Quando chego na sala da reitoria, a mulher me recebe com um sorriso polido.— Srta. Dixon, por favor, sente-se.— Obrigada. — Eu me sento na cadeira diante da sua mesa, nervosa sob seu olhar astuto.Margot Ramsay é uma mulher de meia-idade, com cabelos loiros até os ombros e que sempre carrega uma postura austera. Há algo no olhar dela que não me transmite confiança e me deixa apreensiva.— Estou curiosa para saber o que te traz aqui na minha sala — ela diz.— Sinto muito por não ter marcado uma reunião. Sei como seu tempo é precioso.Ela sorri.— É o mínimo que posso fazer pela filha de alguém por quem tenho tanto apreço — diz. — Já fiz os agradecimentos formais, mas quando puder diga à sua mãe que ainda somos imensamente gratos pela doação que ela fez à nossa universidade no ano passado.Não é a primeira vez que minha família faz doações às instituições relacionadas à música. Não seria diferente com Joe Bixby, obviamente, um lugar tão importante para Dionne.— Claro. Não vou me esqu
Atiro o papel na mesinha de centro e cinco pares de olhos se voltam para o ponto em questão.— O que significa isso? — pergunta Monroe.— Minha inscrição para o festival anual. Decidi participar.Kendall inclina a cabeça.— Gostaria de um parabéns?Eu sorrio cinicamente para ela.— Mais que isso. Gostaria de anunciar que vou vencer.Ela ri.— Você não vai.— Eu vou — rebato, confiante.Kendall cruza os braços.— Você, por acaso, sabe quem foi que ganhou nos dois últimos anos na categoria em que vai competir?— Claro que sei. E estou disposta a fazer de tudo para enfrentá-lo de maneira justa — eu digo. — Sem toda a coisa de ter que seduzi-lo e quebrar o coração dele.Kendall me analisa por um momento.— Por que tudo isso, Evelyne? Não vai me dizer que está com pena dele, ou... o feitiço virou contra o feiticeiro e foi você quem se apaixonou.Eu bufo, tentando disfarçar a reação que suas palavras me causaram.— Piada engraçada, Kendall, mas eu estou aqui para falar sobre coisa séria — f
Evelyne— Bem-vindos à aula preparatória para a competição anual de música do Joe Bixby. Eu sou a Sra. Linderman e estou muito animada para orientar vocês neste projeto.Pelo menos duas dúzias de alunos estão sentadas ao redor da sala de música enquanto a mulher de cabelos grisalhos nos fala sobre o projeto anual. A maioria é composta por veteranos, e ele está aqui. O cara que ganhou por dois anos consecutivos na categoria de piano. O mesmo cara que tem mexido com muitas partes de mim pelas últimas semanas.Evitei Aaron Ditt o máximo que pude pelo restante da semana. Hoje é sexta-feira, minha primeira aula semanal de ensaio preparatório e já estou me arrependendo de ter ajustado a minha grade para este dia em específico. Teremos aulas juntos todas as sextas? Quão mais enervante isso poderia ser?— Neste ano, a organização para o evento não será muito diferente dos anteriores — continua a Sra. Linderman. — Como vocês sabem, gosto de praticar a união e aflorar o espírito esportivo de no
EVELYNEEU: Pense rápido. É seu último dia de vida e você só pode escolher um entre os dois. Comida chinesa ou italiana?AARON: ??EU: Evelyne aqui. Você me disse para te mandar uma mensagem. Estou fazendo exatamente isso :pAARON: kkkk você é estranha.EU: HaAARON: E fofa.EU: Ha-HaAARON: E respondendo à sua pergunta: definitivamente italiana. Está me convidando para jantar?Rolo os olhos para sua arrogância e seguro um sorriso enquanto digito.EU: Estou levando pizza, minha versão mais original de comida italiana, então apenas lide com isso.AARON: Traga de pepperoni e eu te amarei pelo resto das nossas vidas.Meus dedos param na tela do celular. Sério, Evelyne? Este não é o momento para mais um surto adolescente. O cara não se declarou para você, ele apenas está com fome. Enfio o celular no bolso e caminho em direção à pizzaria que escolhi antes mesmo de ligar para ele. Eu havia selecionado alguns restaurantes mais próximos do Campus, e a maioria deles estava dividida entre serv
Durante todo o processo de nos servir e comer, eu fico em silêncio. Ele me olha algumas vezes, mas parece relutante em fazer gracinhas. Me pergunto o que mudou do início para onde estamos agora. Eu sei que ele sente atração por mim — seus olhos já foram para os meus peitos duas vezes — mas ele não está mais insistindo. Isso significa que ele se cansou de mim? Não o julgaria, tendo em vista todas as vezes que o rejeitei.Eu limpo a garganta, cansada de todo esse silêncio.— Como isso vai funcionar? — pergunto.— Isso o que?— Você me ajudando com a competição enquanto prepara o seu próprio número.— Vamos apenas ensaiar juntos — diz ele. — Fique tranquila, eu não vou roubar a sua ideia.— Não estou preocupada com isso.Uma sobrancelha grossa se arqueia.— Está preocupada com o que, então?Dou de ombros.— Eu não sei. É estranho a gente fazer um trabalho juntos.— Você está tornando toda a situação estranha, Evelyne — ele fala. — Sério, qual o problema com isso? Você não estaria tão ten
Engulo em seco e me sento no banquinho diante do piano. Sempre fiquei nervosa quando pessoas exigiam que eu tocasse, porque eu sempre tive ciência de que, se falhasse, todos eles me julgariam até o último minuto, mas com Aaron isso não acontece. Eu não preciso mostrar a ele mais do que realmente sou, porque ele já conhece mais de mim do que minha própria família. É assustador, mas no momento me reconforta. Começo a dedilhar timidamente o piano enquanto inicio uma das minhas músicas de ninar favoritas. Ele fica ao meu lado, apenas me observando. Estou focada demais nas teclas sob meus dedos para dar atenção a ele, mas gostaria de saber o que está pensando. Por algum motivo estúpido, eu quero a aprovação dele também.E então, surpreendendo-me, ele se inclina atrás de mim, um braço em cada lado meu, e aperta uma nota diferente no mesmo instante em que estou tocando a música, trazendo uma composição nova para o que eu estou acostumada.— Tente algo como... — Tocamos outra vez simultaneame
EVELYNE— O que é isso? — pergunto, encarando os papeis retangulares que Cassidy atira sobre a minha escrivaninha.— Você sabe o que é isso, Evelyne. Não se faça de boba.Eu coloco meu notebook de lado e ponho os óculos. Pego os dois ingressos de design luxuoso e, quando consigo ler o que está escrito, gemo.— Eu não vou pra esse concerto, Cass.— Eve, sério?! — ela praticamente chora. — Você sabe o quanto isso é importante pra Di.— Eu sei, mas... é um concerto!— Sim, um do qual nossos pais irão participar. Além do mais, há um convite extra. Você pode convidar uma das suas amigas se isso te ajudar a não se sentir tão deslocada. — Ela diz a palavra “amigas” enquanto olha de relance para Eleanor, que nos ignora totalmente com seus fones de ouvido gigantescos e uma revista cobrindo a cara.— Eleanor não vai querer ir a um concerto comigo.— Você acertou. — A garota em questão se senta e desliza os headsets para seu pescoço. — Que tal chamar Ginger? Ela deve gostar dessas merdas de gent
— Evelyne, estamos na mesma página aqui? Porque não é possível que estejamos falando do mesmo Aaron ou...— Já chega — eu a corto. — Eu não sei por que você o julga tanto, sendo que é amiga de alguém como Kendall.Ela cruza os braços, olhos estreitos.— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.— Nós duas temos amizade com pessoas que a outra detesta. Pra mim, há bastante semelhança.— Ok, talvez você tenha razão. Nós duas estamos erradas — aponta. — Só que a diferença entre mim e você é que eu considero Kendall apenas uma amiga. Não estou apaixonada por ela.Isso cai em mim como um soco.— Você não sabe de nada — eu digo na defensiva. — Não sabe o que está dizendo.— Eu sei muito bem o que estou falando, e você também sabe — rebate. — Só não se esqueça que você mentiu para o Aaron, e quando ele descobrir toda a verdade, esse cara que ele pintou pra você vai simplesmente desaparecer. E então, será ele a esmagar seu coração, não o contrário.E assim, ela me deixa sozinha no quarto.Eu