Nessa manhã Isabella acordou determinada, precisava justamente dessa atitude para o dia que a esperava.
Logo cedo enviou um e-mail ao seu chefe do jornal, dizendo que estaria ausente do escritório decorrente da investigação em campo que estaria fazendo, sem data final, até fazer a maior descoberta e com evidências concretas de sua carreira. Seu chefe, Miguel, sequer questiona, já conhece bem o jeito não convencional de Isabella trabalhar e a apoia, já que a mulher sempre demonstrou resultados e hoje é uma das poucas jornalistas jovens, formada não há muito tempo e com pouco experiência em atuação, que se arrisca por uma boa e completa matéria. Isso o faz admirá-la. Isabella toma um banho frio e demorado, seca o seu cabelo, passando apenas um pouco de finalizador para deixar seus cachos naturais mais evidentes, foi fundo no guarda roupa para pegar seu melhor blaser e saia para combinar, um salto alto e ilustrado, para finalizar uma maquiagem básica transmitindo seriedade e naturalidade, além de seu perfume feminino vibrando sensualidade. Ela precisava transmitir uma boa imagem e mostrar quem estava no comando da situação. Precisava fazer Damian sentir que desafia-la daquele modo foi o seu maior erro e que aquilo finalizaria com uma bela e completa matéria para ela, enquanto para ele seria a quebra de seu império. O vento frio de Nova York cortava as ruas do Brooklyn naquela manhã, mas Isabella Carter mal o sentia. Seu foco estava inteiramente nas palavras que carregavam o peso de sua decisão. Parou em um café próximo à empresa, apenas para recarregar sua confiança que foi diminuindo com o caminhar, e com o café em mãos, a confiança renovada e a mente fervilhando, ela encarou o edifício imponente da Titan Tech, seu reflexo aparecendo nas portas de vidro conforme se aproximava. Ela sabia que estava se metendo na cova do lobo. Mas talvez o lobo tivesse subestimado sua presa. — Bom dia. Isabella Carter — anunciou à recepcionista, que a olhou com uma sobrancelha arqueada, da outra vez ela ela anunciou que a reunião que estava marcada para a próxima semana foi adiantada e Damian incrivelmente deixou que ela entrasse em seu império mesmo com essa petulância, mas dessa vez foi diferente. Ele esperava por sua chegada e já tinha preparado a sua equipe, tamanha a confiança de que Isabella diria sim a sua proposta. — Claro. Aguarde um momento. A mulher digitou algo no sistema e, segundos depois, Isabella percebeu a aproximação de um homem de terno impecável. Ele tinha traços afiados, cabelos castanhos bem penteados e um olhar profissional demais. — Senhorita Carter? Sou Nathan, assistente pessoal do Sr. Lancaster. Por favor, me acompanhe. Ela ajeitou a bolsa no ombro e seguiu Nathan até o elevador privativo. Assim que as portas se fecharam, Isabella notou seu reflexo no espelho lateral, seus olhos cor de mel estavam carregados de determinação. Ela gostou do que viu. Ela podia até estar indo direto para a toca do lobo, mas era um animal selvagem por conta própria. O elevador subia em silêncio, cortando os andares da Titan Tech com rapidez, até o décimo. Isabella manteve a postura ereta, o coração martelava dentro do peito, mas ela não deixaria transparecer. Não para Damian Lancaster. O piso de mármore refletia a luz natural que entrava pela parede de vidro, e, no fundo, uma mesa de mogno escuro estava posicionada estrategicamente diante de uma vista arrebatadora de Nova York. E ali estava ele. Damian Lancaster. Ele estava de pé, observando a cidade através da imensa janela panorâmica. A luz da manhã iluminava seu perfil afiado: cabelos pretos brilhantes, ombros largos perfeitamente preenchidos pelo terno sob medida, e aquela postura naturalmente dominante que fazia o ambiente parecer pequeno demais para contê-lo. — Pontualidade. — Sua voz grave e controlada preencheu o espaço sem que ele precisasse se virar. — Isso é um bom começo. — Eu diria que é o mínimo — Isabella rebateu, cruzando os braços. Damian finalmente se virou. Os olhos azuis brilhantes encontraram os dela, analisando-a com uma intensidade desconcertante. — Eu tinha certeza que você aceitaria o meu convite — ele disse, mostrando confiança e controle sobre a situação. — Não foi um convite — Isabella rebateu, mostrando que não, não era ele quem estava no controle da situação. — Foi um desafio. Ele riu, seus olhos escuros percorreram-na com um interesse contido, avaliando cada detalhe. — Gosto da forma como você enxerga as coisas, Srta. Carter. — Espero que goste também da minha forma de trabalhar. Damian inclinou a cabeça, um meio sorriso brincando nos lábios. — Tenho certeza de que vai me surpreender. A tensão entre eles era palpável, elétrica. Isabella sabia que estava entrando na cova do leão, mas se recusava a ser devorada. — Espero que tenha dormido bem. Hoje será um dia longo.Ela soltou um riso curto. — Eu durmo bem quando não estou cercada por mentirosos. Um canto da boca dele se ergueu em um sorriso. — Imagino que seu sono seja bem leve, então. Ela ignorou a provocação e caminhou até a mesa, apoiando as mãos sobre a superfície polida. — Vamos direto ao ponto, Lancaster. Se eu aceitei esse emprego, foi porque quero acesso às informações da empresa. Ele deu a volta na mesa e se sentou em sua imponente cadeira de couro, observando-a com diversão. — Confiante, eu gosto disso. Mas me diga, Carter, o que faz você acreditar que estou disposto a entregar qualquer coisa a você? Ela sustentou o olhar dele, sentindo a eletricidade latente entre eles. — Porque você me quer por perto. Isso diz muito mais sobre você do que sobre mim. Damian inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos brilhando com algo que Isabella não conseguiu decifrar. — Touche. Ele abriu uma gaveta e pegou um crachá prateado, estendendo para ela. — Bem-vinda à Titan Tech, sen
Isabella seguiu Damian pelos corredores impecáveis da Titan Tech, mantendo o olhar atento a cada detalhe. O ambiente era um reflexo do homem que comandava a empresa: frio, sofisticado e absolutamente calculado. Os funcionários, todos impecavelmente vestidos, lançavam olhares discretos enquanto passavam. Ela sabia o que estavam pensando. Uma nova contratação que teve o privilégio de ser pessoalmente guiada pelo chefe não era algo comum. Damian andava com a postura impecável, suas costas largas movendo-se com um controle absoluto. Cada passo era confiante, preciso, como se ele tivesse o mundo sob seus pés. — Como você já sabe, Titan Tech não é apenas uma empresa de tecnologia, mas também uma das maiores desenvolvedoras de software de segurança do país. Fornecemos sistemas para empresas privadas, instituições governamentais e até para bancos internacionais — explicou Damian enquanto passavam por um amplo espaço envidraçado, onde equipes trabalhavam em computadores ultramodernos. —
Isabella acordou naquela manhã com o coração acelerado. Mesmo após o turbulento primeiro dia, a sensação de que algo maior se escondia entre as paredes frias da Titan Tech não a abandonava. O apartamento em Brooklyn ainda exalava o eco das confidências de Clara e Sophie, e ela sabia que precisaria de todas as forças para continuar sua investigação enquanto cumpria seu papel no departamento de Relações Públicas. Após uma rápida ducha e um café forte, ela se arrumou com cuidado: seu cabelo castanho, com aquelas voltas naturais que sempre lhe conferiam um ar de despretensão elegante, estava impecável. O olhar cor de mel carregava determinação, mas também aquele brilho de desafio que tanto encantava – e irritava – seus interlocutores. Vestida de forma profissional, ela deixou sua casa e seguiu para o alto edifício da Titan Tech, onde o destino – e talvez segredos sombrios – aguardavam. No hall de entrada, a recepcionista cumprimentou-a com um sorriso contido, mas Isabella percebeu nos
Isabella não respondeu de imediato, mas internamente prometeu que usaria aquele alerta e ameaça (um desafio velado) como incentivo para redobrar os esforços. Claire se afastou com um meio sorriso, mas o recado ficou. A diretora financeira sabia demais – ou pelo menos, fingia saber. Aparentemente a Titan Tech não era apenas protegida pelos softwares, mas também pelas pessoas que compunham a grande empresa. Após o almoço, a rotina corporativa retomou seu ritmo frenético. Isabella passou as próximas horas organizando documentos, elaborando comunicados internos. Mas, mesmo enquanto se concentrava nas tarefas, sua mente permanecia fixada no arquivo confidencial e na sensação de que algo – ou alguém – a observava com especial interesse. Quando a tarde avançava, um e-mail interno chamou sua atenção: uma convocação para uma reunião de alinhamento com toda a equipe de Relações Públicas. Era a oportunidade perfeita para observar os colegas, buscar pistas e, quem sabe, se aproximar de infor
“Cuidado com quem se aproxima demais dos segredos da Titan Tech. Nem todos querem ver a verdade emergir.” O aviso gelou sua espinha. Alguém estava ciente de sua investigação, e o perigo agora era real, mesmo em seu primeiro dia. Isabella sabia que não podia recuar. Se quisesse expor as irregularidades, teria que enfrentar não apenas a vigilância implacável de Damian e seus aliados, mas também as ameaças ocultas que rondavam os corredores da empresa. Enquanto fechava o laptop, Isabella olhou para o espelho. Seus olhos cor de mel refletiam inquietação. A jornada estava apenas começando, e a verdade, por mais obscura que fosse, estava ao seu alcance – mesmo que precisasse desarmar cada armadilha colocada no seu caminho. Na manhã seguinte, ao entrar novamente na Titan Tech, Isabella manteve-se alerta. Ricardo a recebeu com o habitual sorriso enigmático, mas agora seus olhos traziam uma nova intensidade, como se já soubesse dos riscos que ela enfrentava. E, ao ver Claire nos corredore
Nova York cintilava sob a noite fria que caia. Do alto de seu escritório na Titan Tech, Damian Lancaster observava a cidade através da imensa parede de vidro, algo que já azia parte de seus hábitos, ele amava se sentir no poder e ter tudo sob seus olhares. O reflexo das luzes urbanas e o movimento contante em Brooklin se misturava aos seus próprios pensamentos, esse grande detalhe já era algo fora do comum para Damian, um homem que sempre cultivou o absoluto controle sobre si mesmo e sobre tudo ao seu redor, principalmente seus pensamentos e ações. Então por que estava agindo de forma tão inconstante e impulsiva? Por que seus pensamentos continuavam voltando para a dona daquele olhar desafiador e sorriso confiante? Por que sua mente lhe pregava peças em fazê-lo acreditar que precisa dar recados olho a olho, estar presente no setor que antes ele pouco frequentava como Relações Publicas. Mas agora Isabella estava lá e tudo tinha mudado. Seus colaboradores notaram a grande mudança, el
— O que exatamente você está tentando fazer com Ricardo Vasquez? — Damian não precisou fingir irritação, o seu tom de voz transmitia exatamente a raiva que ele sentia. E havia algo mais... Algo que ele jamais admitiria. Ele não a tem sobre seu controle e isso esmaga seu coração e ego, estraçalhando suas entranhas. Ela piscou, fingindo confusão. — Trabalhar? Ele é meu superior imediato, lembra? Ele me dá as direções sobre o que fazer, você mesmo o instruiu quanto a isso. Acho que está sofrendo de amnésia Senhor Lancaster... — brincou com um sorriso em seu rosto. Damian encarou aquilo com os olhos em chamas, instintivamente passou a língua sobre o lábio inferior e se virou para sua grande vista privilegiada pela janela, tentando recuperar um pouco da sanidade mental para responder a corajosa Isabella que o dirige as provocações. — Engraçado você dizer isso, porque do lado de fora parecia mais do que apenas trabalho. — Ah… — Isabella deixou um sorriso debochado escapar. — Você está
O silêncio do apartamento de Isabella só não é constante por conta do som distante da cidade ao fundo. As luzes dos prédios vizinhos piscavam através da janela, lançando sombras trêmulas pelo chão de madeira. Ela largou a bolsa no sofá e soltou um suspiro pesado. A discussão com Damian ainda pulsava em sua mente, assim como a tensão sufocante que crescia entre eles. Ela não deveria se importar ou ser afetada pelo olhar sombrio dele ou pelo tom possessivo que ele usou ao falar de Ricardo. — Você está estranha — comentou Clara, jogando-se no sofá e cruzando os braços. Sophie, que mexia no celular, levantou o olhar com um sorrisinho. — Estranha não… desconcertada. Isabella bufou, revirando os olhos. — Não estou desconcertada. Só cansada. Clara arqueou uma sobrancelha. — Cansada de lutar contra o fato de que está começando a gostar do seu chefe? — Não seja ridícula. Ele não é meu chefe de verdade, você sabe que é um trabalho de fachada, ele também tem total consciência di