O Homem da Minha Vida
O percurso entre as duas cidades não era longo, mas Rodolpho estava ansioso por encontrar Mel.
Joel fez a viagem em silêncio. Vez ou outra, lançava um olhar de curiosidade para o patrão.
Enfim chegaram. Joel ficou logo no começo da orla marítima e Rodolfo seguiu para o local combinado com Mel.
Ela esperava ansiosa ao lado das amigas. Ele parou o carro e ela correu para encontrá-lo.
Nice e Iara ficaram de braços cruzados observando de longe, encostadas numa mureta do quiosquebar.
Ela se inclinou quando Rodolpho baixou o vidro do carro.
— Entra aí! — ele disse baixando os óculos de sol.
Mel o achou ainda mais lindo. Os olhos escuros dele brilhavam ainda mais com o reflexo solar.
Ela sorriu animada e disse se afastando do carro:
— De jeito nenhum! Adoro andar! Quero pôr os pés na areia! Sai logo desse carro!
Rodolpho não gostou muito da sua negativa, mas estava tão empolgado, que encostou o carro e foi ao seu encontro sorrindo. Durante o percurso, tirou a camiseta rapidamente e enlaçou o pescoço de Mel trazendo-a para perto de si sem que ela pudesse reagir.
Mel foi pega de surpresa e sorriu assustada, depois aceitou o seu beijo. Era tudo mágico! Era tudo perfeito, como não se envolver com aquele belo jovem que lhe fascinava?
As amigas suspiravam. Eles formavam um casal perfeito, causavam inveja alheia por onde passavam.
Caminhavam descalços na areia e seguravam os seus calçados com as mãos conversando e sorrindo trocando beijinhos.
Joel observava ao longe e não perdeu tempo. Nesse instante se aproximou de Nice, jogando o seu charme.
— Sabia que estou de olho em você desde ontem?— ele disse inclinando-se, pois parecia um gigante perto das duas moças.
Nice sorriu maliciosa e ficou boquiaberta quando viu o rapaz se afastar na direção do bar.
— Menina do céu! Que homem é esse!— ela exclamou sorrindo olhando para Iara que ria achando graça.
Joel voltou trazendo três drinks nas mãos e ofereceu para as duas.
— Vocês não eram três?— ele indagou se fazendo de inocente.
— Sim, a outra é Mel. Ela conheceu um gato ontem!— Nice explicou.
— Entendi! E ela está com ele agora, imagino!— Joel disse pensativo e curioso.
As duas riram.
— É amor pra cem anos!— Iara brincou.
Joel olhou para longe e avistou o patrão abraçado a Mel. Eles andavam descalços e molhavam os pés na água rasa.
" Quem diria, o patrãozinho andando a pé com uma pobretona!"— ele pensou.
Iara se afastou quando percebeu que Joel estava interessado em Nice e ficou fácil para o rapaz.
— Venha! Vamos passear pela beira-mar!– ele disse puxando a mão da moça que não contestou.
Não demorou muito e Nice estava num lugar deserto da praia dando intimidades para Joel.
— Você é demais Nice! Você deixa qualquer homem louco!— ele dizia olhando em volta.
Nice apenas sorriu. Para ela, tomar banho sem biquíni com um rapaz numa parte deserta da praia era muito normal.
— Eu só não chego nos finalmentes!— ela disse sorrindo com malícia
— Você se garante, não é? E as suas amigas são todas assim, espertas?— ele quis saber.
Nice se inclinou para trás e riu zombeteira.
— Mel jamais faria isso!— ela disse.
Joel ficou interessado e disse:
— Ela não se garante? Porque ela tem medo? Você está aqui, à vontade, sabe que não a forçaria a nada.
Nice ficou séria e começou a falar:
— Mas ela tem medo! O pai dela é muito bravo. Se ela der essa liberdade para alguém, é capaz até de engravidar! Ela não deixa ninguém lhe tocar. Eu não sei com esse aí. Parece que está muito empolgada pelo Rodolpho!
— Rodolpho?— ele fingiu surpresa.
Nice falava sem parar:
— É, o filho do doutor Queiroz, o dono das canas de açúcar! Todo mundo conhece! Se ele mexer com ela, vai ter que casar! O pai dela e os irmãos são como cães de guarda! Ninguém ouse se aproveitar daquela menina!
Rodolfo ergueu as sobrancelhas e disse ofegante:
— Meu Deus, então o Rodolfo está correndo risco!
Nice riu sarcástica e respondeu:
— Ele nem imagina onde está se metendo!
— E quem é o pai dela? É rico e poderoso?— ele quis saber
— Não!— Nice respondeu rápido.
— É bandido, perigoso?— Joel insistiu.
— Não, ele é um mero funcionário da Usina do doutor Antônio Queiroz, mas ele ameaça colocá-la para fora de casa se der um erro!— Nice respondeu confusa.
— Ela é virgem? — Joel indagou já nervoso.
— Muito virgem, meu caro! — Nice brincou.
Joel saiu da água deixando Nice boquiaberta.
" Que grosseria! "— ela pensou colocando o biquíni.
Joel tinha as mãos na cintura e olhava para longe impaciente.
Nice saiu da água e se aproximou falando:
— Algum problema? Parece tão nervoso!
Joel virou-se para Nice como se fosse lhe dizer algo, o semblante fechado, meneava a cabeça sem conseguir falar.
— Que cara de assustado! O que está acontecendo?— ela insistiu.
Joel virou-se novamente olhando num ponto fixo.
— Não gostou de ficar comigo?— ela quis saber.
— Preciso ser mais rápido!— Joel disse pensativo. O olhar distante, alheio a qualquer coisa.
Nice franziu a testa e saiu andando na frente, mesmo sendo de baixa estatura, logo conseguiu manter distância de Joel.
Ele ficou a observando sem se alterar. Meneou a cabeça e disse para si mesmo:
— Se essa pobretona se entregar para o meu patrão, vai estragar a vida dele!
Nice já ia longe e Joel não sentia vontade de alcançá-la.
Ele falava sem parar passando a mão na cabeça:
— Preciso impedir que o meu patrão faça uma besteira! Do jeito que gosta de sair por aí com umas e outras, logo vai cair na armadilha dessa moça!
Joel sabia que precisaria estar por perto de Rodolpho para impedi-lo de se comprometer com Mel e resolveu ir atrás de Nice. Já a alcançou próximo ao bar onde estavam anteriormente.
— Me perdoe Nice! — ele disse segurando o braço da moça.
Ela se virou nervosa.
— Me senti humilhada!— ela desabafou cruzando os braços.
Joel a abraçou falando, enquanto procurava Rodolpho com os olhos sem que Nice pudesse perceber:
— Não vai acontecer mais, prometo!
Nice sorriu satisfeita. Estava deslumbrada com Joel. Ele era bonito e chamava atenção por onde passava, por ser bem mais alto do que ela.
Iara conversava numa mesa do bar com um rapaz e parecia empolgada.
— Onde está a minha irmã?— ele indagou preocupado.
— Você está comigo, Tito, esquece a sua irmã!— Iara rebateu impaciente.
Tito era o irmão mais velho de Mel e se sentia na responsabilidade de protegê-la. Ele falava, enquanto olhava em volta:
— Mas ela veio com vocês à praia, e Nice também não está com ela, porque eu a vi com um grandalhão!
Iara olhou em volta e viu Mel se aproximando com Rodolpho, então não pensou duas vezes e beijou Tito até lhe sufocar. Ela pretendia usar aquilo como sinal para Mel sumir dali.
Quando Tito conseguiu se soltar de Iara, até tossiu.
— Ficou louca?!— ele disse assustado.
Iara riu e se levantou percebendo que Mel já havia mudado de caminho.
Tito também levantou e segurou a mão de Iara.
— Vamos procurar um lugar mais afastado da praia?— ele convidou malicioso.
— Ah, quer aproveita-se de mim, mas da sua irmã ninguém pode!— ela disse zombeteira.
Tito soltou a mão de Iara e respondeu aborrecido, tentando justificar-se:
— Você é esperta, sabe se controlar, mas a Mel é boba e ingênua!
Iara se voltou nervosa para responder de imediato:
— Porque vocês fazem pressão psicológica com a menina! O seu pai ameaça ela o tempo todo e vocês não saem da cola dela!
Tito ficou olhando Iara se afastar e suspirou antes de ir atrás dela.
O Homem da Minha Vida Mel e Rodolfo fugiam dos olhos vigilantes dos irmãos. Eles eram cinco e estavam espalhados pela orla marítima, mas eles tinham uma fraqueza, estavam sempre atrás de um rabo de saia.Tito era o mais velho e vivia às escondidas com Iara, viviam num relacionamento cheio de idas e vindas. — Entra no meu carro, Mel, por favor!— Rodolpho implorava.Mel apenas negava com a cabeça.Ele já estava impaciente segurando a porta do carro e sem pensar, bateu a porta. Só nesse momento, se deu conta de que deixou a chave na ignição e a porta travou.Mel percebeu na hora e elevou as mãos à boca.Rodolpho colocou as mãos na cabeça desesperado. Olhou em volta procurando socorro e viu Joel se aproximando ansioso.Rodolpho suspirou aliviado e começou a falar, enquanto via o homem vindo na sua direção em passos largos: — Joel, me ajuda! Deixei a chave dentro do carro! A porta travou!Joel caminhou curioso em volta do carro, enquanto Nice observava ao longe. Ela tentava assimilar
O Homem da Minha Vida Os beijos de Rodolpho eram quentes e Mel sentiu um calor percorrer todo o seu corpo. A pele dele parecia colada na sua e ela tinha a impressão de estar despida também. — Rodolpho… — Mel…Apenas suspiros e as mãos do príncipe exploravam o corpo da princesa sem resistência, vencida. Mel teve a impressão de ouvir a voz estridente do pai à gritar:" Se der um erro, é rua! Coloco pra fora de casa! Não quero filha minha falada aqui dentro! Ela se afastou com os olhos arregalados e cobriu os seios com as mãos. — Não sou como as moças do seu convívio!— ela dizia enquanto abotoava o vestido leve estampado que vestia sobre o biquíni.Rodolpho ouviu passos se aproximando e se enrolou rapidamente com um lençol que cobria o colchão de uma das camas. Era o quarto dos cinco irmãos e haviam muitas roupas espalhadas também.Mel cruzou os braços assustada e ficou encostada na parede atrás da porta.Helena colocou a cabeça para dentro do quarto e disse simpática: — Es
O Homem da Minha Vida Rodolpho baixou a cabeça sobre a mesa, desanimado. — Detesto ver minha mãe sofrer sem poder fazer nada!— ele disse com voz sofrida.Antonio suspirou e se ajeitou para começar a almoçar, quando os dois filhos mais novos chegaram sorridentes. — E aí preferido? Eu vi você todo apaixonado lá na praia!— disse Roberto brincalhão.Rodolpho ergueu os olhos preguiçosamente para o irmão caçula, mas não disse nada. — Que garota bonita, hein?— comentou Ronaldo, o do meio.Os irmãos de Rodolpho eram muito diferentes dele. Se pareciam mais com a mãe. Eram mais encorpados e se vestiram de forma desleixada. Rodolpho parecia um príncipe. Andava sempre muito elefante. Era fino no trato com as pessoas e chamava muito a atenção por onde andava.Antonio lhe dava mais atenção e fazia questão que ele andasse com seguranças e quando ele teimava em sair sem, ele mandava Joel segui-lo sem que ele percebesse. Antonio encarava os dois filhos mais novos com ar de reprovação.Eles pe
O Homem da Minha Vida Nos dias que se seguiram, Mel não viu Rodolpho e era obrigada a ouvir piadas dos irmãos, enquanto ficava pensativa deitada na rede do terraço na frente da sua casa. — Cadê o filho do doutor Antônio Queiroz? Se arrependeu de falar com o pai? Não quer mais namorar a moça pobre?— Era Tito, que parecia um chefe de gangster, andava sempre acompanhado do irmão Celso e logo atrás vinha os outros Joaquim e Jonas. — O pai nem gostou que o play boy estivesse aqui!— disse Celso com olhar desafiador. Mel sacudiu a cabeça e deu de ombros, os ignorando. O que estava doendo mesmo, era o fato de Rodolpho ter sumido. Ela sabia que era diferente das moças daquele lugar. Parecia ter medo de homem, mas com o pai que tinha e os irmãos a lhe perseguir, de que outro jeito poderia ser? Pensava que Rodolpho a tinha esquecido. Voltou à realidade quando ouviu a voz de Dino, seu irmão querido. — Não liga para eles, Mel, você vai vê como o seu namorado vai voltar!— ele disse se senta
O Homem da Minha Vida Mel chegou em casa feliz. Agora podia sonhar com o seu príncipe. Tinha certeza que a amiga iria convencer o seu irmão. E ela não estava errada. Iara esperava por Tito no dia seguinte na porta de sua casa quando ele chegou cansado e suado do trabalho. Tito trabalhava com o irmão Celso no plantio de cana de açúcar numa fazenda que fornecia cana e o pai na Usina que também ficava nos arredores da cidade.Os olhos dele brilharam ao ver Iara encostada na mureta do terraço da sua casa. Iara usava um short bem curto, branco cheio de detalhes bordados e uma blusa preta colada ao corpo. Tito já foi logo lhe agarrando pela cintura e lhe beijando, deixando Iara sem fôlego. Ele estava sujo, o uniforme amassado, mas ela gostava desse jeito atrevido dele.Celso vinha logo atrás, passando a mão na testa para espalhar o suor e olhou sério para Iara. Ele sempre falava para Tito que ela só ficava com ele quando não tinha outra opção. Ele achava Iara atirada e também não gos
O Homem da Minha Vida Mel estava se arrumando. Helena entrou no quarto e se surpreendeu ao ver a filha. — Meu Deus, Mel! Você parece uma princesa!— ela exclamou segurando o rosto com as mãos.Mel se virou sorrindo. Os cabelos longos formavam cachos negros e brilhantes e a maquiagem suave e delicada, realçada a sua beleza. Os olhos pretos brilhavam sob uma sombra de cor verde bem clara e os cílios alongados lhe dava um olhar penetrante. Mel segurava um batom na mão e indagava sorridente: — Acha que Rodolpho vai gostar, mãe? Vai me achar bonita!Helena estava emocionada. Nem na festa de formatura do segundo grau, tinha visto a filha tão bonita!Ela suspirou e respondeu: — Qualquer homem do mundo vai lhe achar bonita, filha!Neste momento, Iara entrou vestindo um vestido azul claro e parou para admirar a amiga. — Meu Deus, Mel, como você está linda!— Iara disse tocando o vestido da amiga.O vestido de Mel era rosa com detalhes brilhantes por toda a saia rodada. Ele tinha um dec
O Homem da Minha Vida Quando a música parou, Rodolpho não soltou as mãos de Mel. Ele sorriu e disse inclinando-se para ela: — Não vou te largar nunca mais!Mel se deixou levar sorrindo, se sentindo importante, pois as moças finas daquele baile, lhe olhava com ar de inveja. Para sua surpresa, Rodolpho a levou até a mesa onde estava os seus pais. Arminda se levantou sorrindo e foi abraçar Mel. — Que moça linda, meu filho!— ela dizia olhando para Rodolpho, que se sentia envaidecido. Antônio apenas inclinou a cabeça cumprimentando cordialmente a suposta namorada do filho. — Mel mora na cidade vizinha.— Rodolpho disse empolgado. Antônio fez um ar de desdém e disse: — Sei, praieira!Mel franziu a testa e ficou confusa. — Mel faz faculdade e o pai dela trabalha na sua Usina — Rodolpho disse reprovando o pai. Ele sabia que o pai pensava, do seu jeito torto, que as pessoas que moravam no litoral não faziam nada da vida. Antônio deu de ombros, demonstrando que aquilo não fazia
O Homem da Minha Vida Antônio chamou Joel de canto e disse: — Não descuide do meu filho! Se essa aproveitadora der o golpe da barriga, você será o culpado.Joel estremeceu. A sua responsabilidade aumentou. Difícil seria separar o patrãozinho daquela moça bonita que mais parecia uma princesa. Ele saiu atrás de uma baixinha linda que possivelmente iria ajudá-lo. — Não fale comigo, Joel! Você escondeu de mim que conhece o Rodolpho!— Nice se esquivava das mãos do rapaz que tentava puxá-la para dançar. Joel insistia na intenção de deixar uma dúvida na cabeça de Nice: — Eu não sabia que falávamos da mesma pessoa! Como eu ia imaginar que o seu Rodolpho iria se interessar por uma moça humilde como a sua amiga! Precisa vê as moças que saem com ele!A moça parou de se debater, olhou assustada para Joel e começou a falar: — Como é que é Joel? Está me dizendo que o Rodolpho nunca namoraria a Mel? Acredita que ele a está iludindo?Joel riu no canto dos lábios. Conseguiu plantar a semen