- Não esperava que eu ficasse em casa enquanto falava com meu irmão, não é mesmo? Esqueceu que sou o rei deste país? – Catriel levantou-se, falando de forma firme.- Não é mais o rei!- Porque você me afastou para pegar o trono. Sempre quis meu lugar. – A voz de Catriel alterou-se, diferente do duque Giancarlo, que em momento algum alterou o tom.Giancarlo Cappel suspirou e deu-se por vencido, sentando-se numa das poltronas.Ele usava um terno cinza com camisa branca e gravata vermelha. Os cabelos, que batiam na altura dos seus ombros, estavam penteados para trás, com muito gel. Eu não achava o duque bonito, mas naquele momento ele me pareceu um pouco sexy, especialmente com a forma tranquila com que falava.- Tirando o fato de você ter sido amante da minha esposa, não tenho nada contra você, Catriel. – Foi bem claro.Engoli em seco, temendo que fossem discutir aquele assunto ali, na minha frente.Catriel mordeu o lábio, não falando nada.- Por que me chamou, duque? – Lucca perguntou
Porra, eu estava muito confusa. Se já tivéssemos o resultado da comida tudo seria mais fácil. Acusar a mulher sem provas realmente era bem complicado e mesmo que as digitais dela estivessem no cofre, parecia-me que o delegado sequer cogitou que ela pudesse ter feito o que fez.O certo era que a rainha tinha mantido a própria neta presa por dois anos, fazendo o pai acreditar que a filha estava morta, mantendo-o ainda longe de todos. Também foi contra o relacionamento da filha. E ainda se recusou a entregar Siena ao pai, mesmo sabendo que a justiça havia lhe dado a guarda da filha de volta. Ainda assim estava livre, numa mansão, como se nada tivesse acontecido. E aquilo era bem estranho.- Só vim morar aqui para tentar agilizar esta questão do envenenamento do seu pai. – O duque continuou.- Vossa Graça é muito cínico! – Lucca provocou.- E vocês cegos! – Foi a resposta dele.Uma empregada apareceu com água e refrescos. Claro que ninguém quis, já que o assunto era justo o veneno que hav
Mas Anna Julia sequer se moveu com a força dos meus pés, mantendo-se com a mão firme na minha garganta, tentando fazer com que eu caísse, embora eu me segurasse no parapeito, na tentativa de grudar as pernas ao corpo dela.Uma mão me segurou com firmeza pelo braço enquanto Anna Julia caía no chão, de forma violenta. Era Catriel, vindo me socorrer, sem que eu sequer conseguisse chamá-lo, aparecendo na hora exata em que precisava.Senti as lágrimas escorrerem pelas bochechas enquanto a minha mão foi diretamente para o pescoço, tentando recuperar o ar, sentindo como se ela ainda estivesse apertando minha garganta.- Sua louca! – Catriel gritou, enquanto todos vinham para sacada.- Ele... Me empurrou! – Anna apontou para Catriel, fazendo uma voz melindrosa enquanto reclamava para o marido.- Esta mulher é doente! – Catriel gritou, enquanto me pegava no colo – Estava tentando jogar Aimê daqui de cima...Enlacei meus braços ao redor do pescoço dele, incapaz de dizer qualquer coisa.- Ela co
- Neste caso, certamente será encaminhada para um trabalho comunitário.Peguei a folha que ele tinha nas mãos e pus perto da vela, observando o meu desenho em grafite, tão perfeito que captava até as veias dos meus braços, que eram bem marcadas, bem como a mancha mais escura do pescoço, causada por Anna Julia.Encarei Catriel, completamente admirada:- Achei que você só pintasse. Mas também desenha... Muito bem.Ele balançou a cabeça:- Ainda falta aprimorar o desenho. Me saio muito melhor com a pintura.- Ficou perfeito! – Toquei a folha, sentindo a textura do grafite misturada com o papel sulfite. - Você tem um dom incrível.- Creio que eu tenha mais inspiração do que dom... – Deu um beijo no meu ombro – Vê-la é sempre um martírio para mim, já que tenho vontade de desenhá-la ou pintá-la o tempo todo.- Quando iremos embora daqui? – Perguntei, afobada – Preciso de um banho decente com os meus produtos de higiene... Tenho que comprar roupas novas antes de recuperar minhas coisas que f
- Havia concentração de Aldicarbe no resto de comida do prato de Siena.Senti uma dor no estômago, semelhante à de um soco, com muita força. Abaixei a cabeça e fiquei olhando para o nada, sem conseguir pensar direito.Não precisava mais procurar pelo assassino do rei. “Ela” já havia sido encontrada. Era a sua própria esposa, a rainha Nair Levi Mallet.Senti a mão morna no meu rosto e elevei-o, deparando-me com Catriel agachado de frente para mim, os olhos azuis completamente marejados, sem as lágrimas caírem, fixos nos meus.- Você salvou a vida de Siena! – A voz dele estava rouca.- Sinto muito... – falei, passando os dedos entre os cabelos sedosos dele – Mas sabe o que isto significa, não é mesmo?Ele assentiu, não conseguindo impedir que uma lágrima grossa rolasse por sua face. Limpei-a imediatamente:- Você precisa ser muito forte agora... Entendeu? – Peguei seu rosto entre o meu.Ele não disse nada. Somente mantinha o olhar no meu. O pus sentado no meu lugar e abracei Lucca. E el
- Por enquanto não penso nisto. Eu só tenho 19 anos. Talvez depois dos 35 eu pense a respeito. Por hora, só quero transar no mar, viajar... Vou propor para Catriel férias duas vezes ao ano, para podermos conhecer vários lugares juntos.- Rei tira férias?- Ele tirará. Aliás, eu já mencionei que organizei a lua de mel?- Não...- Farei uma surpresa para ele.Naquela noite Catriel e Lucca convidaram um advogado renomado para jantar conosco. Claro que àquela altura todos já sabiam que a rainha tinha envenenado o rei. Porém conseguiram abafar a história sobre o veneno na comida de Siena, optando por usá-la somente na Corte, em defesa de Catriel.Por sorte consegui falar com Olavo, já que ele não atendia os príncipes e pedi que levasse a menina ao médico para fazer exames e conferir se estava tudo bem. Ao final, sabendo o que eu havia feito, ele disse:- Obrigada por salvar a minha filha, Alteza.- Eu só peço que converse com Siena, Olavo... E explique que naquela noite eu não tentei machu
Brendon D’Auvergne Bretonne, vulgo “Sasha” teve a ousadia de nos convidar para ficar no castelo de Alpemburg no tempo em que estivéssemos no país a fim de assistir à coroação. Óbvio que Catriel e eu recusamos.Escolhemos um bom Hotel, localizado no centro da capital, bem próximo de onde seria a cerimônia, neste caso, o prédio da Corte.Optei por um vestido longo, com uma fenda chamativa na perna, de cor única: verde escuro. As alças eram finíssimas e nas costas faziam um “X”, deixando boa parte delas nuas. O corte era justo, mas de forma que me deixava a vontade para movimentar-me. O tecido levemente cintilante, com caimento perfeito. A sandália prata, com pedrarias na parte superior, no peito do pé, constrastava com o modelo minimalista do vestido. Nos cabelos fiz um coque bagunçado, deixando alguns fios soltos e a maquiagem foi bem marcada, destacando meus principais pontos fortes: olhos e boca. Depois que a equipe de beleza terminou de me arrumar, olhei-me no espelho e simplesment
Eu não chegava a odiar Brendon D’Auvergne Bretonne. E desde que soube a verdade, contada por ele, tempos atrás, naquele mesmo lugar, senti que ele realmente era sangue do meu sangue.Ele se julgou esperto, mas não foi. Tudo que deveria ter feito era chegar em Alpemburg, falar com meu pai e contar a verdade. Teria sido muito bem recebido por nossa família e eu teria aberto mão da coroa por ele. Ou não, caso ele tivesse a intenção de sentar no trono antes do dia do atropelamento de Donatello.Sem querer, ele e Donatello foram responsáveis pelo meu amadurecimento. Afinal, depois daquela noite no parque, minha vida simplesmente desmoronou. E foi quando eu estava quase enterrada que decidi lutar e tirar a areia de cima de mim, me tornando quem eu realmente era e assumindo meus defeitos e qualidades.Cumprimentei com um aceno de cabeça alguns conhecidos. E logo foi dado início ao cerimonial.A coroa deveria ser trazida por um D’Auvergne Bretonne até o presidente da Corte, que a colocaria na