Eu não sabia para onde ir naquela noite. Só sabia que não podia continuar dirigindo sem rumo pela cidade, como se Nova York fosse me dar todas as respostas. Porque a verdade? A verdade era que eu me sentia quebrada. Completamente. Não importava o quanto eu tentasse ser forte, o quanto eu tentasse fingir que aquilo não me afetava tanto quanto parecia.
Mas afetava.
Então, quando me dei conta, já estava no caminho da casa do meu pai. Ele sempre foi meu porto seguro. Sempre soube como me ouvir, como me confortar... E agora, mais do que nunca, eu precisava dele. De alguém que não fosse uma mentira, que não estivesse fingindo me amar.
A casa do meu pai ficava no Upper East Side, nada muito extravagante, mas confortável o suficiente. Ele nunca fez questão de esbanjar, mesmo sendo um empresário de sucesso. Sempre dizia que o que realmente importava na vida eram as pessoas, não as coisas que compramos.
Estacionei o carro na frente da casa e, por um momento, hesitei. O que eu iria dizer? "Oi, pai, voltei! Descobri que meu marido é um canalha e uma loira siliconada estava mandando nudes para ele"? Eu ri sem humor só de imaginar a cena. Mas no fundo eu sabia que ele entenderia. Lucian Lioncourt sempre foi o tipo de pai que sabia o que dizer, mesmo que eu não dissesse nada.
Respirei fundo e saí do carro, caminhando até a porta. Não precisei nem tocar a campainha. Meu pai, como se tivesse um sexto sentido para essas coisas, já estava lá, abrindo a porta antes mesmo de eu pensar em bater.
— Angel, filha... — O tom da voz dele foi o suficiente para me fazer desmoronar.
Eu caí nos braços dele sem pensar duas vezes. Não conseguia falar, as lágrimas começaram a descer antes que eu pudesse controlá-las. Tudo o que eu tinha segurado até ali, toda a raiva, a tristeza, o desgosto... tudo veio à tona. E ele simplesmente me abraçou mais forte, sem perguntar nada, sem exigir uma explicação. Apenas me deixou chorar.
— Eu... eu não consegui mais, pai. — Finalmente consegui falar entre soluços. — Não dava mais.
Ele me guiou para dentro da casa, me fazendo sentar no sofá da sala de estar. Não era a primeira vez que eu buscava refúgio ali, mas nunca por uma razão como essa. Quando o choro diminuiu, ele se sentou ao meu lado, segurando minhas mãos como se eu fosse uma criança de novo.
— O que aconteceu, meu amor? — ele perguntou, com aquela calma que sempre teve.
Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. Mas como é que se explica que o homem que você amou, o homem com quem você jurou passar o resto da vida, te traiu descaradamente e ainda riu da sua cara quando você descobriu?
— Antony... — comecei, a voz fraca. — Eu... eu achei que tinha dado certo, sabe? Por mais estranho que fosse, por mais rápido que tudo aconteceu entre a gente, eu pensei que ele realmente se importava. Mas era tudo uma mentira. Tudo, pai. Ele... ele nunca se importou de verdade. E eu... fui tão idiota por acreditar.
Eu fechei os olhos, me forçando a continuar.
— Encontrei mensagens. Ele estava trocando mensagens com outra mulher, uma loira. Não era a primeira vez que vi, mas... dessa vez havia fotos, pai. Fotos dela, nua. E quando eu perguntei a ele, sabe o que ele fez? Ele riu. Riu como se nada daquilo importasse. Como se eu fosse uma piada.
Meu pai respirou fundo, e vi o brilho de tristeza nos olhos dele. Ele não era do tipo que mostrava raiva, mas eu sabia que, por dentro, ele estava furioso.
— Angel, me escute. — Ele segurou meu rosto com as mãos, me forçando a olhar diretamente para ele. — Você não foi idiota. Nem por um segundo. Quem errou foi ele. Quem jogou fora algo precioso foi ele, e não você. Não se culpe por acreditar nas pessoas, por se permitir sentir amar. Isso não faz de você fraca, faz de você humana.
As palavras dele fizeram meu coração apertar ainda mais. Porque, por mais que eu soubesse que ele estava certo, a sensação de ter sido enganada, de ter sido usada, ainda era forte demais. Como era que alguém supera isso? Como era que alguém confiava de novo?
— Eu só... não sei o que fazer agora, pai. — Eu limpei as lágrimas que ainda escorriam. — Como eu sigo em frente depois disso?
Ele suspirou, me puxando para mais perto.
— Você vai dar um passo de cada vez, filha. Não precisa ter todas as respostas agora. Mas o que você fez hoje? Ter a coragem de sair daquela casa e deixar tudo para trás? Isso já foi um grande passo. E eu vou estar aqui, com você, em cada um dos próximos. Seja o que for que você precise.
Ficamos em silêncio por um tempo. A presença dele era reconfortante, como sempre foi, mas meu coração ainda estava em pedaços. E eu sabia que levaria tempo para curar, se é que isso algum dia seria possível. Talvez eu nunca mais fosse a mesma.
— Você acha... — comecei, com a voz baixa, quase temendo a resposta. — Você acha que um dia eu vou conseguir amar de novo?
Meu pai sorriu, um sorriso suave, cheio de compreensão.
— Eu acho que você tem mais amor dentro de você do que imagina, Angel. Só porque uma pessoa te machucou, não significa que você nunca vai encontrar alguém que te valorize de verdade. Mas antes de tudo, você precisa se curar. Precisa lembrar de quem você é, do quanto você vale. E quando estiver pronta, você vai perceber que o amor verdadeiro não se trata de grandes promessas ou jantares caros, mas de pequenas coisas. Do jeito que alguém olha para você quando acha que você não está vendo, do modo como te apoia nos momentos difíceis. O verdadeiro amor nunca vai te fazer sentir menos do que você é.
As palavras dele me acalmaram mais do que qualquer coisa até agora. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu só precisasse de tempo para me curar, para me reencontrar. Porque, no fim das contas, eu ainda era Angel Lioncourt. Eu ainda tinha meu valor, mesmo que Antony tivesse me feito duvidar disso.
Enquanto a noite avançava, ficamos ali, conversando sobre tudo e nada, como costumávamos fazer. Aos poucos, a dor começou a parecer mais suportável, e eu soube que, por mais difícil que fosse, eu conseguiria seguir em frente. Afinal, eu não estava sozinha. Eu tinha meu pai, e isso já era um bom começo.
Angel Lioncourt | New YorkDepois de toda a conversa com o meu pai, eu resolvi pedir o divorcio, e quando finalmente me sentei na frente de Antony e disse que queria, eu admito… que esperava uma reação maior. Uma briga, talvez. Eu estava pronta para ouvir desculpas esfarrapadas, ou até mesmo para ele tentar me convencer a ficar. Mas o que aconteceu foi o completo oposto.Antony me olhou por alguns segundos, com aquele olhar frio que ele tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, e simplesmente deu de ombros.— Se é isso que você quer, Angel, tudo bem por mim. Podemos acabar com isso rápido.Aquela frase foi como um soco no estômago. Não pelo que ele disse, mas pela forma como ele disse, com tanto desprezo e indiferença. Para ele, eu realmente não significava nada. O casamento nunca tinha sido mais do que um contrato comercial, uma aliança estratégica para manter os negócios das nossas famílias unidos. E eu? Eu era só uma parte do acordo, facilmente substituível.Engoli a seco, tentando não
Angel Lioncourt | New YorkFinalmente. Divorciada. Eu não sabia se ria ou chorava, mas uma coisa era certa: eu precisava de uma bebida. Ou várias. Talvez por alívio, talvez por frustração... Ou talvez porque depois de tudo o que passei, eu merecia uma noite de esquecer de tudo.Depois de assinar os papéis, eu saí do escritório do advogado com uma sensação esquisita. O peso daquele casamento fracassado tinha sido retirado das minhas costas, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim ainda processava o que isso significava. Eu estava livre, sim. Mas livre para o quê? Para recomeçar? Para ser eu mesma? Eu nem sabia mais quem eu era fora daquele casamento.Minhas pernas me levaram até o bar do restaurante mais próximo, sem nem pensar. Eu precisava de algo forte, algo que fizesse esse turbilhão de pensamentos sumir por algumas horas. O bar estava levemente cheio, mas não me importei com a movimentação ao redor. Tudo o que eu queria era afundar em uma cadeira e me perder em alguns copos de qualque
Angel Lioncourt | New YorkO beijo explodiu entre nós com uma intensidade que eu não esperava, um choque que percorreu todo o meu corpo, fazendo com que cada centímetro de pele queimasse em resposta. Havia algo selvagem naquele contato inicial, uma necessidade crua que fazia com que a minha cabeça ficasse em branco por completo. Minhas mãos se moveram instintivamente para os cabelos dele, puxando com mais força do que eu pretendia, mas ele não pareceu se importar. Pelo contrário, o som rouco de aprovação que saiu de sua garganta fez o meu corpo arder por completo de desejo. Seus dedos apertaram minha cintura, me trazendo mais perto de seu corpo firme e quente. O calor que emanava dele, a pressão de seus lábios e a maneira como ele me segurava, tudo conspirava para me fazer esquecer do mundo lá fora. Eu não era mais a mulher recém-divorciada afogada em dúvidas e frustrações. Não naquele momento.Ele me puxou para mais perto, suas mãos percorrendo as curvas do meu corpo com uma urgên
Angel Lioncourt | New YorkAaron me pressionava contra a parede com uma intensidade que fazia meu corpo inteiro reagir a ele. O choque do pau dele entrando fundo dentro de mim fazia com que cada parte de mim respondesse de forma instintiva, e as ondas de prazer percorriam minha espinha como um fogo descontrolado. Ele me mantinha suspensa, suas mãos apertando minha cintura com força, e eu podia sentir o controle absoluto que ele tinha da situação. Minhas pernas envolviam sua cintura, o apertando ainda mais contra mim, como se meu corpo estivesse em sintonia com o dele, pedindo por mais.Cada estocada era intensa, cheia de urgência e brutalidade, e o som de nossas respirações entrecortadas ecoava pelo quarto. O ritmo dele era implacável, cada vez mais rápido, mais profundo, e eu sentia o impacto reverberar por todo o meu corpo, deixando minha mente completamente desfeita no tesão e no prazer. Meus gemidos enchiam o espaço, incontroláveis, à medida que ele me puxava para si a cada inves
Angel Lioncourt | New YorkEu estava louca. Não havia outra explicação.Minha mente não parava de repetir a mesma coisa enquanto eu apertava o botão do elevador e esperava aquelas portas de metal se abrirem. A batida do meu coração parecia ecoar na minha cabeça, acompanhada pela ressaca que insistia em me torturar. E, claro, o arrependimento. Como diabos acabei no quarto de um estranho? Bem, nem tão estranho assim. Eu ainda me lembrava do sorriso de canto, da forma como ele… me tocou. Mas isso não tornava a situação menos absurda! Deus, isso nem era hora para se ter esse tipo de pensamento!Eu não podia ficar presa ao que aconteceu. Então, eu fugi. Fugi. A única coisa que parecia racional era sair daquele hotel e enterrar essa noite no fundo da minha mente. Quando aquelas portas finalmente se abriram, foi como se eu estivesse escapando de um pesadelo, mas parte de mim sabia que a realidade ainda era uma bagunça que eu teria que encarar.A caminho de casa, cada esquina da cidade parecia
Capítulo 09Angel Lioncourt | New YorkDepois de me arrumar e descer as escadas, encontrei meu pai na porta, pronto para sairmos. Ele me olhou com um sorriso de aprovação que aqueceu meu peito. Eu estava nervosa, mas empolgada. Era a minha primeira vez participando de uma reunião importante como essa, e eu sabia que isso marcaria uma virada na minha vida. Agora, era hora de provar para mim mesma e para o meu pai que eu estava pronta para assumir responsabilidades e que toda aquela droga de situação com Anthony, tinha ficado para trás de uma vez por todas.O restaurante onde fomos para a reunião, era um lugar elegante, mas discreto, com uma atmosfera acolhedora que fazia o som dos nossos passos ecoarem levemente. Senti o ar mudar quando entramos, uma espécie de mistura entre ansiedade e empolgação, típica de lugares onde grandes negócios são fechados. Meu pai parecia tranquilo, como sempre, e aquilo me deu uma pontada de inveja.— Fique tranquila, filha. Vai dar tudo certo. — Ele me ol
Angel Lioncourt | New YorkQuando penso na minha vida antes do casamento, parece outra pessoa. Outra versão de mim, uma garota que acreditava em contos de fadas modernos. Não tinha príncipe encantado, mas a promessa de uma vida estável. E, no fim, acho que foi isso que me levou a dizer "sim". Porque, na minha cabeça, meu pai sempre teve razão. Se ele dizia que Antony Graham era o melhor para os negócios, eu acreditava. Se ele dizia que Antony me faria feliz, eu confiava. Meu pai nunca me decepcionou. Pelo menos, não até então.Lembro claramente do dia em que ele chegou em casa, a expressão séria no rosto cansado, com o peso de um mundo que parecia desmoronar ao nosso redor. Depois que minha mãe morreu, éramos só nós dois. Não tinha mais a presença acolhedora dela, nem o calor de um lar cheio de risadas. Era só o silêncio. E ele, meu pai, fazendo o que achava melhor para manter o nome da nossa família de pé.— Angel — ele disse, e aquela única palavra já me deu um frio na espinha. — Pr
Angel Lioncourt | New YorkTudo tinha simplesmente, ido por água baixo. Todas as minhas ilusões, tudo o que eu achava que acreditava, e tudo que… eu sinceramente, me perguntava se em dado momento, realmente existiu.Não, eu já sabia que nunca havia existido. Porque Antony me enganou direitinho. No começo, ele fez tudo parecer perfeito. Jantares românticos, presentes caros, sorrisos e palavras doces. Tudo o que uma garota poderia querer. Eu me permiti acreditar naquela fantasia, me deixei levar pela ideia de que talvez, só talvez, eu tivesse dado sorte. Afinal, quantas pessoas casam com alguém que nem conhecem direito e acabam se apaixonando de verdade?Bom… eu me apaixonei. Completamente. Cada olhar dele parecia prometer mais no ínicio. Prometer o tipo de futuro com o qual eu nunca tinha ousado sonhar. Mas foi tudo uma mentira. Um teatro cuidadosamente montado por ele. Eu não sabia que por trás daquele sorriso havia um homem frio, calculista, e pior: egoísta.Porque no fim, eu só