Eu pestanejo, ainda estática, esperando pelo momento em que as risadas vão começar e elas vão dizer que tudo isso é uma piada, porque só pode ser uma brincadeira, mas quando ninguém diz nada, eu entro em desespero.— Espere... o que está acontecendo aqui? Quem é Aaron Ditt, e o que diabos ele tem a ver com as Ravens?— Aaron é o líder dos Hawks, a fraternidade mista do Joe Bixby que te falei — explica Cass. — Eles possuem uma banda e são... digamos, complicados.— Apenas um cara clichê que retrata a maioria dos heróis que eu leio o tempo todo nos livros. Qual o problema disso?— Ele não é apenas um cara clichê, Evelyne. Ele é um porco desgraçado que ilude meninas inocentes — Kendall diz, como se eu a houvesse ofendido ao banalizar sua acusação.— E um babaca que nos odeia — complementa Monroe. — Os Hawks já declararam guerra às Ravens, e é por isso que não suportamos esta banda de mau gosto. São todos uns selvagens.— Aaron Ditt não tem coração — minha irmã fala. — Encontrei Gwyneth P
AARONTrent me passa uma garrafa de cerveja e se senta ao meu lado, o único lugar vazio no sofá da minha sala. Seu olhar desvia para as escadas, onde Ginger está sugando alguma bebida nojenta e sem álcool por um canudinho enquanto se balança desajeitadamente ao som da música alta. Tão estranha, mas a amo.— Ela cresceu, cara — Trent diz, encarando minha irmãzinha. — Está bem bonita.Viro meu rosto para ele e estreito os olhos.— Nem pense nisso.Ele ergue as mãos.— Ei, relaxe, ok? Só estou comentando.— É bom que você comente com seu pau longe dela.Ele rola os olhos.— Você é um hipócrita. Sabia que Devon Miller está puto depois de descobrir que você transou com a namorada dele?— Eu não ligo, ele é um babaca — digo. — E não tenho culpa de foder melhor que ele.— Eca. — Vanessa faz uma careta. — Vocês são nojentos.Trent ri.— Você fala como se nunca tivesse transado com ele também.Eu olho para meu amigo.— Sério, cara?Ele encolhe os ombros, como se não tivesse dito nada de mais.
EvelyneTenho sorte de estar sozinha no quarto quando Cassidy aparece com uma mochila cor de rosa que eu tenho certeza de que tem quase o mesmo peso que ela.— Resolveu se mudar para o meu quarto ou isso aí dentro é um cadáver? — questiono, conseguindo aquele revirar de olhos habitual de quando ela se depara com algum comentário sarcástico meu.— Estou aqui como sua fada madrinha. — Se inclina para espreitar atrás de mim. — Eleanor não está aí, né?— Ela saiu um pouco antes de você aparecer, então fique tranquila.— Ufa! — Ela respira de alívio quando entra no meu dormitório. — O clima fica bem mais leve quando ela não está.— Isso é um bom sinal, considerando que estamos aqui para armar um plano contra seu amigo de fraternidade, certo?Minha irmã faz uma careta.— Ainda não posso acreditar que Kendall te propôs algo assim — diz. — Tipo... fazer Aaron Ditt se apaixonar por alguém é uma loucura. Estou aqui porque sou uma irmã fiel e te amo, apesar de você tomar péssimas decisões, mas a
Ela levanta uma sobrancelha.— Estou ouvindo.Eu me sento na cadeira da minha escrivaninha, agora bastante concentrada em colocar em palavras o plano que passei horas bolando, e agora parece a ideia mais ridícula do mundo.— Certo, digamos que... eu vá me vestir de maneira bem sexy hoje.— De maneira sexy? — ela repete.— Sim, apenas para chamar a atenção do cara.— Claro. E depois que você chamar a atenção dele?— Eu vou me aproximar — continuo. — E em seguida, eu vou propor a ele um esquema.Cassidy faz uma pausa. Uma pausa longa, que diz muito sobre sua opinião em relação ao meu relato.— Que tipo de esquema, Evelyne?— Vou pedir para que ele saia comigo — respondo. — Ele vai querer recusar no começo, achando que sou uma fã, obviamente, mas então eu vou ser sincera com ele. Que preciso que saia comigo para impressionar algumas “amigas”. Em seguida, quando ele aceitar...— Espere... — Cassidy me interrompe. — Evelyne, não é querendo jogar água no seu castelinho de areia, mas você ou
Quando o Uber para em frente a uma mansão, e não um prédio de pequenos apartamentos, como eu imaginei, eu verifico novamente para ter certeza de que não estou errada.— Desculpe, senhor — eu falo. — Tem certeza de que este é o endereço?O homem parece impaciente.— Sim. É o que estava mostrando no GPS.Eu agradeço e saio do carro logo em seguida. Meus olhos se guiam mais uma vez para a casa de dois andares com um muro de tijolinhos vermelhos e grandes janelas. Está claro lá dentro, obviamente, por conta da festa acontecendo, mas não consigo ver muito além de silhuetas se balançando ao som da música alta.Eu não sei em que mundo esse cara vive, mas é um lugar bom demais para um garoto de vinte e um anos conseguir pagar.Subo os degraus da varanda com cuidado para não tropeçar com estes saltos e tomo coragem para tocar a campainha. Eu espero que não seja uma daquelas festas em que você precisa levar algo, porque infelizmente vim de mãos vazias.Quando a porta se abre, estou preparada pa
O mundo está derretendo sob meus pés, e ninguém além de mim parece perceber isso. Não consigo raciocinar quando Ginger me puxa na direção dele. O cara ainda está de costas, mas eu não preciso saber sua aparência. A única coisa na minha mente é o fato de que ele é irmão de Ginger. O cara para o qual me deram a missão de iludir e seduzir. Eu, Evelyne Dixon. Sinto vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.Não vou fazer isso. Não vou fazer isso com o irmão de Ginger. Simplesmente não posso.— Espere... — eu digo, parando de repente. — Você... huh... você pode pegar uma bebida sem álcool pra mim primeiro? Estou com tanta sede.Ela sorri.— Claro! Espere um segundo e já apresento vocês, ok?— Sim, claro. Obrigada.Ela me deixa ali, e eu me pergunto qual a maneira mais fácil de ir embora dessa festa sem chamar tanta atenção.Eu preciso fazer isso antes que Ginger volte e toda essa coisa piore.Ele é o irmão dela, repito uma e outra vez.Aaron é o maldito irmão da garota mais legal que conheci
Abro um sorriso tenso e digo:— A verdade é que os caras não costumam se interessar por mim.— Difícil de acreditar.O frio na barriga se intensifica, causando um redemoinho em meu baixo-ventre. Meu coração começa a bater tão rápido e eu tenho que morder o lábio para segurar o sorrisinho que teima em nascer em meu rosto.Posso não ser uma expert em relacionamentos, mas ele está flertando comigo, não está? Ou simplesmente está me zoando? Eu não sei o que responder porque não faço ideia de como interpretar isso.Mal tenho tempo de formular uma frase, quando uma terceira voz destrói todo o clima, dizendo de maneira bem irritada:— O que diabos você está fazendo aqui?Demoro alguns segundos para reconhecer a voz, mas quando me viro e dou de cara com ninguém menos que Eleanor, minha colega de quarto, me arrependo imediatamente.Ela está de braços cruzados, os olhos estreitos em minha direção. Tenho certeza de que se ela fosse um X-Men eu já teria virado poeira.— Lea, o que você está fazen
AaronO relógio bate quatro da manhã, e sei disto sem mesmo olhar para ele. Eu encarei essa coisa maldita umas dez vezes pelos últimos vinte minutos, na esperança de que o horário magicamente passasse numa velocidade assustadora e eu pudesse realmente me concentrar nas minhas atividades rotineiras. Não consegui dormir depois da festa. Não consegui me concentrar em nada, além do fato de que em poucas horas o meu pai estará de volta a Trempton City. Aumento a velocidade da esteira, correndo ainda mais rápido até a exaustão. Meus músculos estão trêmulos e o suor está pingando, deixando minha camiseta transparente. Eu corro por mais meia hora antes de finalmente desligar o aparelho e me atirar no chão emborrachado da minha academia.Um segundo depois, a porta se abre e alguém passa por ela. Não preciso olhar para saber de quem se trata.— Esse lugar fede — Ginger diz, e mesmo que não esteja olhando para ela sei que seu nariz pontudo está torcido em uma careta. — Haru?Eu não respondo. Ela