Capítulo 5

- Duzentos e cinquenta mil, porra! Você só pode ter uma boceta de mel!

- Shiiiu! – Eu levo o dedo aos lábios, pedindo que Amanda mantenha o tom de voz baixo. Corro até a porta do meu quarto e a fecho, com medo de que meus pais possam ouvir.

- Ele tinha algum tipo de fetiche estranho? – A voz de Amanda está bem mais baixa agora. – Alguma coisa nojenta? – Faz uma careta.

- Eu já disse que não transei com ele!

- Meu amor, fica difícil de acreditar quando o cara te mandou um bônus de duzentos de cinquenta mil.

- Ele realmente fez isso?

Eu me lembro do nosso acordo, é claro. Mas depois de que saí daquele clube e o álcool foi progressivamente deixando o meu corpo, me pareceu extremamente improvável que Matt estivesse falando sério. Ainda mais que ele disse que faria o pagamento em duas partes, o que significava que... caceta!

- Sim, já está na sua conta, você não viu?

- Meu celular estragou, lembra?

- É verdade, talvez isso justifique o presente...

Ela remexe em sua bolsa Prada, que eu sei que é original, tira uma caixa de um iPhone de última geração e o entrega para mim.

- O que é isso?

- Acho que a caixa é autoexplicativa, Ella.

- Eu sei... – não contenho um risinho com a ironia de Amanda. – Mas o que significa isso?

- É um presente do seu cliente – ela diz como se fosse óbvio.

- Por que ele me daria isso?

- É o que eu tô tentando entender desde que pisei nesse quarto – ela j**a as mãos pro alto como se fosse algo óbvio. – Podolatria é comum demais para essa grana toda... – Ela pensa por alguns segundos. – Bondage? Ele te amarrou? Ah, claro, gosta de ser amarrado! Gosta de brinquedinhos também?

- Mandy! – Sinto meu rosto corar. – Não foi nada disso.

- Abre a caixa – ela aponta com a cabeça em direção ao celular. – Talvez tenha um bilhete.

E tinha. Era um bilhete escrito a mão, com uma caligrafia de dar inveja.

Ella,

Sinto muito que tenha saído bem cedo pela manhã e te deixado dormindo no hotel, mas tenho certeza de que meu motorista cuidou bem de você. Como não sabia seu número – e creio que seu celular não tenha se recuperado – mandei um novo aparelho, com o meu contato já salvo.

Espero que não tenha tido tempo de mudar de ideia com relação ao nosso acordo, pois realmente vou gostar de ter a sua companhia pelos próximos meses.

De qualquer forma, vou pedir que meu advogado te procure para formalizar tudo.

Matt.

- Acordo? Que acordo? – Mal me dei conta de que Amanda também lia a nota, por cima de meus ombros.

- Matt quer brincar de casinha comigo pelos próximos seis meses. O dinheiro foi por isso. Metade agora, e o resto ao logo dos meses.

- Puta que pariu, Ella, é meio milhão!

- Eu sei, vou poder pagar por todo o tratamento da Sophia e talvez ainda me sobre o suficiente para dar entrada em um apartamento – quando as palavras deixam minha boca, percebo o quanto estou animada com a perspectiva. -  Quero dizer, eu amo minha mãe e meu padrasto, mas essa casa é sempre tão cheia, não tenho minha privacidade.

Além de mim, filha do primeiro relacionamento da minha mãe, meu padrasto também tinha três filhos do seu casamento anterior, dois garotos mais velhos do que eu, gêmeos, e uma garota dois anos mais nova – com quem eu dividia o quarto. Além disso, ele e minha mãe tinham tido juntos uma garotinha, que atualmente tinha cinco anos. Todos moravam juntos, o que tornava essa casa uma loucura!

- Amiga, você tirou a sorte grande! – Amanda me deu um abraço, animada. – Não vá deixar isso escapar. Fora que esse tal de Matt me pareceu bem gostoso, não deve ser nada difícil dormir com ele.

- De fato, não deve – admito. – Mas isso está de fora do nosso acordo.

- O quê? – Ela soa bem surpresa.

- Sexo não está no acordo. Ele quer apenas que eu finja ser sua namorada para a sua família.

- Então tá! – Por algum motivo, Amanda não parecia acreditar muito no que eu disse. – Mas olha, eu te conheço, tá? Sei que você tem uma facilidade absurda de se apaixonada por quem não deve...

- Eu não tenho uma...

- Erick! – Ela diz simplesmente, e eu me calo ao ouvir o nome do meu ex-namorado otário.

- Não vá se apaixonar por esse Matt. Vocês são de mundos totalmente diferentes.

- Eu não vou.

- Vai ser tentador. Eu adoro sair com o Thomas, adoro conhecer os lugares em que ele me leva, adoro os mimos que ele me dá, e honestamente, eu adoro o sexo também. Mas nem por isso eu vou deixar de cobrar. Sei muito bem como nossa relação funciona e é importante que você também saiba como a sua com Matt vai funcionar.

- Ele disse que vai mandar o advogado me procurar, Mandy, acho que ele mesmo vai fazer questão deixar isso muito claro.

- Eu sei. Mas eu te conheço. Qualquer palavra doce e cuidado extra que alguém tenha com você e em cinco minutos você já está planejando mentalmente o casamento e o nome dos seus filhos.

Eu queria protestar, mas o fato é que Amanda estava certa. Nós erámos amigas há tempo o suficiente para ela já ter visto isso acontecer mais de uma vez. Acho que por ter visto meu pai biológico abandonar nossa família a própria sorte, ter começado a trabalhar muito cedo e depois ter assumido a responsabilidade de cuidar de Sophia, eu realmente nunca soube o que era ser cuidada por alguém. Então quando alguém tinha a mínima demonstração de cuidado comigo, meu coração logo derretia.

Mas esse não seria o caso com Matt. As coisas ficariam muito bem estabelecidas e eu duvidava que ele se importasse com qualquer coisa além da sua empresa e em querer obter a aprovação do pai.

- Não vai acontecer! – Garanto a minha melhor amiga.

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