Capítulo 4
Depois que Renato partiu, rapidamente arrumei o essencial. Minhas mãos tremiam, mas forcei-as a permanecer firmes.

— Pegue seus livros favoritos, Márcio. — Sussurrei, colocando roupas dentro de uma bolsa. — Estamos indo embora em breve.

Faltavam cinco horas até Eliane e Alexandre chegarem. Eu observava Gregório, o "guarda mais forte" de Renato, estacionado à porta.

Liguei para Eliane, pressionando-me contra a parede úmida do porão.

— A segurança está apertada.

— Não se preocupe, irmã. — A voz de Eliane tinha a firmeza de uma predadora. — Alexandre tem um plano. A Matilha Lua de Sangue está pronta.

Márcio pegou o telefone, seu rostinho pequeno se iluminando.

— Tia Eliane! Sinto sua falta!

O riso de Eliane aqueceu meu coração.

— Também sinto sua falta, filhote. Em breve, ninguém mais vai machucar você ou sua mãe. Temos um quarto pronto para vocês dois.

A porta do porão explodiu para dentro antes que eu pudesse responder.

Catarina desceu as escadas voando, sua transformação tão rápida que parecia um borrão. Sua enorme loba prateada, ainda poderosa, apesar da idade, me arremessou contra a parede.

Os ossos estalaram. O sangue preencheu minha boca.

— Sua bruxa! — Rosnou ela, voltando à forma humana. — Fez meu filho criar um bastardo por oito anos! Meu precioso Jandir vivendo no exílio por causa da sua ninhada assassina!

Ela se lançou novamente, garras à mostra.

— Que magia negra você usou sobre meu filho? Que feitiço o prendeu a uma escória como você?

Gregório se colocou entre nós, sua enorme figura bloqueando o ataque.

— O Beta Renato me ordenou protegê-las, Senhora. Afaste-se.

— Protegê-las? — Cuspiu ela, os cabelos prateados bagunçados ao redor do rosto. — Meu filho tolo e de coração mole! Ainda tentando salvar sua pr*stituta e seu filhote assassino!

Passos pesados desceram as escadas. O ex-Beta Wilmar, pai de Renato, se moveu com uma graça mortal.

Dez guerreiros o seguiam, seus rostos frios.

— Nossa linhagem não será manchada por uma Ômega promíscua e seu filhote assassino. — Os olhos do ex-Beta se fixaram em Márcio. — Levem o garoto para o poço de prata. Agora.

Meu sangue congelou. O poço de prata, onde torturavam os forasteiros até a morte. Onde os lobos entravam, mas nunca saíam.

— Mamãe! — O grito aterrorizado de Márcio quebrou algo dentro de mim.

Faltavam quatro horas até Eliane chegar.

Já não tínhamos mais quatro horas.

Os guerreiros agarraram meus braços, suas garras cravando-se em minha carne. Eu me debatia contra o aperto de ferro deles, a fúria da minha loba me dando forças, apesar da acônito.

— Não toquem no meu filho!

Gregório se lançou para frente, sua lealdade a Renato em conflito com a própria consciência.

— Por favor, Ex-Beta Wilmar. Márcio é apenas uma criança. Ele é inocente...

— Silêncio! — O comando de Catarina estalou como um chicote através do porão. Seus cabelos prateados se contorciam como cobras ao redor do rosto. — Levem as duas! O garoto para o poço de prata, a mãe para a masmorra!

Márcio lutava como um ser selvagem enquanto três guerreiros o arrastavam em direção às escadas. Seus pequenos dentes arrancaram sangue, suas garras deixando profundas marcas nos braços deles.

— A acônito vai matá-la se vocês a trancarem! — A voz de Gregório se quebrou de desespero. — Olhem para ela, ela está fraca demais para sobreviver na masmorra!

A risada fria de Wilmar ecoou pelas paredes de pedra.

— Então ela vai morrer como merece. — Seus olhos azul-gelo não tinham misericórdia. — Como a v*gabunda que é.

— Meu filho vai ouvir sobre isso! — O sorriso de desdém de Catarina retorceu suas feições elegantes. — Como sua preciosa companheira tentou fugir com o filhote assassino no momento em que ele partiu! Talvez ele finalmente veja o lixo com que se uniu.

Meu lobo uivou dentro de mim, batendo contra o veneno em nossas veias. O acônito estava enfraquecendo – muito devagar, tarde demais.

— Márcio é filho de Renato! — A verdade rasgou minha garganta. — Jandir é quem matou aquele filhote inocente! O seu precioso neto é o assassino!

As garras de Catarina arranharam meu rosto, fazendo o sangue escorrer.

— Mentirosa bruxa! Meu neto jamais-

Um rugido sacudiu as paredes do porão, fazendo poeira cair do teto.

— TIRE AS MÃOS DA MINHA IRMÃ!

Eliane estava na porta, sua pequena figura de Ômega vibrando de raiva. Sua habitual postura gentil havia desaparecido, substituída por algo antigo e mortal.

Atrás dela, um enorme lobo negro com olhos vermelhos como sangue preenchia a escada. Seu poder se espalhou pelo porão como uma força física, fazendo até Wilmar recuar.

Alexandre. Alfa da Matilha Lua de Sangue.
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