Maggie estava no meio de um trabalho, cavalgando incansavelmente sobre um homem qualquer, que podia pagar, quando escutou gritos e uma certa agitação do lado de fora do quarto.
Ela saiu de cima daquele homem e se aproximou da porta, buscando ouvir melhor o que se passava, provavelmente no salão de jogos. Não era incomum que brigas violentas ocorressem por causa de apostas, ou devido à algum tipo de trapaça, às vezes era apenas por pura embriaguez. Homens eram tão estúpidos, exceto Vincent.
– Ei, o que você está fazendo? Volte já aqui! – resmungou aquele homem que tinha pelos demais, na opinião de Maggie – Estou pagando por isso.
– Não está ouvindo esse barulho? – Ela encostou a orelha na porta e ouviu novamente gritos estridentes, tanto femininos quanto masculinos. Porém, estes não eram os gritos de
– Há trinta anos, você foi amaldiçoado por fazer necromancia, e eu posso te ajudar, Vince. – Maximus abriu um sorriso e, por mais improvável que fosse, soou quase como algo gentil, apesar de que tudo vindo dele agora soava perturbador e venenoso. – Eu posso retirar sua maldição, se você desfizer o pacto com Eleanore e me entrega-la.E lá estava, a verdadeira intenção por trás de sua “gentileza”.– Foi a própria Magia quem me amaldiçoou, você não pode quebrar essa maldição. E não acredito que você está fazendo esse tipo de proposta pra mim. – Vincent rugiu, ao mesmo tempo em que ergueu um de seus pés e desferiu um chute contra a coxa de seu irmão.Maximus não recuou nem um centímetro e segurou a trança de Vincent com mais força. Ele sa
Aproveitando-se da distração de Vincent, Maximus lançou uma magia sobre ele, que arremessou o feiticeiro contra a parede e o prendeu à ela, como se as costas e todos os membros de Vincent tivessem se colado a parede precária do Garten. Labaredas das chamas verdes, que ainda queimavam o local, lambiam o ar muito próximo do corpo do feiticeiro, que já sentia o preocupante calor emanado pelo incêndio.Agora, havia muita fumaça preenchendo o local, a boca de Vincent estava completamente seca e sua garganta arranhava. Ele tossiu, mas isso não melhorou em nada seu desconforto.Por mais que se debatesse, Vincent não conseguia se livrar das garras invisíveis que o prendiam. Como se não bastasse ter sido pego pela magia de Maximus, Vincent já sentia os indícios de sua transformação, os traços negros já cobriam ambas as suas mãos e seus dedos
Vincent já tinha andando por aquela floresta muitas vezes, reconhecia os pinheiros e as estradas esculpidas na terra. Mas, naquele dia, havia algo de diferente, um cheiro estranho no ar, um gosto metálico que impregnava na boca.Foi quando viu aqueles corpos caídos no chão, o sangue banhando a terra. Ao chegar mais perto, pôde ver os buracos feitos por facas e outros objetos cortantes. As tendas que antes haviam ali estavam foram queimadas, ou simplesmente destruídas, reduzidas a escombros.O feiticeiro sentiu como se alguém tivesse lhe arrancado o coração e o reduzido a pó bem diante de seus olhos. O desespero deformava suas feições.– Callie! – ele gritou a plenos pulmões – Callie! Calliope!Depois de muito checar os corpos, não encontrando nenhum sobrevivente, apenas mais provas de um massacre
Quando tudo acabou, Vincent estava sozinho, deitado sobre o chão poeirento, o pó das pedras cobria seu corpo e o chão frio à suas costas resfriava sua pele. Cada fibra de seu ser latejava como se fosse se quebrar, seus músculos doíam, a fadiga pesava sobre ele como se chumbo o cobrisse dos pés à cabeça. Estava cansado física, emocional e magicamente. Teria matado Max, tinha certeza disso. Ele queria mata-lo. Queria matar seu irmão que costumava sempre colocá-lo pra dormir, pra quem lia histórias, já que Max não podia ler, com quem treinou magia, com quem costumava trocar confidencias e piadas, com quem fugia de casa para passear a noite pela rua e explorar a floresta. Queria matar aquele que um dia dissera que sua alma era linda, que dissera que Vincent era o mais talentoso dos feiticeiros, seu irmão que afagava carinhosamente seu cabelo quand
Eleanore estava novamente em seu quarto, sem parar de pensar que, a agonia que sentira antes, estava intimamente ligada com a repentina aparição daquela mulher.Por mais que estivesse cansada, já que tinha treinado a manhã toda e em boa parte da tarde, embora seus músculos estivessem fadigas e suas pálpebras pesassem, ela era incapaz de adormecer. Eleanore permanecia andando em seu quarto de um lado a outro, feito um animal enjaulado, movendo a medalhinha que fora de sua mãe pela corrente de ouro.E Vincent? O que será que havia acontecido com ele? Será que, se dormisse, poderia ver através dos olhos dele e descobrir? Não, ela não podia controlar essas coisas.Ela andou pelo cômodo até a mesa embaixo da janela, apoiou suas mãos sobre o tampo de madeira e se inclinou para a janela. O vento frio acariciou seu rosto, agitando seus cachos avermelhados, que tremula
Era novamente aquela fera, bufando ferozmente, a respiração quente e pesada soando audivelmente. Ela ergueu seus olhos e, logo à sua frente, vislumbrou uma figura alta e esguia, a pele de bronze, cabelos negros e olhos... Maximus Lennox.O irmão de Vincent a olhava com pesar, estava assustado, mas acima de tudo ferido.Um rugido feral soou do fundo da garganta de Eleanore e, sem mais nem menos, ela partiu para cima de Maximus. As poderosas patas atingiam o chão de maneira bruta, movendo-se velozmente por aquele lugar que... estava em chamas.Não conseguiu, porém, avançar sobre Maximus, pois este fez um brusco movimento com as mãos e Eleanore foi lançada para o lado, seu enorme corpo atingindo o chão com um estrondo. Ela rosnou e tornou a ficar em pé, os olhos se cravando no feiticeiro.– Então, é nisso que você se transforma, Vince? –
– Vincent! Vincent! Vincent! – Ellie acordou bruscamente ao ouvir os gritos vindos de fora do quarto. Sam não estava mais com ela.Ela se levantou em um átimo, olhou para o feiticeiro, mas ele ainda dormia.Eleanore se dirigiu para a porta, mas antes que pudesse abri-la, ouviu um bater de asas e o corvo pousou em seu ombro, quase matando-a de susto. Ela não o afastou, simplesmente abriu a porta e deu de cara com aquela mulher de ontem, que surgira na sala.Os olhos dela estavam bem abertos e ela parecia bem assustada.Logo em seguida, a porta do quarto de June se abriu e a própria saiu. Não demorou para que Sam surgisse, assim como Bash e Dante. Todos muito curiosos. June estava irritada.– Onde está Vincent? – a mulher perguntou, nervosa.– Primeiro, quem é você? O que você faz aqui? – June questionou, muito séria.&nbs
Vincent havia prometido a si mesmo que não faria isso de novo, que não agiria como o bom samaritano de alguém, que não ofereceria um lar para outro ser novamente. Mas aquela garota era especial, ele sabia, ele sentia isso. Não se podia deixar um alguém tão valioso sofrendo com fome e com frio largado em uma rua molhada. Eleanore soube disso naquele instante, a informação simplesmente invadiu seu cérebro, como se sempre estivesse estado lá.– Gostaria de ir para um lugar seguro, quente e seco, Katarina? – Eleanore ofereceu a mão pálida de Vincent à garota.Por mais improvável que fosse, aquela menina feroz e indomável colocou a mão sobre a sua, deixou que ela a ajudasse a se levantar. Não soltou nem quando já estava em pé.– Você é diferente – ela disse.– Co