- Sasha? – Pauline arqueou a sobrancelha, confusa.- Lykaios? Não... É este o seu sobrenome? – Perguntei, com a voz falhando, tão fraca que mal consegui me fazer escutar.- Meu nome é Brendon D’Auvergne Bretonne, descendente de Felipe D’Auvergne Bretonne, filho mais velho do rei Estefano e da rainha Deise e herdeiro da coroa, falecido por motivo de doença, tendo Estevan, seu irmão mais novo, herdado o trono em seu lugar. Portanto, sou o sucessor legítimo do trono deste país. Nenhuma das filhas de Estevan tem direito a usar esta coroa. Ela me pertence, desde que nasci.Observei o homem à minha frente e meus olhos desceram para o broche da bandeira de Alpemburg que brilhava intensamente em sua gravata. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça naquele momento, mas dentre eles a possibilidade de Sasha não ser herdeiro não foi um deles. Desde que o vi dentro do castelo de Alpemburg depois de termos nos encontrado em Avalon imaginei que algo não estava certo.Meus lábios chegaram a abrir
- Eu acabei de contar – ele riu – Agora só me falta provar. Mas tenho tudo em mãos. Creio que em no máximo uma semana todos se certificarão de que realmente sou herdeiro do trono. Tenho o exame de DNA, assim como testemunhas de que o príncipe Felipe se envolveu com minha mãe.- Quem é sua mãe? Onde ela está?Brendon suspirou e soltou Donatello, indo em direção à janela do meu quarto, olhando para a área externa parecendo com pesar:- Ela morreu há alguns anos. E antes de se ir, a última coisa que me revelou foi quem era meu pai.- Então... Você não cresceu sabendo que era filho do príncipe Felipe?- Não.- Mas...Eu tinha mil perguntas e Brendon pareceu entender.- O príncipe Felipe engravidou a minha mãe, a governanta da família real da Dinamarca, numa das visitas ao país.- Por isso... Você é natural da Dinamarca?- Sim. Ela nunca revelou para ele a verdade.- Meu Deus! Ele... Tinha um filho e nunca soube!- Ele era noivo quando conheceu minha mãe. Tiveram um romance rápido, somente
- Henry? – Pauline deu um grito abafado, incrédulo.Henry Chevalier levantou parte dos cabelos, que faziam parte de sua peruca escura, que combinava com o tom de sua pele. Usava um uniforme exatamente como os das empregadas do castelo de Alpemburg.Pauline correu na direção dele e o abraçou, não contendo as lágrimas:- Como estão as meninas?- Estão bem! E em segurança, Pauline. Agora precisamos agir rápido. Vocês têm que sair daqui.- Como... Você... – Pauline queria falar, mas a voz quase não saía, talvez pelo estado nervoso ou mesmo a surpresa da presença de seu ex marido no quarto, sendo o responsável pelo nosso resgate.- Acha mesmo que eu a deixaria trancada aqui, Pauline? – A pergunta dele foi séria, mas a largou e foi olhar pela janela, demonstrando pouco se importar com a resposta dela.- Mas... Eu fui uma péssima esposa, Henry.Ele a olhou, com a mão sobre o vidro da janela do meu quarto. Demorou um certo tempo a responder:- Você não foi uma péssima pessoa, Pauline. Ninguém
- E... Ninguém pensou no meu pai? – Pauline quis saber. - A Corte está dividida, segundo as notícias. Mas se este homem provar ser filho do príncipe Felipe, ele receberá a coroa e será decretado rei de Alpemburg. E ninguém poderá mudar isto. - Foda-se Alpemburg! – Tive coragem de dizer pela primeira vez. - Mas você conseguiu vir, Henry. E como... Ninguém desconfiou? E como atravessou o espaço aéreo trancado? – A voz de Pauline já demonstrava cansaço. - Além de eu não ter vindo num voo, e sim por terra? – a risada dele saiu abafada, mas divertida – Eu só sou o Henry. Quem se preocuparia com um sujeito feito eu? Não ofereço perigo algum! A Polícia está em alerta para Catriel Levi Mallet, Estevan D’Auvergne Bretonne e até mesmo Andrew Chevalier. Mas ninguém contou comigo! Pauline parou e virou-se para ele, que chocou o corpo contra o dela, abruptamente. - Você não é só o Henry... Foi a nossa salvação. – Ela fez questão de dizer. Vi quando ela aproximou o rosto do dele, que abaixou
Catriel pareceu engolir minha boca com a sua, a língua invadindo-a de forma feroz, matando uma saudade de dias, que mais parecia anos. Correspondi ao beijo que me fazia estremecer as pernas, acelerar o coração e encharcar a calcinha.Não me dando em conta de onde estávamos, eu pus a mão dentro de sua camiseta, alisando as costas quentes, prestes a me entregar ali mesmo para ele.Ouvimos o som instistente de um pé batendo no chão, ao nosso lado, fazendo com que nos soltássemos.Abri os olhos e vi meu pai, parado, com os braços cruzados, tão próximo que cheguei a sentir seu perfume:- Pai! – Dei um passo para o lado e o abracei com força, sendo acolhida por seus braços fortes.Dei-lhe um beijo no rosto, que ele reclamou, limpando a bochecha:- Temo estar com a saliva de Catriel no meu rosto! E isso é nojento!- Me desculpe, Estevan. Eu... Não imaginei que estivesse por aqui. – Catriel disse, sem jeito.- Fico a imaginar o que faz com minha filha quando não estou próximo, meu jovem. Ou p
O telefone de Catriel tocou e ele foi atender. Ficamos o olhando, preocupados, já que tudo era motivo para espanto nos últimos dias e horas.- Embora tenhamos pensado em desistir de tudo em prol de Brendon, é uma decisão que precisa ser tomada em conjunto. – Meu pai avisou.- Iremos discutir sobre isto então? – Pauline perguntou.- Sim, todos nós.- Quando?- Em breve... Quando todos puderem se fazer presentes.- Mas estamos “todos” aqui. – Mencionei, confusa.- “Todos” me refiro a velhos amigos e parceiros... De Avalon, Noriah Sul...- Achei que isso dizia respeito à nossa família.- Eles são a nossa família. – Satini deu a conversa por encerrada, me olhando seriamente.- Preciso ir na Delegacia – Catriel avisou assim que encerrou a ligação – Eles querem falar sobre Carmela.- Irei junto. – Já fui em direção à porta, deixando claro que ninguém me impediria.Mesmo estando na Villa, havia um carro com motorista à disposição da família real. Lucca foi conosco.A caminho da Delegacia, no
- Mas por que isto? – Lucca me olhou.- Porque eu tenho certeza de que a morte da princesa Ariel não foi um acidente. Principalmente depois do pai de vocês ter sido envenenado. É muita coincidência duas pessoas da família real morrerem em dois anos. Ariel era jovem, cheia de vida, herdeira do trono. E ninguém sabia até então que ela não assumiria por conta de ter escolhido ficar com Olavo.- O caso já foi encerrado. – O delegado foi categórico.- Mas queremos que seja reaberto, Delegado. – Catriel levantou-se.- Este caso foi revisto várias vezes. Não houve nenhuma evidência de que não tenha sido um acidente, Alteza.- Ainda assim, desejo que seja visto novamente... Por outros profissionais.O delegado suspirou:- É um direito de vocês exigirem isso. Reabrirei o caso, mesmo duvidando que qualquer coisa tenha sido deixada passar pelos peritos.- Obrigado, Delegado! – Catriel apertou a mão dele – Como fazemos para falar com Carmela?- Ela se encontra numa das salas da Delegacia.- Presa
- O salário dos criados é altíssimo, justo para não correrem o risco de serem subornados.- Era uma grande quantia, Alteza, como já mencionei.Lucca suspirou:- Dinheiro, dinheiro... Sempre dinheiro.- A porra já foi toda feita... Não há como voltar atrás. – Catriel disse, levantando-se.- Me... Desculpem. – Ela pareceu realmente arrependida.- O que fez com o dinheiro que ela lhe deu? – Lucca quis saber.- Eu... Não peguei. Depois de ter contado a verdade me senti culpada. E acabei não aceitando.- Deveria ter pego, Carmela. Farei com que não tenha trabalho até o fim da sua vida. – Catriel disse saindo, sem olhar para trás.Lucca foi atrás dele. Olhei para a empregada e já não senti mais tanta raiva dela, mesmo tendo posto meu nome na história.- Você acha que o duque ou a duquesa podem ter alguma coisa a ver com a morte do rei?- Eu... Não sei. A única certeza que tenho é de que o rei não foi envenenado pela comida ou bebida que era servida no castelo. O que quer que tenham lhe dado