Na manhã seguinte, sou brutalmente arrancada do mundo dos sonhos por Karen, que parece ter a energia de uma criança em manhã de Natal. Sinto o colchão afundar sob seu peso enquanto ela pula em cima de mim com um entusiasmo contagiante. Resmungo, tentando inutilmente me esconder sob o cobertor para fugir da invasão de luz que ela traz ao abrir as persianas.
— Chega de dormir, bela adormecida, vamos acordar porque estamos atrasadas — anuncia ela, batendo palmas como se fosse capaz de acordar não só a mim, mas todos os vizinhos.
— Karen, isso é hora? Você não dorme? — Protesto, a voz abafada pelo pouco do cobertor que ainda tenho sobre a cabeça.
— É claro que durmo, mas já fiz isso durante a noite. Agora, vamos levantar, sua mãe preparou aquele bolo que eu adoro e você continua dormindo. Chega de preguiça, garota — insiste ela, já puxando o cobertor com um puxão decidido, deixando-me totalmente exposta à luminosidade do dia.
Relutante, sento-me na cama, ainda tentando processar a abrupta transição da sonolência para a realidade diurna.
— Vou te matar, Karen — ameaço em tom jocoso, arrastando-me para fora da cama com um bocejo prolongado.
— Vamos, amiga! Estou com fome e temos que ir ao salão. Temos horário marcado daqui à meia hora — ela continua, sua voz vibrante ecoando pelo quarto.
Caminho em direção ao banheiro, sentindo cada músculo reclamar pelo movimento repentino, enquanto Karen, triunfante, se acomoda na minha cama.
— Não demora — ela avisa, rindo, claramente se divertindo com a situação.
Entre murmúrios e passos lentos, inicio minha rotina matinal, prometendo internamente vingar-me de sua alegria matutina em uma manhã futura.
Na cozinha, enquanto me sirvo de uma generosa fatia do bolo que minha mãe preparou, Karen não perde tempo e já começa a espalhar as novidades do dia anterior.
— Tia, a Emily te contou que conheceu um bonitão ontem no restaurante? — Ela pergunta, com um brilho nos olhos, claramente animada com a própria fofoca.
Enquanto tento me concentrar no bolo, balanço a cabeça em desaprovação, sem conseguir conter um leve sorriso diante da empolgação dela.
— Ele é um cliente, ficou louco por ela — Karen continua, despejando os detalhes antes mesmo de eu poder intervir.
— É mesmo? Quem é ele? — Minha mãe entra na conversa, visivelmente curiosa e já esperando mais informações.
— Karen, não invente, não foi nada disso — digo, tentando cortar o assunto com um olhar sério na direção dela.
— Não é nada, mamãe, ele apenas foi simpático — tento minimizar, esperando que minha mãe não faça um grande caso disso.
— Simpático até demais — Karen não se contém e adiciona, arrancando risadas de minha mãe com seu comentário.
— Vamos mudar de assunto — peço, meio sem jeito, tentando desviar a conversa para um território menos embaraçoso enquanto me delicio com mais uma garfada do bolo, que, felizmente, está delicioso o suficiente para suavizar qualquer conversa constrangedora.
— Tudo bem, estão animadas para o réveillon? — Minha mãe interrompe, tentando redirecionar nossa atenção para um tema mais leve.
— Muito! Estou ansiosa, o hotel que Os Stewart escolheram para celebrarmos o Ano Novo é lindo, tenho certeza que a Emi irá amar — Karen exclama, seus olhos brilhando com a antecipação. — Eu já gosto do meu trabalho, mas nas épocas comemorativas é ainda melhor, a empresa tem um ótimo relacionamento com os funcionários.
— É bem legal o que eles fazem — minha mãe concorda, servindo-se de mais um pedaço de bolo.
— Sim, tia, não são todos que pensam nos funcionários como eles — Karen adiciona, demonstrando genuíno apreço pela consideração da empresa.
— Não mesmo, minha querida. E você, minha filha, animada? — Minha mãe se volta para mim, uma expressão de carinho suavizando suas feições.
— Estou, sim, mamãe, só queria que a senhora também fosse — digo, sentindo uma ponta de tristeza pela sua ausência.
— Sinto muito, meu amor, se não tivéssemos combinado com a família do Jones, iríamos com vocês — ela responde, sua voz amável transmitindo tanto seu pesar quanto seu amor.
Jones é o namorado da minha mãe, eles estão juntos há três anos. Tanto eu quanto Evilyn — minha irmã mais velha — gostamos muito dele. Ele sempre tratou nossa mãe com um respeito admirável e cuidado exemplar, tornando impossível não aprovar sua presença em nossas vidas.
— Tudo bem, mamãe, eu entendo e espero que se divirtam muito — respondo com sinceridade, feliz por ver minha mãe tão bem acompanhada.
— Iremos, sim, meu amor e, vocês também se divirtam, porém, com cautela. Cuide da Evilyn e da Karen, não permita que elas bebam mais do que deve e voltem juntas para casa — ela instrui, uma ponta de preocupação misturada à sua voz doce.
Karen solta uma risada, achando graça da preocupação maternal.
— Pode deixar, irei cuidar dessas garotas — afirmo, tentando transmitir confiança com um sorriso.
— Eu e Evilyn somos mais velhas, tia, acho que a senhora precisa pedir para cuidarmos da Emily — Karen retruca, ainda divertida, apontando para o fato de que, eu sou a mais nova do trio.
— Concordo que isso seria o ideal, mas vocês são fogo, então preciso dar a Emily essa responsabilidade — minha mãe conclui com um sorriso, ciente de que, apesar da minha idade, talvez eu fosse a mais responsável do grupo.
Nós três caímos na risada, reconhecendo que a noite prometia ser memorável e, com sorte, sem nenhum incidente graças à minha "supervisão".
Continuamos a conversar animadamente enquanto terminávamos o café da manhã, rindo e compartilhando planos para a noite de réveillon. A cozinha estava cheia de cheiros deliciosos e o som de risadas.
— Bom, melhor irmos agora, senão vamos perder nosso horário no salão — disse Karen, enquanto eu terminava o último gole do meu café.
— Espero que vocês se divirtam muito hoje à noite. Cuidem-se e façam boas escolhas, meninas! — Minha mãe nos aconselhou, com um sorriso carinhoso, enquanto nos acompanhava até a porta.
— Pode deixar, tia. Vamos fazer só escolhas de moda excepcionais hoje! — Brincou Karen, piscando para minha mãe, que riu em resposta.
Nos despedimos com abraços apertados e saímos de casa. Dirigimo-nos para o salão, um lugar já familiar onde planejávamos encontrar Evilyn. O trajeto até lá foi rápido, preenchido com a excitação palpável de Karen, que não parava de falar sobre as possibilidades da noite que nos aguardava. Ela especulava sobre quem encontraríamos no evento e quais surpresas poderiam surgir, tornando o caminho mais divertido e leve.
— Aposto que o misterioso bonitão vai estar na festa! Amiga, você já tem um crush para o réveillon — ela disse, me dando uma cotovelada suave.
— Ah, Karen, não começa. Vamos focar no nosso visual de hoje à noite. Vamos arrasar tanto que nem vou me lembrar daquele homem — respondi, tentando desviar o assunto, mas com um sorriso no rosto.
— Hum... quer dizer que você está pensando nele? — Perguntou, divertida.
— Claro que não, sossega garota — avisei, um sorriso desenhando em meus lábios.
— Tudo bem, vamos ficar ainda mais lindas e arrasar essa noite — Karen garantiu.
Ao chegarmos no salão, a energia estava elétrica com a agitação típica do fim de ano. Avistamos Evilyn que, ao nos ver, levantou-se num salto.
— Achei que vocês tinham desistido de ficar lindas! — Evilyn brincou, correndo para nos abraçar.
— Nunca! Estamos aqui para transformação completa, certo? — Karen respondeu, levando-nos até as cadeiras onde começaríamos nosso dia de beleza.
— Vamos transformar isso aqui em um episódio de um reality show de beleza — sugeri, e todas rimos, prontas para começar nossa preparação para uma das noites mais esperadas do ano.
Assim que nos acomodamos nas cadeiras confortáveis do salão, o ambiente começou a se encher de risadas e conversas animadas. O ar estava carregado de expectativa e o cheiro de produtos de cabelo e esmalte.— Então, meninas, qual o plano para o cabelo hoje? Algo dramático ou clássico? — Perguntou Evilyn, folheando uma revista de moda que mostrava várias tendências de penteados para festas.— Estou pensando em algo com ondas, bem glamouroso. Quero que meu cabelo brilhe tanto quanto a bola de discoteca! — Disse Karen, já discutindo opções com a cabeleireira, que sorria diante do entusiasmo dela.— Acho que vou de coque alto. Algo elegante, sabe? Com alguns fios soltos para dar um toque mais suave — comentei, imaginando o penteado perfeito que complementaria meu vestido.— Ótima escolha, Emi. Vai ficar linda! — Evilyn me encorajou, antes de se voltar para a própria consulta. — Eu quero algo bem moderno... talvez um half bun com tranças?A cabeleireira de Evilyn acenou, já trazendo suas fe
A confraternização no Hotel Casa da Montanha estava sendo nada menos que espetacular, superando todas as minhas expectativas para a noite. Entre risos, danças e flertes, o ambiente se enchia de alegria e celebração. A música vibrava pelo salão e nós nos movíamos ao seu ritmo, desfrutando de cada momento. A energia era contagiante; bebemos, dançamos e deixamos as preocupações do ano que se encerrava para trás.Poucos minutos antes da meia-noite, enquanto me divertia ao lado de Karen e Evilyn, senti uma mão grande envolver minha cintura de maneira surpreendente. Meu coração saltou. Girei meu rosto instintivamente e me deparei novamente com aqueles olhos marcantes que haviam perturbado minha noite anterior. Os mesmos olhos que agora me encaravam intensamente, tão perto e tão reais.Minha voz se perdeu em algum lugar entre a surpresa e o nervosismo, meu corpo esqueceu momentaneamente como se comportar. Não entendi por que a presença daquele homem, que eu mal conhecia, provocava um tumulto
— Sei que deseja tanto quanto eu, curtir essa noite e, também sei, que deseja que seja ao meu lado — Cadu afirma com um brilho provocativo nos olhos, eu o encaro, impressionada com sua audácia. Ele claramente não é nada modesto.— E digo mais, não me impressionaria se me dissesse que sonhou comigo a noite toda — ele acrescenta, soltando uma risada baixa que ressoa com uma confiança quase tangível.Eu gargalho, não apenas pela ousadia de suas palavras, mas também pelo charme despretensioso que ele exibe.— É muito convencido — afirmo, ainda rindo, mas ele apenas sorri, um sorriso que parece iluminar seu rosto inteiro.— O que te faz acreditar nisso? — Questiono, desafiando-o a justificar sua premissa.Ele então se inclina, diminuindo a distância entre nós e sussurra em meu ouvido, sua voz baixa e rouca enviando arrepios pela minha espinha, enquanto sua mão aperta minha cintura de forma possessiva, mas gentil.— Estou errado? — Ele pergunta, recuando apenas o suficiente para que nossos
Carlos Eduardo: Minha admiração pela beleza feminina sempre foi meu calcanhar de Aquiles. Existe algo hipnotizante sobre a forma como as mulheres carregam sua beleza e graça, um espetáculo que não consigo deixar de apreciar. Não me entenda ma'l, não é que eu seja arrogante, mas sim, tenho excesso de confiança e quando uma mulher captura minha atenção, a conquista se torna uma espécie de arte para mim, arte essa que me enche os olhos e faz com que eu comece agir no mesmo instante. Sou meticuloso nesse processo, um verdadeiro estrategista, não tenho medo da negativa, mas posso me vangloriar que na maioria das vezes ela não vem. Afinal, tenho um bom olhar para descobrir exatamente o que encanta cada uma delas, e me orgulho de ter o carisma e a delicadeza necessária para fazê-las se sentirem únicas e desejadas. Meu toque, ah, meu toque é como seda — suave e irresistível, uma habilidade aprimorada que poucas têm a força para negar. Em cada sorriso que provoco, em cada olhar que troco, há u
Na noite seguinte, após um dia de descanso e tranquilidade, dirigi-me ao salão principal do hotel para celebrar a passagem de ano com minha família e amigos. Envolvido na atmosfera festiva, meu olhar vagava pelo salão, identificando alguns rostos conhecidos. Entre sorrisos e acenos, um homem aproximou-se de forma cordial e cumprimentou-me com um aperto de mão firme. Era o gerente do restaurante onde havia jantado na véspera. Durante nossa conversa amigável, ele mencionou que fazia reservas no hotel todos os anos para a confraternização dos funcionários. Enquanto ele falava, minha mente divagava, lembrando-me da encantadora recepcionista que havia capturado minha atenção naquela noite. Meus olhos, então, começaram a percorrer ansiosamente o salão, buscando reencontrar a jovem que tanto me intrigara. E, como se movidos por sorte ou destino, logo a avistei. Ela estava ainda mais linda, envolvida em uma conversa animada com algumas colegas, irradiando uma beleza que parecia ainda mais int
Após alguns momentos de conversa leve e risadas compartilhadas, as amigas de Emily retornaram e o espetáculo da queima de fogos começou. De maneira quase sincronizada, nos dirigimos para a frente do hotel, um ponto privilegiado para admirar a beleza desse momento especial. Ao nosso redor, a multidão começava a se agitar em antecipação, os olhos de todos voltados para o céu que logo seria iluminado.Emily olhou nos meus olhos, claramente encantada com o esplendor dos fogos que começavam a estourar acima de nós. Respondi com um sorriso e, aproveitando a magia do momento, beijei seus lábios suavemente mais uma vez.— Feliz ano novo, linda Emily! — Exclamei, segurando seu rosto gentilmente com uma das mãos, mantendo nosso olhar conectado.— Feliz ano novo, Cadu! — Ela retribuiu, com um tom amável e um brilho de felicidade nos olhos.As amigas e colegas de trabalho dela se aproximaram, cumprimentando-nos alegremente, assim como algumas pessoas desconhecidas que compartilhavam o espaço cono
Enquanto caminhávamos em direção à piscina, a atmosfera tranquila da noite nos envolvia suavemente. A luz suave refletida na água criava um cenário perfeito para aquele momento. Emily, ao meu lado, parecia curiosa sobre minha vida.— Você mora na cidade? — Ela questionou, olhando para mim com interesse.— Não, na verdade, meus pais moram aqui no hotel — expliquei, apontando levemente na direção do grande edifício que abrigava o hotel.— Você realmente não tem compromisso com ninguém? Não é casado? — Ela perguntou seriamente, seu olhar fixo no meu, como se tentasse ler além das palavras.— Por essa noite, tenho compromisso com você — afirmei, com um sorriso. Antes que pudesse reagir verbalmente, ela se aproximou e me beijou nos lábios, um gesto espontâneo que falava mais do que palavras. — E você, não é casada, certo? — Perguntei após o beijo, buscando entender um pouco mais sobre ela também.— Não! Fique tranquilo — ela respondeu com um sorriso brincalhão, negando com a cabeça.Nós s
Enquanto Emily observava o ambiente com admiração, pude ver o brilho de encantamento em seus olhos. A luz suave do ambiente refletia em seu rosto, destacando a sinceridade de seu olhar curioso.— Aqui é muito bonito — ela comentou, sua voz misturada com uma ponta de surpresa. Me levantei brevemente e após voltei a me aproximar, lhe servindo com mais vinho tinto. O aroma rico e envolvente do vinho parecia enriquecer ainda mais aquele momento.— Seus pais moram nesse apartamento? — Ela perguntou, tomando um pequeno gole, seus olhos ainda percorrendo cada detalhe do espaço.— Não, eles moram no andar debaixo. Aqui sou apenas eu — expliquei.— É muito grande para uma só pessoa — ela observou com um sorriso, e eu retribuí com um aceno leve de cabeça.— Já me acostumei — respondi, enquanto degustava meu vinho, ela continuava a explorar o lugar com os olhos, claramente fascinada. A cada novo olhar que ela lançava ao ambiente, mais eu a admirava. Emily possuía uma beleza simples e deslumbrant