- Abre os olhos, Ella.
- Por favor, Matt, só mais um pouquinho – insisto.
- Olha para mim.
Finalmente abro os olhos e o encaro, me perdendo nos seus olhos azuis da mesma forma como tinha acontecido da primeira vez em que nos vimos. Eu ainda era tão apaixonada por aquele homem. Talvez ainda mais e mais a cada dia.
- É que às vezes, eu acho que tudo é perfeito demais para ser real. E eu não quero acordar.
- Posso te beliscar para provar que não é um sonho... – ele desce a mão da minha cintura e aperta minha bunda.
- Matt! – Brigo, dando um tapinha em seu ombro.
- Ninguém está vendo! – Ele ri.
E ninguém estava mesmo, nós é quem estávamos vendo todos, observando o animado salão principal da nossa casa em Londres do topo das escadarias de mármore.
- Quando você imaginaria que nos
- Eu não preciso transar com ele, não é? Era estranho como o meu corpo reagia quando eu ficava nervosa. Ao mesmo tempo em que eu daria tudo para qualquer umidade na minha garganta extremamente seca, eu desejava não estar suando horrores pela palma das mãos. Humedeço os lábios com a língua ao mesmo tempo em que me contenho em enxugar as mãos no vestido. Não podia deixar manchas naquele vestido. Vestido, aliás, que nem era meu. Eu não teria nada tão chique e sexy ao mesmo tempo como aquele vestidinho Gucci preto de alcinha que ao mesmo tempo em que não era revelador demais sustentava perfeitamente o decote dos meus seios e marcava sedutoramente as curvas da minha bunda. Eu nunca usaria isso em outra ocasião. Eu era a garota da calça jeans e camiseta de loja de departamento. Amanda, parada ao meu lado, era garota dos vestidos sensuais e caros. - Só um minuto, Ella, deixa eu verificar com o meu agente se nada mudou desde os últimos dois minutos quando você me fez essa pergunta pela últi
- Vai se foder, porra! – Matt reclamava com Thomas. – O que ele espera de mim? Eu venho fazendo tudo o que ele quer desde que nasci e nunca sou bom o suficiente.Amanda tinha os dois braços ao redor da cintura de Thomas e descansava seu queixo no ombro do rapaz. Quem olhasse de longe, realmente acreditaria que existia uma relação entre eles. Ela me repreendeu com o olhar, o que me fez dar um passo na direção de Matt. O que ainda me colocava a dois passos de distância dele, pelo menos.- Relaxa! - Thomas passou a ele um copo de algo que parecia ser whisky, e depois me serviu um também. – Você sabe que nada disso é sério, aquela empresa não teria sobrevivido à pandemia se não fosse por você.- E que reconhecimento eu ganho por isso? Porra nenhuma!- Bebe isso! – Thomas aponta para o copo na mão do primo. – E me dá quinze minutos, eu já volto! – Ele sai puxando Amanda em direção a algumas outras pessoas.- Isso não vai ser o suficiente... – Matt passa para a parte de trás do bar e pega a
- Ella! O que f...? – Matt se interrompeu no meio da frase quando viu sua mãe e a loira saindo do banheiro.- Oh, meu Deus, querida, você está bem? Você não caiu por estar bêbada, caiu?Então, o barulho de outra coisa pesada caindo na água atraiu todos os olhares. Ainda completamente vestido e enxarcado, Matt nadava em minha direção.- Ah, nós estamos bêbados, mamãe – ele respondeu, me agarrando pela cintura e encarando a mulher. – E se eu fosse você sairia daqui agora pois não me responsabilizo pelo trauma que as próximas cenas podem lhe causar. Ah, oi Yasmin. Sinto muito, mas você também não está convidada dessa vez.- Vamos, vamos... – a mãe de Matt vai tocando Yasmim para fora da área da piscina, fingindo não estar extremamente constrangida. – É amor jovem, deixe que se divirtam.A loira dá uma boa olhada em mim antes de se permitir ser levada e eu consigo ver o ódio flamejando em seus olhos claros.- O que elas fizeram? – Matt logo me pergunta, assim que as mulheres passam pela p
Como muitas das coisas que eu estava experimentando pela primeira vez naquele dia, aquele jantar tinha sido uma das coisas mais maravilhosas que já comi na vida. O único erro tinha sido deixar Matt combinar cada um dos pratos – entrada, principal e sobremesa – com o seu vinho preferido. O banho gelado de piscina, seguido do banho quente de chuveiro, tinham ajudado a amenizar o efeito do whisky em meu organismo. Mas as taças de vinho logo me deixaram alcoolizada além da conta novamente.- Acho que a última vez que eu bebi tanto, foi na faculdade... – Tento me levantar, mas o mundo está rodando ao meu redor. – Opa... – me atrapalho com as próprias pernas e me apoio na mesa.- Onde você acha que vai assim? – Matt permanece sentado, uma boa escolha, visto que ele também bebeu bastante.- Casa? – Digo. – Amanda... Angie... Ela já deve estar quase acabando.- Mandei uma mensagem para sua amiga... – ele exibiu o celular. – Disse para que não se preocupe porque eu vou te deixar em casa.- Não
- Duzentos e cinquenta mil, porra! Você só pode ter uma boceta de mel! - Shiiiu! – Eu levo o dedo aos lábios, pedindo que Amanda mantenha o tom de voz baixo. Corro até a porta do meu quarto e a fecho, com medo de que meus pais possam ouvir. - Ele tinha algum tipo de fetiche estranho? – A voz de Amanda está bem mais baixa agora. – Alguma coisa nojenta? – Faz uma careta. - Eu já disse que não transei com ele! - Meu amor, fica difícil de acreditar quando o cara te mandou um bônus de duzentos de cinquenta mil. - Ele realmente fez isso? Eu me lembro do nosso acordo, é claro. Mas depois de que saí daquele clube e o álcool foi progressivamente deixando o meu corpo, me pareceu extremamente improvável que Matt estivesse falando sério. Ainda mais que ele disse que faria o pagamento em duas partes, o que significava que... caceta! - Sim, já está na sua conta, você não viu? - Meu celular estragou, lembra? - É verdade, talvez isso justifique o presente... Ela remexe em sua bolsa Prada, qu
Minha família tinha um comércio que funcionava no andar de baixo da nossa casa. Começou como uma pequena mercearia, vendendo produtos alimentícios de primeira necessidade. Apenas uma vendinha de bairro mesmo, mas que sempre nos ajudou a manter as contas em dia. Depois de um tempo, Miguel, meu padrasto, expandiu o espaço e colocou algumas mesinhas. Passamos a vender também bebidas e petiscos rápidos. Tinha sido uma boa ideia, visto que sempre tinham alguns homens conversando aleatoriedades e bebendo, ainda que fosse segunda-feira de manhã. Mas também tinha sido uma má ideia, visto que sempre tinham alguns homens conversando aleatoriedade e bebendo, ainda que fosse segunda-feira de manhã.Nossa venda não estava nem perto de ser um sucesso empresarial, ou mesmo de ser suficiente para sustentar uma família de oito pessoas. Mas como eu e meus dois irmãos estávamos desempregados, conseguíamos nos revezar para cuidar do estabelecimento. As manhãs eram minhas.Por isso, quando Matt me mandou
“- Eu mando o motorista, Ella” – desdenhei, enquanto contava a história toda para Amanda.Obviamente eu tinha ligado correndo para a minha amiga. Eu não tinha a menor intensão de aparecer no escritório de Matt usando calça jeans e camiseta do Harry Potter. Mas, dito isso, eu não fazia ideia do que usar. Não era exatamente como se eu tivesse muitas opções.- Ele é fofo – respondeu ela, mexendo no meu armário.- Ah, claro. Vai ser muito fofo também quando o Bruno ou outra pessoa me ver entrando em um carro de luxo.- Mete o foda-se, Ella! Você não está fazendo nada de errado.- Eu sei! Mas você sabe que as pessoas não pensam assim...- Você deveria se importar menos com o que as pessoas pensam! – Ela briga. – Ninguém tá pagando suas contas! Aliás, o Matt tá.- Você sabe que eu não consigo ser como você!Amanda revira os olhos e volta a se concentrar nas minhas roupas.- Posso te emprestar algo, se quiser.- Não posso ficar te pedindo roupas emprestadas toda vez que for sair com ele, Man
- Ele te deu o cartão dele e disse pra você usar à vontade? Amanda ainda não acreditava que eu tinha pagado nosso almoço em um dos restaurantes que sempre quisemos ir – e nunca pudemos pagar – do shopping mais chique da cidade. E que agora estávamos indo até uma loja super renomada pedir para que “renovassem o meu guarda-roupas”. - Dá para acreditar? E o cartão é feito de ouro! - Deixa eu ver! Cadê? - Dentro do meu sutiã! – Digo, como se fosse óbvio. – Eu não vou correr o risco de perder ou de alguém me roubar. Tá seguro. - Super seguro. Até porque ninguém coloca a mão aí a muito tempo, né amiga? - Cala a boca! – Respondo, mas estou rindo. Entrelaço meu braço no de Amanda enquanto caminhamos olhando as vitrines chiques. Se eu já tinha vindo nesse shopping antes uma vez, era muito. Não era um lugar para mim. Não tinha lojas de departamento. Se eu olhasse para a direita tinha uma Chanel, se eu olhasse para a esquerda tinha uma Prada e se eu olhasse para frente tinha uma Lennox. Na