Capitulo 1

Evander realmente não queria muito voltar para casa.

Teria de novo que ver outra pessoa entrando em sua morada, mexendo em sua vida, usando seu título, usando sua casa e, por fim, tentando entrar no seu coração, sendo que só Clara reina.

Sem contar que teria que ver uma pessoa entrando em sua vida e depois partindo, deixando-o sozinho de novo em sua casa, sendo pego por aqueles rumores onde ele mata suas esposas, sendo que não é verdade.

Depois que Jade o deixou para os urubus, ele tinha entendido que não foi feito para ser amado, que sua existência tinha alguma maldição, que tudo que ele toca não dura muito, foi assim com sua mãe, foi assim com Clara e foi assim que viu Cloe e Jade indo embora, aquilo o fez bufar na cabine da carruagem.

Olhando pela janela para sua casa.

No que seu pai o colocou de novo?

Tinha visto que o lado esquerdo da casa não tinha mais as cortinas que tampavam as janelas, e que as luzes lá dentro brilhavam. Ficou curioso, já saindo sem nem mesmo esperar a ajuda do servente. Os passos foram rápidos e ágeis, ignorando os olhares vindo dos vizinhos que espiavam pelas frestas das cortinas, enxeridos, com um olhar sem vida na direção, os fazia se encolher.

Sem muita cerimônia, entrou para dentro.

Sendo pego por um cheiro de biscoitos? Fazendo olhar curioso para dentro, tudo ao lado esquerdo da casa tinha um tom claro de verde nas paredes e as decorações, que são de Clara, tinham sido mudadas sutilmente por animais de cerâmica que lembravam um grande jardim, o fazendo lembrar que na parte de fora do mesmo lado esquerdo tinha plantas parecendo e um gramado tinha surgido.

O que estava acontecendo?

Veio uma voz feminina que o levava para a sala de jantar.

Caminhando com incerteza e até mesmo medo, voltando para o pequeno camafeu que tinha de Clara em seu palito, pedindo ajuda e coragem. Atravessando o arco que vinha na parede, vi uma mulher bem diferente da pintura de apresentação que tinha recebido.

Com uma tosse, a jovem viro-se bem. Evander ficou encafifado com o que tinha na frente. Diferente da pintura, a mulher tinha uma beleza distinta, olhos claros em tons avelã e o nariz pontudinho dava uma imagem meio élfica vindo da mesma, o fazendo ver que seus olhos tinham um pouco de espanto e medo, mas logo voltando ao normal com um tom divertido. Ela o está vendo e não tinha medo? Não teve repulsa? Nem mesmo aquele olhar desconfiado que Jade e Cloe tiveram no primeiro momento em que se viram?

- Você chega? – O sorriso com os dentes brancos o pegou, deixando-o perdido sobre como agir.

- O que está fazendo? – Poderia perguntar o que fez com sua casa, mas faltou um pouco de coragem. A figura à frente o deixou intrigado.

- Arrumando a mesa de jantar, - Ela parecia mostrar o óbvio. – Não vai querer comer? – Já pegando seu prato e servindo-se enquanto o Evander finalmente se aproximou desconfiado.

Foi quando notei ao longe uma risca no chão?

- O que é essa risca? – Foi quando notei que, em tese, todo o lado colorido acabava enquanto a decoração de Clara continuava o deixando à vontade e, ao mesmo tempo, sombrio, voltando à mulher.

- A divisão da casa. – Murmuro pensativa enquanto come um brócolis. – Sei que a casa está decorada pela sua antiga esposa e, como não consigo viver com cores tão escuras, decidi ficar com o lado esquerdo. – Apontando para seu lado. – E você e ela podem ficar do lado direito. – Evander a achou estranha de verdade.

Foi quando finalmente foi caindo a ficha, ela realmente parecia estar mexendo na casa que ele fez para Clara, está mudando a casa, está mudando o lar dele e de sua esposa, o deixando quieto o jantar todo. Como ela ousa mover as coisas de lugar sem nem mesmo pedir sua autorização? Terá que conversar com seu pai, terá que usar seus direitos como marido para dar um jeito nessa mulher, primeiro ele a largo com uma bomba, uma bomba estranha e ameaçadora que quer mudar e tirar as lembranças de clara dele.

Só de pensar ter que tirar os quadros de Clara da casa o fez perder a fome, fazendo encarar a refeição toda a jovem que comia do outro lado da mesa.

Mas o que pegou ainda mais foi que, na hora de se recolher para deixar, a jovem foi para o quarto de hóspedes, parando no meio do caminho.

- Aonde vai? – Ela decidiu brincar com ele. Decidiu decidir quem manda nessa casa?

- Para meu quarto. – O tom de voz tinha sumido.

Evander a viu tremer e gosto de ver o medo naqueles olhos claros, então ainda tinha controle de algo.

- Não irá dormir comigo? – Ele a anualizou, seus olhos não perderam nenhum detalhe em seu rosto e viu algo tingir seus olhos, algo que tinha visto com todos que a julgaram sem provas, algo que tinha visto em Jade, o fazendo sentir nojo, e aquilo o fez entender que ninguém realmente, mesmo que com uma beleza de elfo, o veria como um ser humano.

- Sobre isso, acho melhor deixarmos, para quando nos conhecermos melhor, acho que podemos fazer isso, não é? – Evander realmente se sentiu humilhado, porque seu pai ainda tentava ajudá-lo. Com isso, ele realmente entendeu que ela não o via como marido, nem devia o ver como alguém e sim ela só gostaria das coisas boas de uma baronesa, a ele iria conversar com aquele velho.

- Entendo. – Por fim solto algo, a fazendo buscar um pouco de alívio. – Acredito que devo conversar com meu pai sobre sua conduta. – Aquilo a fez ficar pasma. – Acredito que, se não está disposta a ser uma esposa, devo devolvê-la para que posso arrumar alguém que seja uma esposa decente. – Com isso viro o corpo, sentindo a mão dela sobre seu punho. – Boa noite. – Partindo, puxando seu braço para longe.

...

Giselle, fico um tempo no corredor.

Olhando para onde a porta do barão se encontrava.

O que ela faria agora? Não penso ao certo o que fazer, dando um pouco de pânico, não acho realmente que acabaria desse jeito. Bela tinha comentado que Evander não tinha olhos para outra além de Clara, então penso que realmente não veria problema sobre não se deitar com ela e agora seria devolvida para seus pais.

Isso a fez cair no chão e chorar, foi um choro silencioso, mas não sentia força para marchar até seu quarto.

Ficou repassando a conversa em sua mente, procurando onde errou? Ele nem ao menos trocou palavras, nunca tinha visto um cavaleiro tão quieto e com olhos tristes em toda a sua vida até agora.

Será que a casa o irritou? Deve ter errado, não devia ter mudado tanto assim, ela não queria deitar-se com ele por muitos motivos que penso que com uma conversa ele entenderia, tinha seu vitiligo que poderia ser visto como algo feio por ele, nem isso ela sabia, tinha o fato que todos diziam que depois que se deitar com ele as esposas morriam e ela tinha medo.

Não era nem para ela estar ali.

Era para sua irmã estar.

Se voltasse para casa, com certeza seria mandada para outro lugar, talvez para uma casa de prostituição e ser apagada da família ou até mesmo um convento. Ela tinha planos e uma vida para ser descartada da sociedade.

Mas o olhar de decepção que veio dela a machucou mais.

A fazendo chorar ali no meio do correr.

Foi então que sentiu um olhar sobre ela. Buscando esse olhar, deu de cara com o quadro de Clara, bem ali a olhando. Nem todos esses dias que passo sobre a casa senti o olhar daquela pintura sobre ela como tinha sentido agora, os olhos claros azuis a fitavam.

- O que vou fazer? – Pergunto ao quadro, esperando uma resposta.

Volto para a porta e poderia ir lá e deixá-lo dormir com ela, mas em vez disso poderia fazê-lo mudar de ideia, fazer os dois se conhecer e deixá-lo com menos medo, poderia dar tempo ao tempo e, se mostrasse que era uma boa esposa em outros quesitos, poderia até mesmo ser deixada ali na casa.

Sim, com isso ela se levantou determinada a fazer Evander Bittencourt a olhar para ela com olhos diferentes. Isso poderia ser aplicado a ela, pelo menos foi o que a consciência dela disse para seu coração.

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