— Alô! — arregalei meus olhos surpresa, não sei por qual motivo mas eu realmente pensei que ele não fosse falar exatamente com Jeremy ao telefone.
O olhei suplicando para que me devolvesse, pensei em tentar impedí-lo também, mas apenas fiquei quieta esperando o bom senso dele agir.
— Ei aí, Jeremy. Beleza? — meu coração errou uma batida.
Não dava para entender o que Jeremy estava dizendo, mas os murmúrios estavam muito altos, ele aparecia bem alterado ao telefone. Olhei para o rosto arrogante de Hugh observando-o encostar na cabeceira da cama parecendo se divertir com a situação. Naquele momento senti tanta raiva por ele estar invadindo minha privacidade daquele jeito que ansiava pelo dia seguinte quando iria finalmente embora daquela droga de lugar!
— Sim, sim ela está aqui sim. Mas, amigo, estamos ocupados agora e você está atrapalhando pra caralho. — Hugh afastou o telefone do ouvido e a pergunta seguinte foi impossível não ouvir. Jeremy praticamente rugiu.
— Quem é você? Cadê a Diana?! — o branquelo deveria estar feito uma beringela bem roxa.
— Meu nome é Hugh. Hugh Mikhail. — eu podia imaginar claramente o estado de nervos em que o idiota do Jeremy se encontrava.
— Passe essa porcaria para a Diana, agora!
Então subitamente eu não sentia mais raiva de Hugh por ter atendido meu celular e sim de Jeremy por se achar no direito de ficar com raiva se eu estivesse mesmo com algum homem.
— Não quero passar para ela. Diana está em um momento relaxante agora, bem debaixo das minhas mãos enquanto eu massageio a linda pele bronzeada dela, não quero estragar esse momento e você, meu caro amigo, estragaria demais. Já está estragando agora, aliás.
Ouvi vários palavrões ressoando pelo telefone.
— Ei, meu camarada. Eu poderia ganhar de você nos palavrões, mas nesse exato momento tenho de ser calmo pela nossa garota. — nossa garota? — Nossa? Ah, não. Minha, porque se fosse sua, ela estaria aí com você e não aqui comigo evitando suas ligações insuportáveis. Seu babaca.
Engoli em seco. Agora não sabia de quem eu tinha mais raiva, se era de Jeremy por ser um babaca dos infernos ou se era por Hugh estar contando todas essas mentiras e ainda se metendo onde não foi chamado e o pior dos piores, parte de mim queria que ele continuasse provocando Jeremy.
Que merda havia comigo?
O sotaque fortemente australiano saindo dos lábios daquele homem hostil perfeitamente cercado por músculos era sensual demais para minha mente e corpo sem sexo há muito tempo. No momento em que ele passou a língua pelos lábios, me fez ter um frio no estômago enquanto eu imaginava ele sussurrando num som gutural em meus ouvidos algo sexy com seu sotaque.
Hugh soltou um suspiro alto ao telefone.
— Certinho Jeremy, mas agora você precisa ser um cara legal e parar de incomodar a Diana. Nós estamos em um momento inapropriado para falar ao telefone e você está me deixando nervoso e quando eu fico nervoso, o outro lado do mundo consegue sentir as consequências disso, então seja um bom garotinho e para de encher a porra do saco por um tempo, caralho! — gritou e não perdeu tempo em desligar em seguida.
Ok, isso havia sido muito sexy e minha calcinha ficou úmida. Jeremy deve ter pirado.
— Está bem, agora pode me dar seu sermão. — olhou para mim esperando de braços cruzados.
— Quer que eu diga o que você já sabe que vou dizer?
— Como você sabe que eu já sei o que você vai dizer?
Ele era tão abusado.
— Você sempre age como um cretino rude e selvagem que não filtra o que vai dizer aos outros? — eu tinha que fingir indignação, por isso perguntei incluindo tudo que ele me disse desde o primeiro segundo que nos vimos.
Do nada, ele se levantou como um leão feroz, começando a caminhar até mim, eu dei três passos para trás instintivamente até bater as costas no guarda roupas dele.
— Escuta aqui, cristalzinho. Você é uma ingrata do caralho. Você está na minha casa. Tentei dar o máximo de conforto que pode se encontrar aqui, o que não é muito. Tentei ser gentil, coisa que eu não sou e não faço questão de ser mas por alguma razão dos infernos eu quis ser com você, algo que irei repensar a partir de agora. E o filho da puta estava atrapalhando o meu sono!
Olhei para ele engolindo em seco, ele me olhou de volta bem perto de mim, tendo que se curvar bastante para me alcançar.
Meu Jesus. Ele era lindo quando estava irritado. Eu nunca vi alguém bonito bravo.
Eu juro que estava desconcertada agora, sabia que as ligações estavam incomodando e ele quis dar um fim nisso e no fundo eu gostei... Só não entendo minha irritação com ele, não entendo mesmo. No entanto, ele não precisava jogar coisas na minha cara, como: "você está na minha casa." Não estava lá por querer e iria pagar a estadia.
Talvez eu estivesse brava comigo mesma, por ter gostado do jeito tão selvagem dele, todo boca suja e... Diana, cale a boca, está bem?
— Me desculpe por todo incômodo. Eu vou pagar por isso. Por tudo que fez por mim essa noite, eu prometo que não irei mais incomodá-lo. — murmurei com a voz estranhamente magoada.
— Diana. — Hugh deu mais um passo a frente, fazendo com que nossos corpos ficassem ainda mais próximos.
Maldito seja de tão lindo. As covinhas quase não visíveis, a mandíbula dura e bem esculpida sendo coberta por pelos da barba loira só me faziam querer olhá-lo fixamente e eu não sabia que merda estava havendo comigo. Teria eu descoberto um novo fetiche por homens desconhecidos?
Há se todos os desconhecidos do mundo fossem assim. Enfim... Eu precisava controlar minha mente, ela estava louca demais depois que eu desci daquele avião naquela maldita vila e fiquei hospedada com aquele maldito viking bonitão.
— Eu sou mesmo um maldito ignorante que vive numa maldita vila e não tenho vergonha disso. Mas só quis ajudar, se você o estava evitando, certamente tem seus motivos, ele precisava disso, precisava saber que havia outro na jogada, mesmo que seja uma grande mentira. — ele fez questão de enfatizar o "grande mentira".
Fiquei calada. Precisava processar essas palavras. E como eu era péssima com elas, estragava tudo sempre.
— Pensei que tinha feito isso apenas por estar atrapalhando seu sono e não para Jeremy pensar que há outro na jogada. — como sempre, péssima com palavras. Ele riu.
— Sou mil e uma utilidades, baby. Atrapalhou meu sono e incomodou você, acho que deu certo não importando com que finalidade foi. Ele parou de ligar. Vamos ver até amanhã.
Acabamos sorrindo juntos. Ele é tão bipolar.
— Boa noite, Hugh Mikhail. — sorri me afastando para me deitar.
— Boa noite mais uma vez, princesa.
E finalmente naquela noite eu consegui dormir.
No dia seguinte eu abri meus olhos lentamente, automaticamente me espreguiçando. Tive uma noite de sono deliciosa como em tempos eu não tinha, mesmo que eu tenha dormido num colchão no chão, o cansaço me forçou a uma noite de sono profundo e agradável. Me sentei, fiquei alguns segundos olhando para o nada e então cai na real.
— Merda! — levantei-me apressada.
Esperava que o avião não tivesse ido embora sem mim. Olhei a cama de Hugh e estava toda arrumada, peguei meu celular no chão e vi que horas eram. Dei um grito histérico.
— Onze da manhã!!! — lágrimas de desespero começaram a querer descer.
Recolhi tudo do chão, dobrei os lençóis, a coberta e o colchão, peguei minha nécessaire contendo meus produtos de higiene pessoal e corri para o banheiro. Após todo meu ritual da manhã, sai do banheiro a procura de Hugh, mas não o vi em lugar algum.
Iria então deixar apenas um bilhete e algum dinheiro. Corri de volta para o quarto, vesti apenas um sobretudo por cima dos ombros, não tinha tempo de me trocar. Arranquei um papel da minha pequena agenda e lhe deixei um recado agradecendo por tudo, juntamente com 300 dólares, achei que era o suficiente.
Com muita dificuldade em carregar minhas malas super pesadas e ainda calçando salto alto, acelerei o máximo que consegui até estar perto da hospedagem. Meu coração já estava acelerado pela adrenalina, por ter corrido, e para piorar eu quase tive eu infarto fulminante quando olhei para o pasto onde o avião estava e não o vi.
— Não, não, não! — gritei. O desespero tomando conta de mim.
Deixei as malas onde estavam e entrei correndo pelas portas da hospedagem.
— Ei, bom dia ou boa tarde, sei lá. Cadê o avião que estava ali? Pelo amor de Deus? — minha voz estava desnorteada assim como eu.
— Partiu com todos os passageiros às 08:00 da manhã. — respondeu com tranquilidade.
Meu sangue ferveu.
— Todos os passageiros? Como assim? Eu era passageira naquela merda também! — berrei sem me importar se estava fazendo barraco ou não.
A indignação correndo em minhas veias era tão forte que lágrimas de ódio queimaram minha pele do rosto, fazendo-me gritar.
POR QUE EU DORMI TANTO?!
DianaMarkovic— Moça, se acalme. Deixaram outra moça para trás também. Ela se chama Ramona, está e ficará hospedada aqui até a próxima semana, que é quando terá vôos disponíveis na cidade ao lado.— Próxima semana? Vôos disponíveis? — agarrei meus cabelos em desespero total — Por quanto tempo eu vou ter que ficar nesse fim de mundo que nem avião tem? — murmurei para mim mesma a última frase.Não queria magoar ninguém. Embora eu estivesse falando a verdade sobre aquele lugar ser um fim de mundo que não tinha nada de bom.— Com a pausa das chuvas fortes nos Estados unidos, o avião que estava aqui precisou ir imediatamente para a Califórnia, disseram que contaram certinho o número de passageiros que estavam lá às
Diana MarkovicEntrei na hospedagem mas não vi a moça da recepção, porém minhas malas estavam exatamente como as deixei e isso que importava. As peguei e comecei a tentar uma missão impossível que era eu conseguir subir com elas pelas escadas estreitas do lugar. Após várias tentativas eu soltei um pequeno grito de derrota.— Precisa de ajuda? — ouvi a voz de Hugh atrás de mim. Senti uma vontade instantânea de sorrir mas logo tratei de me recompor.Ele devia ter visto minha luta de longe, já que as portas da hospedagem eram grandes e dava para ver claramente as escadas lá da rua.— Sim, por favor. — limpei a garganta para a voz sair direito.Hugh não me olhou muito, ainda estava sério mas mesmo assim pegou minhas duas malas sem nenhum esforço e sobiu com elas pelas escadas.— Qual n&uacu
Minutos depois ele voltou com minhas malas, tentei não observar muito os músculos marcando a camisa cinza suja de trabalho, o suor, a rusticidade da imagem dele naquele momento. Ele era um selvagem e bruto que me tratou como um nada, pelo amor de Deus, eu não podia ficar excitada toda vez que esse homem respirasse na minha frente!— Aqui estão suas coisas. Estarei de volta em três horas. Não quebre ou mexa em nada. Seu dinheiro não paga por nenhum item dentro dessa casa. — falou friamente e se foi após colocar as malas para dentro.Precisava agora organizar meus pensamentos e minhas coisas para enfrentar uma semana naquele lugar que pelo que já havia notado até então, não seria nada fácil.Nas próximas horas passei organizando todas as minhas coisas de higiene em algum lugar do banheiro de Hugh, nada que ficasse bagunçado, eu odiava bagunça.
No dia seguinte eu acordei sentindo minha coluna um pouco dolorida, era meu segundo dia lá e eu pensei então que talvez em uma semana eu estivesse entrevada de tanto dormir no chão. Dobrei todos os lençóis e coloquei em cima de uma cadeira para a noite eu fazer novamente a cama. A cama de Hugh estava novamente vazia o que me fez deduzir que já havia saído para o trabalho.Caminhei bocejando para o banheiro mas me assustei com a silhueta dele na cozinha mexendo no fogão. Parei no batente da porta e limpei a garganta tendo sua atenção para mim.— Bom dia. Não vai trabalhar hoje? — perguntei cruzando os braços arrepiada com o vento frio que entrou pela janela.— Bom dia. Não deu meu horário ainda. — respondeu — Café?— Sim. — falei — Me esqueci que ontem eu acordei quase ao meio dia e por isso não te
— No mundo da lua? — olhei para trás encontrando Hugh. Evitei sorrir, somente o encarei vendo ele se sentar ao meu lado.Ele estava sujo e suado, mas isso só fez com que eu o achasse mais sexy. Ao mesmo tempo imaginei ele trabalhando com os músculos de fora carregando peso ou quebrando lenha como vi outro dia com aquele monte de homens estilo vikings com barba grande, cara de mau, tatuagens e...— Há algo errado com meu braço? — Hugh chamou minha atenção e eu notei que meu olhar estava paralisado nos bíceps dele.— Uh... Não. É que eu estava pensando em uma coisa. — tentei me explicar sem gaguejar.— Sei... Está com fome? Porque eu estou faminto! — mordeu o lábio inferior obrigando-me a pensar malícia.Tenho certeza que minha calcinha molhou junto com o lábio carnudo que ele acabara de umidecer com
Permaneci de pé olhando para eles com uma expressão confusa no rosto. Em segundos comecei a me recordar do nome que a moça da hospedagem me deu e que fez Hugh me levar para a casa dele nos ombros para que eu não ficasse uma semana na casa do homem. Kaik Mailing. Por que o desespero de Hugh em não tê-lo perto de mim?Ai meu Deus! Ele é gay e Kaik é bissexual?— Vai pro inferno, Mikhail! — o moreno exclamou.— Não me faça quebrar a sua cara aqui na frente de todo mundo, seu merda.— Gente, o que está acontecendo? — perguntei resolvendo tentar apaziguar.Não deveria ser nada bonito dois homens daquele tamanho trocando socos e pontapés. Tenho pânico só de pensar no sangue que sairia deles. Fariam um estrago um no outro, certeza.— Nada. — Hugh grunhiu entredentes.— Por que n&atild
— Diana. — ouvi sua voz ao mesmo tempo que seus braços me seguraram.Não posso sorrir, não posso sorrir.Repeti para mim mesma.— Caralho, princesa! — ele exclamou parecendo preocupado.— O que aconteceu? — fingi uma voz sonolenta ao abrir meus olhos antes que eu desse uma risada e estragasse tudo.— Você apagou por alguns segundos. Está tudo bem? — a expressão sincera dele me fez sentir uma culpa infundada.Desde quando fiquei tão cínica?Mas eu não iria simplesmente dizer que fingi um desmaio para sair de uma situação constrangedora.— Estou sim... — me soltei dos seus braços que ainda me amparavam.Percebi sua expressão mudar para duvidosa.— Você não está... Grávida, está? — engoliu em seco.— N&at
— E quem é você, Hugh Mikhail? — a pergunta escapou dos meus lábios me fazendo quase ficar arrependida se eu não visse seu rosto com uma expressão leve.— Eu sou um descendente viking. Nasci e fui criado aqui, meu pai foi embora para os Estados unidos quando eu tinha cinco anos para lutar box na Califórnia, ele voltava de seis em seis meses e acabou me ensinando muita coisa desse meio.Agora eu entendi o porquê das habilidades na hora da briga com Kaik.— Se me permite perguntar, e sua mãe? — ele engoliu em seco e sua expressão se tornou triste.— Faleceu. Eu e minha irmã Naya fomos criados pela Zarah até que ela fez vinte anos e foi embora com um estrangeiro que conheceu aqui. Eu iria seguir como lutador, meu pai estava me preparando para isso até que aconteceu questões que impediram.— O que houve?&mdash