! E ela está com ele agora, imagino!— Joel disse pensativo e curioso.

As duas riram.

  — É amor pra cem anos!— Iara brincou. 

Joel olhou para longe e avistou o patrão abraçado a Mel. Eles andavam descalços e molhavam os pés na água rasa.

" Quem diria, o patrãozinho andando a pé com uma pobretona!"— ele pensou.

Iara se afastou quando percebeu que Joel estava interessado em Nice e ficou fácil para o rapaz. 

  — Venha! Vamos passear pela beira-mar!– ele disse puxando a mão da moça que não contestou. 

Não demorou muito e Nice estava num lugar deserto da praia dando intimidades para Joel.

  — Você é demais Nice! Você deixa qualquer homem louco!— ele dizia olhando em volta.

Nice apenas sorriu. Para ela, tomar banho sem biquíni com um rapaz numa parte deserta da praia era muito normal.

  — Eu só não chego nos finalmentes!— ela disse sorrindo com malícia  

  — Você se garante, não é? E as suas amigas são todas assim, espertas?— ele quis saber. 

Nice se inclinou para trás e riu zombeteira.

  — Mel jamais faria isso!— ela disse. 

Joel ficou interessado e disse:

  — Ela não se garante? Porque ela tem medo? Você está aqui, à vontade, sabe que não a forçaria a nada.

Nice ficou séria e começou a falar:

  — Mas ela tem medo! O pai dela é muito bravo. Se ela der essa liberdade para alguém, é capaz até de engravidar! Ela não deixa ninguém lhe tocar. Eu não sei com esse aí. Parece que está muito empolgada pelo Rodolpho!

  — Rodolpho?— ele fingiu surpresa.

Nice falava sem parar:

  — É, o filho do doutor Queiroz, o dono das canas de açúcar! Todo mundo conhece! Se ele mexer com ela, vai ter que casar! O pai dela e os irmãos são como cães de guarda! Ninguém ouse se aproveitar daquela menina!

Rodolfo ergueu as sobrancelhas e disse ofegante:

  — Meu Deus, então o Rodolfo está correndo risco!

Nice riu sarcástica e respondeu:

  — Ele nem imagina onde está se metendo!

  — E quem é o pai dela? É rico e poderoso?— ele quis saber 

  — Não!— Nice respondeu rápido.

  — É bandido, perigoso?— Joel insistiu. 

  — Não, ele é um mero funcionário da Usina do doutor Antônio Queiroz, mas ele ameaça colocá-la para fora de casa se der um erro!— Nice respondeu confusa.

 — Ela é virgem? — Joel indagou já nervoso. 

 — Muito virgem, meu caro! — Nice brincou.

Joel saiu da água deixando Nice boquiaberta.

" Que grosseria! "— ela pensou colocando o biquíni. 

Joel tinha as mãos na cintura e olhava para longe impaciente. 

Nice saiu da água e se aproximou falando:

  — Algum problema? Parece tão nervoso!

Joel virou-se para Nice como se fosse lhe dizer algo, o semblante fechado, meneava a cabeça sem conseguir falar.

  — Que cara de assustado! O que está acontecendo?— ela insistiu. 

Joel virou-se novamente olhando num ponto fixo.

  — Não gostou de ficar comigo?— ela quis saber.

  — Preciso ser mais rápido!— Joel disse pensativo. O olhar distante, alheio a qualquer coisa.

Nice franziu a testa e saiu andando na frente, mesmo sendo de baixa estatura, logo conseguiu manter distância de Joel. 

Ele ficou a observando sem se alterar. Meneou a cabeça e disse para si mesmo:

  — Se essa pobretona se entregar para o meu patrão, vai estragar a vida dele!

Nice já ia longe e Joel não sentia vontade de alcançá-la.

Ele falava sem parar passando a mão na cabeça:

  — Preciso impedir que o meu patrão faça uma besteira! Do jeito que gosta de sair por aí com umas e outras, logo vai cair na armadilha dessa moça!

Joel sabia que precisaria estar por perto de Rodolpho para impedi-lo de se comprometer com Mel e resolveu ir atrás de Nice. Já a alcançou próximo ao bar onde estavam anteriormente. 

  — Me perdoe Nice! — ele disse segurando o braço da moça. 

Ela se virou nervosa.

  — Me senti humilhada!— ela desabafou cruzando os braços.

Joel a abraçou falando, enquanto procurava Rodolpho com os olhos sem que Nice pudesse perceber:

  — Não vai acontecer mais, prometo!

Nice sorriu satisfeita. Estava deslumbrada com Joel. Ele era bonito e chamava atenção por onde passava, por ser bem mais alto do que ela.

Iara conversava numa mesa do bar com um rapaz e parecia empolgada.

  — Onde está a minha irmã?— ele indagou preocupado. 

  — Você está comigo, Tito, esquece a sua irmã!— Iara rebateu impaciente. 

Tito era o irmão mais velho de Mel e se sentia na responsabilidade de protegê-la. Ele falava, enquanto olhava em volta:

  — Mas ela veio com vocês à praia, e Nice também não está com ela, porque eu a vi com um grandalhão!

Iara olhou em volta e viu Mel se aproximando com Rodolpho, então não pensou duas vezes e beijou Tito até lhe sufocar. Ela pretendia usar aquilo como sinal para Mel sumir dali.

Quando Tito conseguiu se soltar de Iara, até tossiu. 

  — Ficou louca?!— ele disse assustado.

Iara riu e se levantou percebendo que Mel já havia mudado de caminho.

Tito também levantou e segurou a mão de Iara.

  — Vamos procurar um lugar mais afastado da praia?— ele convidou malicioso.

  — Ah, quer aproveita-se de mim, mas da sua irmã ninguém pode!— ela disse zombeteira. 

Tito soltou a mão de Iara e respondeu aborrecido, tentando justificar-se:

  — Você é esperta, sabe se controlar, mas a Mel é boba e ingênua!

Iara se voltou nervosa para responder de imediato:

  — Porque vocês fazem pressão psicológica com a menina! O seu pai ameaça ela o tempo todo e vocês não saem da cola dela!

Tito ficou olhando Iara se afastar e suspirou antes de ir atrás dela.

  

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