Angel Lioncourt | New YorkAcordei antes do sol nascer, o peso do dia já pressionando meu peito. A reunião com os advogados tinha delineado o que precisávamos fazer para lidar com Anthony, mas isso não tornava a situação menos complicada. Ele ainda era uma sombra persistente, tentando manipular tudo ao seu redor.Enquanto tomava meu café, deixei os pensamentos vagarem. Havia algo na forma como Aaron tinha segurado minha mão na noite passada, uma espécie de tranquilidade que ele parecia oferecer sem nem perceber. Era um lembrete silencioso de que, mesmo no meio do caos, eu não estava sozinha.Depois de me arrumar, saí para o escritório, decidida a não deixar o nome de Anthony controlar meu dia.Bonnie estava esperando por mim na entrada da minha sala, com um olhar preocupado e o telefone na mão.— Bom dia, chefe. Preciso falar com você.— Algo novo?— Sim. Recebemos outra notificação de uma empresa que Anthony tentou envolver em seu plano. Eles querem saber se você realmente está apoia
Angel Lioncourt | New YorkA manhã seguinte começou com o som incessante de mensagens chegando no meu telefone. Rolei na cama, já esperando o que estava por vir: Anthony continuava a ser uma pedra no meu sapato, e as consequências da coletiva de imprensa dele estavam começando a aparecer.Peguei o celular e encontrei uma enxurrada de e-mails e notificações da equipe de comunicação. Jornalistas queriam declarações, investidores pediam esclarecimentos, e, claro, havia os comentários públicos, cada um mais especulativo do que o outro.Coloquei o telefone de lado, respirando fundo. Isso era exatamente o que Anthony queria: me colocar em uma posição de defesa.Não ia funcionar.Levantei, fiz um café forte e, enquanto olhava pela janela, deixei o peso do momento se dissipar. Hoje seria sobre retomar o controle.Depois de me arrumar, vesti um blazer branco – um lembrete simbólico para mim mesma de que eu estava entrando nesta batalha com a cabeça erguida – e saí para o escritório.Quando che
Angel Lioncourt | New YorkA manhã seguinte parecia mais pesada do que o habitual. O ar carregava uma tensão que parecia refletir exatamente como me sentia por dentro. Anthony havia forçado minha mão mais uma vez, e agora, com a reunião marcada para o dia seguinte, eu sabia que precisava estar pronta para o que viesse.Mas enquanto me preparava para enfrentar mais um dia no escritório, havia algo diferente em mim. Eu não sentia mais aquele medo paralisante de falhar, ou de que ele pudesse me controlar. Ele tinha perdido esse poder sobre mim, mesmo que ainda não soubesse disso.Peguei meu café e saí para o escritório, sentindo a familiar vibração de Nova York ao meu redor. Era como se a cidade estivesse me lembrando de quem eu era, de onde eu tinha chegado, e de tudo o que eu ainda era capaz de fazer.Bonnie estava na minha sala antes mesmo de eu chegar. Ela tinha espalhado uma série de documentos sobre a mesa e parecia estar no meio de uma ligação importante. Quando me viu, levantou u
Angel Lioncourt | New YorkO dia da reunião com Anthony chegou com um peso diferente. Em vez de medo, senti uma determinação firme, quase implacável. Ele não ia me manipular mais. Não dessa vez.Eu me preparei com cuidado, escolhendo um blazer preto que exalava confiança e poder. Enquanto ajustava o cabelo, respirei fundo, permitindo que aquele momento fosse meu.Hoje, eu não era apenas Angel Lioncourt. Eu era a mulher que havia reconstruído a si mesma.Peguei minha bolsa, saí do apartamento e entrei no carro que já me esperava. O caminho para o escritório foi tranquilo, mas minha mente estava repleta de estratégias, possibilidades e, claro, a lembrança de Aaron. Suas palavras da noite anterior ainda ecoavam em mim:"Você não é mais a mesma pessoa que ele conheceu."Eu sabia que ele estava certo.Bonnie estava na minha sala antes de mim, organizando documentos com sua eficiência habitual. Quando me viu, parou o que estava fazendo e me lançou um olhar de aprovação.— Bom dia, chefe. Es
Angel Lioncourt | New YorkQuando penso na minha vida antes do casamento, parece outra pessoa. Outra versão de mim, uma garota que acreditava em contos de fadas modernos. Não tinha príncipe encantado, mas a promessa de uma vida estável. E, no fim, acho que foi isso que me levou a dizer "sim". Porque, na minha cabeça, meu pai sempre teve razão. Se ele dizia que Antony Graham era o melhor para os negócios, eu acreditava. Se ele dizia que Antony me faria feliz, eu confiava. Meu pai nunca me decepcionou. Pelo menos, não até então.Lembro claramente do dia em que ele chegou em casa, a expressão séria no rosto cansado, com o peso de um mundo que parecia desmoronar ao nosso redor. Depois que minha mãe morreu, éramos só nós dois. Não tinha mais a presença acolhedora dela, nem o calor de um lar cheio de risadas. Era só o silêncio. E ele, meu pai, fazendo o que achava melhor para manter o nome da nossa família de pé.— Angel — ele disse, e aquela única palavra já me deu um frio na espinha. — Pr
Angel Lioncourt | New YorkTudo tinha simplesmente, ido por água baixo. Todas as minhas ilusões, tudo o que eu achava que acreditava, e tudo que… eu sinceramente, me perguntava se em dado momento, realmente existiu.Não, eu já sabia que nunca havia existido. Porque Antony me enganou direitinho. No começo, ele fez tudo parecer perfeito. Jantares românticos, presentes caros, sorrisos e palavras doces. Tudo o que uma garota poderia querer. Eu me permiti acreditar naquela fantasia, me deixei levar pela ideia de que talvez, só talvez, eu tivesse dado sorte. Afinal, quantas pessoas casam com alguém que nem conhecem direito e acabam se apaixonando de verdade?Bom… eu me apaixonei. Completamente. Cada olhar dele parecia prometer mais no ínicio. Prometer o tipo de futuro com o qual eu nunca tinha ousado sonhar. Mas foi tudo uma mentira. Um teatro cuidadosamente montado por ele. Eu não sabia que por trás daquele sorriso havia um homem frio, calculista, e pior: egoísta.Porque no fim, eu só
Angel Lioncourt | New YorkEu não sabia para onde ir naquela noite. Só sabia que não podia continuar dirigindo sem rumo pela cidade, como se Nova York fosse me dar todas as respostas. Porque a verdade? A verdade era que eu me sentia quebrada. Completamente. Não importava o quanto eu tentasse ser forte, o quanto eu tentasse fingir que aquilo não me afetava tanto quanto parecia. Mas afetava. Então, quando me dei conta, já estava no caminho da casa do meu pai. Ele sempre foi meu porto seguro. Sempre soube como me ouvir, como me confortar... E agora, mais do que nunca, eu precisava dele. De alguém que não fosse uma mentira, que não estivesse fingindo me amar.A casa do meu pai ficava no Upper East Side, nada muito extravagante, mas confortável o suficiente. Ele nunca fez questão de esbanjar, mesmo sendo um empresário de sucesso. Sempre dizia que o que realmente importava na vida eram as pessoas, não as coisas que compramos. Estacionei o carro na frente da casa e, por um momento, hesitei
Angel Lioncourt | New YorkDepois de toda a conversa com o meu pai, eu resolvi pedir o divorcio, e quando finalmente me sentei na frente de Antony e disse que queria, eu admito… que esperava uma reação maior. Uma briga, talvez. Eu estava pronta para ouvir desculpas esfarrapadas, ou até mesmo para ele tentar me convencer a ficar. Mas o que aconteceu foi o completo oposto.Antony me olhou por alguns segundos, com aquele olhar frio que ele tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, e simplesmente deu de ombros.— Se é isso que você quer, Angel, tudo bem por mim. Podemos acabar com isso rápido.Aquela frase foi como um soco no estômago. Não pelo que ele disse, mas pela forma como ele disse, com tanto desprezo e indiferença. Para ele, eu realmente não significava nada. O casamento nunca tinha sido mais do que um contrato comercial, uma aliança estratégica para manter os negócios das nossas famílias unidos. E eu? Eu era só uma parte do acordo, facilmente substituível.Engoli a seco, tentando não