Atiro o papel na mesinha de centro e cinco pares de olhos se voltam para o ponto em questão.— O que significa isso? — pergunta Monroe.— Minha inscrição para o festival anual. Decidi participar.Kendall inclina a cabeça.— Gostaria de um parabéns?Eu sorrio cinicamente para ela.— Mais que isso. Gostaria de anunciar que vou vencer.Ela ri.— Você não vai.— Eu vou — rebato, confiante.Kendall cruza os braços.— Você, por acaso, sabe quem foi que ganhou nos dois últimos anos na categoria em que vai competir?— Claro que sei. E estou disposta a fazer de tudo para enfrentá-lo de maneira justa — eu digo. — Sem toda a coisa de ter que seduzi-lo e quebrar o coração dele.Kendall me analisa por um momento.— Por que tudo isso, Evelyne? Não vai me dizer que está com pena dele, ou... o feitiço virou contra o feiticeiro e foi você quem se apaixonou.Eu bufo, tentando disfarçar a reação que suas palavras me causaram.— Piada engraçada, Kendall, mas eu estou aqui para falar sobre coisa séria — f
Evelyne— Bem-vindos à aula preparatória para a competição anual de música do Joe Bixby. Eu sou a Sra. Linderman e estou muito animada para orientar vocês neste projeto.Pelo menos duas dúzias de alunos estão sentadas ao redor da sala de música enquanto a mulher de cabelos grisalhos nos fala sobre o projeto anual. A maioria é composta por veteranos, e ele está aqui. O cara que ganhou por dois anos consecutivos na categoria de piano. O mesmo cara que tem mexido com muitas partes de mim pelas últimas semanas.Evitei Aaron Ditt o máximo que pude pelo restante da semana. Hoje é sexta-feira, minha primeira aula semanal de ensaio preparatório e já estou me arrependendo de ter ajustado a minha grade para este dia em específico. Teremos aulas juntos todas as sextas? Quão mais enervante isso poderia ser?— Neste ano, a organização para o evento não será muito diferente dos anteriores — continua a Sra. Linderman. — Como vocês sabem, gosto de praticar a união e aflorar o espírito esportivo de no
EVELYNEEU: Pense rápido. É seu último dia de vida e você só pode escolher um entre os dois. Comida chinesa ou italiana?AARON: ??EU: Evelyne aqui. Você me disse para te mandar uma mensagem. Estou fazendo exatamente isso :pAARON: kkkk você é estranha.EU: HaAARON: E fofa.EU: Ha-HaAARON: E respondendo à sua pergunta: definitivamente italiana. Está me convidando para jantar?Rolo os olhos para sua arrogância e seguro um sorriso enquanto digito.EU: Estou levando pizza, minha versão mais original de comida italiana, então apenas lide com isso.AARON: Traga de pepperoni e eu te amarei pelo resto das nossas vidas.Meus dedos param na tela do celular. Sério, Evelyne? Este não é o momento para mais um surto adolescente. O cara não se declarou para você, ele apenas está com fome. Enfio o celular no bolso e caminho em direção à pizzaria que escolhi antes mesmo de ligar para ele. Eu havia selecionado alguns restaurantes mais próximos do Campus, e a maioria deles estava dividida entre serv
Durante todo o processo de nos servir e comer, eu fico em silêncio. Ele me olha algumas vezes, mas parece relutante em fazer gracinhas. Me pergunto o que mudou do início para onde estamos agora. Eu sei que ele sente atração por mim — seus olhos já foram para os meus peitos duas vezes — mas ele não está mais insistindo. Isso significa que ele se cansou de mim? Não o julgaria, tendo em vista todas as vezes que o rejeitei.Eu limpo a garganta, cansada de todo esse silêncio.— Como isso vai funcionar? — pergunto.— Isso o que?— Você me ajudando com a competição enquanto prepara o seu próprio número.— Vamos apenas ensaiar juntos — diz ele. — Fique tranquila, eu não vou roubar a sua ideia.— Não estou preocupada com isso.Uma sobrancelha grossa se arqueia.— Está preocupada com o que, então?Dou de ombros.— Eu não sei. É estranho a gente fazer um trabalho juntos.— Você está tornando toda a situação estranha, Evelyne — ele fala. — Sério, qual o problema com isso? Você não estaria tão ten
Engulo em seco e me sento no banquinho diante do piano. Sempre fiquei nervosa quando pessoas exigiam que eu tocasse, porque eu sempre tive ciência de que, se falhasse, todos eles me julgariam até o último minuto, mas com Aaron isso não acontece. Eu não preciso mostrar a ele mais do que realmente sou, porque ele já conhece mais de mim do que minha própria família. É assustador, mas no momento me reconforta. Começo a dedilhar timidamente o piano enquanto inicio uma das minhas músicas de ninar favoritas. Ele fica ao meu lado, apenas me observando. Estou focada demais nas teclas sob meus dedos para dar atenção a ele, mas gostaria de saber o que está pensando. Por algum motivo estúpido, eu quero a aprovação dele também.E então, surpreendendo-me, ele se inclina atrás de mim, um braço em cada lado meu, e aperta uma nota diferente no mesmo instante em que estou tocando a música, trazendo uma composição nova para o que eu estou acostumada.— Tente algo como... — Tocamos outra vez simultaneame
EVELYNE— O que é isso? — pergunto, encarando os papeis retangulares que Cassidy atira sobre a minha escrivaninha.— Você sabe o que é isso, Evelyne. Não se faça de boba.Eu coloco meu notebook de lado e ponho os óculos. Pego os dois ingressos de design luxuoso e, quando consigo ler o que está escrito, gemo.— Eu não vou pra esse concerto, Cass.— Eve, sério?! — ela praticamente chora. — Você sabe o quanto isso é importante pra Di.— Eu sei, mas... é um concerto!— Sim, um do qual nossos pais irão participar. Além do mais, há um convite extra. Você pode convidar uma das suas amigas se isso te ajudar a não se sentir tão deslocada. — Ela diz a palavra “amigas” enquanto olha de relance para Eleanor, que nos ignora totalmente com seus fones de ouvido gigantescos e uma revista cobrindo a cara.— Eleanor não vai querer ir a um concerto comigo.— Você acertou. — A garota em questão se senta e desliza os headsets para seu pescoço. — Que tal chamar Ginger? Ela deve gostar dessas merdas de gent
— Evelyne, estamos na mesma página aqui? Porque não é possível que estejamos falando do mesmo Aaron ou...— Já chega — eu a corto. — Eu não sei por que você o julga tanto, sendo que é amiga de alguém como Kendall.Ela cruza os braços, olhos estreitos.— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.— Nós duas temos amizade com pessoas que a outra detesta. Pra mim, há bastante semelhança.— Ok, talvez você tenha razão. Nós duas estamos erradas — aponta. — Só que a diferença entre mim e você é que eu considero Kendall apenas uma amiga. Não estou apaixonada por ela.Isso cai em mim como um soco.— Você não sabe de nada — eu digo na defensiva. — Não sabe o que está dizendo.— Eu sei muito bem o que estou falando, e você também sabe — rebate. — Só não se esqueça que você mentiu para o Aaron, e quando ele descobrir toda a verdade, esse cara que ele pintou pra você vai simplesmente desaparecer. E então, será ele a esmagar seu coração, não o contrário.E assim, ela me deixa sozinha no quarto.Eu
Meu olhar escorre lentamente até seu rosto. Ele está me encarando de maneira incrédula.— Eu sei que não deveria estar aqui — disparo, sem cumprimentos. — Mas também não sei o que fazer exatamente além de me forçar a ficar longe de você, porque você consome a minha mente de uma maneira tão assustadora, mas não é como se eu conseguisse ficar longe, mesmo que queira. Eu penso em você a todo o maldito momento, e sei que isso é perigoso.Eu espero por uma manifestação da sua parte, que não vem. Ele apenas fica ali, parado, esperando que eu diga o que tanto quero.— E é por isso que eu preciso que você me prometa uma coisa — continuo. — Prometa que nunca vai se apaixonar por mim.O olhar de Aaron ainda está perplexo. Ele parece claramente confuso, mas finalmente abre a boca para dizer:— Você é estranha. Sabe disso, certo?Um som de puro desespero, que era para parecer uma risada, sai da minha garganta.— Eu sei.Ele segura minha mão e, em questão de segundos, estou sendo puxada para dentr