Tudo tinha simplesmente, ido por água baixo.
Todas as minhas ilusões, tudo o que eu achava que acreditava, e tudo que… eu sinceramente, me perguntava se em dado momento, realmente existiu.
Não, eu já sabia que nunca havia existido.
Porque Antony me enganou direitinho. No começo, ele fez tudo parecer perfeito. Jantares românticos, presentes caros, sorrisos e palavras doces. Tudo o que uma garota poderia querer. Eu me permiti acreditar naquela fantasia, me deixei levar pela ideia de que talvez, só talvez, eu tivesse dado sorte. Afinal, quantas pessoas casam com alguém que nem conhecem direito e acabam se apaixonando de verdade?
Bom… eu me apaixonei.
Completamente.
Cada olhar dele parecia prometer mais no ínicio. Prometer o tipo de futuro com o qual eu nunca tinha ousado sonhar. Mas foi tudo uma mentira. Um teatro cuidadosamente montado por ele. Eu não sabia que por trás daquele sorriso havia um homem frio, calculista, e pior: egoísta.
Porque no fim, eu só estava sendo usada, que nem a porcaria de uma boneca, e… só eu tinha demorado pra perceber isso — o que sinceramente? Me fez sentir uma completa anta.
Por que as mensagens que ele recebia? Eu havia as visto de novo, e elas nunca paravam de chegar… nunca.
— Você vai jantar em casa hoje? — Eu perguntei antes dele sair do trabalho, porque… acho que algo dentro de mim, ainda queria se enganar, se agarrar a algo que eu sabia que não poderia ter de volta.
— Não sei. — Ele sequer olhou para mim. — Depende do trabalho.
Era sempre assim. O trabalho, o trabalho, o trabalho. Como se a empresa fosse a única coisa que importava na vida dele. E eu? Eu era apenas uma peça de decoração, algo para exibir nas festas de gala e eventos empresariais.
Uma esposa troféu.
Eu me sentia sozinha na maior parte do tempo. Sozinha em uma mansão enorme, cercada de coisas que eu não escolhi. Aquele lugar nunca pareceu meu de verdade. Eu me perdi naquele casamento. Fui me apagando aos poucos, até me tornar uma sombra de quem eu era.
Até que, um dia, eu parei de tentar.
E eu… decidi olhar aquelas malditas mensagem em seu celular pessoal, pelo menos… mais uma vez.
Estou com saudades... Quando nos vemos de novo?
O ar ficou pesado nos meus pulmões, porque não tinha sido como antes. Não. Porque com uma das mensagens tinha uma foto. Ela estava linda, claro. Linda, loira, e completamente nua. Eu mal conseguia respirar.
A dor, a raiva... tudo veio de uma vez só, e naquele momento… talvez fosse isso que eu precisava.
“Você tem que terminar isso… agora!” Eu pensei.
Mas… eu nem sabia como acabar com tudo para ser bem honesta. Confrontar Antony? Pedir explicações? Será que ele se importaria? Eu já sabia a resposta.
Não, ele não se importaria.
Nunca se importou em nenhuma das vezes em que eu perguntei.
Quando ele chegou em casa naquela noite, eu estava sentada no sofá, o celular dele ainda na minha mão. Antony entrou pela porta, olhando de relance para mim.
— O que é isso? — perguntei, minha voz mais calma do que eu imaginava ser possível.
Ele parou, analisando a situação com frieza, como se calculasse o que dizer a seguir.
— Isso o quê? — A cara dele era de quem não dava a mínima. Ele nem tentava disfarçar.
Eu me levantei, jogando o celular dele no sofá.
— As mensagens, Antony. Quem é ela?
Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— São só negócios, Angel! Eu já te falei! Não faça uma tempestade num copo d'água.
Negócios? Ele realmente disse negócios? Meu sangue ferveu naquele instante. Como ele podia ser tão desprezível? Como ele podia achar que eu aceitaria uma desculpa dessas de novo?
— Negócios? — Minhas mãos tremiam de raiva. — Negócios não envolvem fotos de mulheres nuas no seu celular!
Ele suspirou, cansado, como se a discussão estivesse o aborrecendo.
— Angel, você está exagerando. Não foi nada sério. Eu tenho muito com o que me preocupar, e honestamente, não tenho tempo para lidar com os seus dramas. Eu já tenho problemas demais no trabalho.
Naquele momento, alguma coisa quebrou dentro de mim. Talvez fosse o meu coração. Ou talvez fosse simplesmente a última gota de paciência que eu tinha para gastar com ele.
— Se é assim que você me vê, como um drama para lidar... então acho que estamos acabados, Antony.
Eu esperava que ele reagisse, que ele mostrasse algum tipo de arrependimento, que implorasse para eu ficar. Mas o que ele fez? Ele apenas riu. Um riso seco e sarcástico, como se eu fosse uma criança birrenta fazendo uma ameaça boba.
— Ah, Angel... se você quer ir embora, vá. Não estou te prendendo aqui. Você sabe que esse casamento foi um acordo. Não tínhamos ilusões desde o início, não é? Você sabia muito bem o que estava fazendo quando aceitou.
As palavras dele me cortaram mais fundo do que qualquer faca poderia.
Acordo. Foi tudo o que eu significava para ele. Um simples acordo comercial. Eu não passava de uma peça no jogo dele, algo descartável. Tudo o que senti por ele, todo o amor que eu achei que tinha... foi apenas uma ilusão.
Bom… claro que tinha sido.
Por que eu ainda quis me enganar pra começo de conversa?
Eu não respondi.
Afinal, não havia mais o que dizer. Em vez disso, subi as escadas para o nosso quarto, onde empacotei as poucas coisas que realmente me pertenciam. Cada movimento parecia pesado, como se eu estivesse me libertando de uma prisão.
Antes de sair, fiz questão de deixar a aliança sobre a mesa de jantar, junto com as chaves da casa. Era o fim. E, sinceramente? Eu não sabia se me sentia aliviada ou devastada.
Provavelmente ambos.
Enquanto dirigia pela cidade, as luzes de Nova York piscando ao meu redor, tentei não olhar para trás. Mas algo dentro de mim sabia que aquela noite ainda não tinha terminado.
Algo estava prestes a mudar.
E eu não fazia ideia de como aquela mudança iria me atingir.
Angel Lioncourt | New YorkEu não sabia para onde ir naquela noite. Só sabia que não podia continuar dirigindo sem rumo pela cidade, como se Nova York fosse me dar todas as respostas. Porque a verdade? A verdade era que eu me sentia quebrada. Completamente. Não importava o quanto eu tentasse ser forte, o quanto eu tentasse fingir que aquilo não me afetava tanto quanto parecia. Mas afetava. Então, quando me dei conta, já estava no caminho da casa do meu pai. Ele sempre foi meu porto seguro. Sempre soube como me ouvir, como me confortar... E agora, mais do que nunca, eu precisava dele. De alguém que não fosse uma mentira, que não estivesse fingindo me amar.A casa do meu pai ficava no Upper East Side, nada muito extravagante, mas confortável o suficiente. Ele nunca fez questão de esbanjar, mesmo sendo um empresário de sucesso. Sempre dizia que o que realmente importava na vida eram as pessoas, não as coisas que compramos. Estacionei o carro na frente da casa e, por um momento, hesitei
Angel Lioncourt | New YorkDepois de toda a conversa com o meu pai, eu resolvi pedir o divorcio, e quando finalmente me sentei na frente de Antony e disse que queria, eu admito… que esperava uma reação maior. Uma briga, talvez. Eu estava pronta para ouvir desculpas esfarrapadas, ou até mesmo para ele tentar me convencer a ficar. Mas o que aconteceu foi o completo oposto.Antony me olhou por alguns segundos, com aquele olhar frio que ele tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, e simplesmente deu de ombros.— Se é isso que você quer, Angel, tudo bem por mim. Podemos acabar com isso rápido.Aquela frase foi como um soco no estômago. Não pelo que ele disse, mas pela forma como ele disse, com tanto desprezo e indiferença. Para ele, eu realmente não significava nada. O casamento nunca tinha sido mais do que um contrato comercial, uma aliança estratégica para manter os negócios das nossas famílias unidos. E eu? Eu era só uma parte do acordo, facilmente substituível.Engoli a seco, tentando não
Angel Lioncourt | New YorkFinalmente. Divorciada. Eu não sabia se ria ou chorava, mas uma coisa era certa: eu precisava de uma bebida. Ou várias. Talvez por alívio, talvez por frustração... Ou talvez porque depois de tudo o que passei, eu merecia uma noite de esquecer de tudo.Depois de assinar os papéis, eu saí do escritório do advogado com uma sensação esquisita. O peso daquele casamento fracassado tinha sido retirado das minhas costas, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim ainda processava o que isso significava. Eu estava livre, sim. Mas livre para o quê? Para recomeçar? Para ser eu mesma? Eu nem sabia mais quem eu era fora daquele casamento.Minhas pernas me levaram até o bar do restaurante mais próximo, sem nem pensar. Eu precisava de algo forte, algo que fizesse esse turbilhão de pensamentos sumir por algumas horas. O bar estava levemente cheio, mas não me importei com a movimentação ao redor. Tudo o que eu queria era afundar em uma cadeira e me perder em alguns copos de qualque
Angel Lioncourt | New YorkO beijo explodiu entre nós com uma intensidade que eu não esperava, um choque que percorreu todo o meu corpo, fazendo com que cada centímetro de pele queimasse em resposta. Havia algo selvagem naquele contato inicial, uma necessidade crua que fazia com que a minha cabeça ficasse em branco por completo. Minhas mãos se moveram instintivamente para os cabelos dele, puxando com mais força do que eu pretendia, mas ele não pareceu se importar. Pelo contrário, o som rouco de aprovação que saiu de sua garganta fez o meu corpo arder por completo de desejo. Seus dedos apertaram minha cintura, me trazendo mais perto de seu corpo firme e quente. O calor que emanava dele, a pressão de seus lábios e a maneira como ele me segurava, tudo conspirava para me fazer esquecer do mundo lá fora. Eu não era mais a mulher recém-divorciada afogada em dúvidas e frustrações. Não naquele momento.Ele me puxou para mais perto, suas mãos percorrendo as curvas do meu corpo com uma urgên
Angel Lioncourt | New YorkAaron me pressionava contra a parede com uma intensidade que fazia meu corpo inteiro reagir a ele. O choque do pau dele entrando fundo dentro de mim fazia com que cada parte de mim respondesse de forma instintiva, e as ondas de prazer percorriam minha espinha como um fogo descontrolado. Ele me mantinha suspensa, suas mãos apertando minha cintura com força, e eu podia sentir o controle absoluto que ele tinha da situação. Minhas pernas envolviam sua cintura, o apertando ainda mais contra mim, como se meu corpo estivesse em sintonia com o dele, pedindo por mais.Cada estocada era intensa, cheia de urgência e brutalidade, e o som de nossas respirações entrecortadas ecoava pelo quarto. O ritmo dele era implacável, cada vez mais rápido, mais profundo, e eu sentia o impacto reverberar por todo o meu corpo, deixando minha mente completamente desfeita no tesão e no prazer. Meus gemidos enchiam o espaço, incontroláveis, à medida que ele me puxava para si a cada inves
Angel Lioncourt | New YorkEu estava louca. Não havia outra explicação.Minha mente não parava de repetir a mesma coisa enquanto eu apertava o botão do elevador e esperava aquelas portas de metal se abrirem. A batida do meu coração parecia ecoar na minha cabeça, acompanhada pela ressaca que insistia em me torturar. E, claro, o arrependimento. Como diabos acabei no quarto de um estranho? Bem, nem tão estranho assim. Eu ainda me lembrava do sorriso de canto, da forma como ele… me tocou. Mas isso não tornava a situação menos absurda! Deus, isso nem era hora para se ter esse tipo de pensamento!Eu não podia ficar presa ao que aconteceu. Então, eu fugi. Fugi. A única coisa que parecia racional era sair daquele hotel e enterrar essa noite no fundo da minha mente. Quando aquelas portas finalmente se abriram, foi como se eu estivesse escapando de um pesadelo, mas parte de mim sabia que a realidade ainda era uma bagunça que eu teria que encarar.A caminho de casa, cada esquina da cidade parecia
Capítulo 09Angel Lioncourt | New YorkDepois de me arrumar e descer as escadas, encontrei meu pai na porta, pronto para sairmos. Ele me olhou com um sorriso de aprovação que aqueceu meu peito. Eu estava nervosa, mas empolgada. Era a minha primeira vez participando de uma reunião importante como essa, e eu sabia que isso marcaria uma virada na minha vida. Agora, era hora de provar para mim mesma e para o meu pai que eu estava pronta para assumir responsabilidades e que toda aquela droga de situação com Anthony, tinha ficado para trás de uma vez por todas.O restaurante onde fomos para a reunião, era um lugar elegante, mas discreto, com uma atmosfera acolhedora que fazia o som dos nossos passos ecoarem levemente. Senti o ar mudar quando entramos, uma espécie de mistura entre ansiedade e empolgação, típica de lugares onde grandes negócios são fechados. Meu pai parecia tranquilo, como sempre, e aquilo me deu uma pontada de inveja.— Fique tranquila, filha. Vai dar tudo certo. — Ele me ol
Angel Lioncourt | New YorkQuando penso na minha vida antes do casamento, parece outra pessoa. Outra versão de mim, uma garota que acreditava em contos de fadas modernos. Não tinha príncipe encantado, mas a promessa de uma vida estável. E, no fim, acho que foi isso que me levou a dizer "sim". Porque, na minha cabeça, meu pai sempre teve razão. Se ele dizia que Antony Graham era o melhor para os negócios, eu acreditava. Se ele dizia que Antony me faria feliz, eu confiava. Meu pai nunca me decepcionou. Pelo menos, não até então.Lembro claramente do dia em que ele chegou em casa, a expressão séria no rosto cansado, com o peso de um mundo que parecia desmoronar ao nosso redor. Depois que minha mãe morreu, éramos só nós dois. Não tinha mais a presença acolhedora dela, nem o calor de um lar cheio de risadas. Era só o silêncio. E ele, meu pai, fazendo o que achava melhor para manter o nome da nossa família de pé.— Angel — ele disse, e aquela única palavra já me deu um frio na espinha. — Pr