Evelyne— Eu achei que você nunca mais viria para casa — minha mãe diz, aproximando-se de mim para me dar um beijo.— Desculpe, mãe. Eu estava meio atarefada.— Imagino, querida. As primeiras semanas no Joe Bixby sempre são as mais difíceis.— Isso porque ela não chegou às últimas ainda — meu padrasto brinca. Ele também se aproxima e dá um beijo na minha testa. — Bem-vinda de volta.— Obrigada. — Me sinto mal por tê-los evitado por tanto tempo. Por mais que eu tente mentir para mim mesma, não é surpresa que só estou aqui porque quero evitar Aaron e as coisas que ele me faz sentir. Estou muito dividida a respeito dos meus sentimentos. É óbvio que me sinto atraída por ele, mas não posso permitir ter algo com ele enquanto a minha consciência estiver pesada. Eu preciso contar, de uma vez por todas, a verdade para a minha mãe. Não posso mais manter essa mentira. Mesmo que isso os magoe, eles vão ter que superar um dia, certo?— O que temos pro almoço? — Cass indaga. — Estou faminta.— Prep
Evelyne— Carro bonito — diz Kendall na segunda-feira de manhã.Tenho certeza de que há alguém lá em cima que já está começando sua sessão de punições, caso contrário eu não estaria sendo obrigada a dar de cara com ela justamente agora.— Obrigada. — Eu tento passar por Kendall, mas ela segura em meu braço e me faz parar.— Presente da mamãe?Puxo meu braço de volta.— Algo assim.— Ela parece bastante orgulhosa de você, não é?Dou de ombros.— Modéstia à parte, sou uma ótima aluna.Kendall cruza os braços e volta a encarar o carro novinho em folha.— Se me lembro bem, da vez em que Cassidy foi convidada para participar das Ravens, sua mãe deu a ela uma passagem para Paris. Viajamos nas férias do semestre e foi tão incrível. Você deveria ter nos acompanhado, querida — ela diz cinicamente. — Por acaso, este carro não tem nada a ver com sua quase relação com as Ravens, não é? Afinal, você ainda não cumpriu com a sua parte no acordo.— Ken, a gente acabou de chegar — diz Cass. — Dê um te
Quando chego na sala da reitoria, a mulher me recebe com um sorriso polido.— Srta. Dixon, por favor, sente-se.— Obrigada. — Eu me sento na cadeira diante da sua mesa, nervosa sob seu olhar astuto.Margot Ramsay é uma mulher de meia-idade, com cabelos loiros até os ombros e que sempre carrega uma postura austera. Há algo no olhar dela que não me transmite confiança e me deixa apreensiva.— Estou curiosa para saber o que te traz aqui na minha sala — ela diz.— Sinto muito por não ter marcado uma reunião. Sei como seu tempo é precioso.Ela sorri.— É o mínimo que posso fazer pela filha de alguém por quem tenho tanto apreço — diz. — Já fiz os agradecimentos formais, mas quando puder diga à sua mãe que ainda somos imensamente gratos pela doação que ela fez à nossa universidade no ano passado.Não é a primeira vez que minha família faz doações às instituições relacionadas à música. Não seria diferente com Joe Bixby, obviamente, um lugar tão importante para Dionne.— Claro. Não vou me esqu
Atiro o papel na mesinha de centro e cinco pares de olhos se voltam para o ponto em questão.— O que significa isso? — pergunta Monroe.— Minha inscrição para o festival anual. Decidi participar.Kendall inclina a cabeça.— Gostaria de um parabéns?Eu sorrio cinicamente para ela.— Mais que isso. Gostaria de anunciar que vou vencer.Ela ri.— Você não vai.— Eu vou — rebato, confiante.Kendall cruza os braços.— Você, por acaso, sabe quem foi que ganhou nos dois últimos anos na categoria em que vai competir?— Claro que sei. E estou disposta a fazer de tudo para enfrentá-lo de maneira justa — eu digo. — Sem toda a coisa de ter que seduzi-lo e quebrar o coração dele.Kendall me analisa por um momento.— Por que tudo isso, Evelyne? Não vai me dizer que está com pena dele, ou... o feitiço virou contra o feiticeiro e foi você quem se apaixonou.Eu bufo, tentando disfarçar a reação que suas palavras me causaram.— Piada engraçada, Kendall, mas eu estou aqui para falar sobre coisa séria — f
Evelyne— Bem-vindos à aula preparatória para a competição anual de música do Joe Bixby. Eu sou a Sra. Linderman e estou muito animada para orientar vocês neste projeto.Pelo menos duas dúzias de alunos estão sentadas ao redor da sala de música enquanto a mulher de cabelos grisalhos nos fala sobre o projeto anual. A maioria é composta por veteranos, e ele está aqui. O cara que ganhou por dois anos consecutivos na categoria de piano. O mesmo cara que tem mexido com muitas partes de mim pelas últimas semanas.Evitei Aaron Ditt o máximo que pude pelo restante da semana. Hoje é sexta-feira, minha primeira aula semanal de ensaio preparatório e já estou me arrependendo de ter ajustado a minha grade para este dia em específico. Teremos aulas juntos todas as sextas? Quão mais enervante isso poderia ser?— Neste ano, a organização para o evento não será muito diferente dos anteriores — continua a Sra. Linderman. — Como vocês sabem, gosto de praticar a união e aflorar o espírito esportivo de no
EVELYNEEU: Pense rápido. É seu último dia de vida e você só pode escolher um entre os dois. Comida chinesa ou italiana?AARON: ??EU: Evelyne aqui. Você me disse para te mandar uma mensagem. Estou fazendo exatamente isso :pAARON: kkkk você é estranha.EU: HaAARON: E fofa.EU: Ha-HaAARON: E respondendo à sua pergunta: definitivamente italiana. Está me convidando para jantar?Rolo os olhos para sua arrogância e seguro um sorriso enquanto digito.EU: Estou levando pizza, minha versão mais original de comida italiana, então apenas lide com isso.AARON: Traga de pepperoni e eu te amarei pelo resto das nossas vidas.Meus dedos param na tela do celular. Sério, Evelyne? Este não é o momento para mais um surto adolescente. O cara não se declarou para você, ele apenas está com fome. Enfio o celular no bolso e caminho em direção à pizzaria que escolhi antes mesmo de ligar para ele. Eu havia selecionado alguns restaurantes mais próximos do Campus, e a maioria deles estava dividida entre serv
Durante todo o processo de nos servir e comer, eu fico em silêncio. Ele me olha algumas vezes, mas parece relutante em fazer gracinhas. Me pergunto o que mudou do início para onde estamos agora. Eu sei que ele sente atração por mim — seus olhos já foram para os meus peitos duas vezes — mas ele não está mais insistindo. Isso significa que ele se cansou de mim? Não o julgaria, tendo em vista todas as vezes que o rejeitei.Eu limpo a garganta, cansada de todo esse silêncio.— Como isso vai funcionar? — pergunto.— Isso o que?— Você me ajudando com a competição enquanto prepara o seu próprio número.— Vamos apenas ensaiar juntos — diz ele. — Fique tranquila, eu não vou roubar a sua ideia.— Não estou preocupada com isso.Uma sobrancelha grossa se arqueia.— Está preocupada com o que, então?Dou de ombros.— Eu não sei. É estranho a gente fazer um trabalho juntos.— Você está tornando toda a situação estranha, Evelyne — ele fala. — Sério, qual o problema com isso? Você não estaria tão ten
Engulo em seco e me sento no banquinho diante do piano. Sempre fiquei nervosa quando pessoas exigiam que eu tocasse, porque eu sempre tive ciência de que, se falhasse, todos eles me julgariam até o último minuto, mas com Aaron isso não acontece. Eu não preciso mostrar a ele mais do que realmente sou, porque ele já conhece mais de mim do que minha própria família. É assustador, mas no momento me reconforta. Começo a dedilhar timidamente o piano enquanto inicio uma das minhas músicas de ninar favoritas. Ele fica ao meu lado, apenas me observando. Estou focada demais nas teclas sob meus dedos para dar atenção a ele, mas gostaria de saber o que está pensando. Por algum motivo estúpido, eu quero a aprovação dele também.E então, surpreendendo-me, ele se inclina atrás de mim, um braço em cada lado meu, e aperta uma nota diferente no mesmo instante em que estou tocando a música, trazendo uma composição nova para o que eu estou acostumada.— Tente algo como... — Tocamos outra vez simultaneame