- Ele te deu o cartão dele e disse pra você usar à vontade?
Amanda ainda não acreditava que eu tinha pagado nosso almoço em um dos restaurantes que sempre quisemos ir – e nunca pudemos pagar – do shopping mais chique da cidade. E que agora estávamos indo até uma loja super renomada pedir para que “renovassem o meu guarda-roupas”.
- Dá para acreditar? E o cartão é feito de ouro!
- Deixa eu ver! Cadê?
- Dentro do meu sutiã! – Digo, como se fosse óbvio. – Eu não vou correr o risco de perder ou de alguém me roubar. Tá seguro.
- Super seguro. Até porque ninguém coloca a mão aí a muito tempo, né amiga?
- Cala a boca! – Respondo, mas estou rindo.
Entrelaço meu braço no de Amanda enquanto caminhamos olhando as vitrines chiques. Se eu já tinha vindo nesse shopping antes uma vez, era muito. Não era um lugar para mim. Não tinha lojas de departamento. Se eu olhasse para a direita tinha uma Chanel, se eu olhasse para a esquerda tinha uma Prada e se eu olhasse para frente tinha uma Lennox. Nada de Renner, C&A ou mesmo Zara. A loja na qual estávamos indo não era de uma grife específica, mas sim uma multimarca (com todas essas grifes juntas e misturadas). Lá eles ofereciam os serviços de personal stylist, ou seja, uma pessoa exclusivamente para me ajudar a definir meu estilo e comprar os itens mais adequados. Isso tudo foi Amanda quem me explicou, eu não saberia, é claro.
- Boa tarde! – Uma atendente rapidamente chega até nós assim que pisamos na loja? – Posso... ajudar? – Seu olhar está nos varrendo da cabeça aos pés, o que volta a me deixar extremamente desconfortável.
- Sim – Amanda responde. – Minha amiga quer renovar o guarda-roupas dela.
- Nosso serviço de personal stylist só funciona com horário marcado e reserva antecipada. Vocês têm um horário?
- De novo isso...? – Deixo escapar baixinho.
- Não, mas foi Matt Lennox quem nos mandou.
- Matt Lennox? – Ela dá uma risadinha debochada. Ela se volta para mim: - Olha, eu sinto muito, mas não temos nada aqui do... – volta a me medir – seu estilo.
- Você é a personal stylist? – É Amanda quem pergunta.
- Não.
- E não deveria ser a personal stylist a falar sobre o estilo dela?
A mulher fica sem resposta apenas por um segundo.
- Eu vou pedir por favor para que vocês se retirem.
- Vamos... – eu volto a segurar o braço de Amanda, pronta para arrastá-la dali se fosse necessário. Já estava me sentindo humilhada o suficiente por estar sendo julgada pela minha aparência, não precisava de mais.
- Não! – Amanda enfia a mão no meu decote e arranca o cartão de lá.
- Amanda! – Eu protesto, tentando puxar o cartão de volta.
- Esse cartão é de ouro, querida, eu posso comprar você se eu quiser. Então, comece trazendo duas taças de champanhe, ok?
Mas a atendente não se intimida. Em um gesto hábil, ela arranca o cartão das mãos de Amanda e seus olhos vão direto para o nome estampado ali.
- Vocês roubaram isso?
- O quê? Não! – Digo indignada. – Olha, nós vamos embora, tá? Só me devolve isso – aponto para o cartão.
- Eu não vou te devolver isso! – Ela diz como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Se vira para a moça atrás do balcão. – Liga para a Lilly Lennox.
- A irmã do Matt? – Deduzo, uma vez que ele disse que era ela quem costumava comprar nessa loja. – Não! Isso é ridículo.
- Vocês duas, para a salinha lá atrás, agora!
- Você não pode nos prender aqui! – Disse Amanda. – Isso é crime!
- Roubo é crime! – Ela diz. – Eu posso chamar a polícia e a gente resolve isso logo, vocês preferem?
Agarro a mão de Amanda antes que ela possa dizer mais alguma coisa e a puxo na direção da porta que a atendente apontou.
- Você é louca? Por que foi pegar o cartão assim?
- Ela estava humilhando a gente! – Ela baixa o tom de voz, um tanto chateada. – Eu queria mostrar que a gente pode pagar.
- E agora estamos mais humilhadas ainda – reviro os olhos e me sento em uma cadeira que tinha ali, Amanda vindo se sentar ao meu lado.
- Me desculpa.
- Não é culpa sua.
Aquele sentimento era horrível mesmo. Não era a primeira e com certeza não seria a última vez que eu passaria por isso ao estar no mundo de Matt. Mas enquanto Amanda queria poder esfregar na cara da atendente o quanto ela estava errada, eu simplesmente preferia baixar a orelha e me retirar, exatamente por saber que ali não era meu lugar. Eu não ia lutar para entrar à força, Amanda lutaria.
Cerca de dez minutos se passaram antes da porta abrir. Matt entrou furioso, seu olhar varrendo a sala antes me achar com Amanda em um canto.
- Vamos embora! – Ele estendeu a mão na minha direção.
Eu me levantei, sem pensar duas vezes. Não aceitei sua mão, me joguei nos seus braços. Um tanto desconcertado, Matt envolveu minha cintura.
- Desculpa. Eu devia ter sido mais cuidadosa.
Matt leva a mão direita ao meu rosto e o levanta, fazendo com que meu olhar encontre o seu.
- Nunca mais deixe ninguém te tratar assim, está ouvindo? Nunca mais! Por que você não me ligou? Recebi uma mensagem da Lilly, ela não estava entendendo nada.
- Eu não queria incomodar.
- Não seja boba. Vamos! – Ele faz um gesto para que Amanda nos acompanhe.
Quando saímos para a parte da loja, vejo a atendente falando desesperadamente com uma moça loira muito bonita, que deveria ter mais ou menos a minha idade, ali por volta dos vinte e cinco anos. Seus olhos eram as únicas coisas que lembravam Matt, além disso, eu jamais suporia que eram irmãos.
- Eu sinto tanto! A gente só quis evitar uma confusão maior e...
- Você tem que pedir desculpas é para essas duas aqui! – A raiva de Matt não diminuiu nem um pouco.
- Sinto muito senhoritas – a atendente se vira em nossa direção e até faz uma pequena reverência. – Se houver quaisquer coisas que eu possa fazer por vocês, para nos redimir... Um desconto, ou...
- Não ouse! – Matt a interrompe. – A partir de agora tudo o que vocês vão fazer para se redimir vai ficar a cargo do acordo com o meu advogado. – Vamos embora, Lilly!
E colocando nós três a sua frente, Matt nos guia para fora da loja.
- Eu nunca mais volto naquela loja! – Lilly dizia revoltada. – Elas foram tão preconceituosas! – Ela baixa a voz para quase um sussurro. – Nunca passei por isso.Nós estávamos sentados em uma cafeteria no shopping. Por mais que Amanda e eu não tivéssemos almoçado há muito tempo – e tivéssemos pedido sobremesa, minha amiga fez questão de pedir três tipos de doces diferentes. Eu pedi apenas um chocolate quente. Estava nervosa e chocolate quente era uma bebida de conforto. Mas preciso admitir que me arrependi um pouco. Se aquele era o melhor chocolate quente que já provei na vida, imagina o resto do menu!- Eu estava com o cartão de crédito de outra pessoa, então...- Não a defenda! – Matt me cortou. – Não tem defesa.- Não tem mesmo! – Amanda concorda. – Ela foi uma idiota.- Não se preocupe, Ella, vou te levar em uma outra loja aqui perto que é maravilhosa! Eu gosto ainda mais dela, na verdade.- Ótimo, vocês já têm planos para até a hora do jantar, então... – Ele se levanta. – Vou vol
Enquanto nos éramos seguidas por três funcionários da loja carregando as compras para mim até o estacionamento, eu pensava que nunca tinha saído de uma loja com tanta sacola junto, nunca! Talvez nem se eu somasse todas as sacolas dos últimos dez anos da minha vida em compras, daria aquela quantidade.Isso em uma loja de departamentos já seria um absurdo, mas em um a multimarcas de grife... Por mais que Lilly não tivesse deixado eu ver a conta, eu tinha certeza de que valia uma fortuna.- Isso é um exagero... – sussurro para Amanda em um momento em que Lilly se distrai com o celular. – Lilly deve ter feito Matt gastar mais do que ele tá me pagando!- Deve? – Amanda dá uma risadinha. – Meu amor, é claro que ela fez!- Eu não consigo me sentir confortável com isso.- Relaxa! – Ela diz. – Isso é troco de bala para gente como os Lennox. Lilly deve fazer uma compra dessas todo mês.- Ainda assim... Não paro de pensar que esse dinheiro poderia ser muito mais bem gasto com outras coisas. Como
Depois do jantar, o motorista de Matt me leva até em casa. Ou melhor, ele me leva até a casa de Amanda. Além de eu saber que não conseguiria entrar em casa com todas aquelas sacolas sem chamar atenção, também seria difícil explicar o fato de estar descendo de um carro chique. Então peço que ele estacione em frente a casa da minha melhor amiga, que fica há apenas cinco minutos de caminhada da minha casa, e aproveito para descarregar todas as compras lá. Fico apenas com a roupa que usarei na manhã seguinte, já que Matt queria me ver novamente, a qual camuflo dentro de sacolas de mercado. O restante das coisas, Amanda iria me levando aos pouquinhos, toda vez que fosse me visitar.Tento entrar em casa o mais sorrateiramente possível, por mais que pelo horário já fosse para todos estarem dormindo. O problema é que não estavam. Quando entro no meu qua
Fico feliz quando levanto na manhã seguinte e Bianca não está mais no quarto. Eu a tinha ignorado completamente quando ela jogou a cartada do Matt, mas se bem conhecia a minha irmã, sabia que mais cedo ou mais tarde ela voltaria naquele assunto. Ficava feliz que fosse mais tarde.Bianca trabalhava como secretária em uma empresa de advocacia, ela odiava o que fazia. Ainda assim, ela sabia que não podia largar, já que seu salário era uma renda complementar necessária para a nossa família. Ela entrava todo dia às nove horas da manhã, o que significava que tinha que sair de casa, no máximo, às oito. Isso me deu pelo menos uma hora para me arrumar, com a certeza de que não a veria.Quando desço até a cozinha para beber um copo de suco de laranja antes de sair de casa, encontro minha mãe cuidado de Sophia e Giovanna. Meu padrasto também já deve ter saído para trabalhar e Bruno deve estar na venda. Breno ainda deve estar dormindo.- Bonita! – Sophia aponta para mim, provavelmente se referind
- Preciso que finja que é meu chefe – alcanço Matt com alguma vantagem. Bianca vinha caminhando um pouco afastada de mim, apenas observado. Então, consigo ser direta quando o encontro, me esperando em frente ao spa.- Eu não sou?- Não desse jeito. No spa. Não me beija... – o empurro levemente quando ele tenta se aproximar.- O que está acontecendo, Ella?- Minha irmã tá desconfiada de... você sabe. – Faço um gesto com a cabeça na direção que ela estava. – Tá me seguindo.Ele ri.- A gente pode fingir que está junto para a sua família também – ele dá de ombros. – Seria menos problemático para você.- Matt... – É a minha vez de rir. – Você realmente se imagina sentado em uma mesa de plástico em um bairro de subúrbio para o almoço de domingo?- Talvez – ele mente.- Isso nunca daria certo. Por favor, só finja que é meu chefe no spa.- Se você prefere assim – ele indica a entrada com a cabeça. – Tanto faz.Sigo para dentro do spa enquanto vejo Bianca nos observando através da vitrine. Se
Não vou mentir, não foi difícil me adaptar a minha nova rotina. Era como as pessoas costumavam dizer, a gente se acostuma fácil com aquilo que é bom. Matt tinha deixado o motorista a minha disposição, pronto para me levar para onde eu quisesse no horário que eu quisesse. A única coisa que ele exigia era que jantássemos juntos todas as noites, casa vez em um restaurante chique diferente.Sempre aproveitávamos aqueles momentos para nos conhecer melhor, contar histórias do passado, falar sobre nossos traumas, ou nossos sonhos. Nossas conversas acabavam fluindo tão bem que vez ou outra eu me pegava pensando que em outra realidade realmente poderíamos ser amigos. Isso, é claro, se todo o nosso relacionamento não fosse pautado em cima de um contrato, muito dinheiro e dois mundos completamente diferentes colidindo.A parte ruim de tudo aquilo eram os segredos que eu precisava guardar da minha família. Bianca tinha se tornado bem mais tolerável quando cedi a sua chantagem e a coloquei de rece
- Matt... Eu não acho... Eu não acho que isso seja uma boa... uma boa ideia... – Era difícil falar ou mesmo formular frases enquanto suas mãos e seus lábios percorriam meu corpo de maneira hábil.- É? – Ele provoca, levando dois dedos aos meus lábios para que eu me calasse – Sabe o que me parece uma excelente ideia...? – Ele ia abrindo os botões da minha blusa lentamente enquanto falava. – Cair de boca nesses seus peitos gostosos... chupar sua boceta até você explodir de tesão... e depois te colocar de quatro e meter com força, até suas pernas não aguentarem mais te sustentar...O magnetismo de Matt era tanto que eu acreditava que era capaz de gozar em antecipação apenas de continuar ouvindo o que ele queria fazer comigo. Meu clitóris latejava e eu estava completamente molhada, pronta para recebê-lo.- Então, Ella, se você realmente acha que isso é uma má ideia... – Ele agora brincava com meu mamilo direito, preso entre seus dedos indicador e médio, que faziam movimento de vai e vem,
- Então... vocês transaram? – Amanda tinha um sorriso gigante no rosto, enquanto eu lhe contatava.- Isso foi tudo o que você captou da história? – Reviro os olhos.- Tá, tá, Bianca, blá, blá, blá... Mas vocês transaram?- Não exatamente, mais ou menos.- Tão ruim assim? – Seu sorriso morreu.- Não! – Protesto, me atirando de costas na cama dela. – Ninguém nunca fez comigo o que aquele homem fez... – suspiro, tendo uma breve lembrança da sua língua em mim. – Só que... fomos interrompidos pela Bianca. Esse é o ponto. – Suspiro novamente. - Ele me defendeu de um jeito!- Ella... – Amanda para de tirar coisas do seu guarda-roupas e vem se sentar ao meu lado. – Corta essa!- Essa o quê?- De ficar apaixonadinha. Eu te avisei desde o começo.- Eu não tô apaixonadinha.- Você tá sim! Porque você associa sexo com amor e você acha que o fato dele querer te comer é porque ele gosta de você. Ele não gosta, Ella! Ele tá vendo uma puta de uma mulher gostosa que ele quer foder, e só. - Fico calada