Dois dias depois, enquanto o sol da manhã iluminava suavemente a cozinha, Amy estava distraída, secando a louça com movimentos automáticos, sua mente claramente em outro lugar. Marcus a observava de longe, enquanto Zoe e Melissa conversavam tranquilamente. O ambiente estava calmo, mas ele sabia que havia uma pergunta que estava evitando fazer, algo que estava no ar desde a chegada dele a Oakland.Finalmente, ele se levantou e se aproximou de Amy, que estava secando alguns pratos.— Amy, eu... — começou ele, em um tom hesitante.Ela se virou para ele, percebendo a mudança de tom, e lhe deu um pequeno sorriso.— O que foi?— Preciso voltar para Los Angeles — disse ele, um pouco relutante. — Sophie está com os meus pais, mas não quero deixá-la sozinha por mais tempo. Ela sente minha falta.O sorriso de Amy diminuiu, e seus olhos mostraram um leve toque de tristeza. Ela sabia que esse momento chegaria, mas, de alguma forma, esperava que pudesse adiar um pouco mais.— Claro — respondeu ela
No dia seguinte, o sol ainda despontava no horizonte quando a casa de Amy se encheu de atividade. Melissa e Charles estavam no quarto, separando roupas e itens essenciais, enquanto Zoe, sempre animada, já havia colocado quase tudo o que trouxe para Oakland de volta na mala. Ela entrou no quarto dos pais de Amy com a habitual energia, pronta para ajudar.— Tia, tio, estão precisando de ajuda com algo? — perguntou Zoe, já indo em direção ao guarda-roupa.— Acho que está tudo sob controle por aqui, Zoe — disse Melissa, sorrindo. — Mas, já que está oferecendo, pode me ajudar a escolher algumas roupas mais casuais? Não quero levar muita coisa.Zoe assentiu e começou a vasculhar o guarda-roupa de Melissa, sempre com suas opiniões espontâneas sobre cada peça que encontrava. Enquanto isso, Charles dobrava com cuidado algumas camisas, mantendo o semblante sério, mas havia uma leve expectativa no ar. Ele sabia que aquela viagem poderia ser um ponto de virada para sua vida.— Está animado, tio?
Ao chegarem a Los Angeles, o jatinho particular da família Caldwell pousou suavemente na pista do aeroporto privado. O céu da cidade já estava claro, com um leve toque de névoa mais adiante, enquanto o grupo desembarcava. Amy desceu as escadas da aeronave com uma mistura de ansiedade e cansaço mental, tentando se acostumar com a ideia de estar de volta à cidade que tanto a machucou.Um carro de Marcus já aguardava perto da pista, pronto para levar todos para a casa de Amy para guardarem as malas. Zoe entrou no banco de trás com Melissa e Charles, enquanto Amy foi no banco da frente como companhia de Marcos que dirigia.Enquanto Marcus dirigia pela estrada de Los Angeles, Amy olhava pela janela, absorvendo a familiar paisagem urbana da cidade que há muito havia deixado para trás. Os arranha-céus e o trânsito intenso eram um contraste gritante com a tranquilidade de Oakland. Seus pensamentos vagavam entre a nostalgia e o desconforto de estar de volta. Ela sabia que essa volta era inevit
Amy acordou uma hora depois, com o corpo ainda pesado, mas os pensamentos mais calmos. O cheiro delicioso que invadia o ambiente a fez levantar-se da cama. Desceu as escadas e foi direto para a cozinha, onde encontrou Charles mexendo habilidosamente nas panelas, como se estivesse em sua própria casa.— Pai? — chamou Amy suavemente, enquanto se aproximava. — O que você está fazendo? Eu ia levar vocês para almoçar fora.Charles sorriu por cima do ombro, mas não parou de mexer a carne que dourava na frigideira.— Eu sei, filha. Mas, quando vi a sua despensa cheia de ingredientes que eu só vejo em programas de TV ou que nunca encontro lá em Oakland, não resisti. Me senti na obrigação de fazer um almoço caprichado para a família — disse ele, seu sorriso ampliando-se. — Além disso, a Zoe chamou sua mãe para a piscina. Faz tanto tempo que eu não vejo a Melissa tão relaxada. Achei que seria melhor ficarmos por aqui hoje. Temos todo o tempo do mundo para sair depois.Amy sorriu, sentindo uma m
Com o clima mais leve e o coração menos apertado, Amy ajudou Charles a finalizar o almoço. O cheiro da comida preencheu a cozinha e a casa como um abraço quente, trazendo consigo uma sensação de lar que ela tanto precisava naquele momento. Entre mexer as panelas e cortar os legumes, ambos se moviam de maneira sincronizada, trocando olhares e sorrisos que não precisavam de palavras para serem compreendidos.Algum tempo depois, o som de risadas que vinha do lado de fora foi ficando mais alto, e Melissa entrou na cozinha com os cabelos ainda úmidos da piscina, o rosto iluminado por um sorriso genuíno que Amy raramente via em sua mãe.— Meu Deus, Amy! Eu não fazia ideia de que esse lugar era tão incrível! — exclamou Melissa, enquanto passava a toalha nos cabelos. — A piscina é maravilhosa! Sabe, eu achei que aquelas fotos que você me mandou estavam exagerando, mas você superou todas as expectativas. Isso aqui é um paraíso!Antes que Amy pudesse responder, Zoe entrou logo atrás, rindo e ba
Zoe estava sentada na ampla varanda da mansão que dividia com Amy, observando o sol se pôr por trás das colinas de Hollywood após o passeio junto com Amy e os tios. O céu dourado parecia uma pintura distante, algo intocável. Ela respirou fundo, tentando absorver a serenidade do momento, mas, mesmo ali, algo pesava dentro dela. Aquele lugar era a sua casa, um refúgio que ela compartilhava com Amy e agora com os pais dela, que, ao longo do último ano, haviam se tornado a única figura parental verdadeira que conhecia.Ela nasceu em Bruxelas, Bélgica, e lembrava vagamente de sua infância lá. As ruas de paralelepípedos e o cheiro de chocolate fresco das lojas próximas eram memórias distantes, mas acolhedoras. Aos cinco anos, seus pais decidiram se mudar para a Califórnia, buscando novas oportunidades. Zoe, apesar de jovem, estava empolgada com a mudança, abraçando a cultura vibrante do novo país.Desde cedo, ela se mostrava espontânea e criativa, sempre inventando pequenas encenações e fin
Zoe respirou fundo e enxugou discretamente uma lágrima que desceu, sentindo o cheiro da comida de Charles invadir a varanda. O cheiro familiar trouxe uma sensação de conforto, como se aquele ambiente fosse seu verdadeiro lar. Ela se afastou do parapeito, voltando para dentro, pronta para ajudar Amy com os preparativos da janta.Na cozinha, Charles estava ocupado na preparação do jantar, mexendo uma panela com uma concentração divertida. Melissa, ao seu lado, estava organizando os temperos e trocando receitas com Charles, como faziam toda vez que cozinhavam juntos. A atmosfera era leve, cheia de risadas e piadas sobre quem cozinhava melhor. Zoe, mesmo ainda um pouco pensativa, sorriu ao ver os dois assim.Amy estava na sala de jantar, ajeitando a mesa com uma dedicação que a fazia parecer ainda mais envolvida na rotina doméstica que construíram juntas. Quando Zoe entrou, Amy sorriu para ela, um olhar cúmplice e cheio de carinho.— Tudo bem? — Amy perguntou suavemente, enquanto ajeitava
No dia seguinte, a noite já havia caído, e Amy estava finalizando os toques no cabelo, ajustando o vestido, sentindo-se ao mesmo tempo elegante e um pouco nervosa. Marcus havia chegado há poucos minutos para buscá-la e aos pais dela, para o jantar na casa de seus próprios pais. Era a primeira vez que Amy veria Benjamin e Charlotte Caldwell, e a importância desse encontro não passou despercebida.— Está tudo bem? — Marcus perguntou ao vê-la se olhar no espelho com um toque de apreensão.— Quero causar uma boa impressão — ela disse, girando levemente para ver o caimento do vestido. — Eu sei que você disse que seus pais não se importam com isso, mas eu quero que seja especial.— E será — ele respondeu, aproximando-se e beijando-a suavemente na testa. — Você está incrível.Enquanto isso, Melissa e Charles também estavam prontos. Melissa usava um vestido simples, mas elegante, que Zoe havia insistido em emprestar, e Charles estava em um terno que Marcus havia lhe oferecido. Ele claramente