Petrus Momentos antes do pedido de casamento...Ao longo da minha vida, eu sempre fui um cara durão, do tipo que um pedido de perdão dificilmente sairia da minha boca. Então eu procurava ser um cara correto, aquele que mesmo sendo rústico, sério demais ou de cara dura, era sempre querido por todos. Dos primos e irmãos, eu era o mais velho, portanto aprendi desde cedo o significado da palavra responsabilidade e depois que me afastei dos meus pais, Renan Kappas, mesmo que de longe reforçou o meu caráter. Então você pode se perguntar… Porque traiu uma das pessoas que mais prezava nessa vida? A resposta? O desejo de vencer a qualquer custo, a maldita ganância que corroía os meus ossos e a minha alma. E isso tornou a minha vida um inferno. Eu nunca quis magoá-lo de fato. A ideia era pegar o dinheiro sem ele perceber, fazer o investimento, ter o retorno em dobro e devolver a parte do Adonis. Era simples. Era fácil e pragmático. Mas a minha cegueira não me deixou ver quem realmente era Adam
PetrusA luz do dia invadiu o meu quarto me fazendo gemer em protesto. A minha última noite no bistrô foi terrível. Nunca vi aquele lugar tão lotado como na noite passada. Já passava de uma e meia da madrugada, quando cheguei no apartamento de Simone e pensei em tomar um banho rápido, e ir para a cama quentinha da minha namorada, mas, qual não foi a minha surpresa ao vê-la despojada em minha cama, usando apenas uma calcinha de renda branca, e uma camisa minha. Ela estava agarrada ao meu travesseiro. Instintivamente fui até ela e a beijei calidamente algumas vezes, a fazendo se mexer em cima do colchão. A camisa subiu um pouco, revelando parte da sua barriga sequinha, da pele branquinha e da calcinha rendada. Suspirei. Não era justo acordá-la. Não, a essa hora da madrugada, seria um crime fazer isso com ela. Relutante, eu me afastei e entrei no banheiro, tomei um banho rápido louco de vontade de ficar perto dela. Minutos depois me deitei sentindo a maciez do colchão debaixo do meu corp
Petrus— Quem é você? — Ele quis saber e eu só conseguia pensar, é agora que vem o massacre. Dei dois passos intimidantes em sua direção e ele engoliu em seco.— Petrus Borbolini, o noivo — falei com firmeza na voz.— Noivo? — Ele perguntou surpreso. Simone pareceu confusa e, ao mesmo tempo, ainda mais surpresa com a minha resposta. Que se dane! Eu a pedirei em casamento alguns minutos mesmo. Então sim, somos noivos.— É, noivo. — Confirmei de uma maneira até petulante e cara ficou sem jeito.— Desculpa, é que eu pensei que nós… — Simone respirou fundo e o que ela falou em seguida afagou o meu coração desesperado.— Desculpe, Nicolas! Mas eu nunca disse que nós dois…— Tudo bem, acho que eu demorei demais para agir, não é? — Ele a interrompeu e se virou para me encarar outra vez. O tal Nick parecia finalmente vencido, ele seguiu para a porta, mas antes de realmente sair da sala, me lançou uma advertência do caralho.— Cuida dela direitinho cara, e não se atreva a fazê-la sofrer, porqu
Petrus Me afastei do grande livro para que a minha esposa o assinasse e ao dar dois passos para trás, encontrei o Adonis em pé bem na minha frente. Seus olhos não me dizem muita coisa. Eles pareciam neutros, estavam mais sérios e eu arrisco dizer até imponente enquanto me olhava. Sem saber o que fazer, eu passei as mãos nas laterais da minha calça, esfreguei o tecido nas palmas suadas e inesperadamente ele me estendeu sua mão e isso fez algo dentro de mim, acelerar e tremer. Olhei a mão estendida por uma questão de segundos, me sentindo confuso e quando voltei a olhá-lo nos olhos, encontrei emoção neles. Um brilho que há muito tempo não via. Emocionado segurei com firmeza a sua mão e o meu amigo me puxou para um inesperado abraço apertado.— Eu te perdoo meu irmão! — Ele disse com a voz embargada em meio ao abraço. Meu coração acelerou demasiado no peito e logo as lágrimas despontaram, queimando os meus olhos. O apertei em meus braços, pois não queria mais soltá-lo. O meu amigo e irm
Petrus— Meu Deus, Petrus, que legal! — Ri da sua empolgação. — É, um desses bens foi o meu imóvel no Plaza.— Seu escritório de contabilidade?— Esse mesmo.— Então você vai poder voltar a administrar algumas contas ou algo do tipo. — Ela vibrou e me abraçou. Me desfiz do seu abraço e a olhei nos olhos, segurando cada lado do seu rosto.— Eu vendi o imóvel, Simone. — disse com um tom sério e o seu sorriso feliz morreu imediatamente. — E também pedi demissão do bistrô. — Minha mulher franziu o cenho e me lançou um olhar confuso. — E é aqui que entra a minha proposta. Eu pensei que você poderia continuar com a sua função, sabe? Mas não nas ruas e nem trabalhando para a polícia federal.— Eu não estou entendendo, Petrus. — Droga! Eu imaginava estar em cima dela agora e não tendo uma conversa desse tipo em pleno início de lua de mel.— Eu quero abrir uma empresa de segurança, Simone. Eu seria o administrador, sei mexer com a contabilidade e toda aquela burocracia. E você, poderia ser a c
Simone Ok, casar com farda de polícia não é o sonho de nenhuma garota, também não era o meu sonho. Mas, vamos admitir, Petrus foi romântico de um jeito diferente, rústico e até dominador, como só ele sabe ser e foi esse seu jeitinho que me fez dizer um sim cheio de alegria. Esperei tanto tempo por esse momento. Confesso que cheguei a sonhar em me casar com ele e esse casamento em nada se aprecia com os inúmeros sonhos que tive ao longo dos anos e ainda assim, foi surpreendente, especial e com uma pitadinha de conto de fadas. Quem na vida foi sequestrada em pleno horário de trabalho para um pedido de casamento maluco e se casou segundos após dizer um sim? Eu, né? E eu amei isso. E agora estou aqui, dentro de um barco emprestada, para termos a mais curta, porém maravilhosa lua de mel. Soltei uma respiração pesada quando vi o meu marido na cabine do barco, o guiando para o alto mar. Sua camisa era sacudida com violência pelo vento, fazendo o tecido grudar na sua pele e desenhar nitidam
Simone— Não sou nenhum Adonis Kappas na cozinha, mas eu me viro muito bem — resmunga fazendo graça. E como se vira bem! Pensei, lembrando da sua dança de segundos atrás.— Quer ajuda aí? — indaguei saindo do seu abraço e fui até o fogão.— Sua? Sempre minha galega gostosa. — disse audacioso e me abraçou por trás para beijar demoradamente a minha nuca. E mais uma vez senti o meu rosto queimar, porque sei que se refere ao que fizemos na água mais cedo. Soltei um suspiro baixo e sorri da lembrança.— Termino de cortar os legumes. — Propus após bisbilhotar as panelas.— Ótimo! E eu cuido do peixe.— A propósito, onde conseguiu um peixe? — perguntei e começo a fazer os cortes.— Aproveitei o seu sono e pesquei um. — Parei o meu trabalho e o olhei embasbacada.— Você pescou um peixe? — indaguei impressionada e ele deu de ombros.— Pesquei. Tem algumas varas e iscas artificiais no depósito. Aproveitei o fim da tarde e a calmaria para pescar. — Sorri.É quase impossível me concentrar na cozi
Simone— Simone, está tudo bem aí? — Flávia me chamou pela terceira vez, mas eu simplesmente não conseguia responder, porque estava completamente sem voz, sem ação e sem entender o porquê que essa linha azul surgiu bem no meio do meu exame. Só pode ser um erro, certo? Errado! Eu repeti o exame exatamente três vezes, porque eram os três únicos que tinha na farmácia do banheiro e garanto que se tivesse mais, eu faria mais vezes. — Simone abre essa porta, estou preocupada com você. — Flávia insistiu. É nítida a sua preocupação, mas a minha vontade agora é de ficar sozinha e de me situar. Como isso aconteceu? Pus o último teste em cima do balcão da pia com os outros e encarei as três listras azuis se destacando nos objetos brancos.— Simone? — Petrus chamou alto atrás da porta e isso me fez estremecer. Como dizer pra ele que os nossos planos mudaram radicalmente? — Simone abre essa porta ou vou derrubá-la. — Ele bradou irritado. Me afastei do balcão em silêncio e segui para porta, girand