As três mulheres estavam em uma caverna escura e úmida. O ar frio e solitário percorria todo o local e dava uma sensação de que tudo estava parado. Não fossem as chamas das três velas no centro da gruta que crepitavam, as Brisas estariam mergulhadas na escuridão.
As Rainhas-Irmãs Verona, Morga e Aubrey estavam nuas, lado a lado, em silêncio. Os cabelos cobriam-lhes os seios e a genitália feminina. Seus olhares pareciam perdidos.
Não estavam no mundo material — aquela caverna fazia parte do mundo espiritual. Na caverna aguardavam para saber se iriam para o Submundo ou para a Cidade Eterna.
As irmãs estavam imóveis, como se fossem estátuas, até que a Brisa de aparência velha exclamou impaciente:
— Por que é que eles estão demorando tanto? Odeio esperar, não tenho um pingo de paciência para suportar esta angústia! — esbravejou insatisfeita, batendo os pés
Uma breve descrição de onde se passa a história A habilidade de contar histórias foi há muito tempo esquecida. Poucos são aqueles que ainda contam histórias de ninar aos filhos, envolvendo-os em mundos mágicos, histórias fantasiosas ou ainda histórias de impérios de outrora e aventuras de magia. Escrevo este relato não só para resgatar este costume como para transmitir e propagar uma aventura que se passou em um mundo distante que logo será apresentado. Como testemunha de muitos fatos que ocorreram nesta história, posso assegurar que uma cópia autenticada de meu relato, e dos depoimentos da maioria dos envolvidos, pode ser encontrada nos diversos acervos da Ordem dos S&aa
Capítulo 1 — A Carta de Convocação O Mercado de Hasflot se localizava em uma extensa rua da cidade de Hasflot. Os mercadores chegavam ao mercado bem cedo, por volta das cinco horas da manhã. Afinal, Hasflot era uma cidade portuária e seu mercado era ponto de encontro da região sudoeste de Nascar, portanto, montar uma barraquinha de vendas no mercado de Hasflot era algo inestimável para qualquer negociante. O movimento era intenso. Bijuterias, artesanatos, produtos derivados do leite, tecidos, roupas, calçados, objetos pequenos, livros, algumas joias, pergaminhos, doces, novas invenções, exóticas engenhocas e outras coisas estranhas; produtos expostos nas barracas, mesas e bancadas ao longo da rua. Os visitantes e os consumidores trajavam as
Capítulo 2 — A Câmara do Grande Carvalho O ar frio da floresta de Fangthir, a Floresta Verdejante (ou chamada de Floresta Verde), fazia Helan se apavorar. Aquela floresta tinha muito a amedrontar, mas, para Danian, tinha muito a proporcionar, isto sim. A Floresta Verdejante ficava perto do Palácio de Biloá, agora reduzido a ruínas devido a ataques e saques dos Sax. O Palácio de Biloá, que até sua destruição serviu de fortaleza para os últimos membros da corte ainda vivos, era o palácio de verão do rei, e a Floresta Verdejante era território de caça. Contudo, a própria floresta era misteriosa. O rei nunca explorou, em suas caçadas, todo o seu interior. Ora estava sombria e tenebrosa, ora estava clara,
Capítulo 3 — Os Aventureiros Danian desceu de seu cavalo castanho, assim como Helan. Estavam em Hasflot de novo, à frente da casa do embaixador. Haviam sido dois dias a cavalo desde a Floresta Verdejante. O dia estava nublado, um vento frio fez a aprendiz de Danian juntar suas mãos para esquentá-las. A casa rosa, pequena e com uma mureta à frente, estava lá. O mago tocou o sino e disse a senha: — Pela manhã, o pássaro assobia. — O fogo queima, a águia pia — falou uma voz vinda de dentro. A porta da casa se abriu e o embaixador saiu de lá. — Danian, Danian, Danian… Então, meu car
Capítulo 4 — Os Ladrões Durante um dia Artemísio, Toreg e Helan cavalgaram em silêncio, ainda se acostumando com a presença de cada um. Toreg no início ficava sempre à frente, mas depois foi cavalgando mais devagar, cansado. Haviam parado para descansar em uma estalagem na estrada que levava ao norte. Chegaram depois da meia-noite e saíram às cinco horas da manhã para evitar serem vistos. Eles estavam tomando muitas precauções. Sempre por onde passavam, se houvesse qualquer pessoa, eles se escondiam, tentavam passar discretamente. Já haviam andado bastante e agora estavam parados em uma pequena clareira na mata próxima da estrada de terra. Os caval
Capítulo 5 — Sombras na Ventania Quando a caixa de Helan foi aberta, a aprendiz chorava desesperadamente, temendo pelo que aconteceria e foi rapidamente repreendida: — Fique quieta! Vim ajudar vocês! — falou uma voz jovem. Helan não conseguia ver muita coisa, apenas grandes olhos verdes. Dois bracinhos frágeis desamarraram o pano que impedia a menina de dizer qualquer coisa. — Não sei como agradecer… — balbuciou ela. — Mas… por quê? — Eu vi que você é uma maga. — respondeu a voz jovem enquan
Capítulo 6 — Perante Autoridades Ruybar, a cidade portuária ao norte de Thalian, era uma das maiores cidades portuárias de Nascar. Hasflot contava com o grande mercado, ponto de encontro de muitos, e contava também com o porto, enquanto Ruybar funcionava exclusivamente para o porto. Era através dele que mercadorias de Akma chegavam e partiam (assim como as mercadorias de Ukrania, antes de Rarion chegar ao poder). Ruybar também contava com a UAPA (Universidade Alquímica Paul Atzgerald), construída pelo próprio Conde Atzgerald, que era a excelência em matérias de alquimia, poções, ervas, navegação e conhecimentos astrológicos e formara muitos homens sábios e ponderados.A UAPA deu à Ruybar uma nova visão: Ruybar não era mais somente a cidade merca
Capítulo 7 — O Servo Leal e seus Vermes Carnívoros Gormath era extremamente velho. Era careca no alto da cabeça, mas, na região da nuca, longos fios brancos caíam por cima das grandes peles grossas e pesadas que ele vestia. Sua pele era enrugada e caída, seus olhos eram claros e vazios. Podia se ver pela sua mão, que não estava debaixo de nenhuma pele, que Gormath era extremamente ossudo, sem carne. Era esquelético. A primeira impressão que causou em Helan, Toreg e Artemísio foi que ele era um cadáver. Mas na verdade era muito pior. Posicionados em cada canto da sala havia um animal branco (um babuíno, um antílope, um leão e uma hiena). Perto de uma das janelas próximas ao teto, havia uma