Danian desceu de seu cavalo castanho, assim como Helan. Estavam em Hasflot de novo, à frente da casa do embaixador. Haviam sido dois dias a cavalo desde a Floresta Verdejante. O dia estava nublado, um vento frio fez a aprendiz de Danian juntar suas mãos para esquentá-las. A casa rosa, pequena e com uma mureta à frente, estava lá. O mago tocou o sino e disse a senha:
— Pela manhã, o pássaro assobia.
— O fogo queima, a águia pia — falou uma voz vinda de dentro. A porta da casa se abriu e o embaixador saiu de lá. — Danian, Danian, Danian… Então, meu caro, aqui viestes novamente. Não tem nenhuma correspondência da Ordem, meu caro. E… Ah, você trouxe uma acompanhante. Quem seria esta donzela? — perguntou Gutemberg à Helan;
— Sou Helan, aprendiz de Danian — apresentou-se Helan.
— Sua aprendiz, Danian? Bom, prazer em conhecê-la, minha querida. Sou Gutemberg, embaixador da Ordem em Nascar — falou ele, abrindo o portão de ferro. Danian deu um passo à frente, tentando ofuscar sua aprendiz: a exposição dos aprendizes às pessoas poderia ser muito arriscada e a Ordem pregava que os aprendizes não deveriam se apresentar como tais à ninguém, exceto à própria Ordem. Helan, porém, já havia se apresentado.
— Entremos, por favor. Está muito frio — disse Gutemberg.
Os três passaram pela varanda e entraram no cômodo da recepção; Gutemberg se postou atrás do balcão, acariciando seu bigode.
— Então, Danian, o que o traz aqui à Hasflot? — perguntou.
— Vim escrever uma carta — falou o mago, enquanto Helan fechava a porta e sentava num dos sofás — para Samian. Ela está em Akma, não é?
— Sabe que a revelação de localizações não é permitida, Danian. Bom, uma carta para Samian… - Gutemberg mexeu no armário velho e tirou uma folha de pergaminho, e uma pena para que Danian escrevesse. — Aqui está.
Ajeitando sua mão à pena, Danian, com sua caligrafia pequena, escreveu:
Cara Samian, minha mestra!
Vou ser rápido e sem rodeios formais: preciso encontrá-la. Ambarion já me falou que está em Akma. Estarei indo para aí. Daqui a duas semanas desembarcarei no porto de Cassaraí. Quando receber esta carta deve faltar apenas uma semana. Encontre-me lá. Posso atrasar no máximo 2 dias. Atenciosamente, Danian.
Danian passou o dedo pelo pergaminho e fios dourados o lacraram.
— Somente Samian abrirá esta carta. Gutemberg, certifique-se de que ela receba — disse Danian.
Gutemberg confirmou com a cabeça e olhou o cajado que Danian trazia consigo, com a Luz de Athla na ponta.
— Eles deixaram você ficar com ela? — perguntou.
— Claro. Vamos, Helan, temos que voltar, Ambarion nos espera — falou ele, saindo da casa.
♦
A viagem de volta à Câmara do Grande Carvalho demorou três dias, tinha sido mais devagar, sendo mais longa do que a ida à Hasflot. Danian e Helan, logo encontraram a Câmara, desceram de seus cavalos castanhos e os colocaram perto da porta, amarrados à uma árvore.
Antes de entrarem, Danian segurou o braço de Helan:
— Espere. Leve a Luz de Athla consigo e a use contra criaturas malignas — falou ele, retirando o cristal da ponta do seu cajado, que na verdade era um galho, e deu na mão de Helan. — Guarde consigo e não comente sobre isto nesta reunião de agora. Vamos.
Danian foi andando com alguns pergaminhos e Helan guardou a pedra em suas vestes.
Adentraram o salão, onde Ambarion e Morcian já estavam sentados em suas cadeiras, com dois homens ao lado dos tronos. O primeiro, ao lado de Morcian, tinha o cabelo raspado, tatuagens pelo corpo, um olhar agressivo e trazia consigo uma espada presa à cintura. O segundo, ao lado de Ambarion, vestia vestes verdes, botas de couro, tinha cabelos castanhos em um tom escuro, uma capa longa e uma expressão tranquila e segura. Seu sangue descendente dos elfos estava evidente.
Danian, muito ansioso, ajoelhou-se logo para os dois membros da Ordem dos Sábios e falou:
— Aqui está Helan, minha aprendiz.
— Estes são Toreg Klapkusus, enviado por Morcian, e Artemísio de Saltos-Leves, enviado meu. Danian, trouxe os mapas que lhe pedi? — perguntou Ambarion.
Danian abriu o pergaminho e pediu auxílio à Helan para que segurasse o mapa.
— Os domínios de Redramon se estendiam por todas as Monstanhas Vermelhas ou Ígneas, como também chamadas. Seu domínio também alcançava o vale próximo às Montanhas Vermelhas. Redramon nunca foi até as Montanhas Albinas pois os animais brancos, aliados do frio e da neve das Montanhas Albinas, tinham vantagem. Portanto, é seguro dizer que o cajado de Redramon está em seu domínio, nas Montanhas Ígneas — falou Danian.
— “Como eu mesmo já verifiquei, a Ordem dos Sábios possui em seu acervo um único poema que trata sobre Redramon e que irá nos ajudar a desvendar a possível localização — disse ele, retirando de suas vestes um pedaço de pergaminho. — Escrito por Serten Jokeboss, o poema ‘O fogo do Dragão’: ”
“…escondido em suas cavernas na montanha — O dragão se vangloria de seus salões — magníficas câmaras sustentadas por altas pilastras que transcendem a imaginação — e inveja os arquitetos. — Dizem que foi obra de ogros — mas apenas Redramon pode ter feito — pois seus luxos e caprichos estão detalhados — no mármore branco de seu império — que já ameaça os saxões — e desespera o rei de Nascar — império à sete passos da conquista — e dois passos de Ashnor… a entrada guarda o fogo da montanha — apenas o dragão consegue passar — resta ao outros — pelos ogros contornar…”
— Pelo que eu entendi, são duas semanas de Ashnor até os salões de Redramon, certo? — perguntou Morcian.
— Exato — disse Danian.
Artemísio então falou, com sua voz doce e melodiosa:
— Com sua licença, mas duas semanas contando que Serten Jokeboss era um bardo, um andarilho e parava em todos os lugares. Andava lentamente, conversava com todos que poderia e contava história a todos que passavam. Andando a pé deveria ser uma semana e alguns dias, e a cavalo com certeza cinco dias.
— É verdade… — falou Danian, surpreendendo-se com seus cálculos. — Bom, o poema também nos fala que a entrada é guardada por um fogo e que apenas Redramon passava, logo, como Serten mesmo disse, resta aos outros passarem pelos ogros, ou seja, andarem pelas profundezas dos túneis dos ogros até chegar aos salões. E estes túneis podem ser facilmente achados.
— Então os três devem ir por túneis dos ogros? Não seria mais fácil encontrar uma outra entrada para os Salões de Redramon? —perguntou Ambarion.
— A única entrada “guarda o fogo da montanha”. De qualquer forma, é mais seguro ir pelo túnel dos ogros do que se aventurar no exterior das montanhas procurando uma entrada. A rota mais provável seria ir clandestinamente até as Montanhas Albinas e , então, passar até as Montanhas Ígneas — disse Danian.
— E os animais das montanhas? A ira dos ursos e leopardos está aumentando. Talvez a aliança com a Ordem dos Sábios tenha acabado. — Acrescentou Morcian.
— Sim… — falou Ambarion, como se estivesse se lembrando de algo. — Os ursos e leopardos que habitam as Montanhas Albinas estão “estranhos”… Pequenos incidentes estão sendo investigados por nós e provavelmente são obras deles. Talvez passar por lá não seja aconselhável.
— Concluindo a rota deve ser escolhida pelos representantes, certo? — perguntou Morcian.
Danian confirmou com a cabeça. Ambarion apontou um baú velho de madeira muito escura, quase escondido no canto da sala. Artemísio foi até lá e trouxe o baú, demonstrando à Helan, que até então acreditava que Artemísio não iria durar nada, bastante força.
Artemísio deixou o baú na frente de Ambarion que apontou, com seu cajado, a fechadura do baú, que se abriu e uma pequena fumaça cinza, de anos de confinamento, saiu de lá. Acompanhando a fumaça três objetos metálicos pairaram no ar, vindos de dentro do baú: um escudo em ouro velho, uma clava de prata que mais se assemelhava a ferro envelhecido com pontas reluzentes e um bracelete de bronze.
— Por favor, representantes, aqui em minha frente! — ordenou Ambarion. Toreg e Artemísio saíram do lado de seus respectivos senhores e Helan deu alguns passos à frente. — Pela Ordem dos Sábios presenteio vocês com relíquias nossas. Artemísio, você recebe agora um escudo que lhe protegerá contra a maioria dos males deste mundo.
O escudo foi caindo até ser pego pela mão de Artemísio, que pode contemplar melhor o item. De perto, parecia mais velho ainda. Na borda do escudo redondo, espirais, umas por cima das outras, remontavam a uma antiga era. No centro, estava gravado um losango à frente de um pilar.
— Toreg, você recebe agora uma clava que poderá quebrar as mais profundas ligas e penetrar as mais resistentes construções — disse Ambarion.
A clava foi caindo semelhantemente ao escudo. Toreg segurou firmemente o objeto passando a mão para sentir sua composição e constatou que, mesmo parecendo apenas ferro, era prata.
— Helan, você recebe agora um bracelete que avisará dos perigos eminentes, prevenindo problemas — disse o arquimago.
O bracelete caiu levemente no braço de Helan, ajustando-se perfeitamente. Era um bracelete de bronze, reluzente e, certamente, precisava ficar escondido dentro de suas vestes para evitar eventuais assaltos. O objeto esquentou a pele de Helan, fazendo-a se sentir revigorada e vívida ao mesmo tempo que tranquíla e satisfeita.
— Estas são relíquias de valor e irão lhes ajudar nesta empreitada. Uma caminhada até as Montanhas Vermelhas é algo cansativo e sugará semanas de suas energias. Entretanto, a Ordem dos Sábios está enviando-os e apoiando-os. Vocês devem ir com a minha bênção para que caminhem em paz — disse Ambarion. As belas portas de carvalho se abriram. Do lado de fora, três cavalos castanhos esperavam em formação simétrica bem em frente com algumas folhas tapando-lhes o corpo. O Grão-Sábio apontou na direção deles.
Artemísio se ajoelhou em sinal de respeito aos magos ali presentes, aproximou-se de Ambarion beijando-lhe a mão branca e fria. Toreg apenas confirmou positivamente com sua cabeça para Morcian e fez uma “quase” reverência ao Arquimago, abrindo seus braços e dobrando um pouco seus joelhos. Depois saiu, acompanhando Artemísio.
Já Helan correu ao encontro de Danian, deu-lhe um abraço forte e afetivo. Era a sua despedida de seu mestre, seu senhor que lhe ensinara tudo o que sabia até agora. Reverenciou Ambarion e Morcian, do centro da sala, e saiu em disparada em direção ao cavalo que lhe foi destinado. Montou no cavalo que, apesar de não aparentar, era de raça, e saiu galopando junto de Artemísio atrás de Toreg, que já estava bem à frente.
Na Câmara, Morcian levantou-se, rapidamente, declarando apenas:
— Devo ir agora, Ambarion, como lhe falei que faria.
— Que a magia guie você. — Assentiu o Arquimago.
Morcian saiu do recinto pela porta próxima ao carvalho, com sua capa negra esvoaçando e sua irritação acumulada. Ele não conseguia entender como que Danian tinha mais influência com Ambarion do que ele, um dos sábios. A questão era que nem sempre Danian tinha a influência, apenas contava com a razão, enquanto Morcian alfinetava-o com questões, perguntas e até ameaças indiretas.
É ironia descrever o Terceiro Sábio como alguém que não seja realmente sábio, agindo sem sabedoria. Mas Morcian era sábio e inteligente em vários assuntos, culto, informado, porém extremamente vingativo e destrutivo quando se tratando de Danian: seu inimigo quase que declarado.
No entanto, também seria ironia afirmar que Morcian é o antagonista das situações. Danian deixava esta disputa continuar. Ironia maior ainda é dizer que estes dois homens que acumulam uma competição entre si sejam considerados pessoas sábias, influentes e conhecedores das verdades.
Ambarion ainda se mantinha sentado. Seus instintos nunca o enganaram e nem era preciso usá-los naquele momento, quando indagou:
— Sua face mostra felicidade, mas há anseio em sua mente. Diga-me o que o aflige, Danian. Sei que algo o está perturbando. Será que esta busca pelo cajado não o alegrou?
— Não, não! — replicou. — A aprovação da Ordem me deixou muito feliz e gratificado, ainda mais agora que os três foram e a expedição começou. Meu anseio, porém, além de ser por Helan, é pela Ordem.
— Helan foi, pois você propôs e ela aceitou. Vocês dois propuseram isto. O que está feito está feito e nada pode reverter o que foi feito. É apenas isso que o aflige? — perguntou Ambarion. Danian negou com a cabeça. — Diga-me então o que na Ordem o está deixando angustiado.
Danian reuniu toda sua coragem para dizer uma única palavra que com certeza deixaria Ambarion com raiva. A palavra teria, como resposta, uma série de bombardeios do qual Danian tinha que lutar bravamente para se esquivar e fazer-se ouvido. Ele poderia evitar falar naquilo, mas sua consciência indicava que algo estava errado e, não resistindo, ele disse a tão profunda palavra:
— Morcian.
Ao contrário do que pensava Ambarion não se levantou, não realizou qualquer ação rápida e de raiva, apenas olhou. Olhou com um olhar que valeria por mil bombas ou mil horas no fogo, causando uma sensação que valeria por mil sentimentos relacionados ao medo que o homem ainda nem sonhou em encontrar. O olhar desaprovador de Ambarion disse o que mil palavras não poderiam dizer.
— Eu suspeito que ele não está ao lado da Ordem — prosseguiu Danian.
— E de quem ele estaria do lado? — perguntou Ambarion.
A resposta para isto era simples e Ambarion já havia presumido qual seria.
— Rarion, é claro — disse.
— É tolice dizer isto, Danian de Samian. Se fosse assim, já teríamos sido descobertos há muito tempo. Eu confio em Morcian, acima de tudo ele é de minha confiança. Vocês dois é que ficam se estapeando como crianças malcriadas. Nem se tratam com o mínimo de respeito que um mago trata outro. Esqueceu o código que consta no Livro das Verdades?
— Não, não me esqueci. Mas seu comportamento é suspeito — argumentou.
— De maneira alguma — falou Ambarion, mexendo apenas os lábios. Seu corpo estava parado devido à sua concentração em Danian. — Vocês dois, dois magos, sempre com inimizades. Acha que ele se sentaria ao meu lado se estivesse envolvido com este tirano que governa Nascar, que escraviza o povo e que submete todos às ordens dos Sax? Acha mesmo? Acha que este condenado que ousou matar toda a nobreza estaria associado a Morcian? Por favor, Danian, vá. Já basta um aprendiz se corromper e agora… — ele hesitou. Levantou-se, de cara abaixada, e foi se locomovendo para a saída. — Gostaria de falar mais alguma coisa?
Danian demorou alguns segundos para responder (apenas quando o Arquimago o olhou).
— Sim, comunico que irei à Akma, ao encontro de minha antiga mestra. — disse, engolindo um seco.
— Mande lembranças à Samian. Que a magia guie você — disse Ambarion saindo sem falar nada.
Capítulo 4 — Os Ladrões Durante um dia Artemísio, Toreg e Helan cavalgaram em silêncio, ainda se acostumando com a presença de cada um. Toreg no início ficava sempre à frente, mas depois foi cavalgando mais devagar, cansado. Haviam parado para descansar em uma estalagem na estrada que levava ao norte. Chegaram depois da meia-noite e saíram às cinco horas da manhã para evitar serem vistos. Eles estavam tomando muitas precauções. Sempre por onde passavam, se houvesse qualquer pessoa, eles se escondiam, tentavam passar discretamente. Já haviam andado bastante e agora estavam parados em uma pequena clareira na mata próxima da estrada de terra. Os caval
Capítulo 5 — Sombras na Ventania Quando a caixa de Helan foi aberta, a aprendiz chorava desesperadamente, temendo pelo que aconteceria e foi rapidamente repreendida: — Fique quieta! Vim ajudar vocês! — falou uma voz jovem. Helan não conseguia ver muita coisa, apenas grandes olhos verdes. Dois bracinhos frágeis desamarraram o pano que impedia a menina de dizer qualquer coisa. — Não sei como agradecer… — balbuciou ela. — Mas… por quê? — Eu vi que você é uma maga. — respondeu a voz jovem enquan
Capítulo 6 — Perante Autoridades Ruybar, a cidade portuária ao norte de Thalian, era uma das maiores cidades portuárias de Nascar. Hasflot contava com o grande mercado, ponto de encontro de muitos, e contava também com o porto, enquanto Ruybar funcionava exclusivamente para o porto. Era através dele que mercadorias de Akma chegavam e partiam (assim como as mercadorias de Ukrania, antes de Rarion chegar ao poder). Ruybar também contava com a UAPA (Universidade Alquímica Paul Atzgerald), construída pelo próprio Conde Atzgerald, que era a excelência em matérias de alquimia, poções, ervas, navegação e conhecimentos astrológicos e formara muitos homens sábios e ponderados.A UAPA deu à Ruybar uma nova visão: Ruybar não era mais somente a cidade merca
Capítulo 7 — O Servo Leal e seus Vermes Carnívoros Gormath era extremamente velho. Era careca no alto da cabeça, mas, na região da nuca, longos fios brancos caíam por cima das grandes peles grossas e pesadas que ele vestia. Sua pele era enrugada e caída, seus olhos eram claros e vazios. Podia se ver pela sua mão, que não estava debaixo de nenhuma pele, que Gormath era extremamente ossudo, sem carne. Era esquelético. A primeira impressão que causou em Helan, Toreg e Artemísio foi que ele era um cadáver. Mas na verdade era muito pior. Posicionados em cada canto da sala havia um animal branco (um babuíno, um antílope, um leão e uma hiena). Perto de uma das janelas próximas ao teto, havia uma
Capítulo 8 — O Resgate do ReitorA refeição no Palácio das Montanhas estava adiantada devido à pressa de Helan, Toreg e Artemísio. Eram cerca de dez horas da manhã e uma grande mesa fora posta na câmara, que ia desde a porta de pedra até o trono de ferro. A mesa estava ali por mera formalidade, pois apenas os três aventureiros estavam sentados ali. O restante dos animais servia-se das comidas e bebidas da mesa, mas se espalhavam pelo salão, comendo deitados, sem talheres ou até diretamente com a boca. Eles eram animais, apesar de tudo.— Então pretendem mesmo fundar um reino independente? — perguntou Helan para Corbinus, que estava deitado no chão com vários curativos em sua perna.— Sim, vamos reerguer o antigo Reino dos Animais Brancos. Já houve uma época onde os animais brancos foram respeitados e tinham
Capítulo 9 — A Invocação— Eles estão mais rápidos do que eu pensava — concluiu Rarion, com raiva. — Descobri a localização deles. Tenho de agir.No mesmo aposento com pilhas de livros e pergaminhos, o mago negro estava observando o orbe verde de seu cajado negro.— Concordo, Rarion. Mas em que consistiria esta sua ação? — perguntou Morcian, do outro lado da sala, mexendo em seu próprio cabelo negro com uma das mãos enquanto mantinha a outra atrás das costas.— Matá-los — respondeu Rarion com vigor. — Matá-los de uma vez por todas, acabar com meu problema, Morcian! Assim, estaremos livres para nós mesmos procurarmos o tal cajado.— Tenho que discordar disto. Não acho sábio matar meu capitão da guarda.— Você sabia disto quando o en
Capítulo 10 —TraiçãoDois dias após a avalanche que quase matara Toreg, Helan e Artemísio e que infelizmente matara alguns animais brancos, o grupo chegava no limite das Montanhas Albinas. Alaya andava com mais cautela, temendo se deparar com soldados Sax. A escolta chegava ao fim, pois a neve das Montanhas Albinas já não ocupava o ambiente. Eles estavam bem no limite das Montanhas Albinas. Quando os animais brancos chegaram às planícies, pararam.— De agora em diante, vocês estão por sua conta e risco — disse a leoparda. — Nós agradecemos tudo o que vocês fizeram, mas agora deixamos vocês. Nossa escolta está terminada, senhores heróis. Encontrarão uma floresta em seu caminho, a Floresta de Ashnor, onde conseguirão abrigo.— Não quer prosseguir conosco? — perguntou Helan.&mda
Capítulo 11 — A Velha e a Viscondessa— Como você deixou isto acontecer? — inquiriu a líder das Brisas.— Verona, não fale desta maneira comigo! — ordenou Aubrey, a ruiva. — Como poderia eu saber que tinham eles uma Luz de Athla?As Brisas discutiam fervorosamente por entre as nuvens. A chuva molhava todas. Seus cabelos estavam ensopados assim como suas roupas. Quando cada uma se pronunciava, um raio cortava o céu.— Se tivesse você sido mais rápida, teria conseguido matar os dois homens. Estariam dois eliminados se não estivesse brincando de seduzi-los! — esbravejou Morga.— Tente você fazer melhor do que fiz! — replicou a ruiva. — Mas prepare-se: possuem eles armas de Atlântida. Não só a Luz, nossa maior fraqueza, como um escudo resistente forjado naquela ilha maldita. E aquela garota...