Depois de toda a conversa com o meu pai, eu resolvi pedir o divorcio, e quando finalmente me sentei na frente de Antony e disse que queria, eu admito… que esperava uma reação maior. Uma briga, talvez. Eu estava pronta para ouvir desculpas esfarrapadas, ou até mesmo para ele tentar me convencer a ficar. Mas o que aconteceu foi o completo oposto.
Antony me olhou por alguns segundos, com aquele olhar frio que ele tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, e simplesmente deu de ombros.
— Se é isso que você quer, Angel, tudo bem por mim. Podemos acabar com isso rápido.
Aquela frase foi como um soco no estômago.
Não pelo que ele disse, mas pela forma como ele disse, com tanto desprezo e indiferença. Para ele, eu realmente não significava nada. O casamento nunca tinha sido mais do que um contrato comercial, uma aliança estratégica para manter os negócios das nossas famílias unidos. E eu? Eu era só uma parte do acordo, facilmente substituível.
Engoli a seco, tentando não deixar a dor transparecer no meu rosto. Eu não ia dar esse gosto para ele. Ele não merecia ver que, mesmo depois de tudo, ele ainda conseguia me machucar.
— Bom, então acho que estamos resolvidos — disse, tentando manter a voz firme.
Antony se levantou da cadeira como se estivéssemos apenas discutindo um almoço de negócios, não o fim de dois anos de casamento. Ele já tinha um advogado pronto, é claro. Já devia estar esperando que eu pedisse o divórcio há muito tempo. Talvez até torcendo para que isso acontecesse logo, para ele poder se livrar de mim e seguir em frente com suas “negociações” paralelas, que claramente envolviam mais do que papeis e contratos.
— Meu advogado vai entrar em contato com o seu — ele disse, pegando o celular da mesa e começando a digitar mensagens, provavelmente marcando o próximo encontro com alguma outra mulher. — Podemos resolver tudo rápido. Não quero prolongar isso mais do que o necessário.
Aquilo foi a gota d’água. Não era só o fato de ele estar me ignorando, era o quanto ele estava subestimando o que aquilo significava. Eu passei três anos da minha vida tentando fazer aquele casamento funcionar, tentando ser a esposa perfeita para ele, só para acabar assim.
Eu não importava para ele.
Nunca importei.
— Você sempre foi tão prático, né? — A frase saiu antes que eu pudesse me segurar.
Antony finalmente levantou os olhos do celular, me encarando como se eu estivesse sendo ridícula.
— Pra que prolongar o inevitável, Angel? — Ele deu um meio sorriso, aquele sorriso que costumava me fazer sentir especial, mas que agora só me causava repulsa. — Nós dois sabíamos que isso não era para durar. Vamos ser adultos sobre isso, certo?
Eu cruzei os braços, tentando não perder o controle das minhas emoções. Ser adultos? Ele realmente tinha coragem de falar isso? Depois de tudo que ele fez?
— Claro, Antony. Vamos ser adultos. — Suspirei, já cansada da conversa. — Me avise quando seu advogado resolver tudo. Eu não vejo a hora de colocar um fim nisso.
Sem olhar para ele novamente, virei as costas e saí da sala. A mansão Graham, que um dia eu achei que seria meu lar, nunca tinha parecido tão fria e vazia. Cada canto daquela casa me lembrava de como fui ingênua, de como acreditei em algo que nunca existiu.
Enquanto subia as escadas para o nosso — não, o quarto dele —, tentei não pensar no tempo que perdi, nas noites em que fiquei acordada esperando ele voltar para casa, nas festas em que sorri e fingi que estava tudo bem, mesmo quando estava despedaçada por dentro.
Agora tudo isso ia acabar.
Abri o armário e peguei a única mala que eu tinha trago comigo no começo do casamento. Engraçado, não é? Eu me mudei para essa mansão enorme, mas nunca senti que pertencia a ela o suficiente para trazer mais do que uma mala de roupas.
Comecei a colocar minhas coisas na mala, sem pressa. Não havia muitas coisas que eu queria levar dali, de qualquer forma. Minhas roupas, meus sapatos... só isso, e o resto podia ficar. Não havia nada naquela casa que eu quisesse manter comigo, nada que fizesse questão de guardar como lembrança.
Enquanto dobrava o último vestido e o colocava na mala, uma sensação de alívio começou a tomar conta de mim. Era isso. Eu estava saindo daquela prisão. Eu não era mais a Sra. Graham. Não era mais a esposa troféu. Eu era só eu, Angel Lioncourt. E estava pronta para seguir em frente.
Fechei a mala, a coloquei sobre o ombro e me olhei no espelho uma última vez. A mulher que eu vi refletida não era mais a mesma que entrou naquela mansão dois anos atrás. Eu tinha mudado. E dessa vez, eu sabia que a mudança era para melhor.
Desci as escadas com firmeza, tentando não olhar para os cantos da casa que costumavam me sufocar. Antony não estava em lugar nenhum, é claro. Provavelmente já tinha saído para mais uma de suas “reuniões de negócios”. Melhor assim. Eu não queria mais ouvir a voz dele, nem olhar para a cara dele.
Quando finalmente alcancei a porta da frente, me permiti uma última olhada para trás. Não senti nada. Nenhuma tristeza, nenhum arrependimento. Apenas o vazio de algo que nunca foi real.
Saí da casa e fechei a porta atrás de mim, de vez.
Agora era oficial: Eu estava livre.
O motorista já me esperava com o carro na entrada. Joguei a mala no banco de trás e entrei sem hesitar. Quando a porta se fechou, senti o alívio se espalhar pelo meu corpo. Era o fim de uma fase sombria da minha vida. O motorista começou a dirigir, e eu olhei pela janela, vendo a mansão Graham ficar para trás, diminuindo até se tornar apenas uma lembrança distante.
Eu sabia que, daqui para frente, as coisas não iam ser fáceis. Divórcios nunca são. Mas pelo menos eu estava fora daquela relação unilateral. Fora daquele casamento vazio.
Agora, tudo o que eu queria era um recomeço. Algo novo. Algo que me fizesse sentir viva de novo.
Angel Lioncourt | New YorkFinalmente. Divorciada. Eu não sabia se ria ou chorava, mas uma coisa era certa: eu precisava de uma bebida. Ou várias. Talvez por alívio, talvez por frustração... Ou talvez porque depois de tudo o que passei, eu merecia uma noite de esquecer de tudo.Depois de assinar os papéis, eu saí do escritório do advogado com uma sensação esquisita. O peso daquele casamento fracassado tinha sido retirado das minhas costas, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim ainda processava o que isso significava. Eu estava livre, sim. Mas livre para o quê? Para recomeçar? Para ser eu mesma? Eu nem sabia mais quem eu era fora daquele casamento.Minhas pernas me levaram até o bar do restaurante mais próximo, sem nem pensar. Eu precisava de algo forte, algo que fizesse esse turbilhão de pensamentos sumir por algumas horas. O bar estava levemente cheio, mas não me importei com a movimentação ao redor. Tudo o que eu queria era afundar em uma cadeira e me perder em alguns copos de qualque
Angel Lioncourt | New YorkO beijo explodiu entre nós com uma intensidade que eu não esperava, um choque que percorreu todo o meu corpo, fazendo com que cada centímetro de pele queimasse em resposta. Havia algo selvagem naquele contato inicial, uma necessidade crua que fazia com que a minha cabeça ficasse em branco por completo. Minhas mãos se moveram instintivamente para os cabelos dele, puxando com mais força do que eu pretendia, mas ele não pareceu se importar. Pelo contrário, o som rouco de aprovação que saiu de sua garganta fez o meu corpo arder por completo de desejo. Seus dedos apertaram minha cintura, me trazendo mais perto de seu corpo firme e quente. O calor que emanava dele, a pressão de seus lábios e a maneira como ele me segurava, tudo conspirava para me fazer esquecer do mundo lá fora. Eu não era mais a mulher recém-divorciada afogada em dúvidas e frustrações. Não naquele momento.Ele me puxou para mais perto, suas mãos percorrendo as curvas do meu corpo com uma urgên
Angel Lioncourt | New YorkAaron me pressionava contra a parede com uma intensidade que fazia meu corpo inteiro reagir a ele. O choque do pau dele entrando fundo dentro de mim fazia com que cada parte de mim respondesse de forma instintiva, e as ondas de prazer percorriam minha espinha como um fogo descontrolado. Ele me mantinha suspensa, suas mãos apertando minha cintura com força, e eu podia sentir o controle absoluto que ele tinha da situação. Minhas pernas envolviam sua cintura, o apertando ainda mais contra mim, como se meu corpo estivesse em sintonia com o dele, pedindo por mais.Cada estocada era intensa, cheia de urgência e brutalidade, e o som de nossas respirações entrecortadas ecoava pelo quarto. O ritmo dele era implacável, cada vez mais rápido, mais profundo, e eu sentia o impacto reverberar por todo o meu corpo, deixando minha mente completamente desfeita no tesão e no prazer. Meus gemidos enchiam o espaço, incontroláveis, à medida que ele me puxava para si a cada inves
Angel Lioncourt | New YorkEu estava louca. Não havia outra explicação.Minha mente não parava de repetir a mesma coisa enquanto eu apertava o botão do elevador e esperava aquelas portas de metal se abrirem. A batida do meu coração parecia ecoar na minha cabeça, acompanhada pela ressaca que insistia em me torturar. E, claro, o arrependimento. Como diabos acabei no quarto de um estranho? Bem, nem tão estranho assim. Eu ainda me lembrava do sorriso de canto, da forma como ele… me tocou. Mas isso não tornava a situação menos absurda! Deus, isso nem era hora para se ter esse tipo de pensamento!Eu não podia ficar presa ao que aconteceu. Então, eu fugi. Fugi. A única coisa que parecia racional era sair daquele hotel e enterrar essa noite no fundo da minha mente. Quando aquelas portas finalmente se abriram, foi como se eu estivesse escapando de um pesadelo, mas parte de mim sabia que a realidade ainda era uma bagunça que eu teria que encarar.A caminho de casa, cada esquina da cidade parecia
Capítulo 09Angel Lioncourt | New YorkDepois de me arrumar e descer as escadas, encontrei meu pai na porta, pronto para sairmos. Ele me olhou com um sorriso de aprovação que aqueceu meu peito. Eu estava nervosa, mas empolgada. Era a minha primeira vez participando de uma reunião importante como essa, e eu sabia que isso marcaria uma virada na minha vida. Agora, era hora de provar para mim mesma e para o meu pai que eu estava pronta para assumir responsabilidades e que toda aquela droga de situação com Anthony, tinha ficado para trás de uma vez por todas.O restaurante onde fomos para a reunião, era um lugar elegante, mas discreto, com uma atmosfera acolhedora que fazia o som dos nossos passos ecoarem levemente. Senti o ar mudar quando entramos, uma espécie de mistura entre ansiedade e empolgação, típica de lugares onde grandes negócios são fechados. Meu pai parecia tranquilo, como sempre, e aquilo me deu uma pontada de inveja.— Fique tranquila, filha. Vai dar tudo certo. — Ele me ol
Angel Lioncourt | New YorkA primeira coisa que aprendi sobre assumir responsabilidades é que ninguém te ensina como fazer isso sem perder a cabeça no processo. E olha, eu estava prestes a descobrir isso da maneira mais difícil.Depois da reunião com Bonnie, eu sabia que minha vida estava mudando. Para melhor, claro, mas também para algo que eu não estava completamente preparada. Só que, como tudo na minha vida ultimamente, eu teria que fingir até conseguir.Na manhã seguinte, acordei decidida. Já era hora de colocar minha vida em ordem, e o primeiro passo era encontrar um lugar meu. Não que eu não amasse morar com meu pai, mas eu precisava de espaço para respirar, planejar, me encontrar. E, sejamos honestos, eu precisava de um lugar onde não corresse o risco de ele aparecer na porta do meu quarto perguntando se eu queria panquecas enquanto eu estava no meio de uma crise existencial.Depois de um café rápido e uma pesquisa básica online, saí para visitar alguns apartamentos. New York
Angel Lioncourt | New YorkSe tem uma coisa que eu aprendi nesses últimos meses, é que a vida nunca desacelera, mesmo quando você sente que precisa de uma pausa. Depois do almoço com Aaron, minha cabeça estava em uma confusão ainda maior do que antes. Não era só a tensão que ele trazia cada vez que estava por perto, mas também o que ele representava: caos, distração e... uma tentação perigosa.Enquanto voltava para casa, percebi que havia um milhão de coisas que precisavam da minha atenção. O contrato com Bonnie estava em andamento, e eu precisava me preparar para a reunião de introdução com os diretores da empresa. Meu pai queria que eu começasse a conhecer a equipe, mas, honestamente, eu estava mais preocupada em não parecer uma fraude do que em fazer amigos.Naquela noite, deitei na cama com o laptop no colo, tentando encontrar o apartamento perfeito. Queria um lugar que fosse a minha cara, algo que dissesse "Angel Lioncourt está recomeçando". Mas, depois de horas de busca, tudo o
Angel Lioncourt | New YorkÀs vezes, eu me pergunto por que a vida tem que ser tão complicada. Parece que, sempre que você acha que finalmente está pegando o ritmo, ela dá um jeito de jogar uma nova curva no caminho.Na manhã seguinte ao encontro no café com Aaron, acordei mais cedo do que o normal. A luz do sol ainda estava fraca, entrando pela janela do meu quarto. Era o tipo de manhã tranquila que, em outra época, eu teria aproveitado para ficar enrolada nos lençóis, mas hoje? Hoje, minha mente estava a mil.Peguei o celular para revisar minha lista de tarefas e, como já era quase automático, abri o aplicativo de mensagens. Nada novo de Aaron, o que era um alívio e uma decepção ao mesmo tempo. Esse homem tinha se instalado na minha cabeça de um jeito irritante, como se ele soubesse que poderia aparecer e desaparecer quando quisesse.Suspirei, me levantando e indo direto para a cozinha. Precisava de café – forte, quente e imediato. Meu pai já estava lá, sentado à mesa com seu tablet