Antes que Dominic pudesse dizer mais alguma coisa, Clark respirou fundo e decidiu abordar outro assunto que vinha considerando há dias. — Pai, quero aproveitar para lhe dizer que tomei uma decisão. Dominic olhou para ele com curiosidade, mas permaneceu em silêncio, esperando que o filho continuasse. — Aceito a sua proposta de cuidar da sede da Indústrias Parker em Nova Iorque. Aceito ser o CEO. Um sorriso de alívio e orgulho apareceu no rosto de Dominic. — Finalmente, Clark. Estava esperando que você aceitasse. Você é o homem certo para o trabalho. Mas Clark ergueu a mão, interrompendo a comemoração antecipada. — Há uma condição, pai. Jones precisa ficar fora do meu caminho. Não quero interferências dele, enquanto estiver no comando. Dominic assentiu, compreendendo a gravidade do pedido. — Considero isso feito, Clark. Se Jones realmente estiver envolvido em algo ilícito, ele será removido das empresas imediatamente. Clark respirou fundo, sentindo-se mais leve. — Obrigado, p
Quando Aline Rooth chegou ao mundo, o hospital inteiro parecia iluminado por uma luz especial.— É uma menina linda! — exclamou o médico, entregando o pequeno e delicado pacote aos braços dos pais emocionados.Seus cabelos ruivos, de um tom que lembrava as folhas do outono, formavam suaves ondas ao redor de seu rosto, e os olhos... ah, aqueles olhos eram um espetáculo à parte: verdes, intensos, como se neles se escondesse a profundidade do oceano e o frescor da natureza.— Ela tem olhos de quem vê além, — comentou sua mãe, enquanto o pai sorria, com o coração transbordando de amor.Desde o início, Aline trouxe consigo uma aura especial, algo que a fazia diferente. Os vizinhos diziam que aquela menina tinha um brilho no olhar, e logo se tornou a queridinha do bairro. Cada conquista era uma festa; o primeiro sorriso, o primeiro passo, a primeira palavra. E, com o tempo, seu charme e inteligência passaram a se destacar ainda mais.— Aline, você tem o mundo nas suas mãos, sabia? — dizia o
Aline sempre foi uma mulher determinada, mesmo que a vida nem sempre lhe desse as melhores cartas. Desde muito jovem, aprendeu a lutar pelo que queria, superando obstáculo que muitas pessoas sequer imaginavam. Após três anos de esforço intenso, ela se formou com honras em uma área promissora. Mas a realidade nem sempre corresponde às expectativas. Precisando pagar as contas, Aline continuou no trabalho fora de sua especialidade. — Eu só preciso de um tempo. Logo, logo estarei onde quero estar, — ela dizia para si, todas as manhãs, ao encarar o espelho. O que começou como um sacrifício temporário tornou-se uma oportunidade inesperada. Com dedicação e disciplina, Aline não só se destacou como foi promovida a um cargo efetivo na empresa.Dividindo um apartamento com sua melhor amiga, Isadora, e vivendo um relacionamento aparentemente perfeito com Fred, Aline sentia que, enfim, estava encontrando a estabilidade que sempre buscou. — Você merece, Aline. Trabalhou tanto para isso! — Isado
Aline percebeu a presença de um homem que parecia se destacar em meio à multidão. Ele não era apenas mais um cliente no bar; havia algo nele que a fez parar e observar por um momento mais longo do que deveria. Vestido com um terno impecável, ele caminhava com confiança e um sorriso de canto que parecia esconder algo sedutor. Seus olhos encontraram os dela, e Aline sentiu seu coração disparar. Sem entender o porquê, uma corrente de eletricidade a percorreu.Ela tentou desviar o olhar, voltar a si, mas já era tarde. O homem se aproximava, seus passos firmes ecoando em sua mente. Quando ele parou em sua frente, o mundo ao redor deles pareceu sumir, como se tudo estivesse em câmera lenta.— Eu estava ali sentado e notei que você está sozinha há um bom tempo — disse ele, sua voz suave e envolvente, como uma melodia. — Uma mulher tão linda não pode beber sozinha.Aline piscou, surpresa. Antes que pudesse reagir, ele já havia se sentado ao seu lado, com uma naturalidade desconcertante. Ela t
A noite fora intensa, marcada por uma conexão silenciosa, um misto de desejo e mistério que dispensava palavras. Aline, deitada ao lado do desconhecido, sentia uma exaustão boa, o tipo que apenas momentos verdadeiros de entrega proporcionam. Ele, por sua vez, parecia igualmente satisfeito, mas não disseram nada. Não era o momento para perguntas ou trocas de histórias pessoais. O cansaço finalmente os venceu, e ambos adormeceram, embalados pelo calor um do outro. Quando o sol começou a invadir o quarto pelas frestas da cortina, o desconhecido despertou. Seu corpo se moveu lentamente, os olhos pesados pela noite mal dormida. Ele virou a cabeça e a viu. Aline estava ao seu lado, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro, o rosto sereno como se o mundo lá fora não pudesse tocá-la. Ele não conseguiu desviar o olhar. Um sorriso discreto surgiu no canto de sua boca, quase como um reflexo involuntário. Durante longos minutos, permaneceu assim, admirando a beleza daquela mulher que parec
A batida leve na porta parecia um eco distante para Aline, ainda envolta no calor do sono tranquilo e da cama que parecia abraçá-la. Mas o som insistente logo trouxe-a de volta à realidade. Ela se remexeu lentamente, ainda lutando contra a preguiça que a mantinha imóvel, até que abriu os olhos. A luz suave que entrava pelas cortinas bem-posicionadas a fez semicerrar os olhos enquanto seu corpo despertava aos poucos. Por um breve momento, ela deixou-se relaxar, aproveitando a maciez dos lençóis e a calma daquele espaço. Mas, como uma corrente elétrica, as lembranças da noite anterior começaram a invadi-la, abruptas e intensas. Subitamente, ela pulou da cama, o coração disparado, enquanto agarrava o lençol para cobrir o corpo desnudo. O movimento brusco fez algo cair no chão com um leve som abafado. Aline olhou rapidamente na direção do barulho, mas antes que pudesse examinar o que havia caído, seus olhos foram atraídos para o pequeno sofá no canto do quarto. Lá estavam suas roupas, d
Ao sair do hotel, Aline foi imediatamente envolvida pelo vento fresco daquela manhã. O ar parecia mais leve, mas sua mente estava pesada, confusa. Enquanto caminhava, percebeu a realidade à sua frente: dividia o apartamento com Isadora, sua amiga e cúmplice por tantos anos. No entanto, depois do que havia acontecido, encará-la parecia impossível. "Como vou lidar com isso? Onde eu estava com a cabeça?", pensava enquanto seus passos a levavam, quase automaticamente, em direção ao apartamento. A cada esquina que se aproximava de seu prédio, sua mente formulava cenários diferentes, estratégias para uma conversa que sabia ser inevitável. Mas, na verdade, nenhuma solução parecia satisfatória. Quando chegou à entrada do prédio, avistou o porteiro, seu Alfredo, sentado em sua cadeira habitual. Ele a reconheceu de imediato, levantando-se com um sorriso amigável. — Bom dia, senhorita Aline! — cumprimentou ele, ajeitando o boné. Aline retribuiu o sorriso com gentileza, embora estivesse dist
Aline apertou o casaco ao redor do corpo enquanto o vento gelado cortava a manhã cinzenta. O parque florestal estava praticamente vazio, salvo por alguns corredores dedicados e um ou outro cão passeando com seus donos. Ela escolheu um banco de madeira desgastado pela umidade e se sentou, deixando a mala ao lado. Seus pensamentos estavam desordenados, como as folhas secas espalhadas pelo chão. "Para a casa da tia? Nem pensar," concluiu, cruzando os braços como se defendesse a ideia absurda de voltar para aquela prisão. A convivência com a tia sempre fora insuportável. Aline sabia que sua tia jamais permitiria que ela tivesse paz — cada erro, cada decisão seria questionada e julgada sem piedade. Ela suspirou, encarando os galhos nus das árvores. Precisava de um apartamento.— Tenho o suficiente para começar, — pensou, lembrando do dinheiro que conseguiu juntar com esforço ao longo dos anos.— Se eu economizasse, conseguirei me estabilizar em alguns meses. Pensava ela.Com a decisão fo