Amy segurava o copo de água com as mãos trêmulas, a dor no peito quase insuportável. O silêncio da sala parecia sufocá-la enquanto ela tentava encontrar as palavras certas. Seus lábios tremiam, mas ainda assim ela permanecia em silêncio, lutando contra a onda de emoções que ameaçava engoli-la.— Minha filha — Charles interveio suavemente, inclinando-se na poltrona ao lado —, não importa o que esteja acontecendo, você não precisa enfrentar isso sozinha. Estamos aqui, sempre estaremos. Mas precisamos que você nos deixe entrar. Você precisa confiar em nós.As lágrimas começaram a se formar nos olhos de Amy, e sua visão ficou turva. A pressão que ela tentava segurar finalmente parecia ceder um pouco. Ela engoliu em seco, a voz quase inaudível quando conseguiu finalmente falar.— Eu... eu só... — Ela tentou, mas as palavras saíam entrecortadas pela dor. — Eu sinto como se estivesse afundando e... não consigo mais sair. Não consigo escapar de tudo isso.Melissa e Charles trocaram olhares pr
Passaram-se mais alguns dias desde que Amy havia se isolado em Oakland, sem qualquer contato com Marcus ou com suas redes sociais. A vida na casa dos pais seguia tranquila, mas o peso do silêncio entre ela e Marcus crescia a cada dia que passava. Charles e Melissa, percebendo o estado emocional da filha, pararam de tocar no assunto, embora a preocupação ainda pairasse no ar. Eles sabiam que a pressionar não ajudaria, então optaram por oferecer suporte sem invadir seu espaço.Amy, por sua vez, tentava encontrar alívio nas pequenas rotinas diárias. O som do vento nas árvores do quintal, as conversas ocasionais com os pais durante o jantar, e a quietude das manhãs eram as únicas coisas que a mantinham estável. Mas o vazio causado pela ausência de Marcus era inegável.Finalmente, Zoe chegou para passar uns dias com ela. Zoe havia tirado férias e voado para Oakland, decidida a dar algum apoio à amiga. Ao chegar, o clima leve e descontraído de Zoe trouxe um pouco de ar fresco para a casa do
Amy, que estava perdida em seus pensamentos, imediatamente se virou para a amiga, alarmada.— O que foi? Aconteceu alguma coisa?Zoe não respondeu de imediato, os olhos ainda fixos na tela do celular. Ela parecia absorver as informações rapidamente, sem conseguir processar de uma só vez.— É o Marcus — Zoe finalmente disse, sem tirar os olhos do aparelho. — Ele está fazendo uma coletiva de imprensa... para esclarecer tudo.Amy congelou, o coração disparando no peito. Ela sentiu uma mistura de medo e curiosidade ao mesmo tempo.— Coletiva de imprensa? — ela repetiu, incrédula. — Mas... para falar sobre o quê?Zoe olhou para Amy com seriedade, percebendo o pânico crescendo nos olhos da amiga. Ela entregou o celular para Amy, que hesitante, olhou para a tela. Lá estavam várias manchetes de notícias que falavam sobre Marcus: "CEO das Joalherias Caldwell finalmente irá se pronunciar sobre rumores com cantora Amy Aurora"; "Marcus Caldwell quebra o silêncio em coletiva de imprensa".Amy sent
Amy sentiu o coração disparar quando pegou o celular de Zoe. Ela hesitou por um momento, o dedo pairando sobre o nome de Marcus. Quinze dias sem falar com ele, quinze dias tentando se afastar de tudo e de todos, mas agora, depois do que tinha acabado de ver, sabia que não podia mais fugir. Com uma respiração profunda, apertou o botão de chamada.Do outro lado, Marcus estava finalizando sua coletiva. A sala de imprensa ainda estava em silêncio após sua declaração, e ele se preparava para responder a mais uma pergunta quando sentiu o celular vibrar no bolso. Olhando de relance, viu o nome de Zoe na tela. Por um segundo, pensou em não atender, afinal, estava no meio da coletiva, mas algo dentro dele o fez hesitar. Um pressentimento estranho o dominou. Talvez fosse sobre Amy.Ele olhou para os repórteres, murmurando algo para ganhar alguns segundos, e então, num gesto rápido, atendeu a chamada.— Alô? Está tudo bem? — Ele perguntou, a voz cheia de preocupação. — Aconteceu algo com Amy?Do
Marcus saiu do carro praticamente saltando de ansiedade. Cada passo que dava até a casa dos pais parecia mais rápido que o anterior, o coração acelerado, os pensamentos fixos em Amy. Quinze dias. Quinze dias sem a ver, sem falar com ela, sem saber realmente como ela estava. Agora que finalmente tinha ouvido sua voz, a necessidade de estar ao lado dela era incontrolável. Ele chegou à porta da casa dos pais e mal esperou para bater, girando a maçaneta com força e entrando.Na sala, Benjamin e Charlotte estavam sentados no sofá, absorvendo o final da coletiva de imprensa que acabara de passar na televisão. Charlotte, que ainda estava tentando entender a súbita saída do filho durante o evento, virou a cabeça rapidamente ao ouvir o barulho da porta. Seus olhos brilharam ao ver Marcus entrar. Havia algo nele que ela não via há muito tempo: um brilho de felicidade verdadeira. Depois da morte de Rose, Marcus nunca mais tinha sido o mesmo, mas agora, olhando para ele, ela sentia que algo final
Marcus sentiu o coração acelerar enquanto o jatinho descia suavemente em Oakland. A escuridão da noite já havia tomado conta do céu, mas a cidade parecia viva, iluminada pelas luzes urbanas. Ele olhou pela janela, ansioso. Quinze dias sem ver Amy tinham sido um teste para sua paciência, e agora, a apenas alguns quilômetros dela, tudo parecia finalmente voltar ao eixo.Quando o avião pousou e a escada foi colocada, Marcus desceu rapidamente, o ar frio da noite batendo em seu rosto. Ele já havia feito planos na cabeça sobre como abordaria Amy. Não queria chegar de mãos vazias, ainda mais considerando que encontraria seus pais pela primeira vez. O pensamento de parecer insensível o incomodava profundamente.Assim que entrou no carro que o aguardava, ele rapidamente digitou uma mensagem para Zoe:"Zoe, estou em Oakland. Preciso do endereço da casa dos pais da Amy. Me ajuda, por favor."Ele esperou por alguns minutos enquanto o carro seguia pelas ruas tranquilas de Oakland, as luzes dos po
Marcus ainda estava processando o abraço caloroso de Melissa, um contraste marcante com a recepção mais cautelosa de Charles, quando Amy retornou para a cozinha com um sorriso no rosto.— Obrigada pelas rosas, Marcus — disse Melissa, sorrindo. — Pedi para a Amy colocá-las em um vaso. São lindas.Marcus acenou, sentindo-se aliviado pela forma acolhedora de Melissa.— Fico feliz que tenha gostado — respondeu ele, tentando manter a conversa leve. — Achei que seria uma boa maneira de mostrar respeito.Charles observou a interação por alguns momentos antes de notar o bolo ainda nas mãos de Marcus. Ele estendeu a mão para pegar o pacote com uma risada leve.— Bom, vamos colocar esse bolo na cozinha. Não podemos deixar ele de fora da festa, certo? — Charles disse, guiando Marcus para a cozinha.Enquanto Charles preparava tudo para cortar o bolo, Melissa o interrompeu gentilmente, com um tom firme, mas afetuoso.— Querido, guarde esse bolo para depois. Agora é hora da janta — disse ela, com u
O jantar tinha terminado, e a atmosfera estava mais leve. Melissa e Charles estavam na cozinha, conversando baixo enquanto arrumavam a louça. Amy, por outro lado, estava parada à porta, observando Marcus em silêncio. Ele parecia pensativo, talvez refletindo sobre a noite que acabaram de passar com seus pais. Ela sentiu um calor familiar aquecer seu peito, uma mistura de ternura e nervosismo ao pensar no que tinha acabado de acontecer.Finalmente, Amy quebrou o silêncio.— Mãe, pai... Eu vou dar uma volta com o Marcus pelo quarteirão, tudo bem? — ela disse com tranquilidade, virando-se para Melissa e Charles, que estavam a alguns passos de distância.Melissa, ainda secando um prato, levantou o olhar e sorriu suavemente.— Claro, querida — respondeu ela, com um tom de compreensão. — Eu vou arrumar um lugar para o Marcus dormir. Se precisar de algo, me avise.Amy assentiu, sentindo um leve alívio com a reação da mãe. Era como se o ar estivesse um pouco mais leve agora, e as tensões do ja