" Que tal jantar? "
Abro um sorriso espontâneo assim que leio a mensagem.
" Tu puedes? Na minha casa às 20:00? "
Ela me manda outra mensagem.
"Combinado."
Eu respondo eufórica, e logo em seguida meu celular toca.
— Eu acabei de te responder, eu posso sim. — Nem verifiquei quem estava ligando, achei que fosse a Raquel.
— Pode o que Carla? — Era Hernando.
— Ah nada. — Gaguejo. — Desculpa, achei que fosse outra pessoa.
— Quem? — Ele pergunta.
— A antiga dona do imóvel da escola que eu comprei, ela marcou a nossa reunião para mais tarde. — Menti, e nem sei porque.
— Mais tarde que horas? Queria te levar para jantar hoje.
— Não vai dar amor, devo chegar tarde.
Hernando tentou criar caso por isso, mas naquele momento eu realmente não estava a fim de bater boca, praticamente o deixei falando sozinho e depois desliguei o telefone.
Não ia deixá-lo acabar com o meu bom humor, eu estava feliz, animada e ansiosa com aquele jantar.
— Preciso me arrumar, e o que será que eu visto? Ai e esse cabelo... — Eu fico pensando nisso e começo a rir depois.
Eu parecia uma menina de 15 anos empolgada com o primeiro encontro, mas a Raquel era apenas uma amiga, ou talvez nem isso, porque nos conhecíamos a menos de 2 dias.
Bom eu não sei o que era ou porque eu estava agindo assim, a Raquel causava esse efeito em mim, ela despertava algo desconhecido dentro de mim, um sentimento ainda misterioso mais que eu adorava sentir.
...
Chego no apartamento da Raquel exatamente às 20:00, não consegui esperar para fazer aquele charme com o atraso tradicional, na verdade até me controlei para não chegar antes e parecer ridícula, o fato era que eu realmente adorava a sua companhia e ansiava estar junto dela.
— No acredito que ya hegou. — Ela fala abrindo a porta se embolando com o espanhol.
— Já são 20:00 horas Raquel. — Respondo.
— Pois a senhorita é muy pontual dona Carla Adriana, diferente de mim, como pode perceber. — Ela ri e olha para si mesma.
Estava com os cabelos presos, um lenço na cabeça, e usava um avental completamente sujo.
— Que raiva de você. — Eu falo.
— Calma, não precisa tanto. — Ela faz com a mão para eu entrar. — Juro que me arrumo rapidinho.
— Não é por isso. — Eu falo entrando em seu apartamento. — É que você consegue ficar ainda mais linda assim, e eu? Me arrumei toda e não chego nem aos seus pés. — Começo a rir.
E ela realmente estava linda, igualmente no dia que a vi pela primeira vez quando estava completamente arrumada, como era possível?
Eu confesso que a beleza da Raquel até me embaraçava, ela era mesmo uma mulher muito bonita, provavelmente chamava atenção onde passava, devia deixar os homens loucos, e de uma maneira inexplicável até eu ficava louca com ela.
— Até parece. — Ela fala. — Você sim está linda, você é linda. — Ela estica a mão para que eu a acompanhasse. — Então, gostaria de me ajudar a terminar o jantar. — Me leva até a cozinha.
— Gostar eu gostaria, mas acho que atrapalharia mais do que ajudaria.
— Que isso? — Ela rir. — No puede ser tão ruim assim.
— Não ruim não, péssima. — Também rio.
— Quero ver. — Ela fala amarrando um avental a mim.
Pronto, me arrepio toda quando sinto suas mãos em meu corpo .
— Perfeito, agora você para de me fazer sentir mal, estava bonita demais. — Ela sorrir.
Eu nem consigo agradecer o elogio, justamente porque ouvir a Raquel Sánchez me elogiando me entorpecia.
— Aqui é só você cortar em cubos. — Ela coloca alguns legumes, uma faca e uma tábua na minha frente.
— Tem certeza disso? — Eu pergunto.
— Eu tenho sim. — Sorri. — Certeza que vai conseguir, vamos lá.
— Aí.
Eu realmente era péssima na cozinha, não levava jeito nem um e na primeira tentativa de cortar uns simples legumes, sim, cortei foi o dedo, passei vergonha na frente de uma grande chefe de cozinha que era a Raquel.
— No acredito. — Ela fala pegando a minha mão e colocando em baixo da água.
— Ai que vergonha.
— Não precisa ter vergonha, está tudo bien. — Ela sorrir. — Eu é que tenho que pedir desculpas, você disse que não levava jeito, eu que insisti. — O sangue no quer estancar. — Ela fala tirando meu dedo da água e colocando em sua boca.
Eu devo estar com alguma doença grave desconhecida, porque quando ela colocou meu dedo em sua boca, todos os membros do meu corpo se contraíram e eu senti como se ele queimasse por inteiro.
A forma que ela sugou meu dedo, e depois olhou para mim com ele ainda dentro de sua boca me excitou, senti que essa foi a intenção dela, e se aquilo era errado eu não queria estar certa.
— Pronto, agora si. — Ela fala.
Fala normalmente, como se aquilo não tivesse sido nada, e pelo visto para ela não foi mesmo, eu que mais uma vez viajei.
— Vou só pegar um curativo.
— Não, não precisa Raquel, está tudo bem. — A interrompo.
— Ok, mas agora a senhorita vai sentar lá na sala apenas como convidada que é o que você é. — Ela rir e me leva até a sala. — Sentar e esperar eu terminar o jantar, só espero que você não esteja com muita fome, quer dizer espero que você esteja com fome — Ela se atrapalha para falar me fazendo rir. — Só não muita, porque eu vou demorar um pouco ainda, você não precisa ir embora cedo, não é? Ai meu Deus.— Ela coloca a mão na cabeça.
— Calma Raquel, pode cozinhar tranquila, não estou morrendo de fome. — Eu começo a rir. — Posso esperar o tempo que for.
— E o Hernando?
— O que tem ele?
— Não está te esperando?
— Avisei ele que chegaria tarde.
— Ele vem te buscar?
— Na verdade ele nem sabe que estou aqui. — Falo sem graça.
— E porque não? — Ela se espanta.
— O Hernando sempre acha que os compromissos dele são importantes e o meu não, que ele pode cancelar comigo sempre que precisar, mas eu não, ele já criou caso porque eu inventei que estaria trabalhando, imagina se eu digo que era um jantar só com você.
— Um jantar só comigo? — Ela pergunta incomodada.
— O não, não quis menosprezar você Raquel é que... — Tomo coragem para falar. — Eu realmente queria estar aqui com você, era realmente importante para mim, e talvez ele não entendesse, e eu não queria discutir, só isso.
— Huum. — Ela responde e fica um tempo em silêncio. — Então é melhor eu caprichar aqui, se era importante para você no quero decepcioná-la. — Ela fala.
Enquanto ela está na cozinha pede para eu religar o rádio que havia desligado assim que eu cheguei, disse que gostava de cozinhar ouvindo música e também acabava sendo mais rápida, e ela realmente não demorou muito a terminar.
— Pronto, agora é só esperar um pouco e depois forno.
— E o que é? — Pergunto curiosa. — O cheiro está ótimo.
— Surpresa. — Ela me responde sorrindo. — Eu vou tomar um banho rápido, me trocar e já venho tudo bien?
— Não precisa, você está ótima assim. — Eu falo.
Realmente gostaria de parar de bajulá-la, mas não conseguia, era incontrolável.
— Você só pode estar louca Carla Adriana. — Ela rir. — Me espera que eu já venho, prometo não demorar, eu sei que a mocinha é carente e não gosta de ficar sozinha. — Ela rir, implicou comigo relembrando o dia que nos conhecemos. — Tô brincando. — Ela fala e saí.
...
— E aí demorei? — Raquel saí do quarto secando os cabelos com uma toalha.
Nem todos os lindos países que conheci, com todas as suas lindas atrações turísticas, e especialidades eram tão belos quanto aquela imagem.
— Agora é só colocar no forno. — Ela fala caminhando para a cozinha. — E daqui a uns 30 minutinhos o nosso jantar estará pronto. — Ela volta me entregando uma taça de vinho.
— Obrigada. — Respondo pegando o copo. — Estou até sem graça agora, você cozinhou, está me servindo, fez tudo e eu só fiquei aqui esperando...
— Então dance para mim. — De repente ela fala, dando um gole em seu copo logo em seguida, ela olhava fixamente para mim.
— É o que Raquel? — Pergunto torcendo para ter entendido errado.
— Danza para mim horas, eu sou cozinheira, cozinhei para você, você é dançarina então dance para mim, nada mais justo. — Ela falava sério.
— Eu era dançarina. — Tento escapar.
— Quem foi rei nunca perde a majestade. — Ela responde.
— Você está falando sério? — Eu queria mesmo que ela estivesse brincando.
— Estoy esperando Carla. — Ela fala.
— Aqui não tem espaço. — Eu me esforçava para arrumar desculpas.
— Está bom? — Ela pergunta depois de tirar a mesa de centro da sala.
— Não acredito. — Eu estava rindo de nervoso. — Tudo bem. — Eu falo depois de virar a taça inteira de vinho de uma vez só. — Tenho que te recompensar pelo jantar.
Me levanto e vou até o rádio que já estava ligado, vou mudando as músicas até achar uma que me agrade, percebo que Raquel me encara a todo momento.
Escolhi uma música que eu já conhecia, ela era bem lenta no início, e ganhava ritmo depois, me posiciono em frente a Raquel.
Eu estava morrendo de vergonha, nunca tive vergonha de dançar, essa era a primeira vez., acho que o problema era a plateia.
Início devagar junto à música, com alguns passos básicos de ballet, ainda envergonhada.
— UUUuuuhu, linda, maravilhosa. — Raquel gritava batendo palma.
— Para com isso. — Ela me fez parar e começar a rir.
— Desculpas, continua. — Ela fala.
A música já estava em sua parte mais agitada, percebi que aqueles passos de ballet ali, e sem as minhas sapatilhas não estavam dando certo.
Eu era formada em ballet clássico, mas eu sabia dançar de tudo, estudei dança em geral.
Então me arrisco e começo a dançar mais informal, eu dançava e jogava os meus cabelos, eu adorava isso, mas no ballet eu não tinha essa liberdade, eu estava me divertindo e a vergonha nem existia mais.
Percebo o olhar de Raquel atento a mim, e não acho que ela estava interessada nos meus passos, pois o olhar dela caia era sobre o meu corpo, resolvi provoca-la, queria saber onde aquilo ia dar.
Começo a dançar balançando os meus quadris, e passando as mãos pelo meu próprio corpo, mantenho o contato visual com a Raquel a cada momento, chego até a abusar das caras e bocas.
Infelizmente o feitiço virou contra o feiticeiro, tropeço e quase caio, é Raquel que me ampara.
Na mesma hora minha respiração fica descompensada e o meu coração dispara ao sentir seus braços me segurando, percebo que Raquel também estava ofegante e se enxerguei bem ela suava.
Eu permaneço ali nos braços dela, e não ouso me mexer, a Raquel fica ali me encarando sem dizer nem uma palavra, seu olhar era hipnotizante e me fazia esquecer o mundo.
Eu nem percebi que os nossos rostos estavam tão próximos, a distância das nossas bocas era quase imperceptível...
— O nosso jantar está pronto. — Raquel fala me soltando rapidamente e quase me fazendo cair de novo.
O forno tinha apitado e eu nem ouvi.
— A dançarina está aprovada, vamos ver a cozinheira agora. — Ela fala sorrindo indo para a cozinha.
Alguns dias se passarão e a minha amizade com a Raquel crescia cada vez mais, estávamos cada dia mais unidas, nos falávamos todos os dias e praticamente o dia todo, nos víamos sempre que possível.Quem não estava gostando nada disso era Hernando que de uma hora para a outra começou a implicar com a amizade que eu tinha com a Raquel, sem nem dizer o motivo, portanto é claro que eu não dei importância, mas com isso nossas brigas se tornaram mais constantes.Os dias estavam super corridos e eu tinha acabado deixando de lado a compra do apartamento, mas a atitude do Hernando serviu para me dá um empurrão e resolver isso logo, por enquanto eu estava morando com ele, mas ansiava pela mudança, ele já estava se intrometendo demais em minha vida....— Que surpresa boa. — Raquel fala abrindo um sorriso assim que bato em sua porta. — O que faz aqui? &m
— ... E aí você toparia tornar aquele sonho realidade? — Ela fala próximo a mim.Ela fala muito próximo a mim, muito próximo mesmo, e se aproximava cada vez mais, estava de quatro em cima da cama e vinha para cima de mim.Minhas mãos começaram a suar e eu não conseguia me mexer, sinto minha garganta fechando e a sensação de que não consigo respirar, pude sentir perfeitamente o seu hálito sabor pizza de tão próximo a minha, a boca dela estava.— Peguei. — Ela fala.Fala e abre um leve sorriso, logo depois ela leva até a boca, a fatia de pizza que havia pegado na caixa atrás de mim, morde, se lambuzando, chupando os dedos e rindo é claro.— Não acredito. — Eu falei tão baixo que ela não pode ouvir.O caso é que fiquei frustrada e aliviada ao mesmo tempo, eu sei que
Já era sábado, o dia da minha festa.Estava tudo pronto , eu estava em meu apartamento me arrumando para ir, tínhamos feito uma espécie de pulseiras para a entrada na boate, como era uma festa privada, só entraria quem eu realmente convidei, no caso quem estivesse com a pulseira.Eu ainda tinha uma guardada, a dela, a da Raquel.A gente se afastou um pouco depois daquela " briga" que ela insistia em dizer que não foi briga, mas continuávamos amigas, só não como antes, e de vez em quando rolava um clima esquisito entre a gente, passamos a falar só o básico uma com a outra, diferente de antes que conversávamos sobre tudo e todo o tempo.Mas eu ainda a considerava muito, e realmente queria a presença dela naquele dia importante para mim, queria que nos aproximássemos de novo, então decidi terminar de me arrumar e levar a pulseira para ela logo em seguida,
Já passava das 03:00 da manhã, estava deitada em minha cama de pijama, olhando para o teto, como se ele fosse me ajudar em algo ou respondes minhas dúvidas.Tudo o que eu queria era dormir, cessar aquela competição de pensamentos que estavam presentes em minha mente.Mais o sono não vinha de jeito nem um, eu rodava na cama igual pião, levantei, andei a casa toda e nada do sono vir, lembrei de quando costumava ter insônia.— Quem sabe ainda sobrou algum remédio dessa época. — Pensei.Cacei esse remédio, como quem caça tesouro, graças a Deus achei, apaguei....Acordei com o meu celular tocando, corri para atender e realmente não sei quem eu queria que fosse.Era uma amiga antiga para me desejar feliz aniversário, certeza que não foi por ela que eu corri.Já era mais de 13:00 hora da tarde, aquele rem&
De repente, ela trouxe seu rosto para mais perto do meu, e em instantes senti seus lábios aquecerem os meus suavemente, e suas mãos pousaram em meu rosto, me puxando para mais perto dela.Solicitava que eu desse abertura para intensificar o beijo, que ela início com calmaria e cautela, numa movimentação demorada e tímida.Também seguro em seu rosto, mas não é como seu eu a permitisse prosseguir, era como seu implorasse por aquilo, me envolvo a ponto de nossas línguas parecer uma só dentro de nossas bocas.O beijo continua, e agora era mais quente, sensual, quase erótico, e depois de longos segundos, o beijo é encerrado por ela com um breve selinho, e eu ainda permaneço ali por um tempo, com os olhos fechados.Quando os abro e tomo consciência do que tinha acontecido, sinto meu corpo todo estremecer, percebo que não havia um só pelinho em m
Por mais que eu estivesse envolvida, por mais que eu quisesse aquilo, por mais que eu estivesse " me esforçando", aquilo tudo era novo para mim.Eu nunca tinha transado com uma mulher, eu nunca tinha se quer beijado uma mulher, eu estava nervosa, não sei sesaberia fazer certo, e aquilo não deixa de me preocupar.Até que Raquel pareceu ter visto isso estampado na minha cara.— Mas hoje o trabalho é todo meu, você só tem que relaxar. — Ela me diz.E é exatamente isso que aquelas palavras me fazem, me relaxam.Eu podia relaxar e confiar nela, foi tudo o que eu sempre quis ouvir dela.Senti suas mãos deslizarem em minha clavícula e me empurrar suavemente contra ela, e instintivamente, eu me deixei ser conduzida, enquanto uma de suas mãos agora segurava minha bunda, nos beijamos.Logo suas mãos foram subindo sobre meu corpo, e seus olhos
Sobre o dia em que eu e a Raquel dormimos juntas, pela primeira vez...Acordei assim que percebi o sol indo embora da minha janela, já estava anoitecendo, e ao me virar, a primeira imagem que tenho diante de mim é a da Raquel.Estava deitada de bruços ao meu lado, ainda completamente nua, e com um fino lençol branco por cima do corpo, a cobrindo apenas da cintura para baixo.Eu abro um sorriso involuntário ao vê-la, ao lembrar do que aconteceu, ao lembrar dos seus beijos e do seu toque, como eu me senti feliz.Mas esse sorriso logo sumiu do meu rosto em questão de segundos e acreditem, pelo mesmo motivo, por eu estar feliz.Estava feliz por ter dormido com a minha melhor amiga e por ter traído o meu namorado?Não me senti no direito de estar feliz, não deveria sorrir, havia motivos para comemorar.— Isso não foi certo Carla. — Pensei.Ent&at
— E ai? — Raquel me pergunta no corredor.Segunda-feira, Hernando tinha me procurado, e quando ele estava saindo do meu apartamento, ela provavelmente o viu.— Eu não chamei ele aqui se é isso que você quer saber. — Respondi.— No, no é isso que quiero saber. — Ela me encarava. — Vocês terminaram?Ela me perguntou, e eu não consegui responder, a resposta seria não, e eu sabia que não era o que ela queria ouvir.— Você contou a ele?Ela logo faz outra pergunta, que dessa vez tive que responder.— Não. — Falo com a cabeça baixa.— E porque não?Percebi que ela respirou fundo antes de perguntar, provavelmente se preparando para ouvir a resposta.— Ele veio me pedir desculpas Raquel.— Depois de quase te agredir na sua festa, te abandonar no dia s&o