— Ela só veio me perguntar onde era o banheiro. — Deu de ombros e voltou a caminhar rapidamente até o seu carro e então colocou sua mala no porta-malas. — Por favor, dirija o mais rápido possível. Minha filha está me esperando. E espero que pare de agir como se tivéssemos algo.
— Claro, Senhor Caldwell. — Victoria mordeu a parte interna de sua bochecha e sentou no banco do motorista. Enquanto Victoria ligava o carro, Marcus procurava involuntariamente pela garota do avião novamente, mas não a viu, o que fez com que ele ficasse desapontado. Amy já estava na van a caminho de casa, ignorando completamente o que tinha acontecido no avião. Sabia que a chance de encontrar com o primogênito da família Caldwell era praticamente zero, além de que ele não parecia conhecê-la. — Amy? — Ethan a chamou pela segunda vez. — Está tudo bem? — Uh? — Amy o olhou e então sorriu. — Desculpe, Ethan, sei que está preocupado. Estou apenas cansada, nada mais. — Vou providenciar suas férias após o evento de caridade, não vou esperar até o mês que vem. — Ethan sorriu para a mesma. — Seu aniversário está chegando, o que pretende fazer? — Quero visitar minha mãe e meu padrasto, desde que vim para Los Angeles e me tornei cantora eu não os vejo. — Suspirou cansada enquanto encostava sua cabeça na janela da van. — Se for possível, gostaria de passar uma semana em Oakland antes do evento de caridade. — O evento será daqui a 20 dias, e o seu aniversário será em 4. — Ethan disse pensativo. — O show será dia 13 a noite. O que acha de ir para Oakland no dia 14? Deixo você voltar no dia 20 a noite e dia 21 precisa estar pronta para o evento de caridade. — É o suficiente. — Amy disse animada. — Poderei passar um tempo com a minha família e isso é o que importa. — Além disso, você foi convidada para ser a embaixadora das joalherias Caldwell e eu aceitei. — Ethan disse enquanto olhava algumas notificações em seu celular. Amy o encarou de forma abrupta, não esperava voltar a ver Marcus novamente, mas algo dizia que ela precisava vê-lo, nem que fosse mais uma única vez. — O que foi? — Ethan a encarou confuso. — Caso não queira, posso cancelar. Seria só um dia de sessão de fotos dois dias após o evento de caridade. — Não, está tudo bem. — Amy sorriu e desviou o olhar ficando animada ao ver sua casa. Ethan sorriu e suspirou antes de descer da van e ajudar Amy a descer também. Ele a ajudou carregar as malas até a porta de sua imensa casa e então colocou as mãos nos ombros da cantora. — Está proibida de pensar em trabalho ou qualquer outra coisa que não seja ver séries e dormir. O show será daqui a dois dias, então quero que descanse o máximo que puder. — Ethan apertou a bochecha de Amy levemente. — Estou indo, qualquer coisa me liga. Amy acenou esperando Ethan ir embora e então suspirou entrando em casa, estava sinceramente exausta e sabia que precisava de descanso, eram quase 2 anos sem uma pausa desde o treinamento até a fama atual. Mas a música a conectava com seu falecido pai e estava tão desesperada para sentir a presença dele de alguma forma que sequer pensou em sua saúde mental. — Está na hora de colocar as séries em dia e comer algumas besteiras. — Amy disse alongando os braços enquanto entrava em sua imensa casa. O silêncio tinha se tornado algo normal para Amy nos últimos meses, já que sua amiga dificilmente estava em casa por ter uma vida corrida também. Amy ligou a luz, então encarou o celular e contou até 10, no nono número, recebeu uma ligação de Zoe. — Amore mio. — Zoe cantarolou do outro lado da ligação e a cantora riu. — Já chegou em casa? Desculpe não estar aí para te receber, mas recebi uma ligação para refazer uma cena do filme e tive que correr para o set. — Já disse que não precisa ficar monitorando quando eu entro em casa. — Amy disse enquanto caminhava até o seu quarto. — Pedi para instalarem sensores justamente para saber quando você chega. — Zoe disse enquanto tomava um gole de seu café. — Você nunca avisa quando vai estar em casa. — Dessa vez eu esqueci de avisar. — Amy disse se sentindo culpada. — Mas em minha defesa, achei que fosse chegar só mais tarde, mas Ethan me trouxe direto para casa. — Queria ter um gerente tão solidário como Ethan. — Choramingou. — Acho que as gravações estão perto de terminar. Vá tomar um banho e trocar de roupa, vou comprar comida no caminho e logo estou em casa. — Pizza? — Amy disse esperançosa, fazia um tempo que não comia pizza. — Nem pensar. — Disse zangada. — Você terá um show essa semana, e eu ainda estou gravando. Pizza apenas quando finalmente tirarmos uns dias de férias. — Falando nisso, quando as gravações acabarão? — Amy colocou o celular em cima da cama e começou a tirar seu moletom. — Queria te apresentar pessoalmente aos meus pais já que vocêsse conhecem apenas por video-chamadas e ligaçõesde voz, e como sei que não irá viajar, não queria que ficasse tanto tempo sozinha. — Eu sou muito sortuda por ter uma amiga que se importa comigo. — Zoe disse soltando uma risada leve. — Vou conseguir uns 20 dias de descanso antes de voltar a fazer comerciais e entrar em algum outro filme que o meu gerente arranjar. Mas acredito que até o dia 15 do próximo mês eu já esteja livre, estamos na reta final do filme. — Então já compre as passagens para Oakland. — Amy disse rindo levemente. — Vou tomar um banho, traga algo gostoso para comermos. — Vou levar comida japonesa. — Amy murmurou um “tudo bem”. — Te amo! — Também te amo. — Amy respondeu soltando uma risada antes desligar o telefone. Zoe e Amy haviam se conhecido durante um comercial que participaram juntas cerca de um ano atrás e logo se tornaram amigas, foi uma conexão instantânea apesar da pequena diferença de idade. E após quatro meses de amizade, quando Amy disse que se sentia desconfortável morando sozinha, Zoe a convenceu a comprar uma casa com ela. A casa que dividiam era extremamente grande, mas tinha sido ideia de Zoe e Amy apenas concordou. Era em um condomínio grande e seguro, então valia a pena, apesar de achar que 6 quartos para duas garotas jovens e solteiras era algo extremamente exagerado.Amy observava a cortina entreaberta nos bastidores, seu coração batendo descompassado no peito. Os gritos da multidão que clamavam pela famosa Aurora em expectativa a deixava ainda mais ansiosa. A fama, embora brilhante, ainda parecia distante e assustadora.Já fazia um ano desde que Amy mergulhara de cabeça no mundo da fama, impulsionada pela fé de seu gerente, Ethan. Ele, que enxergara o potencial de um astro em ascensão, apostara todas as fichas nela. A responsabilidade pesava nos ombros jovens de Amy, que agora se via no em um novo capítulo de sua vida, tão diferente dos anos tranquilos que viveu em Oakland.— Aurora? — A voz de Ethan rompeu o devaneio de Amy, trazendo-a de volta à realidade pulsante dos bastidores. — Está tudo bem? Está quase na hora de entrar.Amy piscou, forçando um sorriso trêmulo. O nervosismo a envolvia como uma brisa fria, fazendo-a tremer por dentro.— Ansiosa. — Balbuciou sentindo um leve tremor nas mãos. — Não consigo me acostumar com o fato de que há mi
— Sophie, eu tenho muito trabalho... — Marcus começou sentindo-se mentalmente cansado devido à montanha de papéis que ainda tinha para assinar. — Talvez a Grace possa te levar...Os olhos da pequena Sophie se encheram de lágrimas instantaneamente completamente desapontada pela recusa de seu pai.— Mas, papai... — Sua voz tremia, os soluços interrompendo suas palavras, os olhos e nariz ficando vermelhos. — Eu queria que o papai fosse comigo... Pelo menos uma vez ficasse a tarde toda comigo, fingisse que não tem trabalho.Marcus ficou completamente sem chão, a filha era uma cópia de Rose, e quando ela ficava chateada, ela franzia o cenho para segurar o choro igual à mãe.Aquela visão fez seu coração se quebrar, havia prometido que nunca faria a filha deles ficar triste, mas ali estava ele, sendo o motivo pelo choro desolado da pequena Sophie, mais uma vez.— Sophie, minha estrela... — Marcus saiu da cadeira e se abaixou para ficar na altura de Sophie, segurando delicadamente suas pequen
Sophie tinha acordado cedo devido à ansiedade, mas ao sentar-se na mesa do café, percebeu que o lugar onde seu pai normalmente sentava estava vazio, sua xícara já não estava mais ali, o que significava que seu pai já havia saído. Um sentimento de desespero tomou conta dela e então ela se perguntou se talvez seu pai tivesse tomado café e voltado para o quarto. Correu até o quarto do pai e viu que a cama estava arrumada, e então correu para o escritório que também estava vazio. — Tia Grace?! — Sophie voltou para a sala de jantar e gritou ansiosa atrás da sua babá. — Tia Grace! — O que aconteceu? — A senhora de 60 anos entrou na sala de jantar correndo com medo de que a pequena Sophie pudesse ter se machucado. — Sophie, você está bem? Por que não avisou que já estava acordada? — Tia Grace, onde o papai está?! — Sophie perguntou preocupada e Grace suspirou aliviada ao perceber que não era nada grave e que ela não tinha se machucado. — Ele já saiu? — O Senhor Marcus saiu e informo
— Senhor Caldwell. — Grace iniciou a ligação com um suspiro e então se afastou de Sophie para poder conversar com o chefe. — Me desculpe ligar para o senhor, mas preciso falar sobre o comportamento de Sophie. Estou preocupada com a menina.— Como assim, Grace? — Marcus franziu o cenho e se levantou com o celular em sua orelha. — Sophie está doente ou algo do tipo?— Não, ela está bem. — Suspirou ansiosa. — Isso não é algo que eu deveria dizer por telefone, mas é urgente. Será que o senhor poderia vir para casa um pouco mais cedo?Marcus estava ficando ansioso e sentiu vontade de gritar para que a senhora de 60 anos pudesse falar logo o que estava acontecendo, mas sabia que não podia exigir muito dela. Se ela queria conversar com ele pessoalmente, significava que era algo sério.— Vamos fazer o seguinte. — Marcus respirou fundo fechando os olhos por alguns segundos. — Eu terminei o que vim fazer na empresa e estou voltando para casa. Chego em 40 minutos.— Claro, muito obrigada, Senhor
Eram 10 horas da manhã, seu coração batia aceleradamente e suas mãos suavam. Amy estava na frente da casa onde viveu mais da metade da sua vida, mas não tinha coragem para entrar. Fazia dois anos desde que tinha saído de casa em busca de seu sonho, e desde então nunca havia voltado para sua casa, mesmo tendo shows na cidade, se recusava a entrar na casa, por algum motivo sempre estava exitante, preferia dar alguma desculpa e pedir para que sua mãe e padrasto a encontrassem onde estava hospedada. Amy estava tão absorta em seus pensamentos que não ouviu os passos se aproximando da porta e então a abrindo. — Amy? — Charles estava com um saco na mão pronto para jogá-lo na lata de lixo, mas quando viu sua enteada seu coração parou por alguns segundos. Amy o olhou assustada por ter sido pega de surpresa. O homem a sua frente parecia mais forte que o normal, e parecia mais velho também. Por alguns segundos se permitiu analisar o rosto do padrasto sentindo o coração acelerado. Sua bar
— Papai, você me ama? — Sophie perguntou baixinho quando o seu pai entrou no quarto.— Claro que eu amo. — Marcus disse sentindo-se ansioso. — Eu a amo mais do que tudo nesse mundo.Marcus se sentou ao lado de Sophie e desabotoou o terno. Então esticou as pernas e puxou a filha para o seu colo a abraçando apertado. Por alguns minutos ficou apenas em silêncio enquanto abraçava a filha e sentia a sua presença. Não sabia dizer quando tinha sido a última vez que tinha feito aquilo, e se sentia um péssimo pai por perceber aquilo.— Eu sinto muito minha pequena estrela. — Marcus disse enquanto tirava alguns fios de cabelo que estavam no rosto da pequena. — Eu sei que o papai anda muito ocupado com o trabalho, mas eu prometo que irei mudar. Tudo bem? Terei mais tempo para passar com você.— Mas o papai sempre fala isso. — Abaixou o olhar cabisbaixa. — O papai sempre fala que vai ter um tempo para mim, mas nunca tem. O seu trabalho é sempre mais importante, igual a hoje.— Filha… — Marcus com
— Papai, o que acha desse vestido com esses sapatos? — Sophie correu animada até o pai. Marcus estava sentado em uma poltrona na loja após sentir-se cansado de tanto andar. Ao seu lado estava 25 sacolas de presentes, todas etiquetadas com os nomes de cada uma das crianças. Faltava apenas uma, uma garotinha que possuía a mesma idade de Sophie, o que a fez ficar ainda mais animada.— Você gostaria de usar esse vestido e esse sapato? — Marcus perguntou olhando o conjunto que a filha escolheu.— SIM! — Disse alegremente. — Eu gosto muito da cor roxa, e o sapatinho tem um laço muito fofo!Marcus riu diante das palavras da filha e assentiu para a vendedora que acompanhava Sophie incansavelmente. O magnata sentiu pena da moça que andava para lá e para cá atrás de uma criança extremamente animada.Não demorou muito para que o último conjunto fosse colocado em um pacote de presente e etiquetado. Marcus pediu para que as compras fossem enviadas para a sua casa que Grace receberia e as guardari
Eram 8 horas da manhã quando Amy acordou com os primeiros raios de sol entrando pelas frestas da janela de seu antigo quarto. Sentindo-se nostálgica, ela olhou ao redor, absorvendo cada detalhe que a fazia sentir-se em casa. Era tão estranho e reconfortante ver o seu antigo quarto ao acordar, ver que em dois anos nada havia sido mexido, tudo estava exatamente da mesma forma como ela havia deixado. Levantou-se preguiçosamente e desceu as escadas, sentindo o cheiro inconfundível de pão feito por Charles e, ao fundo, um leve cheiro doce do bolo de laranja. Um sorriso instantâneo tomou conta do rosto da cantora e o peito ficou mais leve. Estava com saudades de sentir aquela paz.Quando entrou na cozinha, encontrou Charles e Melissa finalizando o café da manhã. Eles estavam concentrados em seus afazeres, e a visão da cena familiar a fez sentir-se ainda mais em casa.— Bom dia! — Disse Amy com um sorriso, anunciando sua presença.Charles e Melissa se viraram, surpresos por vê-la acordada