Vincent ficou ereto e enrijeceu os ombros, alerta.
– O quê?
– Houveram mais mortes – Minerva contou – Assim como as outras, todos homens ligados à você. Três, assim como da última vez. Um deles era um guarda, que o prendeu no passado por práticas de bruxaria, e os outros dois foram homens para os quais você prestou serviço.
O feiticeiro respirou fundo, curvando os ombros, sentindo-se impotente e derrotado.
– Eu não entendo. Como Maximus pode conhecer esses homens, se nem mesmo eu me lembrava dos meus agressores do orfanato? Como ele pode saber pra quem eu prestei serviços? Como ele conseguiu esse tipo de informação?
Um silêncio denso e contemplativo pairou sobre todos os presentes na sala. Vincent pensava, não parava de fazer isso há tempos.
– Maximus sabia de qual orfanato você
Naquele dia, Eleanore continuou praticando a magia da esfera de energia, já que, nem quando Vincent a ensinara, nem quando Dante a ajudou, ela conseguiu executar o feitiço de maneira correta. Era extremamente difícil estabilizar a energia, era mais forte do que ela.Eleanore tentou imaginar como se aquela energia estivesse envolta de uma cúpula de vidro, como uma lamparina que era capaz de conter o fogo em seu interior. Dante havia dito à ela que a magia era domada de acordo com a capacidade de imaginação do feiticeiro, e sua força de vontade em relação a da própria magia.Assim como as chamas, ela conseguia manter a esfera em sua mão, porém, ela tremulava de forma inquieta sobre sua palma. Quando tentava lança-la, ou a bola de energia se dissipava no ar, tomando sua forma primitiva e invisível natural, ou acabava explodindo o que quer que estivesse no caminho. Naqu
Dante estava a caminho da cozinha, após terminar os estudos com Eleanore, quando ouviu um soluço vindo de um dos quartos, soava como um choro.Ele deu duas batidas fracas na porta, mas não recebeu qualquer resposta. Então, devagar, abriu a porta e, logo em seguida, teve que desviar de um livro que veio de encontro ao seu rosto desprotegido. Assim que saiu do caminho, o livro atingiu a parede e caiu inofensivamente no chão.Novamente, Dante ergueu o olhar e encontrou aquela menina, June, sentada encolhida sobre a cama. Seus cabelos, sempre presos em uma trança, agora estavam soltos, as ondas castanhas caídas por seus ombros. Os olhos estavam vermelhos e inchados, certamente por causa do choro, mas agora seu rosto estava congelado em uma expressão furiosa e selvagem.– A senhorita está bem? – Dante perguntou cortesmente.– Não. Agora, me deixe em paz. –
Maggie estava no meio de um trabalho, cavalgando incansavelmente sobre um homem qualquer, que podia pagar, quando escutou gritos e uma certa agitação do lado de fora do quarto.Ela saiu de cima daquele homem e se aproximou da porta, buscando ouvir melhor o que se passava, provavelmente no salão de jogos. Não era incomum que brigas violentas ocorressem por causa de apostas, ou devido à algum tipo de trapaça, às vezes era apenas por pura embriaguez. Homens eram tão estúpidos, exceto Vincent.– Ei, o que você está fazendo? Volte já aqui! – resmungou aquele homem que tinha pelos demais, na opinião de Maggie – Estou pagando por isso.– Não está ouvindo esse barulho? – Ela encostou a orelha na porta e ouviu novamente gritos estridentes, tanto femininos quanto masculinos. Porém, estes não eram os gritos de
– Há trinta anos, você foi amaldiçoado por fazer necromancia, e eu posso te ajudar, Vince. – Maximus abriu um sorriso e, por mais improvável que fosse, soou quase como algo gentil, apesar de que tudo vindo dele agora soava perturbador e venenoso. – Eu posso retirar sua maldição, se você desfizer o pacto com Eleanore e me entrega-la.E lá estava, a verdadeira intenção por trás de sua “gentileza”.– Foi a própria Magia quem me amaldiçoou, você não pode quebrar essa maldição. E não acredito que você está fazendo esse tipo de proposta pra mim. – Vincent rugiu, ao mesmo tempo em que ergueu um de seus pés e desferiu um chute contra a coxa de seu irmão.Maximus não recuou nem um centímetro e segurou a trança de Vincent com mais força. Ele sa
Aproveitando-se da distração de Vincent, Maximus lançou uma magia sobre ele, que arremessou o feiticeiro contra a parede e o prendeu à ela, como se as costas e todos os membros de Vincent tivessem se colado a parede precária do Garten. Labaredas das chamas verdes, que ainda queimavam o local, lambiam o ar muito próximo do corpo do feiticeiro, que já sentia o preocupante calor emanado pelo incêndio.Agora, havia muita fumaça preenchendo o local, a boca de Vincent estava completamente seca e sua garganta arranhava. Ele tossiu, mas isso não melhorou em nada seu desconforto.Por mais que se debatesse, Vincent não conseguia se livrar das garras invisíveis que o prendiam. Como se não bastasse ter sido pego pela magia de Maximus, Vincent já sentia os indícios de sua transformação, os traços negros já cobriam ambas as suas mãos e seus dedos
Vincent já tinha andando por aquela floresta muitas vezes, reconhecia os pinheiros e as estradas esculpidas na terra. Mas, naquele dia, havia algo de diferente, um cheiro estranho no ar, um gosto metálico que impregnava na boca.Foi quando viu aqueles corpos caídos no chão, o sangue banhando a terra. Ao chegar mais perto, pôde ver os buracos feitos por facas e outros objetos cortantes. As tendas que antes haviam ali estavam foram queimadas, ou simplesmente destruídas, reduzidas a escombros.O feiticeiro sentiu como se alguém tivesse lhe arrancado o coração e o reduzido a pó bem diante de seus olhos. O desespero deformava suas feições.– Callie! – ele gritou a plenos pulmões – Callie! Calliope!Depois de muito checar os corpos, não encontrando nenhum sobrevivente, apenas mais provas de um massacre
Quando tudo acabou, Vincent estava sozinho, deitado sobre o chão poeirento, o pó das pedras cobria seu corpo e o chão frio à suas costas resfriava sua pele. Cada fibra de seu ser latejava como se fosse se quebrar, seus músculos doíam, a fadiga pesava sobre ele como se chumbo o cobrisse dos pés à cabeça. Estava cansado física, emocional e magicamente. Teria matado Max, tinha certeza disso. Ele queria mata-lo. Queria matar seu irmão que costumava sempre colocá-lo pra dormir, pra quem lia histórias, já que Max não podia ler, com quem treinou magia, com quem costumava trocar confidencias e piadas, com quem fugia de casa para passear a noite pela rua e explorar a floresta. Queria matar aquele que um dia dissera que sua alma era linda, que dissera que Vincent era o mais talentoso dos feiticeiros, seu irmão que afagava carinhosamente seu cabelo quand
Eleanore estava novamente em seu quarto, sem parar de pensar que, a agonia que sentira antes, estava intimamente ligada com a repentina aparição daquela mulher.Por mais que estivesse cansada, já que tinha treinado a manhã toda e em boa parte da tarde, embora seus músculos estivessem fadigas e suas pálpebras pesassem, ela era incapaz de adormecer. Eleanore permanecia andando em seu quarto de um lado a outro, feito um animal enjaulado, movendo a medalhinha que fora de sua mãe pela corrente de ouro.E Vincent? O que será que havia acontecido com ele? Será que, se dormisse, poderia ver através dos olhos dele e descobrir? Não, ela não podia controlar essas coisas.Ela andou pelo cômodo até a mesa embaixo da janela, apoiou suas mãos sobre o tampo de madeira e se inclinou para a janela. O vento frio acariciou seu rosto, agitando seus cachos avermelhados, que tremula