Após o avião pousar em Los Angeles, Amy pigarreou e saiu logo atrás do homem de olhos verdes. Estava envergonhada, tão acostumada a ter fãs ao seu redor que uma interação com alguém que parecia não a conhecer a deixou desconcertada.
Não sabia ao certo como poderia pedir desculpas, e sentia que não podia deixar aquele homem ir embora sem um pedido de desculpas realmente válido. Sentia que precisava falar com ele novamente, era como se o seu corpo estivesse sendo atraído para ele.
Assim que saíram do avião, Amy, por um impulso segurou o braço do homem ainda a sua frente.
— O quê? — Amy observou o olhar confuso e cansado do homem a sua frente que parecia ter pelo menos uns 35 anos. — O que está fazendo?
— Ah! Desculpe. — Balbuciou as palavras sem saber ao certo o porquê de ter feito aquilo. — O lenço. — Pigarreou evitando o olhar dele. — O lenço que me emprestou. — Começou desajeitada, completamente sem graça. — Preciso devolvê-lo. Se me falar qual o seu nome e onde trabalha, posso pedir para levarem um novo até você.
— Não. Pode ficar com esse, ou jogar fora. Tanto faz, sinceramente isso não é importante no momento. — Franziu o cenho enquanto encarava a pequena mão delicada e clara que segurava o seu braço. Tinha a sensação que se puxasse o braço ou afastasse a mão dela com a sua própria, poderia quebrá-la. — Olha, seja lá quem você é, eu não quero um autógrafo e não quero um agradecimento ou algo do tipo. Está tudo bem, de verdade. — Soltou um suspiro profundo. — Não precisa tentar ser gentil.
— Não — Amy sentiu a voz falhar, então pigarreou novamente e engoliu em seco. — Não estou tentando ser gentil, quer dizer, em partes. Mas realmente gostaria de devolver o lenço, você não precisava ter me dado ele, mas mesmo assim me deu e
— Marcus! — Antes mesmo que Amy pudesse continuar sua frase, uma linda mulher loira dos olhos verdes gritou enquanto acenava para o homem com quem a cantora estava falando.
Amy se retraiu, sentindo-se imensamente inferior diante da beleza da mulher que caminhava lindamente com seu vestido vermelho exageradamente decotado e colado. Foi então que lentamente soltou o braço do homem a sua frente e virou as costas procurando com o olhar por Ethan que parecia ainda não ter descido do avião.
Um sentimento de descontentamento se apossou de seu corpo assim que viu a loira praticamente esfregando os peitos para que o homem dos olhos verdes olhasse.
— Amy! — Ethan acenou para a cantora assim que a viu e abriu um enorme sorriso, e Amy viu essa oportunidade para sair de fininho e ir até o seu gerente.
— Você demorou. — Disse Amy enquanto segurava o braço do gerente e um sentimento de alívio apossava-se de seu corpo. — Perdeu-se lá dentro? Achei que nunca mais sairia
— Fui confirmar que você não havia esquecido sua mala, e adivinha? — Ethan fez uma careta enquanto apontava para a mala de cor creme. — Você precisa ter mais cuidado com suas coisas, garotinha.
— Não me chame assim. — Franziu o cenho, mas logo sorriu e acabou desviando o olhar para o homem, que havia descoberto se chamar Marcus, caminhando com a loira bonita agarrada em seu braço. — Vamos? Quero descansar. Sei que daqui a dois dias temos que ir para Toronto em um novo show.
— Eu avisei que você poderia recusar e tirar as férias antecipadas. — Ethan sorriu e caminhou lentamente com Amy ao seu lado até o carro. — Mas você é teimosa o suficiente para aceitar isso. Já falei que irá acabar tendo um colapso. O que vão dizer sobre mim se a minha Aurora tiver um burnout? Negativo, quero que descanse. Você irá tirar suas férias no próximo mês, fará dois meses de pausa e sem negociação.
— Não é como se eu pudesse protestar. — Fez um biquinho e Ethan beliscou sua bochecha enquanto fazia uma careta. — Inclusive, quem era aquele homem sentado ao meu lado? Aquele dos olhos verdes.
— Ah, o Senhor Caldwell. Marcus Caldwell. Pedi para que ele trocasse de lugar comigo, mas ele sequer me deu ouvidos. — Ethan disse simplista enquanto Amy arregalava os olhos só então se dando conta de que o homem ao seu lado era simplesmente o primogênito dos Caldwell. — Ele chegou a falar com você? Vi que teve um momento que você o encarou e ele entregou algo a você.
— O quê? — Deu um sorriso forçado e balançou a cabeça. — Nada de mais, apenas perguntei se ele tinha um lenço.
— Andou chorando? — Ethan segurou o rosto de Amy e encarou seus olhos a deixando envergonhada.
— Meu rímel estava borrado. — Amy se afastou de Ethan e voltou a caminhar.
Marcus acabou olhando para trás, por algum motivo, sentia o pulso quente, como se estivesse faltando algo. Nunca havia se importado com alguém chorando ao seu lado, exceto Rose ou sua filha, mas ao ver aquela garota apertando as mãos em punhos enquanto lágrimas escorriam em seu rosto despertou um sentimento estranho nele, como se quisesse protegê-la.
Franziu o cenho ao ver um homem moreno e alto segurando em seu rosto de forma afetuosa, era o mesmo homem que havia pedido para trocar de lugar com ele, mas ele tinha recusado. Seria o namorado dela? Não pareciam ser parentes, nem mesmo distantes. Eram próximos o suficiente para serem namorados, mas ele aparentava ter uns 30 anos enquanto ela parecia ter menos de 20.
— Marcus? — A voz estridente de Victoria se fez presente tirando Marcus de seu devaneio. — Está tudo bem?
— Sim. — Disse puxando o braço com certa brutalidade enquanto parava para encarar a secretária. — Já falei que odeio que me toque, senhorita Lewis. E não me chame intimamente, não somos amigos, espero não ter que ficar lembrando que eu sou seu chefe.
— Desculpe Senhor Caldwell, é um hábito. — Deu um sorriso sem graça ao ver os olhares das pessoas ao redor, e então pigarreou tentando mudar de assunto. — Eu vi que tinha uma menina atrás de você. Vocês se conhecem? Ela parecia bem próxima ao tocar em seu braço, você nem recuou.
— Ela só veio me perguntar onde era o banheiro. — Deu de ombros e voltou a caminhar rapidamente até o seu carro e então colocou sua mala no porta-malas. — Por favor, dirija o mais rápido possível. Minha filha está me esperando. E espero que pare de agir como se tivéssemos algo. — Claro, Senhor Caldwell. — Victoria mordeu a parte interna de sua bochecha e sentou no banco do motorista. Enquanto Victoria ligava o carro, Marcus procurava involuntariamente pela garota do avião novamente, mas não a viu, o que fez com que ele ficasse desapontado. Amy já estava na van a caminho de casa, ignorando completamente o que tinha acontecido no avião. Sabia que a chance de encontrar com o primogênito da família Caldwell era praticamente zero, além de que ele não parecia conhecê-la. — Amy? — Ethan a chamou pela segunda vez. — Está tudo bem? — Uh? — Amy o olhou e então sorriu. — Desculpe, Ethan, sei que está preocupado. Estou apenas cansada, nada mais. — Vou providenciar suas férias após o evento
Amy observava a cortina entreaberta nos bastidores, seu coração batendo descompassado no peito. Os gritos da multidão que clamavam pela famosa Aurora em expectativa a deixava ainda mais ansiosa. A fama, embora brilhante, ainda parecia distante e assustadora.Já fazia um ano desde que Amy mergulhara de cabeça no mundo da fama, impulsionada pela fé de seu gerente, Ethan. Ele, que enxergara o potencial de um astro em ascensão, apostara todas as fichas nela. A responsabilidade pesava nos ombros jovens de Amy, que agora se via no em um novo capítulo de sua vida, tão diferente dos anos tranquilos que viveu em Oakland.— Aurora? — A voz de Ethan rompeu o devaneio de Amy, trazendo-a de volta à realidade pulsante dos bastidores. — Está tudo bem? Está quase na hora de entrar.Amy piscou, forçando um sorriso trêmulo. O nervosismo a envolvia como uma brisa fria, fazendo-a tremer por dentro.— Ansiosa. — Balbuciou sentindo um leve tremor nas mãos. — Não consigo me acostumar com o fato de que há mi
— Sophie, eu tenho muito trabalho... — Marcus começou sentindo-se mentalmente cansado devido à montanha de papéis que ainda tinha para assinar. — Talvez a Grace possa te levar...Os olhos da pequena Sophie se encheram de lágrimas instantaneamente completamente desapontada pela recusa de seu pai.— Mas, papai... — Sua voz tremia, os soluços interrompendo suas palavras, os olhos e nariz ficando vermelhos. — Eu queria que o papai fosse comigo... Pelo menos uma vez ficasse a tarde toda comigo, fingisse que não tem trabalho.Marcus ficou completamente sem chão, a filha era uma cópia de Rose, e quando ela ficava chateada, ela franzia o cenho para segurar o choro igual à mãe.Aquela visão fez seu coração se quebrar, havia prometido que nunca faria a filha deles ficar triste, mas ali estava ele, sendo o motivo pelo choro desolado da pequena Sophie, mais uma vez.— Sophie, minha estrela... — Marcus saiu da cadeira e se abaixou para ficar na altura de Sophie, segurando delicadamente suas pequen
Sophie tinha acordado cedo devido à ansiedade, mas ao sentar-se na mesa do café, percebeu que o lugar onde seu pai normalmente sentava estava vazio, sua xícara já não estava mais ali, o que significava que seu pai já havia saído. Um sentimento de desespero tomou conta dela e então ela se perguntou se talvez seu pai tivesse tomado café e voltado para o quarto. Correu até o quarto do pai e viu que a cama estava arrumada, e então correu para o escritório que também estava vazio. — Tia Grace?! — Sophie voltou para a sala de jantar e gritou ansiosa atrás da sua babá. — Tia Grace! — O que aconteceu? — A senhora de 60 anos entrou na sala de jantar correndo com medo de que a pequena Sophie pudesse ter se machucado. — Sophie, você está bem? Por que não avisou que já estava acordada? — Tia Grace, onde o papai está?! — Sophie perguntou preocupada e Grace suspirou aliviada ao perceber que não era nada grave e que ela não tinha se machucado. — Ele já saiu? — O Senhor Marcus saiu e informo
— Senhor Caldwell. — Grace iniciou a ligação com um suspiro e então se afastou de Sophie para poder conversar com o chefe. — Me desculpe ligar para o senhor, mas preciso falar sobre o comportamento de Sophie. Estou preocupada com a menina.— Como assim, Grace? — Marcus franziu o cenho e se levantou com o celular em sua orelha. — Sophie está doente ou algo do tipo?— Não, ela está bem. — Suspirou ansiosa. — Isso não é algo que eu deveria dizer por telefone, mas é urgente. Será que o senhor poderia vir para casa um pouco mais cedo?Marcus estava ficando ansioso e sentiu vontade de gritar para que a senhora de 60 anos pudesse falar logo o que estava acontecendo, mas sabia que não podia exigir muito dela. Se ela queria conversar com ele pessoalmente, significava que era algo sério.— Vamos fazer o seguinte. — Marcus respirou fundo fechando os olhos por alguns segundos. — Eu terminei o que vim fazer na empresa e estou voltando para casa. Chego em 40 minutos.— Claro, muito obrigada, Senhor
Eram 10 horas da manhã, seu coração batia aceleradamente e suas mãos suavam. Amy estava na frente da casa onde viveu mais da metade da sua vida, mas não tinha coragem para entrar. Fazia dois anos desde que tinha saído de casa em busca de seu sonho, e desde então nunca havia voltado para sua casa, mesmo tendo shows na cidade, se recusava a entrar na casa, por algum motivo sempre estava exitante, preferia dar alguma desculpa e pedir para que sua mãe e padrasto a encontrassem onde estava hospedada. Amy estava tão absorta em seus pensamentos que não ouviu os passos se aproximando da porta e então a abrindo. — Amy? — Charles estava com um saco na mão pronto para jogá-lo na lata de lixo, mas quando viu sua enteada seu coração parou por alguns segundos. Amy o olhou assustada por ter sido pega de surpresa. O homem a sua frente parecia mais forte que o normal, e parecia mais velho também. Por alguns segundos se permitiu analisar o rosto do padrasto sentindo o coração acelerado. Sua bar
— Papai, você me ama? — Sophie perguntou baixinho quando o seu pai entrou no quarto.— Claro que eu amo. — Marcus disse sentindo-se ansioso. — Eu a amo mais do que tudo nesse mundo.Marcus se sentou ao lado de Sophie e desabotoou o terno. Então esticou as pernas e puxou a filha para o seu colo a abraçando apertado. Por alguns minutos ficou apenas em silêncio enquanto abraçava a filha e sentia a sua presença. Não sabia dizer quando tinha sido a última vez que tinha feito aquilo, e se sentia um péssimo pai por perceber aquilo.— Eu sinto muito minha pequena estrela. — Marcus disse enquanto tirava alguns fios de cabelo que estavam no rosto da pequena. — Eu sei que o papai anda muito ocupado com o trabalho, mas eu prometo que irei mudar. Tudo bem? Terei mais tempo para passar com você.— Mas o papai sempre fala isso. — Abaixou o olhar cabisbaixa. — O papai sempre fala que vai ter um tempo para mim, mas nunca tem. O seu trabalho é sempre mais importante, igual a hoje.— Filha… — Marcus com
— Papai, o que acha desse vestido com esses sapatos? — Sophie correu animada até o pai. Marcus estava sentado em uma poltrona na loja após sentir-se cansado de tanto andar. Ao seu lado estava 25 sacolas de presentes, todas etiquetadas com os nomes de cada uma das crianças. Faltava apenas uma, uma garotinha que possuía a mesma idade de Sophie, o que a fez ficar ainda mais animada.— Você gostaria de usar esse vestido e esse sapato? — Marcus perguntou olhando o conjunto que a filha escolheu.— SIM! — Disse alegremente. — Eu gosto muito da cor roxa, e o sapatinho tem um laço muito fofo!Marcus riu diante das palavras da filha e assentiu para a vendedora que acompanhava Sophie incansavelmente. O magnata sentiu pena da moça que andava para lá e para cá atrás de uma criança extremamente animada.Não demorou muito para que o último conjunto fosse colocado em um pacote de presente e etiquetado. Marcus pediu para que as compras fossem enviadas para a sua casa que Grace receberia e as guardari