Quem se aventurar a conhecer a história do Ceifador de Anjos, o serial killer colecionador de fetos, concorda comigo quando digo que ela é viciante, empolgante e é claro, carregada de certo horror.
A Coleção de Fetos é de fato o início de uma viagem na mente perigosa de um assassino frio e calculista, que permite ao leitor conhecer cada uma das suas vítimas, cujas histórias se assemelham à rotina de pessoas reais, chamando atenção para o drama vivido por cada uma dessas personagens.
A psicopatia do protagonista, Vincent Hughes, é como uma doença contagiosa que infecta a vida de vários outros personagens da trama, onde famílias inteiras acabam sendo destruídas.
Ao longo das páginas, somos lançados a uma empolgante busca de "linha cruzada", onde ao mesmo tempo em que torcemos pelos mocinhos, torcemos também pelo vilão. Ambiguidade esta que só salienta a perspicácia e o talento da autora.
A narrativa por si só é contagiante. O enredo como um todo é bem construído e regado a emoção e suspense. As descrições das cenas são feitas de forma que nos permite imaginá-las perfeitamente, até mesmo quando o Ceifador ataca, é possível “ver” – para quem tem estômago para isso – ou “sentir” – para os mais sensíveis.
Adriano Léo Araújo,
autor da série Psicopatas.
O início do mês de outubro era como qualquer outra época do ano em Los Angeles, com centenas de pedestres andando às pressas pelas calçadas, ignorando o barulho provocado pelo trânsito sem fim da cidade.Naquela tarde, como em todas as outras, a preocupação daquelas pessoas era chegar logo aos seus destinos, certamente às suas casas, após um dia exaustivo de trabalho. No entanto, estavam mais apressadas do que de costume, pois temiam que caísse a chuva anunciada no céu, mesmo que essa ajudasse a reduzir um pouco do ar seco característico de Los Angeles.Para Christopher Lang e Ramona Hale o expediente daquela segunda-feira ainda não havia encerrado. Era preciso que fossem ao necrotério, pois a legista havia ligado para o Departamento de Homicídios e solicitado a presença dos detetives, o que atenderam de pronto.Lang e Hale formavam uma boa equipe
— Bom dia, amor! — disse Vincent após beijar docemente os lábios de sua namorada Donna, que ao contato com sua boca despertou e retribuiu com um longo beijo.— Bom dia, meu amor! — respondeu com um sorriso feliz para o namorado.— Trouxe seu café — disse Vincent apontando para a bandeja ao lado da cama no aparador.— Ai, meu Deus, que lindo! — disse esticando os braços para que ele lhe desse a bandeja, Vincent a colocou gentilmente em seu colo, por cima da colcha branca com que ela estava coberta.A bandeja continha uma variedade de alimentos que Donna apreciava muito, como panquecas com calda de morango e pasta de amendoim, ovos mexidos, bacon grelhado, cereais, salada de frutas e um copo grande de suco de laranja. Tudo preparado por ele.— Eu amo dormir aqui, sabia? Você me mima toda vez que venho. Quando não são flores, são doces! E agora
Vincent Hughes estacionou em frente a um imponente prédio, no qual funcionava o Instituto de Pesquisas e Testes de Fármacos e Medicamentos da Califórnia, para o qual o Hospital Bom Samaritano de Los Angeles realizava testes e pesquisas relacionadas a diferentes tipos de medicamentos. Os resultados eram entregues e analisados pelo instituto com a finalidade de ter um respaldo final permitindo a continuidade ou orientando alterações que fossem necessárias no procedimento. Cabia a ele fazer essa intermediação, já que era responsável pelo departamento dentro do hospital.Vincent passou pela recepção cumprimentando com um sorriso e um “bom dia” todos que encontrava. Ia em direção ao elevador, cuja porta estava aberta graças a uma mulher elegante que a segurava, pois percebera a aproximação do biomédico.— Obrigado, Ruby &md
Na manhã seguinte Vincent acordou cedo, tomou um banho rápido e vestiu seu confortável roupão de banho de cor azul marinho. Calçou as pantufas pretas que Donna havia lhe dado de presente há uns dois meses, em seguida desceu até a cozinha para preparar o seu café da manhã.Enquanto virava suas panquecas na frigideira com o auxílio de uma espátula, planejava mentalmente o que faria ao longo do dia, especialmente no período da manhã, cujos acontecimentos esperados por ele resultaria na eficácia — ou não — de seus planos.Levou as panquecas para complementar as delícias que já estava na grande mesa da sala de jantar, uma das preciosidades de sua mãe. Ela acomodava doze pessoas e era trabalhada em madeira. Vincent não se lembrava de ter tanta gente em sua casa a ponto de ocupar todos aqueles lugares, o máximo de companhia qu
Vincent chegou ao instituto empolgado, tanto quanto uma criança fica ao ir passear com os pais. Atravessou o saguão do prédio apressado, mas sem deixar de cumprimentar os que passavam por ele, não importava se eram doutores renomados ou faxineiros, demonstrava a mesma simpatia e educação, o que fazia sua presença ser sempre agradável a todos.Entrou em um elevador lotado, limitou-se a cumprimentar os presentes sem dar brechas para diálogos. Sentia que o olhavam de canto, curiosos.Chegando ao quinto andar foi para a sala de espera onde havia uma recepcionista atrás de um balcão. Abordou-a perguntando sobre a sala de Jaime Carter e pedindo para que anunciasse sua chegada.A sala de Jaime ficava praticamente em frente à sala de Clayton, mas Vincent até então não havia prestado atenção naquele assistente ou procurado diretamente por ele. Deu tr&eci
Havia se passado duas semanas, os dias corriam para Vincent sem qualquer novidade. No trabalho estavam fazendo novos testes, cujos resultados demorariam mais tempo para saírem. Via Donna quase todos os dias, e ela só agora se sentia melhor depois da entrevista frustrante que tinha feito na Universidade Americana de Los Angeles.Ela contou para Vincent que o diretor da universidade, quem realizou sua entrevista, não deu nem sequer a oportunidade para a professora apresentar uma aula-teste, procedimento padrão nas instituições de ensino, pois a achou muito jovem e inexperiente para a função, apesar de sua formação. Sem ser grosseiro, deu a entender que ela não estava preparada para lecionar para adultos, que poderia ter problemas com eles, pois era demasiadamente jovem, ressaltou que embora tivesse vinte e cinco, não parecia ter mais de vinte, o que dificultaria que fosse respeitada pelos univer
— Bom dia, Chris — cumprimentou Ramona ao entrar no carro do parceiro, fechando a porta em seguida. — Para onde vamos tão cedo? — Bocejou cansada, pois foi dormir de madrugada e ainda não passava das seis da manhã.Christopher sorriu de canto ao olhar para Ramona enquanto ligava o carro.— Para a Floresta Nacional de Angeles — falou com naturalidade.— Nossa, que jeito melhor de começar um sábado! Desova de corpos? — questionou curiosa, lembrando as várias chamadas desse tipo que havia atendido.— Acho que pior. Jeremy disse que precisamos ver ao vivo a nossa vítima, em tom de quem diz vocês não sabem o que os espera! — Olhou para ela sorrindo. Christopher passou as informações que tinha para sua parceira, as quais não eram muitas: um rapaz havia andado oito quilômetros durante a madru
Vincent acordou cedo, pois combinou com a namorada de que passariam o sábado juntos, a começar pelo café da manhã que ele preparou antes mesmo dela chegar, o que foi logo, pois ansiava por mais um dia agradável ao lado do namorado.Eles também haviam programado um almoço na casa dele, para o qual convidaram a melhor amiga do casal, Adelle, de forma que Donna ficou de ajudar o namorado a preparar o almoço para a amiga.Ao chegar, Donna encontrou a mesa posta, como sempre muito bem arrumada e abundante, tudo bastante apetitoso. Não se demoraram tomando café, pois Vincent mostrou urgência em tirar da namorada o vestido estampado de flores que iam até os seus joelhos, possuía um decote pequeno e que marcava sua silhueta perfeita.O clima esquentou enquanto ainda estavam à mesa. Vincent a pegou no colo e subiu as escadas a levando para o seu quarto. Colocou-a na cama com