Mas Anna Julia sequer se moveu com a força dos meus pés, mantendo-se com a mão firme na minha garganta, tentando fazer com que eu caísse, embora eu me segurasse no parapeito, na tentativa de grudar as pernas ao corpo dela.Uma mão me segurou com firmeza pelo braço enquanto Anna Julia caía no chão, de forma violenta. Era Catriel, vindo me socorrer, sem que eu sequer conseguisse chamá-lo, aparecendo na hora exata em que precisava.Senti as lágrimas escorrerem pelas bochechas enquanto a minha mão foi diretamente para o pescoço, tentando recuperar o ar, sentindo como se ela ainda estivesse apertando minha garganta.- Sua louca! – Catriel gritou, enquanto todos vinham para sacada.- Ele... Me empurrou! – Anna apontou para Catriel, fazendo uma voz melindrosa enquanto reclamava para o marido.- Esta mulher é doente! – Catriel gritou, enquanto me pegava no colo – Estava tentando jogar Aimê daqui de cima...Enlacei meus braços ao redor do pescoço dele, incapaz de dizer qualquer coisa.- Ela co
- Neste caso, certamente será encaminhada para um trabalho comunitário.Peguei a folha que ele tinha nas mãos e pus perto da vela, observando o meu desenho em grafite, tão perfeito que captava até as veias dos meus braços, que eram bem marcadas, bem como a mancha mais escura do pescoço, causada por Anna Julia.Encarei Catriel, completamente admirada:- Achei que você só pintasse. Mas também desenha... Muito bem.Ele balançou a cabeça:- Ainda falta aprimorar o desenho. Me saio muito melhor com a pintura.- Ficou perfeito! – Toquei a folha, sentindo a textura do grafite misturada com o papel sulfite. - Você tem um dom incrível.- Creio que eu tenha mais inspiração do que dom... – Deu um beijo no meu ombro – Vê-la é sempre um martírio para mim, já que tenho vontade de desenhá-la ou pintá-la o tempo todo.- Quando iremos embora daqui? – Perguntei, afobada – Preciso de um banho decente com os meus produtos de higiene... Tenho que comprar roupas novas antes de recuperar minhas coisas que f
- Havia concentração de Aldicarbe no resto de comida do prato de Siena.Senti uma dor no estômago, semelhante à de um soco, com muita força. Abaixei a cabeça e fiquei olhando para o nada, sem conseguir pensar direito.Não precisava mais procurar pelo assassino do rei. “Ela” já havia sido encontrada. Era a sua própria esposa, a rainha Nair Levi Mallet.Senti a mão morna no meu rosto e elevei-o, deparando-me com Catriel agachado de frente para mim, os olhos azuis completamente marejados, sem as lágrimas caírem, fixos nos meus.- Você salvou a vida de Siena! – A voz dele estava rouca.- Sinto muito... – falei, passando os dedos entre os cabelos sedosos dele – Mas sabe o que isto significa, não é mesmo?Ele assentiu, não conseguindo impedir que uma lágrima grossa rolasse por sua face. Limpei-a imediatamente:- Você precisa ser muito forte agora... Entendeu? – Peguei seu rosto entre o meu.Ele não disse nada. Somente mantinha o olhar no meu. O pus sentado no meu lugar e abracei Lucca. E el
- Por enquanto não penso nisto. Eu só tenho 19 anos. Talvez depois dos 35 eu pense a respeito. Por hora, só quero transar no mar, viajar... Vou propor para Catriel férias duas vezes ao ano, para podermos conhecer vários lugares juntos.- Rei tira férias?- Ele tirará. Aliás, eu já mencionei que organizei a lua de mel?- Não...- Farei uma surpresa para ele.Naquela noite Catriel e Lucca convidaram um advogado renomado para jantar conosco. Claro que àquela altura todos já sabiam que a rainha tinha envenenado o rei. Porém conseguiram abafar a história sobre o veneno na comida de Siena, optando por usá-la somente na Corte, em defesa de Catriel.Por sorte consegui falar com Olavo, já que ele não atendia os príncipes e pedi que levasse a menina ao médico para fazer exames e conferir se estava tudo bem. Ao final, sabendo o que eu havia feito, ele disse:- Obrigada por salvar a minha filha, Alteza.- Eu só peço que converse com Siena, Olavo... E explique que naquela noite eu não tentei machu
Brendon D’Auvergne Bretonne, vulgo “Sasha” teve a ousadia de nos convidar para ficar no castelo de Alpemburg no tempo em que estivéssemos no país a fim de assistir à coroação. Óbvio que Catriel e eu recusamos.Escolhemos um bom Hotel, localizado no centro da capital, bem próximo de onde seria a cerimônia, neste caso, o prédio da Corte.Optei por um vestido longo, com uma fenda chamativa na perna, de cor única: verde escuro. As alças eram finíssimas e nas costas faziam um “X”, deixando boa parte delas nuas. O corte era justo, mas de forma que me deixava a vontade para movimentar-me. O tecido levemente cintilante, com caimento perfeito. A sandália prata, com pedrarias na parte superior, no peito do pé, constrastava com o modelo minimalista do vestido. Nos cabelos fiz um coque bagunçado, deixando alguns fios soltos e a maquiagem foi bem marcada, destacando meus principais pontos fortes: olhos e boca. Depois que a equipe de beleza terminou de me arrumar, olhei-me no espelho e simplesment
Eu não chegava a odiar Brendon D’Auvergne Bretonne. E desde que soube a verdade, contada por ele, tempos atrás, naquele mesmo lugar, senti que ele realmente era sangue do meu sangue.Ele se julgou esperto, mas não foi. Tudo que deveria ter feito era chegar em Alpemburg, falar com meu pai e contar a verdade. Teria sido muito bem recebido por nossa família e eu teria aberto mão da coroa por ele. Ou não, caso ele tivesse a intenção de sentar no trono antes do dia do atropelamento de Donatello.Sem querer, ele e Donatello foram responsáveis pelo meu amadurecimento. Afinal, depois daquela noite no parque, minha vida simplesmente desmoronou. E foi quando eu estava quase enterrada que decidi lutar e tirar a areia de cima de mim, me tornando quem eu realmente era e assumindo meus defeitos e qualidades.Cumprimentei com um aceno de cabeça alguns conhecidos. E logo foi dado início ao cerimonial.A coroa deveria ser trazida por um D’Auvergne Bretonne até o presidente da Corte, que a colocaria na
- Imagino que você tenha como provar o que está dizendo, Alteza. – Ele tentou.- Claro que tenho, Majestade. Afinal, moro no castelo desde que nasci. Você colocou as câmeras lá... Mas deve saber que meu pai também tinha as dele, não é mesmo? E também fizemos certas amizades lá dentro, com serviçais muito fieis. Mas não se preocupe, pois também encontrará os seus ao longo dos anos. Se fugir do quarto no castelo foi tão fácil, imagine conseguir cenas para lá de eróticas... Mas se isto o deixa melhor, juro que não olhei até o fim. – Dei meu melhor discurso carregado de sarcasmo.- Aliás, belos movimentos circulares, “Sasha”! – Catriel riu, pondo a mão na boca, tentando conter uma gargalhada.- Jogaram baixo! – Foi o que Brendon disse.- Como você! – Dei de ombros – Mas pode pagar para ver se estou blefando. A escolha é sua.- A anistia é o de menos. Isso não me influencia em nada.Percebi Donatello voltando e os olhos do Presidente da Corte voltarem-se na minha direção. Certamente ele sa
Ele não podia dizer a verdade. E sequer sabia como se safar daquilo. Claro que eu poderia causar um escândalo. Ainda assim Brendon seria o rei e nada poderia mudar aquilo. E caso não fosse, sobraria para um D’Auvergne Bretonne o lugar no trono, de uma forma ou de outra. E caso meu tio não tivesse um outro filho ou filha bastarda pelo mundo, meu pai teria que resolver tudo.Estevan e Satini estavam cansados da coroa. Pauline muito feliz em Noriah Sul com a família e me confessou que ela e Henry estavam transando em todos os lugares possíveis, como dois animais demarcando território. Alexia e Andy finalmente estavam no mundial e com bons resultados. E sim, eles competiam entre si e estavam quase empatados. E eu? Suspirei, olhando para Catriel em meio àquele tumulto planejado que causei. Eu só queria aquele homem e viver em seu mundo onde todos os dias havia sol, ar puro para respirar e um mar gigante para se banhar.A propósito, já mencionei que a água do mar tem propriedades que diminu