Capítulo 2

Na manhã seguinte, sou brutalmente arrancada do mundo dos sonhos por Karen, que parece ter a energia de uma criança em manhã de Natal. Sinto o colchão afundar sob seu peso enquanto ela pula em cima de mim com um entusiasmo contagiante. Resmungo, tentando inutilmente me esconder sob o cobertor para fugir da invasão de luz que ela traz ao abrir as persianas.

— Chega de dormir, bela adormecida, vamos acordar porque estamos atrasadas — anuncia ela, batendo palmas como se fosse capaz de acordar não só a mim, mas todos os vizinhos. 

— Karen, isso é hora? Você não dorme? — Protesto, a voz abafada pelo pouco do cobertor que ainda tenho sobre a cabeça.

— É claro que durmo, mas já fiz isso durante a noite. Agora, vamos levantar, sua mãe preparou aquele bolo que eu adoro e você continua dormindo. Chega de preguiça, garota — insiste ela, já puxando o cobertor com um puxão decidido, deixando-me totalmente exposta à luminosidade do dia.

Relutante, sento-me na cama, ainda tentando processar a abrupta transição da sonolência para a realidade diurna.

— Vou te matar, Karen — ameaço em tom jocoso, arrastando-me para fora da cama com um bocejo prolongado.

— Vamos, amiga! Estou com fome e temos que ir ao salão. Temos horário marcado daqui à meia hora — ela continua, sua voz vibrante ecoando pelo quarto.

Caminho em direção ao banheiro, sentindo cada músculo reclamar pelo movimento repentino, enquanto Karen, triunfante, se acomoda na minha cama.

— Não demora — ela avisa, rindo, claramente se divertindo com a situação.

Entre murmúrios e passos lentos, inicio minha rotina matinal, prometendo internamente vingar-me de sua alegria matutina em uma manhã futura.

Na cozinha, enquanto me sirvo de uma generosa fatia do bolo que minha mãe preparou, Karen não perde tempo e já começa a espalhar as novidades do dia anterior.

— Tia, a Emily te contou que conheceu um bonitão ontem no restaurante? — Ela pergunta, com um brilho nos olhos, claramente animada com a própria fofoca.

Enquanto tento me concentrar no bolo, balanço a cabeça em desaprovação, sem conseguir conter um leve sorriso diante da empolgação dela.

— Ele é um cliente, ficou louco por ela — Karen continua, despejando os detalhes antes mesmo de eu poder intervir.

— É mesmo? Quem é ele? — Minha mãe entra na conversa, visivelmente curiosa e já esperando mais informações.

— Karen, não invente, não foi nada disso — digo, tentando cortar o assunto com um olhar sério na direção dela.

— Não é nada, mamãe, ele apenas foi simpático — tento minimizar, esperando que minha mãe não faça um grande caso disso.

— Simpático até demais — Karen não se contém e adiciona, arrancando risadas de minha mãe com seu comentário.

— Vamos mudar de assunto — peço, meio sem jeito, tentando desviar a conversa para um território menos embaraçoso enquanto me delicio com mais uma garfada do bolo, que, felizmente, está delicioso o suficiente para suavizar qualquer conversa constrangedora.

— Tudo bem, estão animadas para o réveillon? — Minha mãe interrompe, tentando redirecionar nossa atenção para um tema mais leve.

— Muito! Estou ansiosa, o hotel que Os Stewart escolheram para celebrarmos o Ano Novo é lindo, tenho certeza que a Emi irá amar — Karen exclama, seus olhos brilhando com a antecipação. — Eu já gosto do meu trabalho, mas nas épocas comemorativas é ainda melhor, a empresa tem um ótimo relacionamento com os funcionários.

— É bem legal o que eles fazem — minha mãe concorda, servindo-se de mais um pedaço de bolo.

— Sim, tia, não são todos que pensam nos funcionários como eles — Karen adiciona, demonstrando genuíno apreço pela consideração da empresa.

— Não mesmo, minha querida. E você, minha filha, animada? — Minha mãe se volta para mim, uma expressão de carinho suavizando suas feições.

— Estou, sim, mamãe, só queria que a senhora também fosse — digo, sentindo uma ponta de tristeza pela sua ausência.

— Sinto muito, meu amor, se não tivéssemos combinado com a família do Jones, iríamos com vocês — ela responde, sua voz amável transmitindo tanto seu pesar quanto seu amor.

Jones é o namorado da minha mãe, eles estão juntos há três anos. Tanto eu quanto Evilyn — minha irmã mais velha — gostamos muito dele. Ele sempre tratou nossa mãe com um respeito admirável e cuidado exemplar, tornando impossível não aprovar sua presença em nossas vidas.

— Tudo bem, mamãe, eu entendo e espero que se divirtam muito — respondo com sinceridade, feliz por ver minha mãe tão bem acompanhada.

— Iremos, sim, meu amor e, vocês também se divirtam, porém, com cautela. Cuide da Evilyn e da Karen, não permita que elas bebam mais do que deve e voltem juntas para casa — ela instrui, uma ponta de preocupação misturada à sua voz doce.

Karen solta uma risada, achando graça da preocupação maternal.

— Pode deixar, irei cuidar dessas garotas — afirmo, tentando transmitir confiança com um sorriso.

— Eu e Evilyn somos mais velhas, tia, acho que a senhora precisa pedir para cuidarmos da Emily — Karen retruca, ainda divertida, apontando para o fato de que, eu sou a mais nova do trio.

— Concordo que isso seria o ideal, mas vocês são fogo, então preciso dar a Emily essa responsabilidade — minha mãe conclui com um sorriso, ciente de que, apesar da minha idade, talvez eu fosse a mais responsável do grupo.

Nós três caímos na risada, reconhecendo que a noite prometia ser memorável e, com sorte, sem nenhum incidente graças à minha "supervisão".

Continuamos a conversar animadamente enquanto terminávamos o café da manhã, rindo e compartilhando planos para a noite de réveillon. A cozinha estava cheia de cheiros deliciosos e o som de risadas.

— Bom, melhor irmos agora, senão vamos perder nosso horário no salão — disse Karen, enquanto eu terminava o último gole do meu café.

— Espero que vocês se divirtam muito hoje à noite. Cuidem-se e façam boas escolhas, meninas! — Minha mãe nos aconselhou, com um sorriso carinhoso, enquanto nos acompanhava até a porta.

— Pode deixar, tia. Vamos fazer só escolhas de moda excepcionais hoje! — Brincou Karen, piscando para minha mãe, que riu em resposta.

Nos despedimos com abraços apertados e saímos de casa. Dirigimo-nos para o salão, um lugar já familiar onde planejávamos encontrar Evilyn. O trajeto até lá foi rápido, preenchido com a excitação palpável de Karen, que não parava de falar sobre as possibilidades da noite que nos aguardava. Ela especulava sobre quem encontraríamos no evento e quais surpresas poderiam surgir, tornando o caminho mais divertido e leve.

— Aposto que o misterioso bonitão vai estar na festa! Amiga, você já tem um crush para o réveillon — ela disse, me dando uma cotovelada suave.

— Ah, Karen, não começa. Vamos focar no nosso visual de hoje à noite. Vamos arrasar tanto que nem vou me lembrar daquele homem — respondi, tentando desviar o assunto, mas com um sorriso no rosto.

— Hum... quer dizer que você está pensando nele? — Perguntou, divertida.

— Claro que não, sossega garota — avisei, um sorriso desenhando em meus lábios.

— Tudo bem, vamos ficar ainda mais lindas e arrasar essa noite — Karen garantiu.

Ao chegarmos no salão, a energia estava elétrica com a agitação típica do fim de ano. Avistamos Evilyn que, ao nos ver, levantou-se num salto.

— Achei que vocês tinham desistido de ficar lindas! — Evilyn brincou, correndo para nos abraçar.

— Nunca! Estamos aqui para transformação completa, certo? — Karen respondeu, levando-nos até as cadeiras onde começaríamos nosso dia de beleza.

— Vamos transformar isso aqui em um episódio de um reality show de beleza — sugeri, e todas rimos, prontas para começar nossa preparação para uma das noites mais esperadas do ano.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP