— É incrível a capacidade que você tem de perder ela, não é? — disse Yew, o que incomodou o filho da Luz, porque era verdade. — Uma espada muito bonita, não acha? — perguntou Helena. — Aposto que deve ser implacável em um combate. — Ela é muito boa — o jovem respondeu. — Porém, fico feliz em não precisar usá-la na maioria do tempo. A garota suspirou. — As notícias não param de chegar de todos os locais possíveis contando sobre o desequilíbrio. Chuvas de sangue a oeste, quedas de estrelas no norte, furacões vindos do leste, zonas de corrupção do Abismo em todos os lugares… — Começou ela. — E claro, em poucos dias uma tempestade de gelo e um incêndio florestal que vieram do sul. E os responsáveis agora permanecem nesta sala. — Não foi nossa culpa — falou o elfo. — Não duvido que tenha sido — respondeu Guido. O hud de olhos esmeralda lhe deu um soco no topo da cabeça. — Estamos enviando ajuda para todos estes lugares e também vigiando o Santuário da Luz agora que os ataques cessa
— Minha senhora… Invadiram a cidade! — Quem!? — questionou ela de olhos arregalados. — Os encapuzados, os monstros… — O corpo dele caiu duro no chão revelando a adaga presa em suas costas. Os devotos da fumaça chegaram até Tarian, no momento em que o exército está dividido por todas as partes de Cylch. — Acho que descobrimos o porquê de o Santuário ter parado de sofrer ataques — declarou Helena. — Parece que agora estão atrás de você, Gale. — Vamos lutar — afirmou Yew. — Não vão! — protestou a rainha. — Vocês vão continuar com a missão. Juro que não irei deixar Tarian cair na mão desses covardes. — Não posso deixar que sangue de inocentes seja derramado por minha causa. — Gale apertou forte o cabo de Samhain para que pudesse sentir a força que emanava dela. — Deixe de ser idiota, garoto! — A garota lhe deu um tapa, que arrancou caras assustadas dos outros dois companheiros quais deram um passo para o lado a fim se afastar. — Vivemos e morremos pelas espadas. Existimos para te
Os extremos ventos cessaram com certa violência, despejando Gale, Guido e Yew em uma colina afastada das bordas do reino de Tarian. O elfo se afastou dos dois ligeiramente para vomitar. — Me lembrem de nunca fazer uma coisa dessas de novo! O Filho do Outono observava ao longe a entrada do próximo obstáculo qual enfrentaria: a Floresta das Ilusões. Então, como havia pensado anteriormente, o nome não lhe deixava mais confiante. Para chegar até lá precisariam somente seguir colina abaixo, Helena havia os deixado o mais próximo que era possível. O rosto do rapaz ainda queimava levemente com o tapa que recebera da garota. Lembrou-se de Lenora e esboçou um leve sorriso carregado de saudades. — O que foi? — perguntou Yew limpando o canto da boca. — Vai me dizer que é a primeira vez que apanha de um mulher bonita? — Que sortudo — o meio merco resmungou. — A primeira que usava uma armadura completa — confessou. — Ferro tariano não é nada macio. O elfo dos olhos esmeralda de virou para a
Gale ajoelhou boquiaberto e confuso, aquele não poderia ser seu amigo. Ou poderia? Não. Ele fora queimado junto dos outros no dia em que as cinzas escolheram o jovem Wintamer para ser consagrado como o Filho do Outono. O Sentinela encarou o brasão dos Bellux que enfeitava seu pulso, pensando no dia em que Lenora o entregara esta relíquia que usava recordação e lamento por não ter podido se despedir do antigo parceiro, quando a mão daquele corpo desfalecido o agarrou com extrema força ao ponto do rapaz ouvir os ossos de sua mão começarem a se partir. — POR QUE, GALE? — Geralt se levantou contorcendo-se. — PORQUE ME DEIXOU PARA MORRER? O jovem se desvencilhou com dificuldade e percebeu que a mão direita estava inutilizável, acompanhada pela dor proveniente do ferimento da mesma. Estava paralisado. Atônito. Confuso. Não sabia o que fazer. O defunto estava com o peito aberto por uma grande fenda que possibilitava a vista do outro lado através dele, assim como o ferimento causado pel
Olhando ao redor, avistou mais ao longe Yew e Guido, paralisados. Ambos pareciam estar vivendo experiências parecidas com a que jovem humano sofrera momentos atrás. Correu para ajudá-los. — Yew! — O Sentinela o sacudiu. — Vamos, acorde! — Ro… rak. — Lágrimas escorriam de sua face. O elfo apertou os olhos com força. — Não! O humano levou sua atenção até a pedra esverdeada que o guardiano carregava. Ela parecia conversar consigo. Pedindo para que a tomasse, o que fez sem pensar muito e, com isso, ela passou a brilhar intensamente. Gale aproximou a pedra do coração do elfo de olhos esmeralda e esta passou a aparentar mais força ainda quando livrou seu portador do sofrimento espiritual que sofria. Ao acordar o aventureiro despencou ao chão, mas foi amparado pelo companheiro, que o recebeu com um sorriso para curar sua face desolada. Um sorriso poderoso o suficiente para lhe salvar. — Bem-vindo de volta, senhor Navarre. Yew não soube o que responder, mas ficou aliviado e agradecido p
Cansaço. Era única palavra capaz de definir o que Alabaster sentia naquela noite sem estrelas. O garoto havia perdido o rastro de Gale desde a tempestade de gelo em Niwloedd, entretanto, presumiu que o antigo colega se direcionasse para Tarian por ser o único reino próximo. No meio do caminho acabou por experimentar uma das piores experiências de sua vida, mesmo que estivessem todas sendo vivenciadas nos últimos dias, ao presenciar um intenso incêndio no meio da floresta. A concentração de criaturas no interior da mata era muito maior, levando o garoto a supor que estas fugiram dos arredores para procurar proteção embaixo de uma área mais arborizada. Pobres animais. Alabaster ainda era capaz de ouvir seus ganidos desesperados e as únicas coisas que enxergava caso fechasse os olhos eram os corpos carbonizados daqueles seres inocentes. Em sua garganta, permanecia um nó que não o permitia comer ou respirar direito desde então, acompanhado por um sentimento longínquo de remorso que to
A Sacerdotisa não gostava de companhia, e ao que aparentava, também não estava nem um pouco aberta a receber visitas. O elfo de olhos esmeralda seguia investigando os rastros deixados por ela com a ajuda não tão bem vinda de Guido, porém o grupo sentia estar andando em círculos havia horas o suficiente para que não se encontrasse mais nenhuma Luz nos céus. — Ela não quer mesmo que a encontremos! — resmungou o meio merco tentando não se queimar com as tochas que improvisaram e tentavam manter acesas. — Cale a boca, você só está nos atrasando! — esbravejou Yew. — Nem ao menos sabe ler essas pegadas! Para o guardiano, todos os rastros carregavam histórias: De onde alguém veio, para onde estava indo, o que pretendia fazer, se estava com pressa ou até mesmo se era alguém de posses ou miserável. Mas estes rastros não os levavam a lugar nenhum, pois iam dando voltas e mais voltas em si mesmo, o que Yew considerava proposital, e no fim, sempre se encerravam ao encontrar com as pegadas de
O lugar em si, por mais que fosse pequeno, era amedrontador. Prateleiras amarradas por mais arranjos de cipós que o necessário carregavam potes e vasilhas com muitos restos de criaturas diferentes mergulhadas em um tipo de substância estranha. Eram patas de lobo, olhos de carneiro, pele de serpentes e olhos de galinhas azuis. Mais ao fundo, encontrava-se uma espécie de altar feito com vinhas e palha seca, onde uma garra de lobo chamava toda a atenção dos três. Outras duas velas estavam acessas em volta dela, fazendo com que olhar para aquele cena previamente montada deixasse o suor do Sentinela mais frio. — Guido — chamou-lhe a atenção. — Devolva esses cascos de montês para onde eles estavam. O meio merco retirou os itens de sua bolsa e botou novamente dentro de seus respectivos recipientes molhados, tentando não fazer uma bagunça maior do que já havia. — Seria esta a casa da Sacerdotisa? — Não existe cama e nem espaço para alguém dormir aqui. Talvez é só um lugar para proteger e