Lorena não conseguiu se conter e deu um tapa no rosto de Gabriel.

Gabriel foi pego de surpresa, mas, ao invés de se irritar, seu coração, que estava inquieto, pareceu encontrar alívio:

— Se isso te faz sentir melhor, pode me bater mais, Lorena. Eu não me importo, desde que você não fique com raiva de mim.

Que declaração tão apaixonada... Mas também tão repugnante.

Sem hesitar, Lorena lhe deu outro tapa, afinal, ele mesmo havia pedido.

— Gabriel, você se lembra do que eu disse? Tudo eu poderia perdoar, mas, se você me traísse, eu me casaria com outro.

O rosto de Gabriel mudou drasticamente:

— Lorena, que besteira é essa que você está dizendo? Eu, Gabriel, só tenho olhos para você. Você é a única mulher que eu amo, e isso nunca vai mudar! Nunca!

Amava a tanto que ele foi parar no hospital com outra mulher por fazer amor com ela e adiei nosso casamento para satisfazer o desejo da outra mulher.

Lorena ergueu os olhos para ele, como se tentasse enxergar até o fundo de seu coração, como se buscasse entender o que ele realmente pensava. No final, ela apenas assentiu com a cabeça e murmurou:

— Eu entendi.

Gabriel a abraçou novamente, mas Lorena o afastou com a mão. Foi então que ele notou a mala ao lado dela. O alívio que sentira desapareceu de imediato. Ele segurou o braço dela, ansioso:

— De quem é essa mala? Aonde você vai?

— Minha mãe disse que, com o casamento chegando, é melhor eu ir para casa por um tempo.

— É isso? — Gabriel suspirou, aliviado. — Eu sei que, em alguns lugares, há esse costume de os noivos não se verem antes do casamento. Apesar de termos adiado a data, se você sente saudades de casa, pode ir e ficar lá o tempo que quiser.

— Uhum.

Lorena sorriu levemente, sem dizer mais nada. Pegou a mala e começou a sair.

Gabriel, no entanto, segurou a mala dela, insistindo em acompanhá-la:

— Eu te levo até lá.

Ela o olhou com um sorriso irônico:

— Não precisa. Dizem que os homens aproveitam os últimos dias antes do casamento para se divertir, não é? Gabriel, talvez você também precise disso, não?

No passado, Lorena acreditava cegamente em Gabriel. Agora, ela só conseguia se perguntar se, no momento em que saísse daquela casa, ele não chamaria Helena para entrar.

— Você acha que sou esse tipo de homem? — Gabriel respondeu, tentando se justificar mais uma vez. — Lorena, eu nunca faria nada para te machucar. Depois que você for, vou me comportar até o dia do nosso casamento.

Ele ainda estava mentindo! Ela já estava indo embora, e ele ainda continuava mentindo para ela! Lorena estava exausta. Não havia mais esperança, nem paciência.

Ela abaixou a cabeça lentamente, soltando um suspiro profundo, como quem desiste de lutar:

— Tudo bem. Então cuide-se. Eu vou embora.

Empurrando-o para o lado, ela saiu de casa sem olhar para trás.

Quando finalmente chegou à casa dos pais, foi recebida com alegria. Eles a abraçaram e começaram a fazer perguntas.

— Até que enfim você voltou! A família Frota já confirmou que o casamento será no dia primeiro do mês que vem. Mas, espera... você não disse que ia se casar com o Gabriel nesse mesmo dia? Por que trocaram o noivo assim, de repente? — Perguntou a mãe de Lorena, Laura confusa.

— É mesmo, filha. Casamento não é brincadeira. Se você gosta de alguém, case com essa pessoa. Eu e sua mãe não somos tão rígidos assim. — Completou Daniel, o pai dela.

Lorena estava exausta. Não queria explicar nada, nem reviver o que sentia:

— Pai, mãe, eu estou muito cansada. Vou para o meu quarto descansar.

Ela subiu as escadas com passos pesados, e os dois, percebendo o estado emocional da filha, decidiram não insistir.

— Tudo bem, descanse bem. Antes do casamento, eu marco um dia para você encontrar o rapaz da família Frota, combinado? — Disse Laura preocupada.

— Não precisa. Vou vê-lo no dia do casamento.

Para Lorena, tanto fazia. Ela já havia tomado a decisão de se casar, e conhecer ou não o noivo não fazia diferença alguma.