O telefone de Catriel tocou e ele foi atender. Ficamos o olhando, preocupados, já que tudo era motivo para espanto nos últimos dias e horas.- Embora tenhamos pensado em desistir de tudo em prol de Brendon, é uma decisão que precisa ser tomada em conjunto. – Meu pai avisou.- Iremos discutir sobre isto então? – Pauline perguntou.- Sim, todos nós.- Quando?- Em breve... Quando todos puderem se fazer presentes.- Mas estamos “todos” aqui. – Mencionei, confusa.- “Todos” me refiro a velhos amigos e parceiros... De Avalon, Noriah Sul...- Achei que isso dizia respeito à nossa família.- Eles são a nossa família. – Satini deu a conversa por encerrada, me olhando seriamente.- Preciso ir na Delegacia – Catriel avisou assim que encerrou a ligação – Eles querem falar sobre Carmela.- Irei junto. – Já fui em direção à porta, deixando claro que ninguém me impediria.Mesmo estando na Villa, havia um carro com motorista à disposição da família real. Lucca foi conosco.A caminho da Delegacia, no
- Mas por que isto? – Lucca me olhou.- Porque eu tenho certeza de que a morte da princesa Ariel não foi um acidente. Principalmente depois do pai de vocês ter sido envenenado. É muita coincidência duas pessoas da família real morrerem em dois anos. Ariel era jovem, cheia de vida, herdeira do trono. E ninguém sabia até então que ela não assumiria por conta de ter escolhido ficar com Olavo.- O caso já foi encerrado. – O delegado foi categórico.- Mas queremos que seja reaberto, Delegado. – Catriel levantou-se.- Este caso foi revisto várias vezes. Não houve nenhuma evidência de que não tenha sido um acidente, Alteza.- Ainda assim, desejo que seja visto novamente... Por outros profissionais.O delegado suspirou:- É um direito de vocês exigirem isso. Reabrirei o caso, mesmo duvidando que qualquer coisa tenha sido deixada passar pelos peritos.- Obrigado, Delegado! – Catriel apertou a mão dele – Como fazemos para falar com Carmela?- Ela se encontra numa das salas da Delegacia.- Presa
- O salário dos criados é altíssimo, justo para não correrem o risco de serem subornados.- Era uma grande quantia, Alteza, como já mencionei.Lucca suspirou:- Dinheiro, dinheiro... Sempre dinheiro.- A porra já foi toda feita... Não há como voltar atrás. – Catriel disse, levantando-se.- Me... Desculpem. – Ela pareceu realmente arrependida.- O que fez com o dinheiro que ela lhe deu? – Lucca quis saber.- Eu... Não peguei. Depois de ter contado a verdade me senti culpada. E acabei não aceitando.- Deveria ter pego, Carmela. Farei com que não tenha trabalho até o fim da sua vida. – Catriel disse saindo, sem olhar para trás.Lucca foi atrás dele. Olhei para a empregada e já não senti mais tanta raiva dela, mesmo tendo posto meu nome na história.- Você acha que o duque ou a duquesa podem ter alguma coisa a ver com a morte do rei?- Eu... Não sei. A única certeza que tenho é de que o rei não foi envenenado pela comida ou bebida que era servida no castelo. O que quer que tenham lhe dado
- Olavo, você deve saber que tudo isto não foi ideia de Cat ou Lucca. – Falei.- Foi do rei Colton, não é mesmo? – Ele balançou a cabeça, com um sorriso entristecido.- Acha mesmo que meu pai seria capaz de planejar algo deste tipo contra você, Olavo? – Catriel perguntou seriamente.Olavo suspirou antes de dizer:- Sinceramente, pouco me importa, Catriel. Eu só quero ver a minha filha. E levá-la comigo. Dois anos foI tempo suficiente para que pudessem voltar atrás na decisão que tomaram. Me afastarem do castelo eu até entendo, já que tirando Ariel, eu não tinha vínculos sanguíneos com vocês. Mas... Vocês mentiram sobre a minha filha. Me fizeram chorar uma morte que nunca aconteceu... – ele olhou para baixo e depois encarou os irmãos, um a um – Eu pensei em acabar com minha própria vida porque acreditei que as duas tinham me deixado... E me culpei pela morte de cada uma, já que eu estava no volante...- Você não teve culpa nenhuma, Olavo. Aliás, reabrimos o caso sobre o acidente.- Com
Ficamos ali esperando em torno de duas horas, sem nenhuma notícia, já que Lucca nem Catriel atendiam o telefone. Já havia anoitecido quando os dois entraram no apartamento, acompanhados de Olavo.Fiquei esperando que Siena entrasse logo em seguida, mas aquilo não aconteceu.Levantei, desconfiada:- Onde... Elas estão?- Minha mãe... Raptou Siena... – Catriel desabafou, passando as mãos nos cabelos, deixando-os mais bagunçados do que já estavam.Fui até ele e o abracei:- O que... Faremos agora? – Perguntei com a cabeça em seu peito, sentindo seu coração batendo de forma acelerada.- Eu... Não sei. – Foi sincero.- Denunciarei a rainha. – Olavo disse firmemente.- Ele não é mais rainha – Lucca rebateu – Todos perdemos o título... Até que a Corte nos inocente por conta do... Acontecido com Siena. – Abaixou a cabeça, envergonhado.- Ela roubou a minha filha, porra! Mais uma vez! – Olavo praticamente gritou, assustando-nos, fazendo eu dar um leve salto.- Faça a denúncia. – Catriel afasto
Senti meu coração acelerar.- Talvez você tenha razão, Alteza! E haja algo por trás do acidente que causou a morte da princesa Ariel Levi Mallet.- Precisa investigar o duque e a duquesa Cappel, Delegado. – Falei imediatamente.Ele riu, de forma sarcástica:- Novamente deseja que eu acuse pessoas sem provas? Ou... Vossa Alteza teria provas?- Não, eu não tenho provas. Mas é certo que eles estão por trás disto, por causa do trono. Sempre quiseram o lugar de Catriel.- E lhe disseram isso alguma vez? Pode provar?- Não, eles não disseram com palavras, mas... – Minha voz foi ficando mais baixa, enquanto eu percebia que realmente não tinha provas do que dizia.- Não é assim que funciona, Alteza.- O que fará agora, Delegado? – Perguntou Odette.- Chamarei meu melhor investigador. E iremos a fundo nesta história.- E sobre o envenenamento do rei Colton? – Eu quis saber.- Ainda estamos trabalhando nisto.- Vocês ainda estão tendo acesso ao castelo de País del Mar, mesmo com os Levi Mallet
- Acha mesmo que eu olharia para Sasha e o compararia com meu irmão morto há mais de duas décadas?- O que você e mamãe pretendem fazer?- Ficaremos aqui um tempo até Catriel resolver sua situação com a Corte.- E depois?- Depois levarei minha filha caçula até o altar. – Sorriu.Catriel pegou minha mão, apertando-a entre a sua, o dedo girando o anel de noivado que eu trazia no anelar.O olhei, sentindo o coração acelerar. Só de pensar no nosso casamento eu já ficava ansiosa. E ainda tínhamos tantos problemas para resolver!- E... Depois? – Insisti.- Satini e eu viajaremos. Não teremos residência fixa.- Quero transar em vários países diferentes. Talvez bater um recorde... – Minha mãe falou, andando na nossa direção com um largo sorriso no rosto, não demonstrando nenhum constrangimento ou vergonha pelo que dizia.- Satini! – Meu pai ficou um pouco sem jeito.- Acha que eles não sabem que a gente faz sexo, Estevan? – Ela arqueou a sobrancelha, as pálpebras escuras emoldurando o rosto
- Quê? – Catriel arqueou uma sobrancelha, curioso.- Eu quis dizer que está na hora de pegar seu reino de volta, senhor príncipe mal agradado. Mencionei que já travei minha principal batalha e agora tudo que quero é ser rainha consorte de um país onde tem sol o ano inteiro?Catriel ficou me olhando um tempo, parecendo tentar assimilar tudo que eu havia dito. Depois me abraçou com força, tomando meus lábios de forma terna.Senti sua língua invadindo a minha boca e foi como se o mundo inteiro sumisse e só existíssemos nós dois. Eu estava tão carente e necessitada do toque dele que cheguei a segurar suas bochechas entre as minhas mãos, com medo de que ele pudesse escapar.Nosso beijo só acabou quando o ar puro e fresco de País del Mar, com aroma de maresia, ficou escasso para nós.Assim que nossos lábios se afastaram, meus pais não estavam mais ali. Passei a língua nos lábios, sentindo o gosto dele, como se quisesse provar ainda mais do que aquele homem havia me dado.- Eu amo você, Aimê