Isabella Carter já sabia que sua profissão exigia coragem, persistência e, às vezes, até uma pitada de insanidade. Mas nada a havia preparado para o furacão que era Damian Lancaster. Desde que pisara naquele luxuoso escritório da Titan Tech, sentia que havia cruzado uma linha invisível — e agora não tinha mais como voltar.
O cheiro amadeirado dele ainda pairava em suas narinas, misturado à lembrança da maneira como seus olhos azuis a perfuravam, como se enxergassem até os mistérios mais sombrios da sua alma. Ela sempre se orgulhará de sua audácia, mas com ele... tudo era diferente. Ao sair do prédio da Titan Tech, Isabella respirou fundo e caminhou até um café próximo. Precisava organizar os pensamentos e, principalmente, decidir os próximos passos. — Eu preciso de um cappuccino bem forte — pediu à atendente, enquanto tirava o celular do bolso. A mente fervilhava com a possibilidade de uma matéria exclusiva capaz de expor um esquema oculto dentro de uma das empresas mais poderosas do país. Mas havia algo além disso. Algo que a fazia estremecer toda vez que Damian Lancaster se aproximava. Seu telefone vibrou. Clara: "Mulher, onde você está? Precisamos saber tudo ou eu e Sophie vamos ter um treco! Me encontra no meu apartamento." Clara e Sophie, suas melhores amigas e companheiras de apartamento, sempre sabem quando algo fora do comum acontecia e estavam prontas para cada detalhe, sem poupar, como as boas fofoqueiras que são. Isabella agradece a atendente, pega seu café e vai direto para o metrô, também não se aguentando para contar logo a suas amigas tudo que aconteceu e o rumo que essa investigação está tomando. O apartamento compartilhado era um refúgio de conforto e desordem organizada. Livros espalhados, almofadas coloridas e um cheiro de cookies recém-assados. Isabella mal fechou a porta e já ouviu: — Conta tudo! — com quatro olhos curiosos vidrados em sua direção. — Ele é insuportável. Arrogante, mandão, me desafiou a cada palavra. Foi dizendo enquanto soltava sua agenda, celular e retirava os saltos altos em frente a porta. Clara arqueou uma sobrancelha e sorriu. — E gostoso. Eu já vi as fotos dele nos jornais. As duas amigas riram, Isabella revirou os olhos. — Isso é irrelevante. — Claro que é, claro que é… — Sophie riu, compactuando com a brincadeira para provocar Isa. — Mas continua. Você acha que ele realmente esconde algo grande? Isabella jogou o copo de café vazio em sua mão no lixo, lavou as mãos e se sentou para pegar um cookie. — Tenho certeza. Há muitas brechas, transações suspeitas, contratos obscuros... Mas ele é esperto. Não vai ser fácil pegá-lo. Claraa observou por um instante e então disse, com um tom provocativo: — E qual o problema? Você gosta de um bom desafio. Ou será que o problema é outro? — O problema é que ele me olha como se soubesse que eu estou atrás dele. Como se estivesse me desafiando a ir mais fundo. Sophie sorriu, divertida. — Ele conhece o seu modo de trabalhar, sabe que você não desiste e que ama um desafio. Por isso está agindo dessa forma. Sophie tinha razão. Isabella já fez outras matérias usando o nome de Titan Tech, nunca voltado diretamente para o CEO, mas ele reconhece seu bom trabalho, por mais que não vá admitir isso em voz alta. — Ele quer que você vá mais fundo, e você vai, não vai? — Clara questiona, já sabendo a resposta. Isabella respirou fundo. — Vou. E vou derrubar essa máscara dele. Isabella entre um cookie e outro contou toda a proposta de Damian, suas amigas ficaram perplexas durante toda a conversa, antes de se olharem e balançarem a cabeça, como quem tenta acordar de um sonho maluco. — Damian Lancaster te chamou para trabalhar dentro da empresa dele? — Sim. — Depois de você praticamente acusá-lo de estar envolvido em algo ilegal? — Sim. — E ele não te expulsou do prédio com seguranças ou te ameaçou de processo? Isabella suspirou. — Não. Ele me ofereceu um cargo em Relações Públicas, com acesso aos bastidores da Titan Tech. Sophie estreitou os olhos. — Isso tem "armadilha" escrito em letras garrafais, Isa. Sabemos que você não gosta de recusar um desafio, mas esse parece bem ruim… — Eu sei… — ela pondera, com a cabeça sobre uma das mãos. — Se eu disser não, perco a chance de descobrir o que realmente acontece dentro daquela empresa e fazer a matéria da minha carreira, que mudará a minha vida. Mas se eu disser sim… — ela suspira, bagunçando os cabelos com os dedos. — Não sei no que estou me metendo. Clara a observa por um momento, depois se inclina para frente. — E o quanto disso tem a ver com o quão gostoso ele é? Isabella franziu a testa. — Ah fala sério! O CEO bilionário, frio, perigoso e absurdamente sexy que fez questão de te desafiar. — Eu não estou interessada em Damian Lancaster. Clara ergueu as sobrancelhas. — Sério? Porque seu tom de voz diz o contrário. — Não diz! Sophie riu, concordando com Clara, mas sendo um pouco mais ponderada. — Você está incomodada porque ele mexeu com você. — Ele me irrita. É diferente. — É uma linha muito tênue entre irritação e tensão sexual, amiga. Isabella bufou, mas seu rosto esquentou. Sim, Damian Lancaster a irritava. Mas o problema era que, por baixo da irritação, havia uma faísca que ela se recusava a admitir. Algo no jeito dele – a forma como a olhava, como não se abalava com nada – fazia seu corpo reagir de maneiras que não deveria. Sophie suspirou. — Olha, eu sei que você é teimosa e adora um desafio, mas só me promete que vai tomar cuidado. Esse cara não chegou onde está, sendo bonzinho. Se ele te quer dentro da empresa, é porque tem algo a ganhar com isso. — Eu sei. — E além do mais você vai ter trabalho em dobro, vai trabalhar na empresa dele, enquanto trabalha em sua investigação para a empresa de jornalismo… Cansativo, mas se tem alguém capaz, esse alguém é você, amiga — Clara finaliza o pensamento. Isabella mastigou o último pedaço de cookie e mordeu o lábio inferior, coisa que ela costuma fazer ao se concentrar e pensar. — Eu sinto como se estivéssemos na beira de um precipício e ele me desafia a pular… — E você quer pular? — Clara faz essa meia pergunta. — Eu quero empurrá-lo primeiro. Mas, no fundo, ela sabia que a verdade era mais complicada do que isso. Damian Lancaster era um mistério que a desafiava, que a provocava de um jeito que ninguém mais fazia. O problema era que ela não sabia se sairia vitoriosa desse jogo… ou se acabaria sendo consumida por ele. O peso da decisão caiu sobre ela naquele instante. Trabalhar dentro da Titan Tech significava entrar direto no território de Damian Lancaster. Ela teria que manter o profissionalismo, o controle e, acima de tudo, não deixar que ele percebesse que, no fundo, já estava na cabeça dela mais do que deveria.Nessa manhã Isabella acordou determinada, precisava justamente dessa atitude para o dia que a esperava. Logo cedo enviou um e-mail ao seu chefe do jornal, dizendo que estaria ausente do escritório decorrente da investigação em campo que estaria fazendo, sem data final, até fazer a maior descoberta e com evidências concretas de sua carreira. Seu chefe, Miguel, sequer questiona, já conhece bem o jeito não convencional de Isabella trabalhar e a apoia, já que a mulher sempre demonstrou resultados e hoje é uma das poucas jornalistas jovens, formada não há muito tempo e com pouco experiência em atuação, que se arrisca por uma boa e completa matéria. Isso o faz admirá-la. Isabella toma um banho frio e demorado, seca o seu cabelo, passando apenas um pouco de finalizador para deixar seus cachos naturais mais evidentes, foi fundo no guarda roupa para pegar seu melhor blaser e saia para combinar, um salto alto e ilustrado, para finalizar uma maquiagem básica transmitindo seriedade e naturalid
Ela soltou um riso curto. — Eu durmo bem quando não estou cercada por mentirosos. Um canto da boca dele se ergueu em um sorriso. — Imagino que seu sono seja bem leve, então. Ela ignorou a provocação e caminhou até a mesa, apoiando as mãos sobre a superfície polida. — Vamos direto ao ponto, Lancaster. Se eu aceitei esse emprego, foi porque quero acesso às informações da empresa. Ele deu a volta na mesa e se sentou em sua imponente cadeira de couro, observando-a com diversão. — Confiante, eu gosto disso. Mas me diga, Carter, o que faz você acreditar que estou disposto a entregar qualquer coisa a você? Ela sustentou o olhar dele, sentindo a eletricidade latente entre eles. — Porque você me quer por perto. Isso diz muito mais sobre você do que sobre mim. Damian inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos brilhando com algo que Isabella não conseguiu decifrar. — Touche. Ele abriu uma gaveta e pegou um crachá prateado, estendendo para ela. — Bem-vinda à Titan Tech, sen
Isabella seguiu Damian pelos corredores impecáveis da Titan Tech, mantendo o olhar atento a cada detalhe. O ambiente era um reflexo do homem que comandava a empresa: frio, sofisticado e absolutamente calculado. Os funcionários, todos impecavelmente vestidos, lançavam olhares discretos enquanto passavam. Ela sabia o que estavam pensando. Uma nova contratação que teve o privilégio de ser pessoalmente guiada pelo chefe não era algo comum. Damian andava com a postura impecável, suas costas largas movendo-se com um controle absoluto. Cada passo era confiante, preciso, como se ele tivesse o mundo sob seus pés. — Como você já sabe, Titan Tech não é apenas uma empresa de tecnologia, mas também uma das maiores desenvolvedoras de software de segurança do país. Fornecemos sistemas para empresas privadas, instituições governamentais e até para bancos internacionais — explicou Damian enquanto passavam por um amplo espaço envidraçado, onde equipes trabalhavam em computadores ultramodernos. —
Isabella acordou naquela manhã com o coração acelerado. Mesmo após o turbulento primeiro dia, a sensação de que algo maior se escondia entre as paredes frias da Titan Tech não a abandonava. O apartamento em Brooklyn ainda exalava o eco das confidências de Clara e Sophie, e ela sabia que precisaria de todas as forças para continuar sua investigação enquanto cumpria seu papel no departamento de Relações Públicas. Após uma rápida ducha e um café forte, ela se arrumou com cuidado: seu cabelo castanho, com aquelas voltas naturais que sempre lhe conferiam um ar de despretensão elegante, estava impecável. O olhar cor de mel carregava determinação, mas também aquele brilho de desafio que tanto encantava – e irritava – seus interlocutores. Vestida de forma profissional, ela deixou sua casa e seguiu para o alto edifício da Titan Tech, onde o destino – e talvez segredos sombrios – aguardavam. No hall de entrada, a recepcionista cumprimentou-a com um sorriso contido, mas Isabella percebeu nos
Isabella não respondeu de imediato, mas internamente prometeu que usaria aquele alerta e ameaça (um desafio velado) como incentivo para redobrar os esforços. Claire se afastou com um meio sorriso, mas o recado ficou. A diretora financeira sabia demais – ou pelo menos, fingia saber. Aparentemente a Titan Tech não era apenas protegida pelos softwares, mas também pelas pessoas que compunham a grande empresa. Após o almoço, a rotina corporativa retomou seu ritmo frenético. Isabella passou as próximas horas organizando documentos, elaborando comunicados internos. Mas, mesmo enquanto se concentrava nas tarefas, sua mente permanecia fixada no arquivo confidencial e na sensação de que algo – ou alguém – a observava com especial interesse. Quando a tarde avançava, um e-mail interno chamou sua atenção: uma convocação para uma reunião de alinhamento com toda a equipe de Relações Públicas. Era a oportunidade perfeita para observar os colegas, buscar pistas e, quem sabe, se aproximar de infor
“Cuidado com quem se aproxima demais dos segredos da Titan Tech. Nem todos querem ver a verdade emergir.” O aviso gelou sua espinha. Alguém estava ciente de sua investigação, e o perigo agora era real, mesmo em seu primeiro dia. Isabella sabia que não podia recuar. Se quisesse expor as irregularidades, teria que enfrentar não apenas a vigilância implacável de Damian e seus aliados, mas também as ameaças ocultas que rondavam os corredores da empresa. Enquanto fechava o laptop, Isabella olhou para o espelho. Seus olhos cor de mel refletiam inquietação. A jornada estava apenas começando, e a verdade, por mais obscura que fosse, estava ao seu alcance – mesmo que precisasse desarmar cada armadilha colocada no seu caminho. Na manhã seguinte, ao entrar novamente na Titan Tech, Isabella manteve-se alerta. Ricardo a recebeu com o habitual sorriso enigmático, mas agora seus olhos traziam uma nova intensidade, como se já soubesse dos riscos que ela enfrentava. E, ao ver Claire nos corredore
Nova York cintilava sob a noite fria que caia. Do alto de seu escritório na Titan Tech, Damian Lancaster observava a cidade através da imensa parede de vidro, algo que já azia parte de seus hábitos, ele amava se sentir no poder e ter tudo sob seus olhares. O reflexo das luzes urbanas e o movimento contante em Brooklin se misturava aos seus próprios pensamentos, esse grande detalhe já era algo fora do comum para Damian, um homem que sempre cultivou o absoluto controle sobre si mesmo e sobre tudo ao seu redor, principalmente seus pensamentos e ações. Então por que estava agindo de forma tão inconstante e impulsiva? Por que seus pensamentos continuavam voltando para a dona daquele olhar desafiador e sorriso confiante? Por que sua mente lhe pregava peças em fazê-lo acreditar que precisa dar recados olho a olho, estar presente no setor que antes ele pouco frequentava como Relações Publicas. Mas agora Isabella estava lá e tudo tinha mudado. Seus colaboradores notaram a grande mudança, el
— O que exatamente você está tentando fazer com Ricardo Vasquez? — Damian não precisou fingir irritação, o seu tom de voz transmitia exatamente a raiva que ele sentia. E havia algo mais... Algo que ele jamais admitiria. Ele não a tem sobre seu controle e isso esmaga seu coração e ego, estraçalhando suas entranhas. Ela piscou, fingindo confusão. — Trabalhar? Ele é meu superior imediato, lembra? Ele me dá as direções sobre o que fazer, você mesmo o instruiu quanto a isso. Acho que está sofrendo de amnésia Senhor Lancaster... — brincou com um sorriso em seu rosto. Damian encarou aquilo com os olhos em chamas, instintivamente passou a língua sobre o lábio inferior e se virou para sua grande vista privilegiada pela janela, tentando recuperar um pouco da sanidade mental para responder a corajosa Isabella que o dirige as provocações. — Engraçado você dizer isso, porque do lado de fora parecia mais do que apenas trabalho. — Ah… — Isabella deixou um sorriso debochado escapar. — Você está