Amy acordou com uma sensação de peso sobre os ombros, como se o mundo ainda estivesse sobre ela. Seus olhos estavam secos, mas a dor ainda era tangível em seu peito. O quarto que um dia fora seu refúgio agora parecia estranho, desconfortável, como se não pertencesse mais àquele lugar, e ela se sentia deslocada em sua própria pele. Ao descer as escadas, Melissa estava na cozinha, preparando o café da manhã, e Charles, sentado à mesa, lhe deu um sorriso acolhedor, tentando não a pressionar.— Bom dia, filha. — Melissa disse suavemente, colocando uma xícara de chá diante dela.Amy não respondeu. Limitou-se a um leve aceno de cabeça, o que já era mais do que havia feito nos últimos cinco dias. Charles, percebendo que as palavras não eram a melhor forma de alcançá-la no momento, fez uma sugestão com um tom calmo.— O que você acha de passarmos o dia juntos hoje? — Ele perguntou, tentando encontrar uma maneira de trazê-la de volta à realidade, mesmo que por um breve momento. — Pensei em faz
Do lado de fora, Victoria observava Marcus com olhos determinados. Ela sabia que ele estava emocionalmente vulnerável, e essa era sua oportunidade de finalmente conquistá-lo. Nos últimos dias, tinha se tornado mais ousada, vestindo-se de maneira ainda mais provocante na tentativa de chamar sua atenção. No entanto, Marcus parecia cada vez mais distante, e a frustração de Victoria só aumentava. Naquele momento, ela decidiu agir.Com passos calculados, Victoria entrou no escritório sem bater e trancou a porta atrás de si, um clique suave que Marcus não ouviu por estar perdido na música. Ela o observou de costas, absorto, totalmente alheio ao que acontecia ao seu redor. Lentamente, Victoria começou a tirar sua roupa, deixando o vestido cair aos pés com um movimento lento e sensual. Agora, vestida apenas com uma lingerie preta rendada, ela caminhou em direção a ele, com a respiração acelerada pela antecipação.Marcus continuava imóvel, os olhos fixos na paisagem do lado de fora, a melodia
— Acorde para a realidade, Marcus! — Ela cuspiu as palavras com um tom ácido. — Você acha mesmo que aquela garotinha te ama? Que ela está com você porque é um homem incrível? — Ela soltou uma risada amarga. — Não seja ridículo. Ela está com você porque você é Marcus Caldwell, o famoso CEO, rico e influente. Um troféu para ela exibir. Mas agora que todos sabem sobre o vídeo, agora que a sociedade está contra esse relacionamento... você realmente acha que ela vai continuar com você? Ela vai te deixar, Marcus!Marcus permanecia em silêncio, os punhos cerrados ao lado do corpo, os olhos semicerrados, como se absorvesse cada palavra dela, tentando controlar a raiva que borbulhava dentro de si.— Ela vai te deixar porque você é vinte anos mais velho, viúvo, e ainda tem uma filha. Que mulher jovem e no auge da carreira vai querer isso? — Ela deu um passo à frente, sem noção do quão perto estava de ultrapassar os limites. — Você é patético se acha que tem alguma chance com alguém como ela. El
Amy segurava o copo de água com as mãos trêmulas, a dor no peito quase insuportável. O silêncio da sala parecia sufocá-la enquanto ela tentava encontrar as palavras certas. Seus lábios tremiam, mas ainda assim ela permanecia em silêncio, lutando contra a onda de emoções que ameaçava engoli-la.— Minha filha — Charles interveio suavemente, inclinando-se na poltrona ao lado —, não importa o que esteja acontecendo, você não precisa enfrentar isso sozinha. Estamos aqui, sempre estaremos. Mas precisamos que você nos deixe entrar. Você precisa confiar em nós.As lágrimas começaram a se formar nos olhos de Amy, e sua visão ficou turva. A pressão que ela tentava segurar finalmente parecia ceder um pouco. Ela engoliu em seco, a voz quase inaudível quando conseguiu finalmente falar.— Eu... eu só... — Ela tentou, mas as palavras saíam entrecortadas pela dor. — Eu sinto como se estivesse afundando e... não consigo mais sair. Não consigo escapar de tudo isso.Melissa e Charles trocaram olhares pr
Passaram-se mais alguns dias desde que Amy havia se isolado em Oakland, sem qualquer contato com Marcus ou com suas redes sociais. A vida na casa dos pais seguia tranquila, mas o peso do silêncio entre ela e Marcus crescia a cada dia que passava. Charles e Melissa, percebendo o estado emocional da filha, pararam de tocar no assunto, embora a preocupação ainda pairasse no ar. Eles sabiam que a pressionar não ajudaria, então optaram por oferecer suporte sem invadir seu espaço.Amy, por sua vez, tentava encontrar alívio nas pequenas rotinas diárias. O som do vento nas árvores do quintal, as conversas ocasionais com os pais durante o jantar, e a quietude das manhãs eram as únicas coisas que a mantinham estável. Mas o vazio causado pela ausência de Marcus era inegável.Finalmente, Zoe chegou para passar uns dias com ela. Zoe havia tirado férias e voado para Oakland, decidida a dar algum apoio à amiga. Ao chegar, o clima leve e descontraído de Zoe trouxe um pouco de ar fresco para a casa do
Amy, que estava perdida em seus pensamentos, imediatamente se virou para a amiga, alarmada.— O que foi? Aconteceu alguma coisa?Zoe não respondeu de imediato, os olhos ainda fixos na tela do celular. Ela parecia absorver as informações rapidamente, sem conseguir processar de uma só vez.— É o Marcus — Zoe finalmente disse, sem tirar os olhos do aparelho. — Ele está fazendo uma coletiva de imprensa... para esclarecer tudo.Amy congelou, o coração disparando no peito. Ela sentiu uma mistura de medo e curiosidade ao mesmo tempo.— Coletiva de imprensa? — ela repetiu, incrédula. — Mas... para falar sobre o quê?Zoe olhou para Amy com seriedade, percebendo o pânico crescendo nos olhos da amiga. Ela entregou o celular para Amy, que hesitante, olhou para a tela. Lá estavam várias manchetes de notícias que falavam sobre Marcus: "CEO das Joalherias Caldwell finalmente irá se pronunciar sobre rumores com cantora Amy Aurora"; "Marcus Caldwell quebra o silêncio em coletiva de imprensa".Amy sent
Amy sentiu o coração disparar quando pegou o celular de Zoe. Ela hesitou por um momento, o dedo pairando sobre o nome de Marcus. Quinze dias sem falar com ele, quinze dias tentando se afastar de tudo e de todos, mas agora, depois do que tinha acabado de ver, sabia que não podia mais fugir. Com uma respiração profunda, apertou o botão de chamada.Do outro lado, Marcus estava finalizando sua coletiva. A sala de imprensa ainda estava em silêncio após sua declaração, e ele se preparava para responder a mais uma pergunta quando sentiu o celular vibrar no bolso. Olhando de relance, viu o nome de Zoe na tela. Por um segundo, pensou em não atender, afinal, estava no meio da coletiva, mas algo dentro dele o fez hesitar. Um pressentimento estranho o dominou. Talvez fosse sobre Amy.Ele olhou para os repórteres, murmurando algo para ganhar alguns segundos, e então, num gesto rápido, atendeu a chamada.— Alô? Está tudo bem? — Ele perguntou, a voz cheia de preocupação. — Aconteceu algo com Amy?Do
Marcus saiu do carro praticamente saltando de ansiedade. Cada passo que dava até a casa dos pais parecia mais rápido que o anterior, o coração acelerado, os pensamentos fixos em Amy. Quinze dias. Quinze dias sem a ver, sem falar com ela, sem saber realmente como ela estava. Agora que finalmente tinha ouvido sua voz, a necessidade de estar ao lado dela era incontrolável. Ele chegou à porta da casa dos pais e mal esperou para bater, girando a maçaneta com força e entrando.Na sala, Benjamin e Charlotte estavam sentados no sofá, absorvendo o final da coletiva de imprensa que acabara de passar na televisão. Charlotte, que ainda estava tentando entender a súbita saída do filho durante o evento, virou a cabeça rapidamente ao ouvir o barulho da porta. Seus olhos brilharam ao ver Marcus entrar. Havia algo nele que ela não via há muito tempo: um brilho de felicidade verdadeira. Depois da morte de Rose, Marcus nunca mais tinha sido o mesmo, mas agora, olhando para ele, ela sentia que algo final