Era novamente aquela fera, bufando ferozmente, a respiração quente e pesada soando audivelmente. Ela ergueu seus olhos e, logo à sua frente, vislumbrou uma figura alta e esguia, a pele de bronze, cabelos negros e olhos... Maximus Lennox.
O irmão de Vincent a olhava com pesar, estava assustado, mas acima de tudo ferido.
Um rugido feral soou do fundo da garganta de Eleanore e, sem mais nem menos, ela partiu para cima de Maximus. As poderosas patas atingiam o chão de maneira bruta, movendo-se velozmente por aquele lugar que... estava em chamas.
Não conseguiu, porém, avançar sobre Maximus, pois este fez um brusco movimento com as mãos e Eleanore foi lançada para o lado, seu enorme corpo atingindo o chão com um estrondo. Ela rosnou e tornou a ficar em pé, os olhos se cravando no feiticeiro.
– Então, é nisso que você se transforma, Vince? –
– Vincent! Vincent! Vincent! – Ellie acordou bruscamente ao ouvir os gritos vindos de fora do quarto. Sam não estava mais com ela.Ela se levantou em um átimo, olhou para o feiticeiro, mas ele ainda dormia.Eleanore se dirigiu para a porta, mas antes que pudesse abri-la, ouviu um bater de asas e o corvo pousou em seu ombro, quase matando-a de susto. Ela não o afastou, simplesmente abriu a porta e deu de cara com aquela mulher de ontem, que surgira na sala.Os olhos dela estavam bem abertos e ela parecia bem assustada.Logo em seguida, a porta do quarto de June se abriu e a própria saiu. Não demorou para que Sam surgisse, assim como Bash e Dante. Todos muito curiosos. June estava irritada.– Onde está Vincent? – a mulher perguntou, nervosa.– Primeiro, quem é você? O que você faz aqui? – June questionou, muito séria.&nbs
Vincent havia prometido a si mesmo que não faria isso de novo, que não agiria como o bom samaritano de alguém, que não ofereceria um lar para outro ser novamente. Mas aquela garota era especial, ele sabia, ele sentia isso. Não se podia deixar um alguém tão valioso sofrendo com fome e com frio largado em uma rua molhada. Eleanore soube disso naquele instante, a informação simplesmente invadiu seu cérebro, como se sempre estivesse estado lá.– Gostaria de ir para um lugar seguro, quente e seco, Katarina? – Eleanore ofereceu a mão pálida de Vincent à garota.Por mais improvável que fosse, aquela menina feroz e indomável colocou a mão sobre a sua, deixou que ela a ajudasse a se levantar. Não soltou nem quando já estava em pé.– Você é diferente – ela disse.– Co
Aquele era um dia especial, era o solstício de inverno, a noite mais escura do ano. O outono chegara ao fim, todas as folhas já haviam caído e a neve viria. Mas não apenas isso, era enfim o aniversário de dezoito anos de Eleanore.Estava assustada, para dizer o mínimo. À noite, descobriria se era realmente um ser místico dotado de um forte poder mágico, uma Fonte. Não sabia exatamente que tipo de mudanças isso traria, nem mesmo sabia ao certo o que isso significava.Ela abraçou o próprio corpo, para se controlar. Não podia se permitir ter medo agora, tinha que ser forte e enfrentar o que fosse. “Não pode ficar assim tão assustada, as pessoas se aproveitam do seu medo”. June lhe dissera aquilo certa vez e, agora, mais do que nunca, as palavras faziam sentido. Não podia se dar ao luxo de ser vulnerável.Segurou a medalhinha de s
O feiticeiro segurou a mão dela contra seu peito, Eleanore podia sentir as batidas fortes e firmes de seu coração. Seu olhar era tão intenso, que a ruiva sentia-se incapaz de desviar a atenção, quase como se a íris violeta de Vincent fosse hipnótica.– Hoje é seu aniversário, não é? – ele questionou, olhava tão profundamente nos olhos dela, que Eleanore achou que fosse possível que ele tivesse lido a informação em sua alma.– Aniversário! GRA! – Dimitri grasnou da estante onde estava – Parabéns pra você.– Sim, é hoje. – ela confirmou.– O selo...Eleanore balançou a cabeça, negando.– Não sinto nada diferente. Mas eu nasci à noite, então talvez só vá descobrir nesse momento
– June, posso entrar? – Vincent perguntou, após bater à porta do quarto dela.Não houve resposta, então ele cautelosamente adentrou o cômodo.June estava sentada no parapeito da janela, abraçada as suas pernas, olhando para o jardim dos fundos, para as folhas de Flidas agitadas pelo vento. Uma brisa gélida invernal entrava pela janela e deixava o quarto mais frio, porém, June não parecia se importar.– Podemos conversar? – o feiticeiro pediu.A menina suspirou.– Será mesmo que precisa, Vince? Você sabe o que uma puta significa pra mim e mesmo assim... Achei que Eleanore fosse a última. E agora, isso, meu herbário. Quando vai acabar?– Eleanore não é uma puta. – Vincent esfregou a mão em sua testa, soltando o ar. – June, a Maggie não tinha para onde ir, eu
– Está tão frio aqui fora. Você deveria entrar.– Não me diga o que fazer – ralhou June, arrancando uma erva daninha do seu canteiro de jacintos. Por mais que arrancasse, elas sempre davam um jeito de crescer novamente.Estava mesmo muito frio, claro, aquele era o solstício de inverno. O ar gélido que pairava ao seu redor penetrava em suas roupas, mesmos usando meias grossas, vestido de inverno e um casaco quentinho. Sua face, ponta de nariz e orelha estavam quase congelados, quando expirava, o ar se condensava diante de seu rosto, formando pequenas nuvens brancas que se dissipavam logo em seguida.Dante se abaixou ao lado de June, fitando as flores de pétalas finas e encurvadas, rosas e roxas. Eram tão belos, os jacintos, tão diferentes e exóticos.– Jacinto era um homem tão extraordinário que despertou a paixão do deus Apolo, o d
O sol já tinha se escondido atrás das montanhas quando todos se reuniram na sala para que o castelo fosse movido. Eleanore se perguntou se vomitaria de novo.Aquela estrela de quatro pontas estava desenhada novamente no chão dentro de um círculo, velas foram posicionadas nas pontas e, como da última vez, Amber as acendeu.Vincent ficou no centro da estrela, vestia calça justa, botas de couro, uma camisa um tanto amarrotada e um grande e grosso casaco escuro. Dimitri estava empoleirado em seu ombro e, de tempos em tempos, gritava “viagem, viagem, viagem!” e todos o mandavam se calar.Assim como da última vez, todos agarraram as costas do casaco de Vincent, mas agora havia uma mão a mais, a de Maggie. Minerva estava de frente para o feiticeiro, usava roupas masculinas assim como seu irmão, calça e bota, Dante se segurava nela. Ela segurava a mão de seu irmão, aparenteme
Vincent estava agora no centro da enorme sala do castelo, dividida pela escadaria que estava logo atrás dele. Dimitri insistia em permanecer em seu ombro, muito embora ele tivesse dito ao pássaro para que ele se escondesse.– Confronto! Mestre assustado! GRA! – o corvo grasnou.– É – Vincent esfregou a mão uma na outra e exalou o ar com força. – Estou assustado, sim.O feiticeiro abriu os braços e começou a entoar uma magia em grego antigo, sentiu como se uma capa estivesse se desprendendo de seus ombros e caindo ao chão, um certo peso sendo tirado de seu corpo enquanto a barreira gradativamente se dissipava.Logo em seguida, Vincent iniciou em feitiço em latim, os símbolos e runas desenhados em seu braço começaram a se iluminar com um brilho esverdeado, saindo de seu corpo e penetrando os moveis ao redor, objetos e paredes do cast