Ela soltou um riso curto.
— Eu durmo bem quando não estou cercada por mentirosos. Um canto da boca dele se ergueu em um sorriso. — Imagino que seu sono seja bem leve, então. Ela ignorou a provocação e caminhou até a mesa, apoiando as mãos sobre a superfície polida. — Vamos direto ao ponto, Lancaster. Se eu aceitei esse emprego, foi porque quero acesso às informações da empresa. Ele deu a volta na mesa e se sentou em sua imponente cadeira de couro, observando-a com diversão. — Confiante, eu gosto disso. Mas me diga, Carter, o que faz você acreditar que estou disposto a entregar qualquer coisa a você? Ela sustentou o olhar dele, sentindo a eletricidade latente entre eles. — Porque você me quer por perto. Isso diz muito mais sobre você do que sobre mim. Damian inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos brilhando com algo que Isabella não conseguiu decifrar. — Touche. Ele abriu uma gaveta e pegou um crachá prateado, estendendo para ela. — Bem-vinda à Titan Tech, senhorita Carter. Você começa hoje na área de Relações Públicas. Ela pegou o crachá sem desviar o olhar, mas sua surpresa passou como uma nuvem transparente em frente a sua visão. Não imaginou que começaria já naquele momento. — Entre discursos, entrevistas e gerenciamento de crise, você terá acesso a muito do que precisa… se souber onde procurar. — Ele completa. Isabella entendeu a provocação. Ele estava jogando com ela, testando-a. — Eu sempre sei onde procurar. Damian sorriu de forma lenta e letal. — Então será divertido assistir. — Qual será meu primeiro passo dentro da Titan Tech? O que espera de mim, exatamente? Ele sorriu, mas havia algo afiado naquele gesto. — Espero que jogue conforme as regras. Isabella sorriu de volta, inclinando-se levemente sobre a mesa. — E eu espero descobrir o que você esconde, Sr. Lancaster. Os olhos dele brilharam com um desafio mudo. — Então estamos entendidos. Ele a entregou um envelope que ela logo entendeu se tratar de documentos admissionais, ela estava mesmo dentro desse jogo agora, e tudo estava apenas começando. Uma batida na porta interrompeu o momento, Isabella se virou, notando que o assistente de Damian ficou parado ao lado da porta observando toda aquela troca de faíscas dos dois de camarote, sentiu um leve rubor em duas bochechas por um momento, mas logo se conteve quando uma mulher alta e elegante entrou, seu cabelo loiro perfeitamente alinhado. — Sr. Lancaster, a CyberCore confirmou a reunião para quinta-feira. — A voz dela era firme, profissional. Seus olhos então pousaram em Isabella, analisando-a com uma pontada de desdém velado. — E essa é…? — Isabella Carter, nossa nova funcionária. A mulher forçou um sorriso educado. — Claire. Diretora financeira. Espero que seja competente. — Sempre — Isabella respondeu no mesmo tom, mantendo um sorriso afiado. Claire desviou o olhar e voltou sua atenção para Damian. — Preciso de um minuto com você. Ele acenou com a cabeça, já pegando alguns papéis sobre a mesa. Antes de sair, Claire lançou mais um olhar a Isabella, como se tentasse descobrir quem diabos ela era. Assim que a porta se fechou, Nathan suspirou e se aproximou de Isabella. — Eu diria para não levar Claire para o lado pessoal, mas ela não gosta de ninguém, então… Isabella deu de ombros. — Não me importo. Ele a observou por um momento, com curiosidade. — Pelo que entendi o seu trabalho aqui é diferente do usual, então não deveria subestimá-la. — E nem ela a mim. O silêncio entre os dois se estendeu por um instante longo e carregado, cortado apenas quando Damian entra novamente na sala, seus olhos faiscando ao observar os dois, tão próximos, se olhando. Sua garganta pigarreia e a atenção de volta para o CEO e com a voz controlada ele diz: — Obrigado pelo seu auxílio, Nathan, agora pode deixar a senhorita Carter sob meus cuidados — faz uma pausa longa, estendendo a porta de entrada, um aviso claro para que o rapaz deixe-os a sós. — O que você acha de um tour pela empresa? — Apenas se for um tour real e não uma encenação. Ele se levantou, caminhando até ela, parando perto o suficiente para que Isabella sentisse o calor de seu corpo. — Vai ter que confiar em mim. Ela ergueu o queixo, desafiadora. — Não confio em homens como você. Ele sorriu, e Isabella sentiu um arrepio percorrer sua pele. — Ah, Isabella… — A voz dele soou baixa e perigosa. Foi a primeira vez que se dirigiu a ela pelo nome, ela logo observou, e uma tensão se formou no ar, Isabella precisou aperta as mãos na cadeira para lembrar de onde estava e colocar a mente no lugar, fazer seu coração parar quieto. — Esse é o problema. Ele se virou a caminho da porta novamente, indicando que a seguisse. E, mesmo sabendo que estava entrando em um jogo perigoso, ela fez exatamente isso. Porque o jogo já havia começado. E ela não tinha intenção de perder.Isabella seguiu Damian pelos corredores impecáveis da Titan Tech, mantendo o olhar atento a cada detalhe. O ambiente era um reflexo do homem que comandava a empresa: frio, sofisticado e absolutamente calculado. Os funcionários, todos impecavelmente vestidos, lançavam olhares discretos enquanto passavam. Ela sabia o que estavam pensando. Uma nova contratação que teve o privilégio de ser pessoalmente guiada pelo chefe não era algo comum. Damian andava com a postura impecável, suas costas largas movendo-se com um controle absoluto. Cada passo era confiante, preciso, como se ele tivesse o mundo sob seus pés. — Como você já sabe, Titan Tech não é apenas uma empresa de tecnologia, mas também uma das maiores desenvolvedoras de software de segurança do país. Fornecemos sistemas para empresas privadas, instituições governamentais e até para bancos internacionais — explicou Damian enquanto passavam por um amplo espaço envidraçado, onde equipes trabalhavam em computadores ultramodernos. —
Isabella acordou naquela manhã com o coração acelerado. Mesmo após o turbulento primeiro dia, a sensação de que algo maior se escondia entre as paredes frias da Titan Tech não a abandonava. O apartamento em Brooklyn ainda exalava o eco das confidências de Clara e Sophie, e ela sabia que precisaria de todas as forças para continuar sua investigação enquanto cumpria seu papel no departamento de Relações Públicas. Após uma rápida ducha e um café forte, ela se arrumou com cuidado: seu cabelo castanho, com aquelas voltas naturais que sempre lhe conferiam um ar de despretensão elegante, estava impecável. O olhar cor de mel carregava determinação, mas também aquele brilho de desafio que tanto encantava – e irritava – seus interlocutores. Vestida de forma profissional, ela deixou sua casa e seguiu para o alto edifício da Titan Tech, onde o destino – e talvez segredos sombrios – aguardavam. No hall de entrada, a recepcionista cumprimentou-a com um sorriso contido, mas Isabella percebeu nos
Isabella não respondeu de imediato, mas internamente prometeu que usaria aquele alerta e ameaça (um desafio velado) como incentivo para redobrar os esforços. Claire se afastou com um meio sorriso, mas o recado ficou. A diretora financeira sabia demais – ou pelo menos, fingia saber. Aparentemente a Titan Tech não era apenas protegida pelos softwares, mas também pelas pessoas que compunham a grande empresa. Após o almoço, a rotina corporativa retomou seu ritmo frenético. Isabella passou as próximas horas organizando documentos, elaborando comunicados internos. Mas, mesmo enquanto se concentrava nas tarefas, sua mente permanecia fixada no arquivo confidencial e na sensação de que algo – ou alguém – a observava com especial interesse. Quando a tarde avançava, um e-mail interno chamou sua atenção: uma convocação para uma reunião de alinhamento com toda a equipe de Relações Públicas. Era a oportunidade perfeita para observar os colegas, buscar pistas e, quem sabe, se aproximar de infor
“Cuidado com quem se aproxima demais dos segredos da Titan Tech. Nem todos querem ver a verdade emergir.” O aviso gelou sua espinha. Alguém estava ciente de sua investigação, e o perigo agora era real, mesmo em seu primeiro dia. Isabella sabia que não podia recuar. Se quisesse expor as irregularidades, teria que enfrentar não apenas a vigilância implacável de Damian e seus aliados, mas também as ameaças ocultas que rondavam os corredores da empresa. Enquanto fechava o laptop, Isabella olhou para o espelho. Seus olhos cor de mel refletiam inquietação. A jornada estava apenas começando, e a verdade, por mais obscura que fosse, estava ao seu alcance – mesmo que precisasse desarmar cada armadilha colocada no seu caminho. Na manhã seguinte, ao entrar novamente na Titan Tech, Isabella manteve-se alerta. Ricardo a recebeu com o habitual sorriso enigmático, mas agora seus olhos traziam uma nova intensidade, como se já soubesse dos riscos que ela enfrentava. E, ao ver Claire nos corredore
Nova York cintilava sob a noite fria que caia. Do alto de seu escritório na Titan Tech, Damian Lancaster observava a cidade através da imensa parede de vidro, algo que já azia parte de seus hábitos, ele amava se sentir no poder e ter tudo sob seus olhares. O reflexo das luzes urbanas e o movimento contante em Brooklin se misturava aos seus próprios pensamentos, esse grande detalhe já era algo fora do comum para Damian, um homem que sempre cultivou o absoluto controle sobre si mesmo e sobre tudo ao seu redor, principalmente seus pensamentos e ações. Então por que estava agindo de forma tão inconstante e impulsiva? Por que seus pensamentos continuavam voltando para a dona daquele olhar desafiador e sorriso confiante? Por que sua mente lhe pregava peças em fazê-lo acreditar que precisa dar recados olho a olho, estar presente no setor que antes ele pouco frequentava como Relações Publicas. Mas agora Isabella estava lá e tudo tinha mudado. Seus colaboradores notaram a grande mudança, el
— O que exatamente você está tentando fazer com Ricardo Vasquez? — Damian não precisou fingir irritação, o seu tom de voz transmitia exatamente a raiva que ele sentia. E havia algo mais... Algo que ele jamais admitiria. Ele não a tem sobre seu controle e isso esmaga seu coração e ego, estraçalhando suas entranhas. Ela piscou, fingindo confusão. — Trabalhar? Ele é meu superior imediato, lembra? Ele me dá as direções sobre o que fazer, você mesmo o instruiu quanto a isso. Acho que está sofrendo de amnésia Senhor Lancaster... — brincou com um sorriso em seu rosto. Damian encarou aquilo com os olhos em chamas, instintivamente passou a língua sobre o lábio inferior e se virou para sua grande vista privilegiada pela janela, tentando recuperar um pouco da sanidade mental para responder a corajosa Isabella que o dirige as provocações. — Engraçado você dizer isso, porque do lado de fora parecia mais do que apenas trabalho. — Ah… — Isabella deixou um sorriso debochado escapar. — Você está
O silêncio do apartamento de Isabella só não é constante por conta do som distante da cidade ao fundo. As luzes dos prédios vizinhos piscavam através da janela, lançando sombras trêmulas pelo chão de madeira. Ela largou a bolsa no sofá e soltou um suspiro pesado. A discussão com Damian ainda pulsava em sua mente, assim como a tensão sufocante que crescia entre eles. Ela não deveria se importar ou ser afetada pelo olhar sombrio dele ou pelo tom possessivo que ele usou ao falar de Ricardo. — Você está estranha — comentou Clara, jogando-se no sofá e cruzando os braços. Sophie, que mexia no celular, levantou o olhar com um sorrisinho. — Estranha não… desconcertada. Isabella bufou, revirando os olhos. — Não estou desconcertada. Só cansada. Clara arqueou uma sobrancelha. — Cansada de lutar contra o fato de que está começando a gostar do seu chefe? — Não seja ridícula. Ele não é meu chefe de verdade, você sabe que é um trabalho de fachada, ele também tem total consciência di
Ricardo recuou um passo e sorriu casualmente. — Claro, senhor Lancaster. Só estamos discutindo o evento da empresa. Damian não respondeu imediatamente. Seu olhar cortante encontrou o de Isabella, um brilho perigoso escondido naquelas íris azuis. — Retorne ao trabalho, Vasquez. — Falou rispidamente, sem encarar o homem no rosto. Esperou pacientemente para que ele se fosse e que a atenção da sala espairecer e voltar ao foco do trabalho. — Vamos até a sala de reuniões para que eu fale em particular com você. A ordem foi clara. Isabella engoliu em seco, mas manteve a compostura. — Estou no meio do meu trabalho. — Você não parecia tão preocupada com isso minutos atrás. Além disso, não foi um pedido. Ela viu os olhos de Ricardo nela, esperando para ver sua reação. Isabella estreitou os olhos para Damian e, finalmente, cedeu. — Certo. E o seguiu até o corredor, onde adentraram a sala que outrora ela fez sua integração. O silêncio na grade sala era sufocante, Damian se en