– Eleanore. – a voz soou alta e severa.
Ela acordou de súbito, sentando-se ereta, agarrando com força suas cobertas. Seu coração estava disparado e ela olhou de um lado a outro, mas novamente se viu no quarto do castelo e não em sua antiga casa.
Quando olhou em direção a voz, viu Vincent Maddox parado no meio do quarto de braços cruzados e levou um susto. Ele não estava mais com as roupas folgadas de dormir, ao invés disso, vestia calças justas cinza chumbo, botas marrons escuras, uma camisa branca com as mangas dobradas até os cotovelos, embora estivesse frio, e suspensórios pretos. E seu longo cabelo estava agora preso em uma trança, que descia feito uma corda branca por suas costas.
Na claridade da manhã, Eleanore pôde notar como Vincent era pálido, quase do tom de seu cabelo cor de neve. Mas não era só isso, seus cílios e sobrancelhas também eram claros, parecendo até que estavam salpicados de flocos de açúcar. A única coisa que tinha cor nele eram seus olhos, que possuíam um belo tom violeta, feito pétalas de uma flor.
– Senhor Maddox... Quer dizer, Vincent. Bom dia. – Ela olhou, atônita, para a parte da cama que foi chamuscada pelo fogo e que agora estava preto e cinza, queimado. Mas, se percebeu, Vincent não demonstrou o menor interesse.
– Bom dia. – O rosto dele ainda era uma máscara inexpressiva. – Eu gostaria de conversar com você.
– Tudo bem – Ela estava com as cobertas erguidas na altura de seu peito, apertando-as com mais força contra o corpo, a fim de esconder sua camisola. – Mas eu preciso me trocar primeiro.
Vincent a olhou e parecia prestes a dizer alguma coisa, mas mudou de ideia. Ele deu as costas para ela e foi até a saída, mas parou quando estava embaixo do portal.
– Vou esperar você no meu quarto, só subir a escada, no fim do corredor, é a última porta.
Eleanore não demorou mais do que alguns instantes para vestir seu vestido verde, a meia calça e suas botas. Ela tentou domar seus cachos selvagens, mas como não conseguiu, apenas passou uma água para abaixa-los um pouco.
Ela saiu do quarto e andou pelo corredor até a escadaria em espiral, que havia no fim dele. Os degraus de pedra eram um pouco escorregadios, o que fez com que Eleanore subisse com cuidado.
Aquele corredor era totalmente diferente daquele que ela estivera minutos antes. Este tinha arcos de pedra em intervalos e, entre eles ficavam altas janelas com vista para os jardins dos fundos, era mais escuro, os candelabros das paredes eram de metal preto. Do logo oposto as janelas, haviam mais portas e Eleanore se perguntou o que haveria em todos aqueles cômodos, considerando que era um castelo mágico. O teto não tinha nenhuma pintura do céu, ao invés disso, era negro como se não tivesse fim, o que o deixava assustador.
No meio do corredor havia mais uma escadaria de pedra reta, que levava à mais um andar. Mas Eleanore prosseguiu, porque Vincent havia lhe dito que era o último quarto do corredor.
A última porta era enorme, feita de um carvalho escuro, estava entreaberta, então Eleanore bateu nela de leve e a abriu sutilmente.
Aquele quarto era enorme e uma bagunça absurda. Havia livros empilhados por todo canto, em cima das mesas que haviam ali, ao redor da cama, em estantes, jogados pelo chão, assim como folhas avulsas, que se espalhavam por todos os cantos, amassadas ou íntegras. Havia quatro janelas altas como as do corretor, maiores do que uma pessoa, cobertas por grossas cortinas vermelhas escuras. E velas, velas derretidas em cima de livros, em cima da mesa, em cima das estantes, flutuando pelo quarto.
Além disso, ainda havia diversos potinhos de tinta de várias cores diferentes, inclusive um de tinta amarela havia sido derramada sobre um livro, espalhados em cima das mesas. Vários pinceis se encontravam em um copo d’água, alguns estavam no chão e um deles era usado para marcar um livro. Havia um cavalete todo sujo de tinta no meio do quarto e diversas telas apoiadas contra a parede, algumas brancas, outras exibindo pinturas muito coloridas e vívidas de paisagens vibrantes, não parecendo o tipo de coisa que se via na realidade, mas algo vindo da imaginação.
Assim como no quarto de Eleanore, havia uma banheira branca em um canto, um armário enorme em uma das paredes, três mesas diferentes, duas poltronas, além da cama que ficava em frente a porta à vários passos de distância, cujos lençóis e cobertas estavam completamente desarrumados.
Depois que Eleanore assimilou toda a informação contida naquele quarto, ela encontrou Vincent parado perto de uma das mesas, quase escondido atrás de uma torre de livros perigosamente empilhados. Ele parecia analisar alguns papeis que segurava em suas mãos.
– Vincent – ela chamou para se anunciar, ainda parada na entrada do quarto.
Ele ergueu a cabeça e fez um gesto com a mão para que Eleanore se aproximasse, mas ela permaneceu plantada no mesmo lugar. A ideia de entrar no quarto de um homem sozinha não parecia boa.
Vincent percebeu a hesitação dela e largou os papeis na mesa, focando sua atenção nela. Ele cruzou os braços e empinou o queixo, de forma desafiadora.
– Acha que vou fazer alguma coisa com você? Não precisa se preocupar, eu não mordo. Entre.
Lentamente, Eleanore entrou no quarto, andando em direção a Vincent, sem ter certeza se ele poderia ou não morde-la.
– O que queria conversar comigo? – ela questionou, quando parou a uma segura distância dele.
– Você conhece um homem chamado Maximus Lennox? – ele estava muito sério quando perguntou.
Eleanore buscou em sua memória por aquele nome específico. Mas Maximus Lennox era um nome bastante incomum e ela estava certa de que, se já o tivesse ouvido antes, teria se lembrado. Por fim, Eleanore negou com a cabeça.
– Me desculpe, nunca ouvi falar.
Vincent balançou a cabeça, enquanto girava, distraidamente, um fino anel de prata que se encontrava em seu dedo anelar esquerdo. Eleanore percebeu que ele usava vários anéis diferentes.
– Você disse que me explicaria porque eu não deveria ter conseguido entrar no castelo – Eleanore sutilmente o lembrou.
– Ah, sim – Vincent assentiu – Quando você veio para o castelo o que você viu?
– Um castelo cinza, de janelas quebradas, grama alta, árvores mortas, teto quebrado.
Vincent vasculhou a mesa e retirou vários papéis do lugar, assim como um livro, que estava em cima de uma esfera de cristal. Ele pegou a esfera e ergueu a mão à frente de Eleanore, passando o dedo indicador sobre a superfície lisa e transparente, fazendo com que uma névoa colorida tremulasse no interior da bola de cristal e formasse uma imagem.
O que viu, foi um castelo de pedras beges, um telhado vermelho, todas as janelas estavam integras. Ainda havia heras cobrindo uma parte das pedras, porém estavam bem cuidadas agora. O gramado em frente ao castelo estava aparado, havia duas enormes faias que pareciam guardiões da propriedade. Circulando as árvores haviam roseiras amarelas, brancas, vermelhas, crisântemos vermelhos, lírios brancos, jacintos e cosmos rosas, colorindo a paisagem. Da mesma forma que surgiu, a imagem se dissipou, tornando a deixar a esfera transparente.
– Esse é o castelo real, aquilo que você viu foi uma ilusão que criei. Essa foi a primeira magia que coloquei no castelo. A segunda foi uma magia dimensional, que faz com que apenas as pessoas que eu permito entrem no castelo verdadeiro, este que estamos agora. Sem minha permissão, quem abrir a porta da frente verá apenas um interior vazio, empoeirado e sem qualquer vida. – Vincent juntou as pontas de seus dedos e olhou para Eleanore – Toque em mim, vou lhe mostrar.
Timidamente, Eleanore esticou o braço e tocou de forma sutil em seu ombro.
Vincent respirou fundo e fechou seus olhos por um instante, parecia concentrado. Quando abriu seus olhos novamente, o ambiente ao redor deles mudou, como se alguém varresse tudo que os rodeava. De repente, não havia qualquer mobília, ao invés disso, as janelas estavam quebradas, o chão coberto com uma película de poeira, havia madeiras quebradas e podres no chão, além de folhas secas sobre o piso e teias de aranha no teto.
– Eu deveria ter entrado em um castelo abandonado, então? – Eleanore perguntou.
– Isso. O fato de você ter entrado no meu real castelo significa que você quebrou minha magia, o que seria impossível para uma pessoa que não é feiticeira. – Vincent separou suas mãos e a imagem de seu quarto bagunçado surgiu novamente, o que fez Eleanore retirar a mão de seu ombro e se afastar de novo. – Amber me disse que você fez um feitiço ontem.
– Eu não sou uma feiticeira! Nem sabia que podia fazer aquilo, apenas li as informações em um livro, não pensei que pudesse fazer isso, foi um acidente. – Eleanore se atropelou nas palavras, falando rapidamente. Ela encolheu os ombros e desviou o olhar. – Eu queimei um pouco a cama, mas posso tentar concertar...
Vincent ergueu a mão, calando-a.
– Não estou te acusando de nada e acredito em você. E não precisa concertar a cama. – Ele a olhou com certa amabilidade, mesmo que não estivesse sorrindo. – Só estou insinuando que, talvez, você tenha certa aptidão mágica.
Aptidão mágica. Em nenhum momento de sua vida, Eleanore pensou que fosse ouvir algo parecido. Ela tinha mesmo quebrado o feitiço de Vincent? Não fazia ideia de como havia feito aquilo, só sabia que, naquele noite, queria muito entrar no castelo e se proteger da chuva. Não havia nada de mágico nisso.
– O que você trouxe quando fugiu, Eleanore? Suas coisas, quero dizer.
Eleanore segurou suas saias e olhou para as próprias roupas.
– Só as roupas do meu corpo.
– Certo. Você precisa pegar suas coisas e eu preciso conversar com seu pai.
Ela deu um passo atrás, sentindo seu coração martelar seu peito de forma dolorosa e um pânico gélido a invadiu.
– V-você... eu não posso voltar... M-meu pai... Ele...
– Acalme-se. Não vou manda-la de volta para seu pai. Eu preciso falar com ele sobre um certo assunto e você precisa das suas coisas, não pode usar o mesmo vestido todo dia.
Eleanore sentiu uma esperança desabrochar em seu peito, reaquecendo todo seu corpo.
– Você... vai me deixar ficar?
– Sim. Pelo menos, até arranjar um lugar mais definitivo para você.
Um enorme sorriso se abriu no rosto de Eleanore, sem que ela pudesse se conter.
– Muito obrigada, Vincent. Não sei nem como agradecer.
– Isso não é necessário. – Vincent foi até uma das janelas, afastou as cortinas e a abriu, permitindo que a brisa externa entrasse no quarto. Ele subiu no parapeito e se voltou para Eleanore, esticando o braço, oferecendo a mão a ela. – Vem, vamos lá.
– O que? Vamos agora? Pela janela?! – Eleanore olhou espantada para Vincent – Não podemos sair pela porta da frente?
– Confie em mim. – Vincent pediu, ainda oferecendo-lhe a mão e um ínfimo sorriso, quase imperceptível, esticou sutilmente seus lábios pálidos.
Eleanore lembrou-se repentinamente do sonho que teve na primeira noite que estivera naquele castelo, do homem oferecendo-lhe a mão e sorrindo para ela. Embora não pudesse saber se o homem de seu sonho era Vincent, já que não viu seu rosto, não pôde deixar de sentir uma certa familiaridade naquela cena.
Calmamente, ela se aproximou, colocando a mão sobre a dele. Por algum motivo, havia imaginado que Vincent era gelado, porque ele parecia feito de neve, mas sua mão era quente.
Eleanore sentia que podia confiar nele, mesmo que tivessem acabado de se conhecer. Então, foi isso que ela fez, confiou em Vincent Maddox.
Vincent deu um passo para fora da janela e Eleanore deu um gritinho, achando que ele fosse despencar dois andares e ir direto para o chão. Mas não, ao invés disso, seus pés se firmaram em uma espécie de chão invisível, que o manteve suspenso no ar.– Vamos, Ellie – Vincent alcançou a outra mão de Eleanore e a incentivou a acompanha-lo.Ela estava sobre o parapeito da janela e olhou para baixo, vendo o chão a metros e metros de distância. Eleanore apertou as mãos dele com mais força, já que era seu único apoio. Ela sequer havia registrado que Vincent havia chamado ela por um apelido.– Não pode estar sugerindo que eu... a-ande... no nada!– Estou. Dê o primeiro passo.Eleanore engoliu em seco e deu um passo à frente, rezando internamente. Mas não caiu, seu pé encontrou apo
O feiticeiro lançou um sorriso cínico para Albert, mostrando os dentes, como um predador.– Que bom que já me conhece, assim as apresentações são dispensáveis. Não vai me convidar para entrar, Albert, onde estão seus modos?– Veio devolver minha filha? – Albert questionou, sério, olhando para Eleanore atrás de Vincent. Ela desviou o olhar, incapaz de encarar seu próprio pai.– Ela não é uma coisa para que eu devolva, mas é óbvio que você só a vê assim. – Vincent deu um largo passo à frente, fazendo Edelina ser obrigada a recuar, dando-lhe espaço. Ficou cara a cara com Albert, mesmo que fosse mais baixo, Vincent era infinitamente mais ameaçador. – Eis o que vai acontecer agora, Albert, Eleanore vai buscar suas coisas e nós dois vamos conversar.Um
Albert trincou os dentes, impotente, e arrastou os pés em direção a sala sob o atento olhar do feiticeiro.O local possuía três sofás e duas poltronas dispostas de uma forma a ficarem de frente umas para as outras. Havia estantes com livros, intercaladas entre janelas verticais e uma mesinha de centro, onde ficava um delicado vasinho de crisântemo vermelhos.Um enorme quadro na parede de moldura dourada chamou a atenção do feiticeiro. Era uma pintura de uma mulher usando um elegante vestido azul marinho, o longo cabelo ruivo caia sobre um dos ombros em cachos espessos. Vincent só percebeu que não era Eleanore, porque aquela mulher tinha apenas sardas discretas no nariz e os olhos eram castanhos, ao invés de azuis. Não precisava nem perguntar para saber que era a mãe dela.Ele cruzou a sala e se sentou em uma das poltronas, cruzando as pernas, como se estivesse em um t
Vincent encarou Albert, que parecia espantado com a atitude de sua filha e com o último olhar que Eleanore o lançou.– É melhor não procurar por Eleanore e, se for uma pessoa esperta, vai fugir daqui para não ter que enfrentar a fúria de Lennox. – O feiticeiro andou em direção a saída, mas parou na entrada da sala, olhando novamente para aquele homem deprimente, mas não sentiu pena alguma.Vincent se virou para sair daquele lugar, não aguentava mais estar na presença daquele homem abominável, mas antes que pudesse Albert falou:– Eu jamais poderia ama-la! Eu só amei uma pessoa na minha vida, Verena – O homem olhou para o quadro pregado à parede e Vincent seguiu seu olhar, olhando para o rosto sereno daquela mulher. Percebeu que Albert só falava por ainda estar sobre o efeito da poção, que inspirava sinc
Quando Eleanore acordou já era noite, havia uma nova lamparina em sua mesinha de cabeceira, o fogo tremulando, movendo as sombras a cada segundo.Sua cama não estava mais queimada, nem o chão ou a madeira da mesinha. Ela podia supor que Vincent havia concertado tudo com magia.Ela sentia seus olhos pesados e inchados de tanto ter chorado na floresta, nos braços de Vincent. Não se lembrava de muito depois disso, ficou sonolenta de repente, sequer tinha memória de como voltou para o castelo. Sentia-se ligeiramente mais leve, depois de ter derramado tantas lágrimas, quase como se tivesse lavado a tristeza acumulada em seu corpo, ao menos uma parte dela, sabia que não era capaz de esquecer tudo assim tão facilmente.Antes que pudesse ter fugido da casa de seu pai, escutou-o dizendo que era incapaz de ama-la por se parecer com Verena, sua mãe. Aquilo tinha partido seu coração, de uma
Eleanore se recostou contra a cadeira, olhando fixamente para as próprias mãos em seu colo. Ela franziu o cenho, sem entender o que exatamente Vincent poderia querer dela.– Eu não entendo.– Pense a respeito, Ellie. – Vincent se levantou da cadeira, dando a volta na mesa, em direção a garota, que ergueu o rosto para encara-lo. – Me dê uma resposta amanhã.– Por que você precisa disso? – Eleanore perguntou.– Todos que moram aqui me ofereceram algo e eu preciso disso para te manter aqui, é uma condição.Eleanore assentiu. Estava muito grata por Vincent ter aceitado abriga-la, mesmo que tivesse dito que seria temporário, era mais do que ela poderia pedir. Era justo que ela oferecesse algo em troca. Só não conseguia imaginar ao certo o que exatamente “isso” seria.Vincent
Eleanore ficou deitada em sua cama de barriga para cima, olhando para o dossel acima de sua cabeça. Estava pensando sobre o que Vincent pediu e o que June dissera.Ela tinha oferecido conhecimento, o que era mais importante para ela. E o que era mais importante para Eleanore? Não era conhecimento certamente. Então, o que? O que ela mais prezava na vida?A menina sentou novamente, mexendo de forma inquieta nos lençóis, alisando-os, como se isso pudesse distrai-la.Eleanore ficou em pé e foi até a janela aberta, inclinou-se por sobre a mesa e olhou para fora, para as flores, o carvalho, a floresta ao redor. Novamente, buscou aquela besta de olhos vermelhos vivo, ficou minutos esperando, mas não a viu.Pensou em chamar por Sam, já que ele foi a primeira pessoa que falou sobre a “ligação” para ela. Talvez, pudesse ajudá-la a descobrir o que poderia oferecer.
– O que você está fazendo? – Eleanore perguntou, enquanto Vincent traçava desenhos com um carvão no chão da sala do castelo, bem diante das enormes portas de entrada.Ele desenhou um grande círculo de carvão, dentro havia uma estrela de quatro pontas e, entre as pontas, diversos símbolos diferentes, que Eleanore sequer tentou entender o significado.Todos estavam reunidos na sala à pedido de Vincent. Pouco antes de ele começar a fazer desenhos no chão, havia comunicado oficialmente para todos os moradores, inclusive o corvo, de que Eleanore se tornaria uma hospede por tempo indeterminado no castelo. Ninguém pareceu ficar surpreso, mas June estava visivelmente incomodada.– Eu tenho que mudar o castelo de lugar, não deve demorar muito para Maximus me procurar e vai ser muito fácil para ele se eu ficar aqui. – Ele colocou uma vela em