Eu sigo direto para o meu dormitório. Quando entro, encontro Eleanor revirando suas coisas como se estivesse em busca de um antídoto para a cura mundial.— Está tudo bem? — decido perguntar enquanto ela continua a fuçar suas gavetas.— Cólica — é o que ela simplesmente diz, e eu entendo perfeitamente o seu humor, naturalmente azedo, estar pior hoje. — E não encontro a porra de um absorvente nessa merda de gaveta. Onde eu os coloquei?Eu vou até meu armário e procuro por um pacote. Quando encontro, estendo para ela.— Aqui. Eu tenho uma caixa fechada. Sempre compro caixas extras.Ela aceita o pacote e o segura com as duas mãos, sem olhar para mim.— Obrigada — diz, meio sem jeito. — Hum... você está indo para a casa dos seus pais nesse fim de semana?— Não. Prefiro ficar aqui.Seus lábios se contorcem no que eu imagino ser sua versão de um sorriso.— As coisas devem estar bem ruins com sua família se você prefere passar o fim de semana inteiro aqui comigo.Eu dou uma risada. Ela tem se
AaronHana sempre tem uma expressão clichê para cada situação que eu narro no consultório. Quando eu relatei que tinha medo de não passar nas provas para ingressar no Joe Bixby, ela me lançou um “a esperança é a última que morre” e me disse para tentar de novo caso eu não conseguisse. Vive falando que eu faço “tempestade em copo d’água” e que isso é sobre eu ser dramático em relação à minha vida na maioria das vezes. Com o meu pai, ela sempre me manda arrancar o band-aid de uma só vez, o que, segundo ela, significa que eu não posso postergar por muito tempo o inadiável. Sempre debochei do seu jeito de falar nesses momentos, mas não posso negar que estou fazendo exatamente o que ela sugeriu: arrancando o band-aid de uma vez só.Passo pela porta da sala na casa silenciosa e meu olhar varre ao redor. Está tudo organizado, e eu sei que teve uma ajuda profissional aqui. O meu pai tem tanto talento para limpar a casa quanto eu tenho para preparar refeições. A porta de vidro que dá acesso ao
EvelyneSabe quando descrevem em filmes e livros a sensação de borboletas na barriga, como se um coletivo dessas coisinhas irritantes estivesse batendo suas asas todas ao mesmo tempo dentro do seu estômago? É assim que me sinto neste momento. O guardanapo com o número de Aaron Ditt praticamente queima o bolso da minha mochila, que foi onde eu o guardei depois que cheguei em casa na outra noite. Não sei em que estado ele se encontra, mas não toquei nele desde então. Eu não quero pensar no fato de que Aaron me deu o seu número de livre e espontânea vontade. Isso só pode significar que ele está fazendo um jogo comigo, não é? Não entra na minha cabeça que um cara como ele esteja me convidando para encontros. Ele disse em alto e bom som que gostaria de sair comigo, mas eu duvido muito que seja real. Talvez tudo faça parte de uma aposta? Eu vi isso em livros várias vezes. Já assisti a todas as versões de Carrie, a Estranha. Aaron Ditt não vai me enganar facilmente com seu sorriso bonito, su
Aaron— “O membro grosso e duro do soldado Mosby preenchia o canal molhado de sua amada Emory. Com um suspiro de puro prazer, ele recitou as palavras de um antigo poema em gaélico, provando, assim, que nada nem ninguém os separaria outra vez...” — Leah, a menina ruiva cujo nome eu só descobri há um minuto, suspira sonhadoramente e abaixa o livro. — Esse é meu trecho favorito de Laços de Amor. Eu falaria sobre ele por horas.— É realmente tão bom quanto a declaração de amor no cais — Evelyne diz, com um sorriso. Estamos nesse debate de clube de leitura há quase uma hora, e juro que nesse meio tempo aprendi termos para partes íntimas e posições sexuais que nunca tinha ouvido falar antes. — Mais alguém gostaria de dizer algo a respeito do livro?— Por que Aaron não comenta? — uma outra menina – Rebecca, eu acho – sugere. — Ele esteve aí sentado a tarde inteira e não disse nada.Eu limpo a garganta.— Bem, eu... — estou sem saber o que falar, o que é um acontecimento e tanto. — Eu não li
Quando tudo isso acaba, eu me dirijo para o lado de fora sem pensar duas vezes. Espero Evelyne se despedir de suas colegas e vir até mim. Já estamos perto das 18 horas, quase na hora do jantar.— Eu acho que não foi uma boa ideia ter trazido você aqui — ela diz. — Deve ter sido uma tortura, né?— Eu adorei — minto, arrancando uma gargalhada dela. Ela tem um sorriso bonito. — É sério. Não foi tão ruim.Ela põe a mão nos bolsos do moletom.— Me desculpe pelas garotas. Elas não te infernizaram por mal. Não costumamos ter garotos bonitos em nossas reuniões, então algumas delas meio que ficam... animadas.Ela me acha bonito? Tenho vontade de pedir para ela repetir, mas não quero ser estranho.— Está tudo bem. Sério — eu falo. — Até que foi engraçado.— Sei que parece estranho, mas é o tipo de programa que costumo fazer na maioria das vezes. Para alguns é chato, mas eu gosto muito.— Não é estranho — eu digo. — A vida não gira em torno de festas. Você pode encontrar outros programas pra se
— Eu sei, mas não anula o fato de que estou me sentindo ridícula.Eu dou uma risada.— Se isso te tranquiliza, eu garanto a você que não me importo em nada com o que dizem sobre mim — digo. — E pode acreditar na minha palavra, porque posso ser muitas coisas, menos um mentiroso. Odeio mentirosos, então jamais enganaria você ou qualquer outra pessoa apenas para aparentar ser melhor do que realmente sou.Ela está de cabeça baixa, evitando o contato visual, então eu não faço ideia do que se passa na sua cabeça.— O que aconteceu pra você odiar tanto assim as Ravens?Dou de ombros.— Eu acho que já falei sobre isso. Kendall é o problema.— Mas deve haver um motivo, não é? — diz, recuando um segundo depois. — Desculpe se eu estiver sendo invasiva. Não precisa falar se não quiser. Não é da minha conta.Eu solto um suspiro. Não quero ser rude com ela, mas essa é uma parte da minha vida que eu não me sentiria nada confortável em compartilhar com alguém que conheço tão pouco. Felizmente, Evelyn
Quando a garçonete vem recolher nossos pedidos, faço como o orientado e peço um sorvete de banana para acompanhar Evelyne. Depois que a garçonete sai para buscar nossos sorvetes, ela apoia os braços sobre a mesa, observando ao redor. — Esse lugar me dá uma sensação de nostalgia — diz. — Sempre vinha aqui quando queria inspiração para desenhar novos quadrinhos, na época em que eu fazia no papel. Hoje é muito mais fácil fazer tudo digitalmente. Sorrio. — Você tem muitos quadrinhos prontos? — Infelizmente, não. Estes que eu fazia no papel, ficaram incompletos e acabei jogando a maioria fora. Os digitais estão incompletos também, mas ainda os mantenho guardados. Dei uma pausa depois que comecei no Joe Bixby. Quero voltar a incentivá-la a não desistir de seu sonho, mas evito para não deixar o clima tenso como da outra vez. — Eu gostaria de ver um de seus trabalhos qualquer dia desses — eu falo. — Estou curioso. Ela desvia o olhar e começa a mexer nas mangas de seu moletom. — Não sei
Aaron— A aula do professor Olive foi tão chata — diz Vanessa ao se sentar ao meu lado na mesa do refeitório.— E quando não é? — Eleanor rebate. — Sério, aquele cara me assusta.— Ele não tinha se envolvido em um escândalo com uma aluna no ano retrasado? — Trent pergunta.— Claro que sim, mas ele não foi tão criticado quanto ela, porque é homem — Eleanor rebate. — E amigo da reitora Ramsay.— Ela sequer o puniu — diz Vanessa. — Embora os dois tivessem uma relação consensual, não é meio estranho você dormir com o seu professor?— Bizarro — Trent concorda. — Ei, Aaron, o que você tem?— O que? — murmuro distraído.— Você está aéreo desde que a aula começou. Algum problema?— Não é nada — digo.— Você sabe que pode contar com a gente pra qualquer coisa, né? — Vanessa diz, cobrindo minha mão com a sua e dando um aperto de leve. Eu puxo minha mão de maneira sutil, mas ela percebe a minha intenção e recua.— Estou bem, é sério — eu falo. — Vocês estão com fome?— Sempre estou faminto, cara