Capitulo 2

Evander acordou cedo porque tinha que sair daquela casa bagunçada.

Foi quando, na mesa, foi surpreendido por Bela. A senhora que cuidou dele desde que nasceu parecia animada pelos desdobramentos, foi triste ao encarar sério e ver murchar aos pouquinhos.

- Não gosto dela? – Ela se encolheu atrás da bandeja, o fazendo sorrir amarelo.

- Ela não vai ficar. – Não responder à pergunta o fez duvidar em sua própria mente. – Deixa ela à vontade, mas no momento que ela for embora, que tudo de volta ao lugar. – Bebendo café.

- Por que o que aconteceu? – Ela parecia nervosa e Evander realmente ficou pensativo sobre o que foi. Não dorme com ela? Na verdade, ele não se sentia bem com isso, mas acho que talvez seja o olhar de medo que ela deu nele e por isso acreditava que o amor não funcionava mais.

- Ela acredita nos rumores. – Falou por fim um bom motivo para ir conversar com o pai. – Quando ele voltar, pedirei a de verdade da pintura e não essa que está em nossa casa. – Voltando para Clara, que parecia distante, o fazendo voltar ao café.

- Mandara-a embora? – Bela finalmente ficou triste. – Gostei dela, meu amo.

- Então é bom começar a gostar de outra que vira. – Por fim, ele saiu nem mesmo notando Giselle ao pé da escada, um pouco chocada e confusa.

...

Giselle desceu tristemente para baixo, vendo ao longe Bela chorando na parte da cozinha.

Comer a comida fria a deixou ainda pior.

- Acho que deve dar um jeito para ele mudar de ideia. – Bela tocou nas mãos aveludadas.

- E se ele não me ouvir? – Sentia-se sem voz.

- Você já não deu chance a ele, acredito que ele sinta da mesma forma. – Aquilo deu uma paulada em sua mente que Giselle teve que se recuperar enquanto olhava para Bela, que tinha um olhar duro de repreensão.

- Então, o que eu faço? – Ajeito os talheres pensativa. – Não queria o deixar magoado. – Bela realmente a viu arrependida e bem no pouco que pensava, sabia que os dois poderiam finalmente encontrar algo decente.

- Bom, Evander sempre foi muito sozinho desde pequeno. - Giselle pegou na curiosidade, levantando os olhos, encarando a mais velha. – Os rumores sobre seu jeito vêm desde criança, já que sua mãe acabou indo tão cedo e teve uma infância tão sozinha e quando ouviu as mortes dentro daqui o deixou tão duro e triste.

- E onde isso me envolve? – Tentou não ser mais indelicada do que já foi.

- Acredito que tem que ir conversar com ele e tentar convencer a cabeça dura dele. - Poderia ser no jantar, poderia fazer um bacalhau com molho de ervas. – Mas lembre-se de que você também tem que ter a mente aberta e deixar os rumores e tentar ver meu amo de uma forma diferente do barão assassino que pinta pelas ruas.

Com um aceno, surgiu um sorriso, fazendo Bela ficar curiosa dessa vez.

- Então acho que hoje vou fazer algo para mexer com sua barriga. – Ela sorriu para a jovem. No final, com as estranhezas, essa menina tinha algo diferente que poderia fazer seu menino feliz, foi o que a mulher sentiu quando a viu pela primeira vez. – E aí, taco um papo, ele não vai conseguir fugir. – Foi assim que ela pulou da mesa, super animada.

Bela, tudo que fez foi rir da cena.

..

Evander, quando chegou no batente da porta, sentiu um cheiro que fez sua barriga fazer um barulho. Nunca tinha sentido esse cheiro dentro de casa.

Caminhando como um gato, foi atrás daquele cheiro maravilhoso.

Foi quando viu na mesa de jantar um belo bacalhau, com molho de ervas num canto e o arroz selvagem bem ali. Agora, o que o pegou foi Giselle de pé do lado dela, o fazendo encarar ela com desconfiança, o que ela irá fazer.

- Acho que começamos com o pé direito. – Ela fala o ditado errado e antes mesmo dela continuar.

- Acho que quis dizer pé esquerdo. – Murmuro seco.

- Na verdade, eu falei sério, - A fazendo rir um pouco, o fazendo relaxar. – Porque eu sou canhota. – Mostrando a mão esquerda, reforçando o seu ponto. – Mas estou aqui para falar que devemos conversar, eu realmente acho que começamos mal.

- Você acha? O que me fez pensar nisso. – A vendo fechar a cara e fazer um bico infantil, o fazendo segurar a vontade de sorrir, mas achou fofo, a jovem realmente parecia um pouco infantil a vendo daquele jeito.

- O que estou tentando falar é que devemos nos apresentar e posso provar que esse casamento pode realmente ser uma coisa boa. - Hm, ficou interessante. Evander caminho até a mesa vigiando o jeito com que Giselle parecia em dúvida de como continuar e, quando puxou a cadeira para se sentar na mesa, fez um sinal com a mão para ela continuar. – Bom, eu quero tentar realmente conhecer melhor, eu quero que você me mostre que o que os rumores falam é mentira, eu quero que você me prove uma coisa que... – Giselle realmente não sabia como continuar e Evander a analisou.

- Por que eu tentaria mudar sua mente se você vai embora? – Ele não ia desistir de cutucar no único ponto que ele sentia que a atingia.

- Porque eu não quero que isso acabe, - ela parecia perder a paciência e Evander escondeu o sorriso com o guardanapo. – Porque eu quero te conhecer, porque isso é novo para mim e não quero deitar-se na cama com um desconhecido, quero realmente ter uma mente aberta e gostaria que você também tivesse essa mente aberta sobre como eu sou. – Ela segurou aquela cadeira com uma força que Evander finalmente ficou pensativo e olhando o bacalhau.

Ele poderia tentar.

Além do mais, o que iria perder?

Com um suspiro, volto aos olhos de Giselle, que o encaravam com determinação.

- É, acho que podemos ver sobre isso. – Ela sorriu, só que Evander não queria deixá-la presunçosa, então, para mantê-la na linha, volto com uma rapidez, um jeito afiado. – Você tem dois meses contando com esse para me conversar, além do mais, quando meu pai chegar, veremos se sua ideia pode funcionar, agora vamos comer! – Evander tentou ignorar os pulinhos que ela deu enquanto ele mesmo se servia.

O que seu pai tinha colocado em sua casa?

Sorriu para seu prato e ficou satisfeito com o sabor, parecia comida de mãe, parecia a comida de sua mãe, e isso fez sentir algo em seu coração. Quando voltei para a pessoa frente, ficou um pouco assustado quando viu aqueles olhos claros o encarando e bem o sorriso divertido vindo dela.

- Algum problema? – Evander nunca se sentiu pressionado, o fazendo recuar para as costas da cadeira.

- Você gosta? – A voz veio com timidez.

- Sim, é bem gostoso. – Pensou em elogiar o chef depois, poderia colocar um bônus em seu salário. – Falarei com Bela para elogiar o chef depois. – Voltando a comer e tentando ignorar os olhos o seguindo.

De todas as encaradas que vivia recebendo, Giselle o deixa nervoso, nem mesmo quando Clara ficava o encarando ele sentia esse nervoso.

- Então pode me elogiar eu mesma, - O fazendo buscar alguma mentira, mas viu ela com uma cara de orgulhosa, o fazendo ficar um pouco chocado. – Porque fui eu que cozinhei. – Voltando a comer, o fazendo encarar aquela criatura à frente.

O fez ficar animado para ver se esse plano de se conhecer melhor teria outras surpresas debaixo das mangas dessa mulher.

- Se continuar me revelando segredos úteis, acho que nossa convivência pode ser divertida. – Isso o fez sorrir de leve, uma fina curvatura de lábios os fazendo apreciar um silêncio tranquilo naquele final de noite.

.

Evander realmente, depois daquela noite, foi surpreendido todas as noites com jogos e um jantar delicioso, o fazendo ficar um pouco ansioso para voltar para casa. Realmente montar quebra-cabeças e comer bem o fez até mesmo engordar. Risoto, ratatouille foi realmente o pegando de jeito e bem no meio dos jogos sobre a mesa. Giselle realmente parecia uma criança, o fazendo até mesmo relaxar em alguns pontos.

Foi naquela noite que entro que foi pegado um cheiro conhecido, macarronada e foi a primeira vez que vi as mãos dela longe daquelas luvas que sempre o fizeram lentar as sobrancelhas em curiosidade, foi quando viu manchas em sua pele, o tom claro combinava com os tons mais claros ainda pelas manchas.

- Você tem vitiligo. – Ele encarou os braços, vendo os desenhos indo para seus ombros e o pouco decote do vestido que conseguiu ver seguindo o busto. Como ele nunca notou isso? Fazendo encarar o pescoço vendo alguns traços, foi quando notei o pó, o pó de arroz que escondia essa beleza rara que combinava a estranheza charmosa que vinha no pacote de Giselle com a beleza de uma elfa.

Giselle, quando deu por si, tinha um Evander muito próximo, muito próximo mesmo, e não sabia ao certo o que fazer. O calor que vinha dessa atenção a fez ficar ruborizada da pontinha do seu nariz até os dedos do pé. Antes de pegar as luvas, Evander foi mais rápido, tirando as luvas de seu alcance.

- Eu não disse que é feio. – A empurrando para longe, Giselle viu suas luvas sendo jogadas na lareira. – Não devia ter vergonha de uma coisa bonita que veio com você. – Voltando para a sala de jantar, vendo capelines e o molho vermelho, deixando Giselle para trás, perdida, o fazendo olhar para trás buscando alguma reação. – Você não vem?

- Você não acha feio? – Seus olhos tinham incerteza, tentavam tirar algo de Evander que já tinha sentido na rua enquanto passava pelas pessoas que conhecia há tempos, olhando para ver se não ia ser traído, buscando em seus olhos uma certeza de confiança.

- Acabei de falar que é algo bonito, - Ele tentou não ser tão duro. – É surda? – Deixa para lá, o Evander de sua mente parecia em conflito com a sua boca.

- É que todas as pessoas que viram sempre acharam algo horroroso. – Ela parecia meio tímida.

- Eu não sou todo mundo. – Por fim, olhando para frente.

- Bom, isso é verdade. - Ela caminhou um pouco mais leve para a sala de jantar. – Você é o barão, o vampiro disfarçado. – Aquilo o fez contrair a cara numa careta, a fazendo rir. – Foi o que eu ouvi na cidade hoje, sabia?

- Ser chamado de vampiro é uma das coisas mais leves que já chegaram aos meus ouvidos. – A fazendo rir alto enquanto Evander tentou conter a risada que borbulhava em sua barriga.

- É porque sua casa tem um conceito de gótico trevoso, sabe? – Apontando para o vermelho de seu lado, o fazendo realmente entender alguns pontos dessa afirmação. – Mas mudando de assunto, como foi seu dia? – Evander gostava dessa pergunta, o fazia se sentir importante. – É bom você perguntar o que eu fiz no meu dia, porque você vai rir dessa vez, eu tenho certeza. – Ah sim, desde que eles conseguiram ter aquela conversa, Giselle disse que ia o fazer rir e teve vezes que ela quase conseguiu tirar uma gargalhada, mas ele manteve firme sobre isso.

- Bom, estive no escritório como sempre, vendo-a colocar massa em seu prato e depois o servindo, o que ele agradeceu com um aceno. – Depois, tive que vender alguns lotes de café e vinho, então foi algo normal. O que aconteceu no seu dia?

- Está preparado? – Sentando-se na frente dele, Giselle roubou a cena, fazendo-o se concentrar na forma como seu corpo pulava na cadeira.

- Sim, ande logo, quero comer isso aqui quente. – Rosno, a fazendo rir baixo.

- Está bem, apressado. – Fechando a cara onde o bico infantil surgiu, o fazendo sorrir de leve. – Hoje saí com Bela, fomos à cidade comprar os ingredientes, né? Então vimos um menino comendo uma banana, e ficamos olhando esse menino comer sua banana até que vimos dona Miranda surgir falando que não podia comer banana perto da igreja... – Miranda é uma vizinha mexeriqueira que Evander teve o prazer de ver como ela lidou com Giselle. Foi num dia de domingo, depois da missa, que Miranda falou algo sobre ele, falou algo envolvendo sua fama injusta de matar as esposas. Foi quando Giselle voltou para a senhora com uma cara amarga e deu uma junta na senhora. Que fez todos ficarem bem quietos antes do culto, até mesmo o padre, que nem deu uma olhada para o lado deles. – Bom, aí ela arranca a banana do menino, ele fez uma cara de traquinagem e eu olhei para Bela e falei assim: oh, ele vai aprontar. – Evander tudo que fez foi apreciar as expressões delicadas e bonitas que vinha de Giselle. – Bom, não teve outra, a Miranda deu uma falha em seus sermões, o menino jogou uma lagartixa na mulher e ela berro tanto e.. – No meio da história, ela não aguento e acabou rindo, uma risada gostosa que o fez sorrir um pouco mais que o normal, a fazendo ficar espantada, e Evander tudo que fez foi voltar a comer.

- Acho que não foi dessa vez. – Ele murmura enquanto enchia a boca.

- Eu não vou desistir, - Giselle colocou mais vinho para ela. – Eu vou fazer você gargalhar, mesmo que seja a última coisa que eu faça. – Batendo as taças com alegria e calmaria.

- Quero só ver. – Realmente, ele queria ver até onde isso vai dar.

E ele realmente queria ver onde isso daria, mesmo que fosse por pouco tempo. Ele até daria um jeito de fazê-la ficar se essa conversa o deixasse ser feliz que nem ele está sendo, tirando esse sentimento de solidão que ele sentia a vida toda.

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