O silêncio que se seguiu à proposta de Damian pareceu esticar-se no tempo. Isabella não desviou o olhar, mas seu coração martelava no peito. Ela esperava que ele a desafiasse, que tentasse dobrá-la ou desmoralizá-la, mas não esperava isso.
— Você acha que pode me comprar, Sr. Lancaster? — Sua voz saiu firme, mas havia um fio de incredulidade nela. Ele sorriu de lado, um gesto quase preguiçoso, mas que trazia um toque de diversão. — Não. Se eu achasse isso, já teria feito uma oferta em dinheiro. Estou oferecendo um jogo mais interessante. Você quer a verdade? Entre no meu mundo e descubra por si mesma. Ele claramente também estava testado até onde a coragem dela chegaria. A confiança dele era exasperante. Isabella sentia que estava diante de um homem que controlava cada peça do tabuleiro e, pior, que estava se divertindo ao vê-la debater-se entre aceitar ou recusar. Sentia como se caísse na armadilha que ele tinha preparado. — Eu não trabalho para pessoas como você. — Então continue sendo uma forasteira — ele deu de ombros. — Continue tentando encontrar respostas do lado de fora, onde tudo o que terá serão migalhas de informações. E entenda que não vou cooperar nem um pouco Srta. Carter. A raiva formigou sob a pele dela, por notar que ele estava certo, e que as peças do tabuleiro - incluindo ela - estavam a disposição em suas mãos. Do lado de fora, tudo o que ela poderia conseguir seriam pistas fragmentadas, suposições. Mas ali dentro… ali, ela poderia ver o funcionamento da Titan Tech por dentro. Seria uma notícia de primeira e com certeza ela conseguiria muito mais do que grandes conquistas em sua carreira. Além de poder vigiar Damian Lancaster mais de perto. A ideia deveria incomodá-la, mas em vez disso, despertou algo inesperado. Uma excitação, um desejo de vencer no próprio jogo dele. — Se eu aceitar, não significa que confio em você — ela disse, escolhendo suas palavras com cuidado. Os olhos dele brilharam com algo perigoso. — Eu não esperaria nada menos de você, Srta. Carter. Ela suspirou, cruzando os braços. — O que exatamente está me oferecendo? — Um cargo na equipe de Relações Públicas. Assim, terá acesso aos bastidores da Titan Tech sem levantar suspeitas. Isabella riu, sarcástica. — Relações Públicas? Para manipular a mídia e esconder os podres da empresa? Damian deu um meio sorriso. — Para aprender a diferença entre suposições e fatos. Ela o analisou. Ele era perigoso, de um jeito que poucas pessoas eram. Não porque gritava ou fazia ameaças diretas, mas porque controlava tudo com uma precisão cirúrgica. — E se eu disser que preciso pensar? — Você já está pensando. A resposta a irritou. Ele era insuportável. Arrogante. E, pior, estava certo. Ela se levantou, alisando a saia. — Eu te darei minha resposta amanhã. Ele inclinou a cabeça com um sorriso que não chegou até os olhos. — Estou ansioso. Isabella revirou os olhos, girando nos calcanhares para sair. Mas antes que alcançasse a porta, ouviu a voz dele, baixa e cortante. — Só um aviso, Srta. Carter. Se decidir entrar no meu mundo, saiba que não há volta. Ela parou, mas não olhou para trás. — Isso serve para você também, Sr. Lancaster — claro que ele não seria o último a falar. E então, saiu, sentindo os olhos dele queimando em suas costas.Isabella Carter já sabia que sua profissão exigia coragem, persistência e, às vezes, até uma pitada de insanidade. Mas nada a havia preparado para o furacão que era Damian Lancaster. Desde que pisara naquele luxuoso escritório da Titan Tech, sentia que havia cruzado uma linha invisível — e agora não tinha mais como voltar. O cheiro amadeirado dele ainda pairava em suas narinas, misturado à lembrança da maneira como seus olhos azuis a perfuravam, como se enxergassem até os mistérios mais sombrios da sua alma. Ela sempre se orgulhará de sua audácia, mas com ele... tudo era diferente. Ao sair do prédio da Titan Tech, Isabella respirou fundo e caminhou até um café próximo. Precisava organizar os pensamentos e, principalmente, decidir os próximos passos. — Eu preciso de um cappuccino bem forte — pediu à atendente, enquanto tirava o celular do bolso. A mente fervilhava com a possibilidade de uma matéria exclusiva capaz de expor um esquema oculto dentro de uma das empresas mais podero
Nessa manhã Isabella acordou determinada, precisava justamente dessa atitude para o dia que a esperava. Logo cedo enviou um e-mail ao seu chefe do jornal, dizendo que estaria ausente do escritório decorrente da investigação em campo que estaria fazendo, sem data final, até fazer a maior descoberta e com evidências concretas de sua carreira. Seu chefe, Miguel, sequer questiona, já conhece bem o jeito não convencional de Isabella trabalhar e a apoia, já que a mulher sempre demonstrou resultados e hoje é uma das poucas jornalistas jovens, formada não há muito tempo e com pouco experiência em atuação, que se arrisca por uma boa e completa matéria. Isso o faz admirá-la. Isabella toma um banho frio e demorado, seca o seu cabelo, passando apenas um pouco de finalizador para deixar seus cachos naturais mais evidentes, foi fundo no guarda roupa para pegar seu melhor blaser e saia para combinar, um salto alto e ilustrado, para finalizar uma maquiagem básica transmitindo seriedade e naturalid
Ela soltou um riso curto. — Eu durmo bem quando não estou cercada por mentirosos. Um canto da boca dele se ergueu em um sorriso. — Imagino que seu sono seja bem leve, então. Ela ignorou a provocação e caminhou até a mesa, apoiando as mãos sobre a superfície polida. — Vamos direto ao ponto, Lancaster. Se eu aceitei esse emprego, foi porque quero acesso às informações da empresa. Ele deu a volta na mesa e se sentou em sua imponente cadeira de couro, observando-a com diversão. — Confiante, eu gosto disso. Mas me diga, Carter, o que faz você acreditar que estou disposto a entregar qualquer coisa a você? Ela sustentou o olhar dele, sentindo a eletricidade latente entre eles. — Porque você me quer por perto. Isso diz muito mais sobre você do que sobre mim. Damian inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos brilhando com algo que Isabella não conseguiu decifrar. — Touche. Ele abriu uma gaveta e pegou um crachá prateado, estendendo para ela. — Bem-vinda à Titan Tech, sen
Isabella seguiu Damian pelos corredores impecáveis da Titan Tech, mantendo o olhar atento a cada detalhe. O ambiente era um reflexo do homem que comandava a empresa: frio, sofisticado e absolutamente calculado. Os funcionários, todos impecavelmente vestidos, lançavam olhares discretos enquanto passavam. Ela sabia o que estavam pensando. Uma nova contratação que teve o privilégio de ser pessoalmente guiada pelo chefe não era algo comum. Damian andava com a postura impecável, suas costas largas movendo-se com um controle absoluto. Cada passo era confiante, preciso, como se ele tivesse o mundo sob seus pés. — Como você já sabe, Titan Tech não é apenas uma empresa de tecnologia, mas também uma das maiores desenvolvedoras de software de segurança do país. Fornecemos sistemas para empresas privadas, instituições governamentais e até para bancos internacionais — explicou Damian enquanto passavam por um amplo espaço envidraçado, onde equipes trabalhavam em computadores ultramodernos. —
Isabella acordou naquela manhã com o coração acelerado. Mesmo após o turbulento primeiro dia, a sensação de que algo maior se escondia entre as paredes frias da Titan Tech não a abandonava. O apartamento em Brooklyn ainda exalava o eco das confidências de Clara e Sophie, e ela sabia que precisaria de todas as forças para continuar sua investigação enquanto cumpria seu papel no departamento de Relações Públicas. Após uma rápida ducha e um café forte, ela se arrumou com cuidado: seu cabelo castanho, com aquelas voltas naturais que sempre lhe conferiam um ar de despretensão elegante, estava impecável. O olhar cor de mel carregava determinação, mas também aquele brilho de desafio que tanto encantava – e irritava – seus interlocutores. Vestida de forma profissional, ela deixou sua casa e seguiu para o alto edifício da Titan Tech, onde o destino – e talvez segredos sombrios – aguardavam. No hall de entrada, a recepcionista cumprimentou-a com um sorriso contido, mas Isabella percebeu nos
Isabella não respondeu de imediato, mas internamente prometeu que usaria aquele alerta e ameaça (um desafio velado) como incentivo para redobrar os esforços. Claire se afastou com um meio sorriso, mas o recado ficou. A diretora financeira sabia demais – ou pelo menos, fingia saber. Aparentemente a Titan Tech não era apenas protegida pelos softwares, mas também pelas pessoas que compunham a grande empresa. Após o almoço, a rotina corporativa retomou seu ritmo frenético. Isabella passou as próximas horas organizando documentos, elaborando comunicados internos. Mas, mesmo enquanto se concentrava nas tarefas, sua mente permanecia fixada no arquivo confidencial e na sensação de que algo – ou alguém – a observava com especial interesse. Quando a tarde avançava, um e-mail interno chamou sua atenção: uma convocação para uma reunião de alinhamento com toda a equipe de Relações Públicas. Era a oportunidade perfeita para observar os colegas, buscar pistas e, quem sabe, se aproximar de infor
“Cuidado com quem se aproxima demais dos segredos da Titan Tech. Nem todos querem ver a verdade emergir.” O aviso gelou sua espinha. Alguém estava ciente de sua investigação, e o perigo agora era real, mesmo em seu primeiro dia. Isabella sabia que não podia recuar. Se quisesse expor as irregularidades, teria que enfrentar não apenas a vigilância implacável de Damian e seus aliados, mas também as ameaças ocultas que rondavam os corredores da empresa. Enquanto fechava o laptop, Isabella olhou para o espelho. Seus olhos cor de mel refletiam inquietação. A jornada estava apenas começando, e a verdade, por mais obscura que fosse, estava ao seu alcance – mesmo que precisasse desarmar cada armadilha colocada no seu caminho. Na manhã seguinte, ao entrar novamente na Titan Tech, Isabella manteve-se alerta. Ricardo a recebeu com o habitual sorriso enigmático, mas agora seus olhos traziam uma nova intensidade, como se já soubesse dos riscos que ela enfrentava. E, ao ver Claire nos corredore
Nova York cintilava sob a noite fria que caia. Do alto de seu escritório na Titan Tech, Damian Lancaster observava a cidade através da imensa parede de vidro, algo que já azia parte de seus hábitos, ele amava se sentir no poder e ter tudo sob seus olhares. O reflexo das luzes urbanas e o movimento contante em Brooklin se misturava aos seus próprios pensamentos, esse grande detalhe já era algo fora do comum para Damian, um homem que sempre cultivou o absoluto controle sobre si mesmo e sobre tudo ao seu redor, principalmente seus pensamentos e ações. Então por que estava agindo de forma tão inconstante e impulsiva? Por que seus pensamentos continuavam voltando para a dona daquele olhar desafiador e sorriso confiante? Por que sua mente lhe pregava peças em fazê-lo acreditar que precisa dar recados olho a olho, estar presente no setor que antes ele pouco frequentava como Relações Publicas. Mas agora Isabella estava lá e tudo tinha mudado. Seus colaboradores notaram a grande mudança, el