Quando a garçonete vem recolher nossos pedidos, faço como o orientado e peço um sorvete de banana para acompanhar Evelyne. Depois que a garçonete sai para buscar nossos sorvetes, ela apoia os braços sobre a mesa, observando ao redor. — Esse lugar me dá uma sensação de nostalgia — diz. — Sempre vinha aqui quando queria inspiração para desenhar novos quadrinhos, na época em que eu fazia no papel. Hoje é muito mais fácil fazer tudo digitalmente. Sorrio. — Você tem muitos quadrinhos prontos? — Infelizmente, não. Estes que eu fazia no papel, ficaram incompletos e acabei jogando a maioria fora. Os digitais estão incompletos também, mas ainda os mantenho guardados. Dei uma pausa depois que comecei no Joe Bixby. Quero voltar a incentivá-la a não desistir de seu sonho, mas evito para não deixar o clima tenso como da outra vez. — Eu gostaria de ver um de seus trabalhos qualquer dia desses — eu falo. — Estou curioso. Ela desvia o olhar e começa a mexer nas mangas de seu moletom. — Não sei
Aaron— A aula do professor Olive foi tão chata — diz Vanessa ao se sentar ao meu lado na mesa do refeitório.— E quando não é? — Eleanor rebate. — Sério, aquele cara me assusta.— Ele não tinha se envolvido em um escândalo com uma aluna no ano retrasado? — Trent pergunta.— Claro que sim, mas ele não foi tão criticado quanto ela, porque é homem — Eleanor rebate. — E amigo da reitora Ramsay.— Ela sequer o puniu — diz Vanessa. — Embora os dois tivessem uma relação consensual, não é meio estranho você dormir com o seu professor?— Bizarro — Trent concorda. — Ei, Aaron, o que você tem?— O que? — murmuro distraído.— Você está aéreo desde que a aula começou. Algum problema?— Não é nada — digo.— Você sabe que pode contar com a gente pra qualquer coisa, né? — Vanessa diz, cobrindo minha mão com a sua e dando um aperto de leve. Eu puxo minha mão de maneira sutil, mas ela percebe a minha intenção e recua.— Estou bem, é sério — eu falo. — Vocês estão com fome?— Sempre estou faminto, cara
Evelyne— O que você usaria para impressionar um cara gostoso? — Ginger pergunta, do nada.Tiro minha atenção do meu livro e olho para ela.— O que?— O que você usaria para impressionar um cara? — repete.— Eu não acho que seja a melhor pessoa para te dar conselhos de conquista — digo. — Espere, Gin. Você está a fim de alguém?Ela encolhe os ombros, abrindo um sorrisinho travesso.— Digamos... que eu tenho conversado com alguém pela última semana, e ele é incrível.— Deve ser mesmo, se sua empolgação for um indício — comento. — Quem é esse cara?Ela olha para os lados e se inclina antes de murmurar:— Eric Ramsay. E acho que ele é o cara certo, Eve. Finalmente vou perder minha virgindade.Espere... o que?— Eric Ramsay? O filho da reitora?Ela afirma com um sorriso gigantesco.— Deus, ele é tão... uau! Sério, você sabia que ele tem tatuagens? Eu tinha achado isso coisa de menino selvagem por conta do Aaron, mas... cara, nele é quente.Por algum motivo, seu relato animado não me gera
Depois da aula, volto para meu dormitório. Eleanor não está, mas suas botas de combate ainda estão no quarto, então isso só pode significar que ou ela está no refeitório ou no banho. Eu me deito na minha cama, olhando para o teto enquanto repasso tudo o que aconteceu. Já se passaram duas semanas desde que entrei no Joe Bixby e eu imaginei que meu interesse por esse lugar fosse se aflorar em algum momento, mas ainda permaneço achando que estou fazendo tudo errado.Tenho evitado as Ravens em qualquer oportunidade que tenho, assim como fiz com as ligações da minha mãe. Ela lamentou por eu não ter voltado para casa no fim de semana da última vez, e sei que está prestes a fazer o mesmo agora. Vou ter que dar o meu melhor para encontrar desculpas decentes pelos próximos meses.A porta do quarto se abre e Eleanor passa por ela.— Ei — ela me cumprimenta, abrindo sua gaveta para pegar um secador de cabelo.— Bela produção — elogio ao analisar suas roupas e jaqueta. — Festa hoje?— Os Hawks tê
EvelyneEu não deveria estar aqui. Sei que não deveria.Não pelo fato de ser um bar — os caras não pedem identidade por aqui, e isso não significa exatamente que eu tenha que beber, porque dificilmente bebo — mas confesso que ele me afeta mais que qualquer dose de vodca que eu me aventure a consumir. Assistir Aaron Ditt em cima de um palco, guitarra na mão e cantando, me deixa um tanto quanto... excitada, extasiada, com borboletas na barriga.Os músculos de seus braços ondulam quando ele passa a mão pelo cabelo escuro e os tira da testa. Pela primeira vez, estou vendo Aaron com uma roupa que não possui mangas compridas, e as tatuagens que cobrem literalmente toda a pele dos seus braços estão visíveis, como obras primas em um painel. Sua voz me lembra um uísque de sabor picante, seus dedos habilidosos me fazem esquecer por um momento que sua especialização é o piano, e não a guitarra. Ele é bom com essa coisa. É bom também em atrair a atenção das pessoas, principalmente a minha. Vou mo
Ele rola os olhos e se levanta do seu banco. Fica de frente para mim e afasta uma mecha de cabelo do meu rosto com seu dedo mindinho. Sem tirar os olhos dos meus, diz:— Você não confia em mim?— Preciso mesmo te responder essa pergunta?Mais uma vez, aquele sorriso.— Apenas dessa vez.Eu abaixo a cabeça, interrompendo nosso contato visual mais uma vez. Ele tem um poder de persuasão muito bom, maldito seja. Ou eu simplesmente estou com os meus hormônios todos fora de controle. É a única explicação para eu fazer o que não deveria estar fazendo: aceitar o seu convite.Quando entro no carro de Aaron, faço o possível para manter a viagem silenciosa. Ele tenta puxar assunto, mas estou nervosa demais para interagir ou me permitir focar no cheiro de sua colônia ou a maneira como ele fica ao menos em manejar o volante. As coisas seriam mais fáceis se ele não fosse tão atraente, ou se não agisse totalmente o oposto do que eu imaginei que seria.Eu saberia lidar com um babaca idiota. Eu não se
— Um cara como eu?— Você sabe do que estou dizendo, Aaron. Você é popular e todos giram ao seu redor.Ele faz uma pausa.— Como um certo personagem diz: nunca devemos julgar uma pessoa pela imagem que você esboça dela.Eu paro com a frase conhecida.— Isso é um trecho de...— Capitão Flecha. Comecei a ler.Boom, boom. Meu coração está batendo tão forte agora. Levo a mão ao peito para conter esse músculo teimoso.— E você gostou?Ele ri.— Não posso dizer que é o meu estilo, mas não é tão ruim quanto imaginei.Eu mordo o lábio, sentindo um sorriso espreitar no meu rosto. Já não ligo mais para a discussão que estávamos tendo antes. Eu quero beijá-lo. Quero tanto beijá-lo. Sei que ele sente isso também, porque seus olhos navegam até a minha boca, seu sorriso morrendo aos poucos. O corpo de Aaron está mais perto do meu agora, mas ele não avança. Ele está apenas esperando uma confirmação da minha parte. Bastaria um sim e nossos lábios estariam grudados um no outro, eu estaria sentindo com
Evelyne— Eu achei que você nunca mais viria para casa — minha mãe diz, aproximando-se de mim para me dar um beijo.— Desculpe, mãe. Eu estava meio atarefada.— Imagino, querida. As primeiras semanas no Joe Bixby sempre são as mais difíceis.— Isso porque ela não chegou às últimas ainda — meu padrasto brinca. Ele também se aproxima e dá um beijo na minha testa. — Bem-vinda de volta.— Obrigada. — Me sinto mal por tê-los evitado por tanto tempo. Por mais que eu tente mentir para mim mesma, não é surpresa que só estou aqui porque quero evitar Aaron e as coisas que ele me faz sentir. Estou muito dividida a respeito dos meus sentimentos. É óbvio que me sinto atraída por ele, mas não posso permitir ter algo com ele enquanto a minha consciência estiver pesada. Eu preciso contar, de uma vez por todas, a verdade para a minha mãe. Não posso mais manter essa mentira. Mesmo que isso os magoe, eles vão ter que superar um dia, certo?— O que temos pro almoço? — Cass indaga. — Estou faminta.— Prep