Treze dias se arrastaram em um silêncio pesado.Malú estava dilacerada pela dor, sem coragem para buscar Ravi. Ele, mergulhado em culpa, mantinha distância. Seu plano com Gabriel precisava prevalecer — era a única forma de protegê-la, mesmo que isso significasse afundar seu próprio coração em gelo. A felicidade de ambos dependia de sua frieza. Dois dias depois, Viktor recebeu a notícia que aguardava: Ravi estaria em uma festa VIP em Gramado, no Rio Grande do Sul. A chance perfeita para capturá-lo. Após a proibição de Mikhail Kuznetsov de atacar a Fazenda dos Castellani, Viktor sabia que precisava agir nas sombras — sem deixar rastros da máfia russa. Mas a manhã trouxe consigo uma tempestade de caos. Uma ligação fez Viktor explodir em fúria, sua raiva ecoando como um trovão entre os homens. Sentado em sua cadeira de couro preto, ele apertava o celular com força suficiente para trincar a tela. Seus olhos, antes calculistas, incendiaram-se. — O quê?! — rugiu, erguendo-se de um
O vento cortante do inverno gaúcho chicoteou o rosto de Ravi assim que ele saiu do carro. Enfiou as mãos nos bolsos do casaco, os lábios tremendo sob o frio que parecia trespassar até os ossos. À sua frente, o Hotel Wish Serrano impunha-se como uma fortaleza de vidro e luz, suas linhas modernas contrastando com o céu cinzento e pesado de Gramado. No lobby, o calor do aquecimento central envolveu-o como um abraço, enquanto seus olhos percorriam o ambiente: lustres de cristal cintilavam sobre o mármore polido, flores exóticas exalavam um perfume doce e a música clássica ecoava suave, quase hipnótica. Ravi caminhou em direção à recepção, cada passo ecoando em meio ao silêncio elegante. — Seja bem-vindo, senhor Castellani — cumprimentou o recepcionista, com um sorriso treinado. Ravi assentiu, entregando o cartão de crédito sem perder o olhar vigilante. A chave do quarto 1005 brilhou em sua mão, fria e metálica. O elevador d
Assim que Gabriel baixou o celular ele voltou a vibrar como um alarme. Gabriel atendeu, a voz de tia Rosa explodindo em pânico: — Gabriel! Derick levou um tiro! Foi só no braço, mas… levaram a Malú! Ele quase deixou o aparelho cair. — Como assim? — rugiu, os dedos branqueando ao apertar o telefone. — Invadiram a casa… trancaram todos no quarto… Derick chegou na hora, mas… — Rosa engasgou em soluços. — Ela sumiu, Gabriel! Faz mais de uma hora! Gabriel encostou-se na parede, o coração batendo freneticamente. O mundo girava. Viktor. Só pode ser Viktor. — Merda. Merda! — golpeou a parede com o punho, mas a dor sequer chegou ao cérebro, ele precisava agir. Digitou freneticamente para Ravi, e a ligação foi atendida antes do primeiro toque: — Ravi, Viktor ele… — Já sei… — cortou Ravi, o sussurro tão gelado que quase congelou a linha. — Ele está aqui. Na festa. Com
A música ressoava pelo salão, envolvendo os convidados em uma atmosfera sedutora. Todos dançavam, riam, bebiam… menos Ravi e Malú, paralisados em seus próprios infernos. Helena, com um sorriso calculado e um vestido que parecia feito de sombras, aproximou-se dele: — Vem dançar — ordenou, os dedos fechando-se em seu braço com força disfarçada. Ele hesitou, os olhos fugindo para Malú, que observava tudo a alguns metros de distância. Mas recusar seria suspeito. Deixou-se levar, os passos mecânicos, enquanto o olhar permanecia grudado nela. Conforme os passos de ambos se sincronizavam, ela colocou as mãos suavemente em seu pescoço e inclinou-se para murmurar algo ao ouvido dele.Ravi virou-se abruptamente após as palavras de Helena e seu olhar cruzou com o de Malú novamente. Havia algo devastador na expressão dela – uma mistura de tristeza profunda e um medo que para Ravi parecia perfurar a sua alma. Seu coração apertou, e embora seus braços
Enquanto Ravi subia as escadas, a respiração ofegante ecoando no vazio do corredor… No salão abaixo, sete agentes disfarçados de garçons surgiram como sombras, posicionando-se ao lado de Helena. Em minutos, os homens de Viktor Petrova caíam um a um. Mas nem todos se renderam: dois fugiram para a cozinha, e o tiroteio explodiu em rajadas curtas e mortais. Helena, com o distintivo da Interpol erguido, gritou para a multidão aterrorizada: — Polícia internacional! Abaixem-se e fiquem imóveis! Um tiro raspou seu ombro, estilhaçando o espelho atrás dela. Sem piscar, ela apontou para dois agentes: — Kay, Marlon! Protejam os civis! Ninguém sai até meu aviso! Com um gesto brusco, ordenou ao resto da equipe: — Acabem com essa festa! — E avançou em direção à cozinha, os passos sincronizados com os tiros que ecoavam. Quando o último capanga de Viktor caiu, Helena sabia: o verdad
Já fazia alguns dias que Malu e a pequena May estavam escondidas naquele pequeno apartamento. Malú sentia-se sufocada ali dentro, o cheiro de mofo e umidade que impregnava o ar, misturava-se com a poeira dos móveis velhos. As paredes descascadas pelo tempo eram de um cinza amarelado e deprimente, e a luz que entrava pela única janela era fraca filtrada por cortinas esburacadas e manchadas. À noite o silêncio era quebrado apenas pelos ruídos distantes da cidade, tornando aquele ambiente ainda mais opressor. Era um esconderijo sombrio, mas por hora seguro, além disso ela não tinha outra escolha. E tudo a assustava, visto que podia ouvir o som de passos ecoando em sua mente. Ou sentir ser observada e tudo isso a assombrava, até nos seus sonhos. Mas, o pior de tudo era acordar de seus pesadelos com a sensação repugnante toques, e um perfume familiar que estava impregnado em sua pele, e a terrível sensação de ser vigiada que não a abandonava, nunca era como um aviso de que ele estava s
Ela, ainda com a menina no colo, escondeu-se atrás de uma parede, enquanto via os homens mostrarem a sua foto para a moça, que disse: — Sinto muito, mas não posso dar informações dos hóspedes do hotel! — Essa moça não é uma hóspede — dizia um dos homens. — Acreditamos que veio procurar emprego aqui. — Sendo assim, quem poderá dar-lhes tal informação é somente Rony, o rapaz do RH! — disse um dos funcionários. Porém, enquanto olhava para frente, a moça avistou Malú, então apontou para ela e falou: — Vejam, não é a moça que procuram! Ao perceber aquilo, Malú ficou desesperada e pensou em correr para a porta da frente, porém, sabia que se saísse por lá, provavelmente havia outros lá fora à sua espera. Por isso, segurou a pequena May com força em seu colo, e correu na direção da área de serviço do hotel, com os homens em seu encalço. Ela não sabia para onde estava indo, mas continuou. Passou pela cozinha, onde o cheiro de carne grelhada e temperos pesados encheu seu nariz, e depois
Algumas horas antes... A cobertura do luxuoso hotel Duna, em Goiás, pulsava com música eletrônica. Os graves intensos faziam o chão vibrar, como se acompanhassem as batidas aceleradas dos corações ali presentes. A festa de Alexandre ainda estava muito animada, e apesar de ainda ser cedo e com certeza passaria da meia-noite, pois ao que tudo indicava não tinha hora para acabar. Ravi estava encostado em um dos sofás de couro branco, cercado por duas figuras bem conhecidas: Lívia e Ruana. Uma loira de cabelos longos e brilhantes, um vestido justo realçando suas curvas. A outra, ruiva de olhos esverdeados. Ambas tinham sorrisos provocantes e estavam sempre juntas – inseparáveis, diziam as más línguas que elas, muitas vezes, adoravam dividir o mesmo homem ao mesmo, bem fosse ou não verdade, Ravi não poderia dizer, porém, já havia saído com ambas alternadamente e se quisessem também sairia com as duas na mesma noite. "E por que não? Já havia feito aquilo antes com outras mulheres, p