Capítulo 30 - COMO VAI SER FICAR AQUI SOZINHA COM ELE?A porta da suíte se abriu com um leve clique e, imediatamente, o concierge entrou com as malas. O ambiente era amplo, moderno, e as janelas de vidro do chão ao teto ofereciam uma vista hipnotizante para o Golfo Pérsico, onde o sol da manhã cintilava sobre as águas calmas como uma miragem dourada.“Malas entregues, senhor,” disse o concierge, com um leve sorriso profissional, já se dirigindo para a saída.Thor tirou uma nota generosa da carteira e a entregou ao rapaz, que agradeceu discretamente com um leve aceno de cabeça antes de desaparecer pelo corredor silencioso.Celina entrou logo atrás e parou no centro do quarto. Seus olhos foram imediatamente atraídos pela paisagem além do vidro — uma imensidão azul, serena e silenciosa que parecia não ter fim. Por um momento, ela se perdeu ali. Uma sensação estranha a invadiu, como se aquela vista simbolizasse o abismo que agora existia entre ela e tudo que acreditava sobre sua vida. E,
Atravessando o imponente saguão do restaurante reservado no Jumeirah Burj Al Arab, Celina caminhava ao lado de Thor com a elegância de quem sabia que todos os olhares estavam sobre ela. E estavam. Cada passo, cada movimento suave, cada balanço sutil dos cabelos castanhos perfeitamente escovados deixava um rastro de silêncio admirado e pescoços se virando discretamente.Thor Miller, à frente, percebia os olhares masculinos que se voltavam para ela. A percepção era incômoda, como uma irritação constante debaixo da pele. Aquilo o contrariava, embora ele mesmo não compreendesse por quê. Sua expressão mantinha-se fria, os olhos como gelo, e o maxilar contraído denunciava a tensão.Ao entrarem no espaço reservado, uma mesa com quatro acionistas estrangeiros e uma mulher os aguardava. Homens poderosos, acostumados com ambientes de luxo e negociações bilionárias. Levantaram-se para cumprimentar Thor, que retribuiu com um aceno seco e firme. Em seguida, apresentou Celina com poucas palavras:—
Celina se virou com um susto, os olhos encontrando os dele, que estavam tão próximos, tão intensos, tão perigosamente contidos.— Você acha que pode me provocar daquele jeito e simplesmente me ignorar? — Thor sussurrou, a voz grave e baixa, mas repleta de algo que ela não soube identificar de imediato. Raiva? Desejo? Um misto enlouquecedor dos dois?Celina tentou soltar o braço, o coração disparado, mas estava paralisada. Pelo toque. Pelo olhar. Pela tensão que se acumulava feito tempestade prestes a romper.E foi ali, naquele exato momento, que ela percebeu: algo entre eles estava prestes a explodir.A porta da suíte ainda balançava suavemente atrás deles quando o silêncio pesado voltou a tomar conta do ambiente. A tensão, antes contida no olhar trocado na reunião, agora tomava forma na distância entre os dois, como uma tempestade prestes a desabar.Thor ainda segurava o braço de Celina com firmeza, como se quisesse extrair alguma resposta daquela pele quente sob seus dedos. O olhar
Thor colocou o copo de uísque com força sobre a mesa da sala, o som seco ressoando no ambiente silencioso da cobertura. Em seguida, fechou a garrafa com brusquidão, mas sua inquietação não cessou. Pegou novamente o copo, agora pela metade, e caminhou até a enorme janela de vidro que ocupava toda a parede. Do outro lado, o mar do Golfo se estendia tranquilo sob o céu da tarde, contrastando violentamente com o caos que se instalava dentro dele.Levou o copo aos lábios e tomou mais um gole, sentindo o líquido arder pela garganta. Ele não estava sabendo lidar com aquilo. Com ela. Com os sentimentos que Celina despertava. Era como se ela o desestruturasse por dentro, derrubando cada uma das muralhas que ele construiu com tanto empenho. E ele odiava isso. Odiava estar fora do controle.Pensava nela no quarto ao lado, e isso o deixava ainda mais furioso. Apertou o maxilar e fechou os olhos com força, como se pudesse apagar aquela imagem da mente.— Droga... — murmurou.O copo agora vazio vol
Angélica estava com coração na mão. Ela era uma pessoa que não suportava ver o sofrimento de ninguém, principalmente dos que amava. Isabela continuou com a encenação e respondeu sua sogra:— Mas eu o amo — fingiu um soluço. — Eu amo demais seu filho. E ele está me deixando de lado… nem marca a data do nosso casamento. Eu tô começando a achar que ele tá me enrolando.Angélica suspirou. — Não diga isso. Às vezes o Thor precisa de tempo. Ele sofreu tanto depois que ficou viúvo… Mas ele escolheu você, Isabela. Não duvide disso.— Mas eu tô ficando deprimida com tudo isso. Eu me sinto invisível… sem valor. — fingiu mais uma vez, agora com a voz mais embargada. — Me ajuda, dona Angélica. Fala com ele. Eu só quero ser feliz com o homem que eu amo.Do outro lado da linha, houve um silêncio compreensivo.— Eu vou falar com ele, sim. E você, querida, tenta manter a calma. Nada de precipitações. Eu gosto muito de você.— Obrigada… obrigada mesmo. — disse Isabela, antes de desligar, fingindo est
O silêncio da manhã foi a primeira coisa que atingiu Celina ao despertar. O lençol de cetim frio sob sua pele revelava que César não estava ali. Ela abriu os olhos lentamente, piscando contra a claridade difusa que entrava pelas cortinas entreabertas. Virou-se para o lado, confirmando o que já sabia: a cama ao seu lado estava intacta, como se ele sequer tivesse deitado ali naquela noite. Nos últimos meses, isso havia se tornado rotina: ele saía cedo e voltava tarde da noite, sempre alegando estar sobrecarregado no trabalho. Um suspiro escapou de seus lábios. Levantou-se devagar, os pés descalços encontrando o carpete macio enquanto caminhava até as grandes janelas do quarto. Puxou as cortinas, revelando a paisagem cinzenta lá fora. O céu carregado de nuvens, cinzento, trazia uma sensação estranha, uma melancolia que parecia invadir seu peito. Aquele céu refletia exatamente como ela se sentia por dentro. Suspirou fundo e murmurou para si mesma, quase sem perceber: — Agora ele
Celina abriu a porta do escritório, e seu mundo desmoronou. O ar sumiu dos seus pulmões. Seu coração deu um salto doloroso dentro do peito antes de despencar em um abismo de desespero. Ali, diante de seus olhos, estava César, seu marido, o homem que prometeu amá-la e respeitá-la, entrelaçado no corpo de outra mulher. Nicole estava jogada sobre a mesa, os cabelos loiros desarrumados, os lábios entreabertos em puro prazer. As pernas estavam enroscadas na cintura de César, as mãos cravadas em suas costas. A cena era crua, explícita, e Celina sentiu náuseas instantaneamente. Seu corpo congelou. O sangue gelou em suas veias. Ela queria gritar, mas a voz morreu em sua garganta. Queria correr dali, mas suas pernas não obedeciam. Nicole foi a primeira a notar sua presença. Em vez de pânico ou constrangimento, um sorriso surgiu em seu rosto. Um sorriso de satisfação. De triunfo. Celina sentiu o chão ceder sob seus pés. Os olhos de Nicole brilhavam com malícia, como se já esperas
Celina arqueou uma sobrancelha, avaliando-o por um instante. Ele não era como os homens que geralmente tentavam abordá-la. Não parecia apressado. Não usava uma cantada barata. Apenas oferecia algo simples, com uma confiança desconcertante. E, talvez pelo álcool, ou talvez porque precisava desesperadamente se sentir desejada depois de ser descartada como lixo, ela sorriu de canto. — Aceito. O homem inclinou levemente a cabeça, o sorriso de canto quase desafiador. — Você não parece do tipo que aceita bebidas de estranhos. Celina soltou um riso baixo, sem humor. — Talvez hoje eu seja. Ele a observou atentamente, os olhos escuros estudando cada detalhe de seu rosto. — Então hoje é um dia atípico. — Pode apostar que sim. O homem ergueu uma mão, chamando o garçom, e sem nem precisar olhar o cardápio, pediu: — O melhor drink do bar para esta senhorita. Celina observou enquanto o garçom assentia e se afastava. O homem então puxou um banco e se sentou ao lado dela, casua