Guilherme
Estava terminando mais uma sessão intensa de malhação na academia. A sensação de suor escorrendo pelo meu corpo e a dor agradável dos músculos trabalhados me davam uma sensação de realização. O treino sempre foi uma forma de liberar o estresse, de focar minha mente e manter meu corpo em forma para enfrentar qualquer desafio.
Saí da academia e comecei a caminhar em direção à padaria que ficava no caminho do meu apartamento. Era um lugar simples, mas tinha o melhor café e croissants de queijo e presunto que eu já tinha provado. Enquanto caminhava, meus pensamentos voltaram para a morena da boate, a mulher que eu tinha defendido do tal jogador na noite da inauguração.
Sua imagem estava gravada na minha mente: aqueles olhos profundos e intensos, os cabelos escuros caindo em cascata pelos ombros, a forma como ela parecia tão vulnerável, mas ao mesmo tempo, tão forte. Desde aquela noite, eu não conseguia parar de pensar nela. Quem era ela? Por que estava ali? E por que aquele jogador a tratou daquela maneira? Essas perguntas rondavam minha mente sem cessar.
Entrei na padaria e fiz meu pedido: um café forte e alguns croissants de queijo e presunto. Sentei-me em uma mesa perto da janela, observando o movimento das pessoas na rua enquanto esperava. Meu pedido chegou rapidamente, e eu comecei a comer, mas meus pensamentos continuavam na morena.
― Ei, posso me sentar aqui? ― Uma voz me tirou dos meus pensamentos.
Levantei os olhos e vi um senhor idoso, com um sorriso simpático no rosto. Assenti, indicando que ele podia se sentar.
― Claro, fique à vontade ― respondi, tentando afastar a imagem da morena da minha mente por um momento.
― Obrigado ― disse ele, acomodando-se na cadeira em frente a mim. ― Você parece estar com a cabeça longe, jovem. Problemas no trabalho?
Sorri de lado, apreciando a curiosidade do velho.
― Algo assim. Apenas pensando em alguém ― confessei, sem entrar em detalhes.
Ele riu suavemente.
― Ah, o coração. Sempre nos fazendo pensar demais, não é? ― Ele pegou sua xícara de café e deu um gole. ― Já passei por isso várias vezes.
Antes que eu pudesse responder, meu telefone começou a tocar. Olhei para a tela e vi que era JP. Atendi rapidamente, aproveitando a desculpa para encerrar a conversa com o idoso.
― Fala, JP ― disse, levando o telefone ao ouvido.
― E aí, chefe. Estamos com o dinheiro das vendas. Você está em casa para a gente levar? ― JP foi direto ao ponto, como sempre.
Olhei para o relógio, calculando o tempo que levaria para voltar ao meu apartamento.
― Estou na padaria perto de casa. Daqui uns 15 minutos estarei lá. Podem passar ― respondi.
― Beleza, chefe. A gente se vê lá ― disse JP, desligando em seguida.
Guardei o telefone e terminei meu café e croissants rapidamente. Despedi-me do senhor idoso, que me deu um aceno compreensivo, e saí da padaria. Caminhei de volta para o meu apartamento, ainda pensando na morena. Havia algo nela que eu não conseguia ignorar, algo que me puxava para saber mais.
Cheguei ao meu prédio e subi para o meu apartamento. Minutos depois, a campainha tocou. Abri a porta e vi JP e outro dos meus homens, Carlos, com uma mochila aparentemente cheia.
― Entrem ― disse, dando espaço para que passassem.
Eles entraram e se dirigiram até a sala de estar. JP colocou a mochila sobre a mesa e começou a tirar pacotes de dinheiro, empilhando-os ordenadamente.
― Tivemos uma semana boa, chefe ― disse JP, um sorriso de satisfação no rosto. ― As vendas estão crescendo.
Assenti, observando o dinheiro na mesa. Era um alívio ver que os negócios estavam indo bem, especialmente com a nova boate.
― Bom trabalho, JP. E você também, Carlos ― disse, reconhecendo o esforço de ambos. ― Continuem assim.
― Claro, chefe. Estamos sempre na correria ― respondeu Carlos, com um aceno de cabeça.
Enquanto contava o dinheiro, não conseguia tirar a morena da minha mente. Eu precisava saber mais sobre ela, precisava encontrá-la novamente. Decidi que faria algumas perguntas discretas entre os meus contatos para ver se alguém sabia algo sobre ela.
― Alguma coisa errada, chefe? ― JP perguntou, notando minha distração.
― Não, só pensando em algumas coisas ― respondi, tentando não parecer muito envolvido. ― Vocês têm alguma ideia de quem era aquela morena na boate na noite da inauguração? Aquela que eu defendi do jogador?
JP e Carlos trocaram olhares rápidos, antes de JP responder.
― A gente viu ela, mas não sabe quem é. Parecia nova por ali. Quer que a gente descubra alguma coisa? ― ofereceu JP.
― Sim, quero saber quem ela é e por que estava ali ― disse, firme. ― Mas façam isso discretamente. Não quero chamar atenção desnecessária.
― Pode deixar, chefe. A gente cuida disso ― garantiu JP.
Eles terminaram de contar o dinheiro e, depois de uma rápida conversa sobre os próximos passos para expandir as vendas, se despediram e saíram do meu apartamento. Fiquei sozinho na sala, olhando para as pilhas de dinheiro na mesa, mas minha mente estava longe dali.
Peguei meu celular e fiz algumas ligações. Tinha amigos e contatos na cidade que poderiam saber algo sobre ela. A primeira ligação foi para Marcelo, um velho amigo que sabia tudo sobre todos na cena noturna.
― Fala, Guilherme. Quanto tempo! ― disse Marcelo, quando atendeu.
― E aí, Marcelo. Preciso de um favor ― disse, indo direto ao ponto. ― Tem uma morena que apareceu na minha boate na noite da inauguração. Sabe de alguma coisa sobre ela?
― Cara, difícil dizer sem mais detalhes. Mas vou ver o que posso descobrir. Alguma pista específica? ― perguntou ele, interessado.
― Não muito. Ela estava sozinha no segundo andar até que aquele jogador apareceu e começou a fazer um escândalo. Ela é... especial. Quero saber mais sobre ela ― expliquei, tentando transmitir a seriedade do meu interesse.
― Entendi. Vou perguntar por aí e te aviso se descobrir algo ― prometeu Marcelo.
― Valeu, Marcelo. Te devo uma ― disse, antes de desligar.
Sentei-me no sofá, sentindo uma mistura de frustração e expectativa. Precisava de respostas. Algo naquela mulher me puxava, me fazia querer saber mais, protegê-la.
Enquanto esperava alguma notícia de Marcelo ou de JP, me peguei relembrando o momento na boate. A forma como ela me olhou, com gratidão e surpresa, estava gravada na minha mente. Eu sabia que precisava encontrá-la novamente, entender por que ela tinha aquele efeito sobre mim.
O dia passou devagar, cada minuto parecendo uma eternidade. Eu fiz algumas outras tarefas, organizei os papéis da boate e cuidei de alguns negócios, mas minha mente estava constantemente voltando para ela.
Finalmente, no fim da tarde, meu telefone tocou. Era Marcelo.
― Guilherme, tenho algumas informações. Parece que a morena que você está procurando se chama Fernanda. Ela não é muito conhecida na cena, mas algumas pessoas já a viram com Miriam.
Meu coração deu um salto. Finalmente, um nome.
― Miriam? A mesma Miriam que trabalha com garotas de programa? ― perguntei, tentando juntar as peças.
― Isso mesmo. Parece que Fernanda é uma das garotas dela. Mas não sei muito mais do que isso. Vou continuar investigando, mas achei que você queria saber logo ― disse Marcelo.
― Valeu, Marcelo. Isso já ajuda bastante. Me avise se descobrir mais alguma coisa ― agradeci, sentindo uma nova determinação crescer dentro de mim.
Desliguei o telefone e fiquei em silêncio por um momento. Fernanda. Finalmente, eu tinha um nome. E sabia onde procurar mais informações. Precisava encontrar Miriam, conversar com ela e descobrir mais sobre Fernanda.
Decidi que iria ao encontro de Miriam naquela noite. Precisava de respostas e não podia esperar mais. Peguei meu casaco, chequei se estava tudo em ordem e saí do apartamento.
A noite estava começando a cair quando cheguei ao local onde sabia que Miriam costumava trabalhar. Era um bar discreto, frequentado por pessoas que sabiam o que procurar. Entrei e procurei por Miriam.
Ela estava sentada em uma mesa no canto, conversando com algumas garotas. Quando me viu, seus olhos se estreitaram, mas ela manteve um sorriso profissional.
― Guilherme. Que surpresa te ver aqui ― disse ela, com uma voz que não revelava nada de suas intenções.
― Precisamos conversar, Miriam ― disse, aproximando-me da mesa.
Ela fez um gesto para as garotas se afastarem e me indicou um assento.
― Claro, o que posso fazer por você? ― perguntou, ainda com aquele sorriso enigmático.
― É sobre Fernanda. Preciso saber mais sobre ela ― disse, direto ao ponto.
Miriam arqueou uma sobrancelha, claramente interessada.
― Fernanda, é? E por que você está tão interessado nela? ― perguntou, sua voz suave, mas carregada de curiosidade.
― Porque ela é diferente. Quero entender mais sobre ela e por que estava na minha boate naquela noite ― expliquei, esperando que minha honestidade a convencesse a colaborar.
Miriam ficou em silêncio por um momento, estudando-me com atenção.
― Fernanda é... especial. Ela não é como as outras garotas. Teve uma vida difícil e está tentando encontrar seu caminho. Eu a encontrei em um momento muito ruim e tentei ajudá-la. Mas ela é independente, forte. E talvez seja por isso que você está tão atraído por ela ― disse Miriam, finalmente.
Suas palavras confirmaram minhas suspeitas. Fernanda tinha uma história complicada, e eu queria entender mais, queria ajudar se pudesse.
― Onde posso encontrá-la, Miriam? ― perguntei, com um tom urgente.
Ela suspirou, parecendo pesar suas opções.
― Ela mora em um apartamento pequeno, não muito longe daqui. Posso te dar o endereço, mas, por favor, seja gentil com ela. Fernanda já passou por muita coisa ― disse Miriam, entregando-me um pedaço de papel com o endereço escrito.
― Obrigado, Miriam. Eu prometo que serei ― disse, guardando o papel no bolso.
Deixei o bar com uma nova determinação. Sabia onde encontrar Fernanda, e estava pronto para conhecê-la de verdade, entender sua história e talvez, de alguma forma, fazer parte dela.
FernandaEstava em casa, como sempre, esperando pela ligação da Miriam. A rotina já era familiar: Miriam me ligava, descrevia o próximo cliente, e eu me preparava para fazer o que fazia melhor. Era um trabalho que eu tinha aprendido a dominar ao longo dos anos, mas ainda assim, cada cliente era uma nova incógnita. Nunca sabia realmente o que esperar.O celular estava ao meu lado na cama, e eu o mantinha no modo vibratório para não me assustar quando a ligação finalmente chegasse. Enquanto esperava, meus pensamentos divagavam, mas eu tentava mantê-los focados no que precisava fazer. Havia uma espécie de ritual que eu seguia antes de cada encontro, um processo mental de preparação que me ajudava a separar a Fernanda real da Fernanda que o cliente encontraria.
FernandaEra mais um dia comum, ou pelo menos deveria ser. Acordei com a sensação incômoda de que algo estava errado, mas não conseguia identificar o quê. Como de costume, me preparei para mais uma noite de trabalho. O ritual de sempre: banho longo, a água quente lavando não só meu corpo, mas a tensão acumulada dos últimos dias. Passei as mãos pelos cabelos, deixando que eles caíssem soltos sobre meus ombros, enquanto minha mente vagava. Miriam não havia me dito quem seria o cliente dessa vez. O que não era comum, e sinceramente, isso me incomodava.Sempre fui detalhista, organizada, e gosto de saber com o que estou lidando. Mas Miriam, por algum motivo que ela não se deu ao trabalho de explicar, decidiu fazer mistério. Apenas me deu o endereço, sem maiores informações. E o pior de tudo? Eu sabia muito bem onde era esse tal endereço. A boate. A mesma boate onde, da última vez, tive o desprazer de sair com aquele jogador babaca, que achava que poderia me tratar como uma qualquer só por
GuilhermeEnquanto eu me sentava à frente de Fernanda naquela sala privada, percebi que o jogo havia começado antes mesmo que ela soubesse. Ela estava tentando entender o que estava acontecendo, talvez tentando decifrar as minhas intenções. Eu podia ver nos olhos dela aquela mistura de desconfiança e curiosidade. Era exatamente o que eu queria.A verdade é que, desde a primeira vez que a vi, naquela noite em que defendi-a daquele idiota de jogador, alguma coisa nela me chamou a atenção. Havia uma força por trás de sua beleza, algo que me fazia querer saber mais. E eu sempre conseguia o que queria. Era apenas uma questão de tempo.Ela estava impecável como sempre, o vestido preto ajustado ao corpo realçava sua
GuilhermeEstávamos no escritório, a porta fechada e a luz suave do abajur preenchia o espaço. O silêncio era quebrado apenas pela nossa respiração ofegante, entrecortada pelo som dos beijos intensos que trocávamos. Desde o momento em que nossos lábios se encontraram, ficou claro que não havia como voltar atrás. A atração entre nós estava no ápice, quase palpável no ar.Fernanda estava tão perto, seu perfume invadia meus sentidos e eu não conseguia pensar em mais nada além do toque de sua pele. Minhas mãos percorreram sua cintura, puxando-a ainda mais para perto. O calor do corpo dela contra o meu fazia com que o desejo aumentasse a cada segundo. Quando nossas bocas se separaram por um breve instante, pude ver no olhar dela o mesmo desejo
FernandaNão estava nos meus planos que seria ele o meu cliente, ainda mais com aquela proposta de eu ser eu mesma. Nunca trabalhei assim, sempre vestia o personagem pois fazia parte do meu trabalho, mas acabei cedendo. Não sabia explicar, mas aquele homem mexia muito comigo, sem contar que ele é bem gostoso.Ofegante, ainda me agarrava ao corpo dele, sentindo o calor da pele dele contra a minha. Estávamos exaustos, mas satisfeitos, e por um breve momento, parecia que o mundo tinha parado. Eu mantinha os olhos fechados, tentando recuperar o fôlego, enquanto um sorriso suave escapava dos meus lábios. Não era algo planejado, mas o que acabara de acontecer entre nós foi intenso, quase como se nossos corpos tivessem falado a mesma língua sem precisar de palavras.Sentia o peso do corpo de Guilherme ainda próximo do meu, sua respiração forte e acelerada ecoando pela sala silenciosa. Ele me observava, eu podia sentir seu olhar queimando minha pele, mas eu não abria os olhos. Talvez porque,
FernandaQuando o Uber finalmente parou em frente ao meu apartamento, eu ainda estava tentando processar tudo o que havia acontecido. Não era só sobre a noite em si, nem sobre o programa com Guilherme, mas o que veio depois – o dinheiro. Puta merda, aquilo estava além do que qualquer um já tinha me pago. Eu nunca vi tanto dinheiro assim de uma vez só.Desci do carro meio atordoada, ainda olhando a quantia. Contando mentalmente, parecia até um sonho. Ele tinha me dado o dobro do combinado. E por quê? O que ele queria dizer com isso? Talvez fosse só um gesto para garantir que eu voltaria... ou talvez fosse mais do que isso. Minha cabeça já estava rodando antes de abrir a porta do apartamento.Subi as escadas com pressa, o salto batendo com força no piso de cerâmica enquanto minha mente se embolava em suposições. Era sempre assim, né? A gente tenta se convencer de que controla a situação, mas aí surge um cara como o Guilherme, e a gente se pergunta se é mesmo isso. Porque ele, definitiva
FernandaEu encarava a fumaça do cigarro de Miriam se dispersando no ar, tentando encontrar nas cinzas alguma resposta que eu não tinha. A pergunta dela continuava ecoando na minha cabeça, como uma batida que não deixava de martelar. — O que você quer? — O que eu queria, de verdade? Desde que comecei nesse mundo, a resposta era simples: dinheiro. Não tinha mistério, não tinha ambição oculta. Era só pagar as contas, sobreviver mais um mês sem ter que me preocupar se ia ter o que comer no fim da semana. Mas, depois de ontem... tudo parecia ter mudado. Guilherme não era um cliente qualquer. Eu sabia disso desde o momento que entrei no escritório dele. O jeito como ele me olhou, como se eu fosse algo a ser conquistado, e não só usado por algumas horas. Havia uma intensidade ali, algo que me puxava, me fazia querer entender mais sobre ele, mesmo sabendo que isso podia me afundar. — Você já pensou em parar? — A voz de Miriam me tirou do transe. Eu pisquei algumas vezes, voltando ao prese
GuilhermeSaí do banheiro sentindo o vapor quente ainda se dissipar pelo apartamento. A água tinha me dado uma sensação de alívio momentânea, mas minha mente não estava nem perto de relaxar. Peguei o celular, abri o chat e, sem pensar muito, mandei a mensagem para a Fernanda. “Te vejo hoje à noite. No escritório, às nove.” Apertei “enviar” antes que pudesse reconsiderar e joguei o celular na cama, como se o peso da decisão não estivesse todo nos meus ombros.Enquanto eu secava o corpo e me preparava para vestir a roupa, a imagem dela me veio à mente de novo, como uma maldita obsessão que não me deixava em paz. A morena. A morena que tinha me feito perder a cabeça na noite anterior. O jeito como ela olhou pra mim, como desafiou o que eu esperava. Não era só mais um programa. Era mais. O calor da pele dela ainda estava vivo na minha memória, o som da sua respiração acelerada. Porra... Ela sabia exatamente o que fazia, como controlar a situação e, ao mesmo tempo, me deixava com a sensaçã