Capítulo 3.2

— Ei, Cass — diz a loira número um, porque há outra.

— Olá, Kendall — Cassidy cumprimenta. Há pelo menos mais três delas, mas as outras não parecem falar. — Oh, deixe-me apresentar. Está é Evelyne, minha irmã. Estas são Kendall, Monroe, Tessa e Violet, as Ravens.

Então essas são as famosas garotas de irmandade? Eu confesso que imaginava algo diferente. Onde estão as meninas de olhares calorosos e que não discriminavam os outros pelas suas roupas, como minha mãe sempre descreveu? Me chame de precipitada se quiser, mas eu não me engano quando vejo Kendall me encarar de cima a baixo, focando no moletom largo sobre a saia plissada, ou no meu par de meias de cores diferentes, e torce o nariz.

— Hum... essa é sua irmã? — ela pergunta. — Eu imaginava algo diferente.

— Tipo o que? — eu digo.

Ela dá de ombros.

— Alguém mais como Cass.

Claro. Eu já deveria ter imaginado isso vindo. Por que não viria? Apenas mais um grupo de pessoas para me comparar com Cassidy. Isso sempre foi tão cansativo.

Cruzo os braços, fazendo-me de desentendida.

— E o que me faria ser como Cass? Estou curiosa.

— Ela está falando sobre o seu... gosto por roupas. — Se prontifica Monroe. — Não que você se vista mal, mas... a sua irmã é uma deusa da moda.

Essa cadela acabou de dizer que me visto mal? Sinto Cassidy ficar tensa ao meu lado, mas não perco a compostura quando ataco:

— Não sabia que estava no código de vestimenta agradar vocês.

Os lábios de Kendall se contraem com meu comentário, mas ela simplesmente sorri docemente.

— Ah, boba, não se ofenda com Monroe. Ela sempre esquece o filtro em casa. Só gostaria de dizer que Cassidy é uma de nós, Evelyne, e a amamos como uma irmã. Queremos que você seja também, é claro, por isso nos preocupamos com o seu estilo. — Duvido que ela realmente queira isso, mas vou precisar trabalhar melhor meus impulsos, se quiser continuar com meu plano. Kendall tira seu olhar de mim quando algo chama sua atenção em um ponto além de nós. — Ugh. Ela está de volta, meninas.

Eu encaro o ponto para o qual elas estão olhando e observo uma menina de estatura mediana, cabelos tingidos de vermelho e cortados até os ombros. Ela é pálida como papel e está vestida de preto desde a camiseta com mangas baby look até as botas de combate. Seu fone de ouvido está ao redor da sua nuca, então eu sei que ela escuta quando Kendall aumenta o tom de voz e diz:

— Ei, Eleanor, esquisita. Te expulsaram do cemitério em que você se hospedou nas férias?

Monroe e Tessa dão uma risadinha do comentário, mas pelo visto só elas acharam graça.

Eleanor apenas encara Kendall com uma expressão de tédio e eleva o dedo do meio, dizendo:

— Vai se foder, cadela.

E então ela se vira e sai, como se nada tivesse acontecido.

Uou — murmuro para Cassidy. — O que foi isso?

— Eleanor é uma Hawk — ela explica. — Cenas assim são mais comuns do que você imagina.

Monroe torce o nariz.

— Ela é sempre tão rude conosco. — Sério?

— Essa garota tem sorte de ser uma protegida daquele cretino — Kendall complementa.

Gostaria de perguntar a Cass sobre que “cretino” sua amiga está falando, mas isso estenderia o meu tempo aqui com elas, algo que eu não faço a mínima questão.

— Bem, eu preciso ir — digo.

Cass toca meu braço.

— Eu vou com você.

— Não precisa, sério. Fique com suas amigas.

Ela sorri e insiste:

— Eu quero te acompanhar, ok?

Aceito a oferta enquanto sorrio de volta e me despeço das Ravens com um aceno antes de me afastar. Cass adianta o passo para me acompanhar.

— Eu sei que as coisas não foram muito boas com as Ravens no início, mas quando você as conhecer melhor vai acabar gostando delas — diz minha meia-irmã.

Reviro os olhos.

— Pouco provável. Você viu o que elas fizeram lá fora? — digo.

— É claro que vi, e não concordo com esse tipo de atitude delas, mas não é como se Eleanor não falasse merda da gente também.

— E isso é justificativa para falar todas aquelas coisas em público? Eu achei que essa fosse uma irmandade que prega o amor, pratica boas ações e toda essa merda.

Cass para e me segura pelos ombros.

— Eu tentei avisar a você que não seria fácil lidar com elas — ela fala. — Além do mais, não estaríamos nessa situação se você não tivesse inventado essa mentira pra sua mãe em primeiro lugar, certo?

Meus ombros caem quando relembro o que eu disse para a minha mãe no domingo. Deus, onde estava com a cabeça? Em contrapartida, ela ficou tão feliz com a informação falsa. Segundo ela, sua fase como uma Raven havia sido algo muito especial e gratificante. Ela gostaria que tivéssemos a mesma experiência. Dormi na noite passada repassando toda aquela conversa e me perguntando como diabos eu resolveria tudo isso. O pensamento de entrar para as Ravens não pareceu tão ruim até eu realmente conhecê-las. Mas talvez eu esteja julgando precipitadamente, certo? Eu assisti a tantos filmes adolescentes que talvez esteja estereotipando demais as meninas? Pelo poder do feminismo e toda essa coisa de sororidade, eu decido dar mais uma chance às Ravens. Não posso basear meu conhecimento em uma interação muito estranha da qual estou por fora. Além disso, confio em Cass, então vou fazer isso por ela.

— Eu ainda quero participar da irmandade — digo. — Só espero que suas amigas não olhem para as minhas roupas daquele jeito de novo. Estou muito bem com elas, obrigada, e não vou mudar o meu jeito de vestir.

Cass revira os olhos, um sorrisinho espreitando.

— Kendall é meio difícil de lidar, mas amo as outras meninas. Você também vai gostar muito delas, Evelyne. Eu prometo!

Diante dessa promessa, eu decido acreditar nela.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo